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SEGUINDO EM FRENTE | CAPÍTULO 02


A seguir

Seguindo em Frente - Capítulo 2 +14


Cena 01 - Casa de Antônio - Sala - Noite - Ao som de Tom's Thriller - Iuri Cunha


Bruno: Eu amo o Samuca e não tem nada que você possa fazer pra mudar isso!

Antônio faz uma expressão de horror com o que ouve.

Bruno: Não é isso que você queria saber ? Essa é a verdade! Eu amo o Samuca! E nossos dias foram maravilhosos, estar ao lado de quem eu sempre quis, ter ele em meus braços, beijá-lo....

Antes mesmo de Bruno terminar sua frase, um forte estalo ecoa pela casa, enquanto o rosto de Bruno queima pelo tapa que levou. Ele leva a mão até o rosto, enquanto seu pai o encara.

Helena: Antônio!

Bruno: Pode me bater, pode me espancar, pai. Mas nada vai mudar o que eu sinto pelo Samuca. Nada vai apagar o que eu sinto aqui dentro de mim! - Afirma, com a voz embargada, enquanto bate em seu próprio peito.

Antônio: Eu vou te ensinar a me respeitar! - Diz, tirando seu cinto.

Antônio: Você nunca apanhou quando era criança, vai levar a surra que nunca teve!

Helena fica desesperada e tenta segurar Antônio, mas é em vão.

Antônio: Sai daqui, mulher. Eu não quero te machucar, meu assunto é com ele!

Bruno apenas olha para seu pai, com a mais profunda decepção. Ele tenta se levantar, mas sente suas pernas arderem com a força do cinto.

Bruno: Para, pai!

Antônio: Isso é pra você aprender a virar homem, moleque! É pra você parar com boiolagem!

Bruno tenta colocar as mãos na frente do cinto pra se proteger, mas a fivela do cinto fere seus dedos, arrancando sangue. Antônio segue batendo nele, marcando suas pernas e seus braços.

Bruno: PARA!

Helena tenta segurar Antônio, enquanto a gritaria é geral na casa. Lágrimas de dor física e psicológica descem pelo rosto de Bruno, vendo a que ponto seu pai chegou, e sabendo que ele é capaz de chegar ainda mais longe.

Antônio: Essa putaria vai acabar, vou te curar dessa doença nem que seja debaixo de porrada!

Antônio acerta o rosto de Bruno com o cinto, fazendo ele cair pra trás, e de onde não consegue mais se levantar de tanto que é atingido. Helena entra na frente de Antônio e segura os braços dele com força.

Helena: ACABOU! Chega!

Antônio olha nos olhos de sua mulher e percebe o desespero dela diante de seu filho caído no chão e sangrando.

Helena tira o cinto da mão dele e joga no chão. Bruno chora, sentindo suas feridas arderem.

Antônio: É em nome da nossa família que eu faço isso. Pela nossa honra. E a partir de hoje tudo aqui vai mudar! Mesada, cartão de crédito, carro... Esqueça. Isso você não tem mais! Faculdade então, é passado. Você não vai ter meu dinheiro pra ver aquele sodomita!

Helena: A faculdade não, Antônio!

Antônio: A faculdade sim! Eu me mato de trabalhar pra sustentar essa família, pra vivermos que nem o nosso criador ensinou e é isso que eu recebo ? Um filho viado e mentiroso ? MEU dinheiro você não terá mais!

Ainda com o corpo doído, Bruno se levanta, se aproximando de Antônio.

Bruno: Eu não quero o seu dinheiro. O que eu queria de você, você nunca será capaz de me dar! - Afirma, dando as costas e subindo para seu quarto.

Antônio o observa subir, calado. Helena coloca as mãos na cabeça, chorando. Um silêncio ensurdecedor paira no ambiente.


Ao som de Adagio in G Minor - Tomaso Albinoni

Bruno cai no choro. Seu peito sangra de tanta tristeza. Seu pai, que um dia foi amoroso e o melhor pai do mundo, hoje é apenas um reflexo distante do passado. Tudo isso após ter se assumido gay.

Ele se olha no espelho, se afogando em suas próprias lágrimas.


Helena: Eu nunca mais vou permitir que você toque no nosso filho!

Antônio: Você acha que eu gosto disso ? Que eu fiz por prazer ?

Helena: Gostando ou não, não é dessa forma que iremos resolver!

Antônio: Então me mostre como, já que você sabe tudo! Quer dizer, se soubesse de alguma coisa, teria criado um filho que preste!

Os dois seguem discutindo feio.


Bruno pensa em ligar para Samuca, mas não queria assustar seu amado. Ele então tira sua correntinha do pescoço e e encara, a abraçando em seguida.

Bruno: Isso me conecta á você. E ninguém vai nos separar. Nunca! - Diz, se deitando com a corrente nas mãos, apertando ela com tanta força como se fosse perdê-la a qualquer momento.



Cena 02 - Casa de Marta - Quarto - Noite


Deitado na cama, Samuca olha suas fotos com Bruno que tirou durante a viagem, e no mesmo instante seu coração se aperta.

Samuca: Como será que você foi recebido, meu amor... Não vejo a hora de te ver de novo!


Cena 03 - Faculdade - Pátio - Manhã


Marina, melhor amiga de Samuca e Bruno, avista o primeiro chegando para mais um dia de aula. Ela corre pra falar com ele.

Marina: E aí, como de viagem ? Conte tudo, até os detalhes mais sórdidos!

Samuca: Acho que você mesma já respondeu. Teve muitos detalhes sórdidos! Hahaha. Mas também teve muito amor! - Diz, tímido.

Marina: E por falar nele...

Samuca se vira, e em câmera lenta vê Bruno chegando. Aquele cabelo ruivo na régua, olhar marcante e com um jeito de andar que só ele tinha, fascinava Samuca a cada vez que olhava pra Bruno. Os dois se olham apaixonados, e mesmo com o coração partido, Bruno faz um ar de riso para seu amado.

Marina corre, pulando no pescoço de Bruno.

Marina: Estava aqui, sabendo de todos os detalhes da viagem de vocês. Seus danadinhos!

Bruno a abraça.

Bruno: Você deveria ter ido também!

Marina: E estragar a lua de mel ? A não ser que fosse pra ser um trisal, aí sim eu poderia pensar!

Os três dão risadas. O jeito leve e louco de Marina arrancava risadas de qualquer um. Mas ainda assim, Samuca percebe um fundo de tristeza em Bruno, afinal já conhece seu namorado.

Samuca: Você é sempre o primeiro a chegar. Se atrasou hoje porque ?

Bruno: Eu tava bem ali, sentado. Vocês que não me viram...

Samuca: Tá tudo bem ?

Bruno: Meu pai... As mesmas coisas de sempre!

Marina coloca a mão no ombro dele, em sinal de apoio.

Bruno segura o choro, envergonhado. Não queria demonstrar fraqueza de forma alguma.

Samuca: Vamos pra sala ?

Bruno: Não tem mais sala. Acabou. Meu pai cortou minha faculdade!

Samuca: O que ? Mas... Eu não acredito!

Marina: E agora ?

Bruno: Se é assim que ele quer... O dinheiro é dele. Mas ele não vai nos separar. Isso eu não permito!

Bruno aperta a mão de Samuca, sorrindo para ele. Samuca se mostra incomodado, afinal sempre foi o sonho da vida de Bruno se formar em medicina. Sonho que agora estava interrompido devido ao namoro deles.

Marina: Eu vou ir pra aula. Depois quero te ver, viu ? A gente vai achar uma solução pra isso.

Bruno: Obrigado! Vai também, amor!

Samuca: Mas de forma alguma! Vou ficar aqui contigo!

Marina e os demais estudantes vão entrando, e os dois vão ficando sozinhos ali.

Bruno: Eu tô com vergonha!

Samuca: Mas do que ?

Bruno: Olha a minha idade. Eu não tenho nada, tudo é do meu pai!

Samuca: Você tem a mim!

Bruno: E como é que eu vou te sustentar ? Cuidar de você ? A gente foi burro em ter se assumido antes de se formar! Se tivéssemos esperado o momento certo seríamos independentes!

Samuca: Você está certo. Eu não imaginava que seria tão difícil assim!

Bruno: Mas a culpa foi minha. Fui eu quem insistiu! E forcei a barra.

Samuca: Mas agora já era. Já está feito. E tem um lado bom, não tem ? Pelo menos não precisamos mais fingir ser o que não somos.

Bruno sorri.

Bruno: Verdade... Eu vou indo. Vou ficar na casa de um amigo, não quero ir pra casa hoje!

Samuca: Que amigo ?

Bruno: Não sei... Só não quero voltar para aquele lugar que tanto me faz mal!

Samuca: Eu queria te levar pra casa. Mas a minha mãe...

Bruno: Eu sei. Eu sei exatamente como ela é! Mas eu me viro, não se preocupe!

Marina aparece de repente.

Marina: Vocês vão pra MINHA casa!

Bruno: Marina ? Você não tinha entrado ?

Marina: Tinha, mas... Não ia conseguir me concentrar na aula sabendo que um amigo está precisando de ajuda!

Samuca: E vai aparecer com dois homens na sua casa ?

Marina: Rélou, queraidos! Desculpa a ofensa, mas meus pais não são como o de vocês. Eles são liberais. E outra: Somos amigos da faculdade e estamos indo fazer um trabalho. Não é isso ?

Samuca abre o maior sorriso e abraça sua amiga.

Bruno sorri: Você é louca! rs.


Cena 04 - Casa de Marina - Sala - Tarde


Marina: Esse aqui são meus pais!

Samuca e Bruno cumprimentam Sol e João.

João olha para os dois, desconfiado.

Marina: Estamos fazendo um trabalhinho da faculdade, não é meninos ?

Bruno tosse, sem graça.

Samuca: É. É isso!

João puxa Marina de canto.

João: Qual dos dois ?

Marina: Qual dos dois o que ?

João: Que você está namorando ?

Marina se dirige até Bruno e Samuca, pegando no peitoral dos dois.

Marina: Ah, pai. Sabe como é, né... Com os dois! E essa noite... Vai ter uma orgia DA-QUE-LAS!

Samuca e Bruno abaixam a cabeça, constrangidos.

Marina: E deixe eu mostrar logo o quarto! - Fala, arrastando os dois pelo braço.

Marina: É aqui. O quarto de hóspedes. É pequeno, mas dá pra fazer um nheco-nheco daqueles. As paredes são bem grossas!

Bruno: Garota...

Marina: Bom. Vou deixar vocês a sós... Beijos! - Diz, saindo e fechando a porta.

Samuca: Ela é foda.

Bruno: Demais. Agora vem aqui!

Bruno puxa Samuca para seus braços, beijando seu amado.

Samuca se acomoda no peito de Bruno, e aperta suas costas.

Bruno sente dor e se afasta um pouco.

Samuca: O que foi ?

Bruno: Nada...

Samuca: O que tem nas suas costas ?

Bruno: Não tem nada!

Bruno tenta se afastar, mas Samuca é mais rápido e levanta a camisa dele, vendo os vários hematomas espalhados por seu corpo.

Samuca: Você ia me esconder ?

Bruno: Deixa pra lá.

Samuca: Eu não tô acreditando... Primeiro a faculdade, agora isso... Tá doendo muito ?

Bruno: Tá sim. Mas não é no corpo.

Samuca abraça Bruno, arrasado.

Bruno: Eu prometi que ia cuidar de você e é você quem está cuidando de mim!

Samuca: E daí ? Somos namorados. Um cuida do outro!

Bruno: Mas eu sou mais velho! É a minha obrigação cuidar de você. Até se eu morrer eu vou dar um jeito de te proteger!

Samuca: Não gostei disso.

Bruno: Mas é verdade. E eu vou dar um jeito de cumprir minha promessa e cuidar de ti!

Samuca: Sei. Porque é o mais velho...

Bruno: E também o mais forte! - Diz, mostrando seus músculos.

Samuca: É o que ? Iludido!

Bruno: Ah, tá duvidando ? Quer disputar uma queda de braço ?

Samuca: Palhaço!


Cena 05 - Paisagens - Ao som de Believer - Imagine Dragons

Imagens aéreas de mais um dia nublado e cinzento nascendo em São Paulo - As pessoas vêm e vão, iniciando suas rotinas


Cena 06 - Casa de Marina - Cozinha - Manhã


Marina: Dormiu bem ?

Samuca: Quando eu tô com o Bruno, não existe noite ruim! Hahaha.

Marina: Ele está dormindo ?

Samuca: Sim. E os seus pais ?

Marina: Foram trabalhar.

Samuca: Eu também tenho que ir. Ah, é obrigado pela força!

Marina: Não tem força nenhuma, vocês são minha família!

Samuca: Cuida dele na minha ausência. E diga que o amo!

Marina: Pode deixar. Ele deve tá careca de saber disso, hahaha. Vai tranquilo!


Cena 07 - Escritório de Antônio - Manhã


Antônio estava conferindo algumas planilhas em sua sala, até escutar um tumulto na sala ao lado, sem dar muita importância... Aré que leva um susto ao ter sua sala foi invadida por Samuca, com sua secretária vindo atrás.

Antônio: Mas o que significa isso ?

Secretária: Eu tentei impedir, mas ele foi entrando!

Samuca: Temos umas contas para acertar!

Antônio finge não ouvir e dá as ordens do dia para sua secretária, fingindo que ele não está ali.

Samuca: Eu tô falando com você. Não tá ouvindo, covarde ?

Antônio continua ignorando. Em um ato de fúria, Samuca vai pra cima e joga a mesa de Antônio no chão, derrubando papeis, objetos e o computador.

Antônio se assusta com a atitude dele.

Antônio: Saia daqui agora, marginal!

Samuca: Como você teve coragem de espancar seu próprio filho ? Sabendo que ele não pode revidar...

Antônio apenas o escuta falar.

Samuca: Mas eu tô aqui agora, pra fazer justiça por ele. De homem pra homem. E eu posso te arrebentar agora mesmo! - Dispara, fechando suas mãos.

Os dois se encaram com ódio, em câmera lenta.


Imagem de Samuca congela em um efeito azulado.


Continua.


Se encerra na música de abertura Sem Limites pra Sonhar - Fábio Jr.


2023 - DNA

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1 Comment


Odair Rodrigues
Odair Rodrigues
May 11, 2023

Intenso e cada vez mais empolgante.

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