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SEGUINDO EM FRENTE | CAPÍTULO 13


Novela criada e escrita por

Igor Fonsêca


A seguir

Seguindo em Frente - Capítulo 13 +14


Cena 01 - Sala de Administração do Shopping - Tarde


Ao chegarem, o segurança abre a porta. Samuca sente que um peso havia saído de suas costas e se ajoelha, emocionado.

Samuca: Flora!

Flora corre até ele, que a abraça e a beija.

Samuca: Meu amor, não faz mais isso comigo! - Diz, enquanto deixa algumas lágrimas caírem.

Samuca volta a olhar pra ela, beijando seu rosto.

Samuca: Nunca iria me perdoar se alguma coisa acontecesse com você!

Flora: Não chora, tio!

Samuca: Graças a Deus você está bem!

Flora: Eu tô bem, tio. O anjo me salvou!

Samuca sorri: - Anjo ?

Só então Samuca se dá conta do que está acontecendo. Ao levantar a cabeça, olhando mais adiante, seu anjo está em pé no fundo da sala, sorrindo pra ele.

Samuca se levanta, surpreso com a coincidência.

Vicente: Achou o que queria ?

Samuca: Vicente... Eu não entendo!

Flora: O moço me salvou, tio.

Segurança: Esse senhor a encontrou na entrada do shopping e a trouxe até aqui.

Samuca não consegue desviar o olhar de Vicente. Os dois se encaram, como se tentassem enxergar no fundo da alma um do outro.

Vicente: Eu vi ela na frente do shopping, atravessando a rua e quase na frente de um carro. Só tive tempo de correr e segurar ela pelo braço! Ela ficou assustada mas eu tranquilizei ela e a trouxe até aqui!

Samuca: Eu não sei nem o que dizer. Muito obrigado, eu não sei o que seria de mim se algo tivesse acontecido com minha sobrinha!

Vicente apenas sorri e estende a mão para Samuca, mas é surpreendido por ele que o puxa pra um abraço.

Samuca: Você sempre me salva. Obrigado, Doutor!

Vicente retribui o abraço, apertando seu corpo junto ao dele.

Vicente: Não tem o que agradecer. O importante é que ela está bem!

Flora, agarrada na calça de Samuca, observa os dois.

Flora: Eu tô com fome, tio!

Samuca: O tio vai te levar pra comer. Vou deixar você escolher o que quiser!

Flora: Obaaa!

Samuca agradece os seguranças e se vira pra se despedir de Vicente, quando é surpreendido por Flora.

Flora: O moço não vai com a gente ?

Samuca faz uma cara de surpresa e olha pra Vicente.

Samuca: Ué, convide ele!

Flora: Vamos com a gente!

Vicente abre um sorriso.

Samuca: Vai negar um pedido dessa princesa, Doutor ?

Vicente: É claro que eu vou!

Os três vão até a praça de alimentação e escolhem várias coisas para comer, só porcaria. Em seguida, Samuca deixa Flora brincando na piscina de bolinha e senta em um banco com Vicente, sem tirar os olhos dela.

Vicente: Ela é uma graça. Eu achei que fosse sua filha!

Ssmuca: Não. Ela é minha sobrinha mas é como se fosse uma filha! E você, Doutor. Tem filhos ?

Vicente: Não. Eu quase tive um sobrinho também. Meu irmão teve um namoro, daí foi morar junto, mas a namorada dele perdeu o bebê ainda no começo.

Samuca: Que pena. Mas logo vem outro!

Vicente: Meio difícil, eles se separaram.

Samuca: Tudo tem sua hora certa de acontecer.

Vicente: Sim. E eu tenho vontade de ser pai, mas ainda não aconteceu. De qualquer forma, o dia que eu tiver, ele vai se chamar Bruno!

Samuca desfaz seu sorriso, surpreso.

Samuca: Bruno ?

Vicente: Sim.

Samuca: Mas porque esse nome ?

Vicente: Ah, porque Bruno...

Quando Vicente ia falar, eles são interrompidos por Flora, que já chega pulando.

Flora: E a minha boneca, tio ?

Samuca: Eu prometi dar uma boneca pra essa princesa!

Flora: Vamos logo!

Samuca: Calma, a loja não vai fugir!

Flora sai puxando com uma mão Samuca e com a outra Vicente, em direção à loja de brinquedos. Os três caminham de mãos dadas com a garota no meio. Vicente olha para Samuca, que fica um pouco sem graça.

Conforme prometido, Samuca compra a tão sonhada boneca para a sobrinha e depois eles vão embora.

Samuca: Mais uma vez obrigado. E obrigado pela companhia também!

Vicente: Eu que agradeço. Meu dia estava muito chato, mas terminou valendo a pena só por eu ter conhecido essa princesa!

Samuca: Quando não tiver nada pra fazer me dá um oi. A gente combina de beber algo, sair... - Dispara, tímido.

Vicente: Opa, vamos sim!

Vicente se abaixa e se despede de Flora.

Vicente: Gostei de te conhecer. E eu também vou te dar uma boneca, viu ?

Flora: Oba, que dia, tio ? - Pergunta, animada, chamando Vicente também de tio.

Samuca: Hi, prometeu... Agora aguenta!

Vicente: Quando você menos esperar! - Diz, sorrindo e voltando a olhar pra Samuca.

Eles se despedem e cada um segue seus caminhos.


Cena 02 - Casa de Samuca - Quarto - Noite - Ao som de Central do Brasil - Antônio Pinto


Após chegar em casa com Flora, Samuca se deita em sua cama, se lembrando do dia que havia tido e de seus momentos com Vicente. Lembrava de seu sorriso, do seu rosto todo coberto por aquela barba por fazer, do seu jeito de olhar... Estava se sentindo tão leve e assim ficou até dormir.


Ao acordar, Samuca segue sua rotina e durante a semana recebe a notícia que seu trabalho na fábrica estava próximo ao fim e que retornaria ao seu escritório na cidade. Em um sábado, se sentindo entediado, ele fica assistindo a um filme qualquer na TV quando seu celular toca.

Samuca atende sem nem ver quem é, apenas no automático.

Samuca: Oi...

Vicente: Como vai, Samuca ?

Samuca se surpreende.

Samuca: Vicente ?

Vicente: Eu mesmo!

Sem saber o porquê, Samuca sente seu coração batendo mais forte.

Vicente: Eu te liguei porque... Sabe. Eu tô a toa aqui. Queria saber se você não quer sair a noite, fazer alguma coisa...

Samuca: SIM! Quer dizer, eu aceito sim. - Responde, tentando disfarçar a empolgação.

Vicente: Eu te busco aí então!

Samuca: Fechou!

Samuca mal desliga o telefone e corre para o guarda roupa. Nunca foi de ter vaidade, mas agora é diferente. Algo havia mudado. Ele leva um tempo para escolher uma roupa para vestir.

Samuca ri sozinho.

Samuca: A Marina tem razão. Eu só tenho roupa de velho!

Marina: Ouvi meu nome ?

Samuca: Oi, que surpresa!

Marina invade o quarto, se sentando na cama.

Marina: Você não vai ver os amigos, os amigos vem até você! E como eu te disse por mensagem, eu e Luan estamos noivos. Ele vai tocar em um barzinho hoje, e eu quero que você venha comigo também!

Samuca: É que... Hoje não vai dar.

Marina: Ah, qual é!

Samuca: É sério. Eu tenho um compromisso!

Marina: Compromisso ? Você ?

Samuca: Sim. Um amigo me chamou pra sair!

Marina: Amigo ?

Samuca: É. Você não conhece!

Marina: Eu conheço todos os seus amigos. Anda. Fala logo, que amigo é esse! - Diz, jogando um travesseiro nele.

Samuca: Como você é chata! É um médico que conheci na fábrica, não é nada demais!

Marina: Ai que tudoo! Médico. Isso aí! - Diz, dando risada.

Samuca: Não é nada disso do que você está pensando. Eu nem sei se ele é gay! E mesmo que seja, não faz diferença, é só um amigo!

Marina continua tentando arrancar mais informações de Samuca, deixando ele irritado.

Marina: Ai tá bom. Eu só vou aceitar que você não vai porque é por uma boa causa. Você enfim vai desencalhar, hahaha!

Samuca joga o travesseiro nela, que sai dando risada.

Samuca: Palhaça!

Samuca volta a se olhar no espelho. Parecia um adolescente se arrumando pra ir para o primeiro encontro. Sempre arrumando sua roupa, achando um defeito ou no seu rosto, ou na roupa, ou no perfume que coloca, até que escuta o celular tocando. Era uma mensagem de Vicente dizendo que já chegou.

Em um instante Samuca desce e vai de encontro até ele.

Samuca: Pontual.

Vicente: Sempre!

Samuca: Quer entrar ?

Vicente: Fica pra outra ocasião. Vamos ?

Samuca entra no carro e os dois seguem enquanto vão conversando.

Samuca: E pra onde nós vamos ?

Vicente: Eu conheço um bar muito legal.


Cena 03 - Barzinho - Noite


Após pouco tempo, os dois chegam em um barzinho com música ao vivo, cheio de gente bonita e descontraída e alguns casais.

Samuca: Eu nunca tinha vindo aqui!

Vicente: É legal, né ? - Diz, olhando em volta.

Os dois começam a beber um chopp enquanto comem algo, conversando o tempo todo.

Samuca: E como está o hospital ?

Vicente: Como sempre. Eu amo estar lá!

Samuca: Estou deixando a obra na fábrica. Vou voltar para o meu escritório aqui na cidade!

Vicente: Fico muito feliz!

Samuca: Fica ?

Vicente: Sim. Agora eu não vou mais precisar te salvar naquela estrada! - Diz, dando risada.

Samuca: Palhaço. Agora vai ficar se achando!

Vicente: Mas pense pelo lado bom. Se não fosse por aquele lugar, a gente não teria se conhecido!

Samuca: É, você tem razão... Mas e você, tem algum plano para o futuro ?


Ao som de Efeito Borboleta instrumental - Tristeza


Vicente: Ah, não me julgue mal. Mas olha a minha idade, rs. Eu penso em encontrar alguém. Alguém sério para casar, para viver um amor!

Samuca se surpreende.

Samuca: Eu já vivi um...

Vicente: Viveu ? E porque acabou ?

Samuca: É uma longa história. Mas acho que meu tempo pra isso já acabou!

Vicente: Nunca sabemos o que pode acontecer no dia de amanhã.

Samuca: O amor só aparece uma vez pra cada pessoa. E acredito que a minha chance já tenha passado!

Vicente segura a mão de Samuca que está em cima da mesa, apertando forte enquanto fala.

Vicente: Espero que você ainda possa descobrir que isso não é verdade!

Samuca apenas sorri, com um olhar meio triste.

Os dois passam mais algumas horas conversando, até que fica tarde. Eles se levantando e seguem para o carro.

Samuca: Obrigado pela noite. Você tem uma conversa muito legal!

Vicente: Espero que se repita, hein ?

Samuca: Eu também quero. Vou gostar muito!

Eles ficam alguns minutos em silêncio, se olhando, até que Vicente dá um abraço em Samuca, que de início fica sem reação, mas depois retribui com prazer.

Samuca: Até breve!


Cena 04 - Casa de Samuca - Quarto - Noite


Samuca se senta em sua cama, desabotoando sua camisa. Iluminado apenas pela luz de um abajur ao lado de sua cama, ele encara uma foto de Bruno na parede.

Samuca: Eu te amo tanto... A minha única chance de ser feliz foi contigo. Mas você foi embora e me deixou! - Diz, com os olhos cheios de lágrimas.

Ele se deita em sua cama e fecha os olhos, perdido em seus pensamentos.

A câmera foca na parede, na foto estática de Bruno.


"Samuca está sentado na areia, observando as ondas do mar. A brisa suave que vinha do vento beijava suavemente o seu rosto. Ele fecha os olhos, sentindo aquele momento. Quando de repente uma silhueta branca vai saindo da água.

Samuca: Bruno ? É você, meu amor ?

A pessoa se aproxima e levanta seu rosto. Trata-se de Vicente, que sorri para ele."


Samuca acorda no meio da madrugada, todo suado. Ele se senta na cama, assustado e pensativo.

Samuca: Que sonho foi esse. Será que é o que eu tô pensando ? Não pode ser! Eu não posso estar gostando de outra pessoa!

Samuca se questiona o tempo todo, não querendo aceitar a possibilidade de gostar de um outro alguém e ainda imerso em seu luto eterno.

Samuca: Foi só um sonho. Ele é só um cara legal que me trata bem!

Ele se levanta e pega a foto de Bruno, que está sorrindo pra ele, passando os dedos delicadamente por aquela imagem.

Samuca: Eu nunca vou te esquecer. E eu nunca vou te trair, eu sempre vou te amar... Me desculpe por isso! Nunca vou te tirar do meu coração.

Uma lágrima escorre de seu rosto. Não de tristeza, sim de saudade. Uma saudade que aperta.

Tudo fica branco.


Cena 05 - Escritório - Manhã - Ao som de O Carpinteiro - Nattan & Elias Monkbel


Dona Benedita chega com Rosinha no escritório de Mohamed para uma entrevista de emprego.

Rosinha: Nossa, que lugar chique. Olha só, vó!

Dona Benedita: Ore muito pra conseguir esse emprego, minha filha! A nossa situação não é nada fácil!

Rosinha: Eu sei que eu consigo. A minha reza é forte!

As duas entram na recepção.

Dona Benedita: Licença...

No fundo da sala, está Miguel, sentado na cadeira mexendo em seu notebook. Ele olha em direção à elas.

Rosinha olha para ele, sorrindo.

Os dois se encaram. Miguel fica fascinado pela beleza da jovem moça.

Dona Benedita: Boa tarde. Eu liguei mais cedo... Sobre uma entrevista de emprego! É pra minha neta aqui!

Miguel continua sem reação.

Dona Benedita: Olá... Você tá bem ?

O engenheiro acorda de seu transe.

Miguel: Oi ? Ah, claro. A entrevista! Boa tarde, só um momento!

Rosinha mantém um contato visual durante todo o tempo com ele.






Cena 06 - Escritório - Manhã


Miguel: Seja bem vindo de novo, abençoado!

Samuca: Obrigado. Já estava com saudades!

Miguel: E o trabalho lá, como foi ?

Samuca: Foi legal, mas foi cansativo! E você, tá bem ?

Miguel: Tô indo...

Samuca: E o chefe ?

Miguel: Rapaz, era disso mesmo que eu ia falar. Ele tá intocado lá dentro mais duas fêmea! Tem uma que parece que veio lá dos convento!

Samuca: Mas pra que ?

Miguel: Ele tava aperriado dizendo que queria uma doméstica pra residência dele. Aí tá lá fazendo a tal das entrevista!

Samuca: Ah. Entendi! rs.

Samuca se senta, arrumando suas coisas. Ele pega seu celular e dá uma olhada como quem não quer nada, esperando alguma mensagem de Vicente, mas não há nada.


Cena 07 - Sala de Mohamed - Manhã


Dona Benedita entra com sua neta Rosinha na sala de Mohamed. As duas olham para os lados, examinando o ambiente.

Rosinha: Que chique. Nunca tinha visto nada assim!

Dona Benedita: Não se admire com nada. Você acabou de sair do convento, olhe o pecado da luxúria! - Cochicha, cutucando sua neta.

Rosinha se benze: Claro que não, vó. Eu vivo para o senhor!

Mohamed sai do banheiro e as recebe.

Mohamed: Muito bem vindas. Vieram paga a vaga de doméstica, não é mesmo ?

Dona Benedita: Isso mesmo. A minha netinha aqui acabou de sair do convento e está em busca de um emprego. Olhe, ela é como se fosse uma santa, viu. O senhor não vai se arrepender. Moça prendada, sabe passar, lavar e cozinhar... Mal abre a boca!

Mohamed e Rosinha se encaram. Ela dá um sorriso de canto pra ele.

Mohamed: Sei.

Dona Benedita: Por favor, senhor. Ela precisa muito!

Mohamed: Podemos fazer uma experiência. Pra ver se ela se adapta ao cargo.

Rosinha: Eu ficaria muito agradecida, senhor.

Mohamed: Muito bom. O serviço não ficaria restrito somente a minha residência, já que aqui no meu escritório eu também necessito de limpeza constante. Eu assino carteira, e você pode dormir em um quarto separado na minha casa.

Dona Benedita: Na sua casa ?

Mohamed: Algum problema ?

Dona Benedita: É que ela pode ficar falada. Sabe com é, essa minha neta é a alegria da família. Uma verdadeira santa!

Mohamed: Ah. Falada... Não. Eu acredito que não fique falada não. Eu tenho minha descendência em turco, a minha religião, minha esposa... Todos sabem. Eu sou uma pessoa pública, e o quarto que ela vai ficar é somente de domésticos. Um pouco separado, não há o que temer.

Rosinha: Nesse caso... Eu quero muito esse serviço, senhor!

Mohamed: Muito bom. Comece essa semana então, vou te enviar um e-mail com todas as orientações sobre o que você deve fazer antes de começar o trabalho.

Rosinha: O senhor não vai se arrepender! - Diz, olhando no fundo dos olhos dele.

Mohamed fica intrigado com o olhar dela.


Cena 08 - Casa de Samuca - Quarto


Samuca está se preparando pra dormir, quando seu celular toca. Ele sente uma felicidade invadir seu corpo ao ver o nome de Vicente.

Samuca: Oi...

Vicente: Te acordei ?

Samuca: Nada! Nem tava dormindo.

Vicente: E o trabalho, como foi a volta ?

Samuca: Ah, foi legal. Eu estava com saudade!

Vicente: De mim ?

Samuca: Do trabalho.

Vicente sorri ao ver que Samuca ficou atrapalhado.

Vicente: Eu tô brincando. Já tô querendo sair de novo, hein ? Ah, e eu comprei a boneca da Flora.

Samuca: Vai acostumar mal ela, hahaha.

Vicente: Que nada. Vai, vamos fazer assim: Saímos amanhã!

Samuca: É que eu voltei hoje pro trabalho, ainda tô me adaptando a alguns trabalhos, e...

Vicente: Eu não quero saber. Já está marcado!

Samuca: Mas...

Vicente: Você sempre teimando comigo, hein ? Tá combinado e pronto! - Diz, firmemente e sorrindo.

Samuca também deixa escapar um sorriso.


Cena 09 - Ao som de Uma Porta por Vez - Zé Antônio - O dia amanhece - Imagens aéreas dos prédios de São Paulo - Os carros vêm e vão - As horas passam


Cena 10 - Casa de Marina - Tarde


Sol anda pela camisa com o cesto de roupa suja nas mãos.

Sol: Vou aproveitar esse solzinho pra lavar tudo.

Ela anda pelo corredor onde ficam os quartos, e vê uma blusa de Marina caído na porta do quarto dela.

Sol: Essa menina, viu. Deixa tudo jogado!

Sol se abaixa, pega a blusa e coloca no cesto. Ela desce até o porão e puxa uma cordinha que serve como interruptor de luz, um modelo bem antigo.

Sol vai até a máquina de lavar e abre a tampa, colocando o sabão em pó dentro do reservatório.

Em seguida, ela vira de costas e vai até o cesto, separando algumas roupas por cor, distraída. Ao se virar para a máquina novamente, a dona de casa leva um susto.

A máquina está com a tampa fechada e o reservatório de sabão vazio.

Sol: Oxe... Mas... Será que eu tô ficando doida ? Eu tinha certeza que eu tinha enchido de sabão...

Ela fica parada por alguns instantes, tentando entender o que aconteceu.

Sol: Com certeza eu tô é doida. Ai ai, viu!

Sol volta a colocar sabão no reservatório e em seguida coloca as roupas dentro da máquina e a liga, saindo em seguida cantando uma música qualquer.

Após ela sair, a câmera foca por alguns instantes na máquina, que continua funcionando normalmente.


Cena 11 - Casa de Vicente - Sala - Tarde


Henrique chega e já vai abrindo a geladeira, procurando alguma coisa pra comer. Ele vê uma roupa passada em cima do sofá.

Henrique: Vai sair, é ?

Vicente: Putz, eu nem sabia que você ia vim hoje!

Henrique: De boa. - Diz, se sentando na poltrona enquanto come uma bolacha.

Henrique: Que bolacha seca. Tinha com recheio não ?

Vicente revira os olhos.

Henrique: Que isso aqui ? Deu pra brincar de boneca agora ?

Vicente toma a boneca da mão dele.

Vicente: Deixa de ser enxerido! Isso é um presente que vou dar.

Henrique: Hi é ? Pra quem ?

Vicente: Uma menina muito especial.

Henrique: Hum, quer impressionar a mãe dela, né safado! Você não perde tempo mesmo.

Vicente faz cara de bravo.

Henrique: Cheio de segredinhos... A mãe vai querer saber quem é essa sua nova namorada misteriosa!

Vicente: Tá bom. Mas você não veio aqui a toa, certamente foi pra me pedir alguma coisa!

Henrique: Que isso. Como se eu não viesse te visitar sempre. Assim você até me ofende! Mas já que insiste em me oferecer alguma coisa, eu aceito o seu carro emprestado!

Vicente sorri. - Você é muito cara de pau, né ? A chave está ali na mesa.

Henrique: Obrigado, mano. Sabe, você é 10! Essa sua namorada não sabe a sorte que tem, hein! - Diz, pegando a chave e saindo.

Vicente: Doido de pedra! - Diz, se sentando ainda com a boneca em mãos.

Mal Henrique sai, Samuca bate a porta.

Vicente: Olá! Nossa, você chegou cedo. Eu nem me arrumei ainda!

Samuca olha para o corpo dele, sem camisa. Vestido apenas uma bermuda com a cueca aparecendo e os cabelos molhados.

Samuca: É. Eu acabei vindo cedo porque não deu pra trazer a Flora. Ela amanheceu meio que com uma febrinha...

Vicente: Poxa, que pena.

Samuca: Você só terá a minha companhia mesmo!

Vicente: Uma ótima companhia. Só que você se importa em seu meu motorista ? Eu emprestei meu carro pro meu irmão!

Samuca: Claro que não. Vamos ?


Cena 12 - Barzinho - Fim de Tarde - Ao som de Secrets ( Consoul Trainin Remix ) - Regard, RAYE


Os dois entram no carro e vão até o mesmo barzinho da outra vez.

Vicente: Gostou, hein ?

Samuca: É muito agradável. Você vai beber alguma coisa ?

Vicente: Acho que dessa vez só um suco mesmo!

Samuca: Beleza, eu também então!

Os dois ficam conversando por um bom tempo até que o assunto cai para relacionamentos.

Vicente: Posso te fazer uma pergunta?

Samuca: Claro.

Vicente: Você é um cara tão legal, porque está sozinho ?

Samuca: É meio complicado...

Vicente: Tenho todo o tempo do mundo pra ouvir, rs.

Samuca: Eu tô sozinho porque a vida me obrigou a isso.

Vicente: Não fale assim, não vale a pena ficar assim por alguém que não te merece.

Samuca abaixa a cabeça, ficando visivelmente triste.

Samuca: Você não entende. Não é nada disso. É que... O meu amor da minha vida morreu.

Vicente fica surpreso e envergonhado ao mesmo tempo, jamais achou que fosse isso.

Vicente: Nossa, me desculpa. Não foi minha intenção... Eu não quis te magoar!

Samuca: Tudo bem. Não tinha como você saber!

Vicente segura a mão dele, apertando com força. Samuca sente sua força e seu calor, ao mesmo tempo que um arrepio tomava conta de seu corpo inteiro.

Vicente: Você é um cara muito especial. Eu quero que fique bem!

Os dois perdem a noção do tempo e ficam horas conversando. Aos poucos, o médico vai fazendo Samuca sorrir com aa histórias que conta. Até que uma voz assusta o engenheiro.

Marina: Ora, ora. Quem eu vejo aqui!

Samuca se levanta imediatamente.

Marina: Pra sair comigo você tá sempre ocupado, né safado.

Samuca: Marina!

Marina abraça o amigo.

Luan: Como vai, Samuca.

Marina: Não vai me apresentar esse boy aí ?

Samuca: Claro. Me desculpem. Esse é Vicente. Doutor Vicente!

Marina olha Vicente dos pés a cabeça, com um olhar malicioso, e em seguida encara Samuca, que entende o olhar de insinuação dela.

Ela e Luan cumprimentam o médico.

Samuca: Vicente, esses são meus amigos. Querem se sentar com a gente ?

Luan: Claro! - Diz, se acomodando.

Marina: Não queremos atrapalhar.

Samuca: Que nada.

Em pouco tempo os quatro já estavam super entrosados.

Marina: Então vocês se conheceram no trabalho ?

Vicente: Mais ou menos.

Vicente começa a contar sobre quando resgatou Samuca no acidente. Marina fica o tempo todo lançando olhares maliciosos pra Samuca, que abaixa a cabeça, constrangido.

Marina: O Samuca tava mesmo precisando de um herói assim na vida dele!

Samuca fica vermelho. Luan quase se engasga com a bebida, e tosse, cobrindo a boca com um lenço. Vicente apenas sorri, sem entender.

Vicente pede licença para ir ao banheiro, e o trio de amigos fica a sós.

Marina: Seu cachorrinho! Você não me disse nada! Que macho parrudão esse que você arrumou pra namorar!

Luan dá um empurrão nela.

Luan: Que isso, hein!

Samuca: Que namorado o que! Somos amigos!

Marina dá risada.

Marina: Ah, tá. Vai soltar o card da amizade logo pra mim, childreen ?

Samuca: Você é louca.

Luan: Tenho que concordar com ela. Segure esse aí, viu. Hahahah.

Vicente volta do banheiro com uma cara tensa.

Vicente: Estão precisando de mim no hospital pra uma emergência.

Samuca: O que houve ?

Vicente: O de sempre. Acidentes!

Marina: Poxa, Doutor fofura!

Vicente: Queria ficar mais com vocês, mas infelizmente tenho que ir!

Samuca: Relaxa, vai lá.

Vicente pensa em dar um abraço em Samuca, mas fica tímido ao ver os amigos dele perto e apenas se despede com um aperto de mão.

Após ele sair, Marina logo abre o jogo.

Marina: Só uma coisa. Você não pode perder esse macho!

Samuca revira os olhos.

Samuca: Besta!


Cena 13 - Ao som de Tem Cabaré essa Noite - Nivaldo Marques & Nattan

Os dias se passam - Paisagens das ruas de São Paulo - Close nas luzes noturnas


Cena 14 - Apê de Henrique - Sala - Noite


Henrique: Anda logo, mano. Não quero chegar tarde não!

Vicente se arruma, sem a mínima vontade.

Vicente: Por mim eu nem iria!

Henrique: Deixa de ser chato. Só fica socado naquele hospital, tem que aproveitar a vida um pouco!

Vicente: Tá, que seja.

Henrique: A hora que você quiser vir a gente vem, prometo. Aí cê dorme aqui em casa!

A campanhia toca.

Vicente: Que isso ? Tá esperando alguém ?

Henrique: Ah, eu convidei uma pessoa especial. Acho que cê vai gostar, hein!!!

Vicente fica olhando Henrique abrir a porta, curioso.

Mirella, a ex de Vicente, entra. Uma moça linda, loira e com um corpo todo durinho e escultural.

Mirella: E aí. Tô atrasada ?

Henrique fica olhando de boca aberta para a beleza dela, enquanto Vicente se mostra ainda um pouco surpreendido. Mirella sorri, o encarando.


Imagem de Vicente congela em um efeito arroxeado.


Se encerra no refrão de Golden - Harry Styles


Continua.


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