Seguindo Em Frente | Capítulo 15

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Seguindo em Frente - Capítulo 15 +14

Cena 01 - Beira de Estrada - Noite - Ao som de Another Love - Lukas Gadelha Cover BR

Vicente: Olha essa vista.

Samuca: É muito bonito!

De onde eles estavam dava pra ver uma boa parte da cidade lá embaixo. Seus prédios coloridos e mais acima o céu estrelado.

Samuca: Dava pra ficar vendo isso por horas!

Os dois ficam lado a lado, encostados na lateral do carro, admirando a vista que tinham.

Sem perceberem, já estavam de mãos dadas, em silêncio.

Vicente: Samuca... - Diz, se virando e ficando de frente pra ele, olhando no fundo dos seus olhos.

Vicente: Eu não sei como fazer isso, nunca fui bom com essas coisas... Eu achei que eu pudesse controlar o que eu sentia aqui dentro. Mas pouco a pouco isso foi crescendo em meu peito, até que não conseguia mais lutar contra.

Samuca: Vicente...

Vicente: Só me escuta!

Os dois estão frente a frente, e Vicente aos poucos vai se aproximando.

Vicente: Eu te amo, Samuca.

Samuca o encara nos olhos, hipnotizado pelo calor que vem do corpo dele.

Os dois se aproximam cada vez mais, até seus lábios se chocarem, transformando-se em um lindo beijo apaixonado.

Seus corpos estão colados, um sentindo o calor do corpo do outro, enquanto suas línguas se entrelaçam.

Samuca apenas se deixa levar, sentindo uma sensação que há anos não sente. Enquanto se beijam, ele sente a barba de Vicente arranhando seu rosto e seus lábios. Vicente morde o queixo de Samuca e desce para o pescoço, dando chupões de leve. Samuca sorri, sentindo seu corpo inteiro se arrepiar. Os dois finalizam o beijo com um último selinho.

Eles voltam a se olhar e Vicente abre um sorriso para Samuca.

Samuca: O que nós fizemos!

Vicente: Nos beijamos!

Samuca: Porque você fez isso ?

Vicente: Eu não consigo mais me controlar quando estou perto de você. Eu sinto fome do teu corpo!

Samuca abaixa a cabeça, confuso e sem saber o que pensar.

Vicente levanta o rosto de Samuca, o fazendo olhar em seus olhos.

Vicente: Eu nunca achei que nessa idade eu fosse me declarar pra alguém dessa forma. Mas você é tudo o que eu sempre pedi na minha vida! E eu te amo. Eu te amo como nunca amei ninguém antes e eu quero ficar contigo!

Samuca: Eu não sei o que falar!

Vicente: Quando eu te olho, eu sinto que te conheço há anos, é um sentimento muito louco. E eu vi por esse beijo que você também gosta de mim!

Samuca: Você não entende. Eu não posso...

Vicente: Eu sei que você amou alguém... Mas eu também sei que eu posso te fazer feliz. Me deixa te amar!

Samuca pensa em Bruno. Mesmo tendo falecido há dez anos, sente como se tivesse traindo seu finado noivo.

Samuca: Eu me sinto confuso...

Vicente percebe aflição dele e cai em si. Estava indo rápido demais.

Vicente: Desculpe. Eu tô apressando um pouco as coisas...

Samuca: Eu que peço desculpas. Mas eu acho que eu quero voltar pra casa...

Vicente: Claro. Eu te levo!

Em silêncio os dois entram no carro. Durante o trajeto, Samuca fica com o olhar fixo, como se tivesse passando milhões de coisas em sua cabeça.

Vicente: Chegamos.

Samuca: Valeu pela carona!

Vicente segura a mão dele, antes dele sair do carro.

Vicente: Obrigado por essa noite e mais uma vez, feliz aniversário.

Samuca: Obrigado.

Os dois se abraçam e Samuca sente o amor daquele homem que tanto o queria. Em seguida, se despede e sai.

Vicente fica olhando ele entrar.

Vicente: Eu sei que você ainda vai me amar! - Diz, com um sorriso bobo no rosto.

Cena 02 - Casa de Samuca - Quarto - Noite - Ao som de Efeito Borboleta instrumental - Tristeza

Samuca entra em seu quarto e se joga em sua cama, olhando para o teto. Ele passa os dedos em seus lábios e sorri, sentindo o cheiro daquele homem que tanto desejava ainda em seu corpo. Em seguida, a imagem de Bruno vêm em sua mente e ele desfaz o sorriso.

Samuca: Me perdoa, meu amor. Eu nunca vou te esquecer!

Cena 03 - Casa de Marina - Quarto - Noite

Marina entra em seu quarto tirando sua jaqueta.

Marina: Que noite, hein ? Espero que tudo dê certo pro Samuca e pro Vicente!

Luan a puxa pelo braço e a agarra pra um beijo.

Luan: E pra nós também!

Os dois se beijam e Luan tenta tirar a blusa dela, mas a moça se afasta.

Luan: O que houve ?

Marina: Eu sei que pode parecer bobagem. Mas a gente vai marcar o nosso casamento pra breve, não é ?

Luan: Sim, e o que é que tem ?

Marina: E se a gente esperar ?

Luan: Isso é uma piada ?

Marina: É sério!

Luan: Mas o que é isso ? Você não é nenhuma virgem indefesa! A gente transa há 10 anos, esqueceu ? Porque isso agora ?

Marina: Só acho que seria interessante pra nossa relação. Imagina o fogo que a gente vai estar daqui a poucos meses ? Tem muitos casais que fazem isso, no meu ver só apimenta a relação!

Luan: Mas no meu ver isso é um absurdo!

Marina: Para de ser chato. Vai ser legal!

Luan: Só quero que você saiba que isso é ridículo e que eu não concordo nem um pouco!

Marina: Confia. Vai valer a pena! - Diz, se divertindo com a raiva dele.

Luan a encara, sem conseguir conter a frustração.

Cena 04 - Mansão de Mohamed - Manhã

Com um uniforme justo, Rosinha chega para seu primeiro dia de trabalho na casa de Mohamed. Ela olha para os móveis luxuosos e de extremo bom gosto, admirada com tudo.

Rosinha: "Aqui que é o meu lugar!" - Pensa.

Mohamed a recebe, junto com sua esposa, Ayla.

Mohamed: Seja bem vinda. Essa aqui é minha mulher Ayla. Ayla, essa é a nova doméstica, Rosa. Ela vai te ajudar em tudo aqui. Afinal, é difícil pra uma só pessoa manter um lugar desse tamanho sozinha!

Rosinha: Prazer. Mas podem me chamar de Rosinha, mesmo. É um apelido que minha finada mãe me deu. Que Deus a tenha! - Diz, enquanto segura o seu terço.

Ayla: Gostei de você. É religiosa ?

Rosinha: Sim. Eu acabei de sair do convento. E preciso muito ajudar a minha vó, por isso procurei esse emprego. Eu sei fazer de tudo um pouco, o que a senhora precisar eu estarei as ordens!

Ayla: Ai que fofa, amor! Sabe, eu fico muito sozinha aqui. Acho que mais que uma doméstica, você vai ser a minha amiga!

Rosinha: Nossa, seria uma honra ser amiga de uma mulher tão chique quanto a senhora!

Ayla: Ai, bobagem! - Sorri, envergonhada.

Rosinha sorri para Mohamed discretamente, que fica desconcertado.

Dona Graça, a vizinha do condomínio, espia com um binóculo a casa de Mohamed.

Dona Graça: Valha meu pai! Que pintura é aquela! Eu nunca vi isso, uma empregada novinha desse jeito... Sei não, viu. Rapadura é doce mas não é mole não!

Odair, o carteiro, coloca uma carta no portão dela.

Odair: Bom dia, Dona Graça. Espiando a vida dos outros uma hora dessas ?

Dona Graça: Que espiando a vida de ninguém o que, você me respeite! Eu estou apenas colhendo informações pelo bem e segurança do nosso condomínio, que é um lugar de família e de respeito!

Odair sorri.

Odair: Sei, sei...

Dona Graça volta a olhar com seu binóculo, curiosa.

Cena 05 - Casa de Marina - Manhã

Sol esquenta no micro-ondas alguns salgados que sobraram da festa de Samuca.

Sol: Olhe só o tanto de comida que sobrou!

João: Comida não, porcaria, né! Por falar nisso, cadê sua filha ?

Sol: Minha só não, sua também! Tá pra lá pra casa do Luan!

João: Eu não consigo entender esses jovens de hoje em dia. Um terço da vida juntos e continua sem tomar uma atitude de adulto!

Sol serve os salgados à mesa.

Sol: A Marina sempre foi assim. Quem deve sofrer mesmo com esse jeito dela é o coitado do Luan. Essa menina, viu! Não tem jeito.

João: Às vezes penso onde que eu errei!

Sol: Também não precisa exagerar. Marina tem seus defeitos em relação ao namoro dela, mas como filha não temos do que reclamar!

João: Sei... - Retruca, enquanto olha a janela.

João: Que mato grande lá, fora. O Viriato não anda podando não, é ?

Sol: Sabe que faz tempo que não vejo ele ? - Responde, enquanto termina de forrar a mesa.

De repente, o telefone fixo toca. Ela vai atender.

Sol: Alô ?

Ninguém responde.

Sol: Oi ? Alguém aí ?

Uma respiração abafada se ouve.

Sol: Eu tô te ouvindo! Não tem o que fazer não, mandar trote pra casa dos outros uma hora dessas ?

Um susurro seguido de um zumbido alto ecoa pelo telefone, tão alto que faz doer o ouvido de Sol, que derruba o telefone.

João: Que foi, mulher ?

Sol encara o telefone, no chão, sem reação.

João: Quem era ?

Sol: Não sei... Eu hein! - Responde, se abaixando e colocando o telefone de volta no lugar.

Sol: Deve ser algum vândalo que não tem o que fazer! - Responde, voltando a fazer seu serviço de casa.

Atrás dela, a câmera se aproxima lentamente do telefone, de onde o mais profundo silêncio volta a reinar.

Cena 06 - Apê de Luan - Sala - Manhã

Luan: Que surpresa você aqui!

Samuca: Eu vim te dar os parabéns pessoalmente. O plano de vocês funcionou! - Revela, se sentando no sofá.

Luan permanece em pé, sem entender. - Plano ?

Samuca: Não se faça. O seu plano com a Marina pra me juntar com o Vicente!

Luan: Ahh! E como foi ?

Samuca: Ele é gay.

Luan: Eu já imaginava. Só pelo jeito que ele te olha! Mas e aí, como foi ?

Samuca: Ele se declarou pra mim e nos beijamos...

Luan sorri, feliz pelo amigo.

Luan: Eu sabia. Tá na cara que você gosta dele!

Samuca: Eu gosto dele. Acho que amo, quando o vejo meu coração acelera, e quando não o vejo sinto falta...

Luan: Mas...

Samuca: Mas eu sinto que estou traindo a memória do Bruno!

Ao som de Movimento de Inverno - Alexandre Guerra

Luan: Então o problema é esse. Mas o Bruno se foi... Infelizmente. Todos nós o amamos, mas a vida precisa seguir. Você precisa seguir em frente! A vida continua.

Samuca: Mas... Seria como se eu tivesse enterrando ele de vez!

Luan: O Bruno não está mais entre nós. Mas nada vai poder apagar tudo o que vocês viveram juntos! Mas isso faz parte do passado. Você pode tocar sua vida normalmente, que não quer dizer que enterrou tudo o que você já viveu! E olha, a vida está te dando outra chance para ser feliz. Não desperdice!

Samuca: Mas não é justo! Não é justo eu ter essa chance e o Bruno não! Porque eu posso ser feliz e ele teve que partir sem poder ser feliz também ?

Luan pega no ombro de seu amigo, o confortando.

Samuca: Eu não esperava me apaixonar. E agora não sei o que fazer!

Os dois são interrompidos por Marina, que escutava tudo escondida.

Marina: Eu sabia que tinha rolado, hein. Mas meu amor, você não pode se culpar por algo que você não tem culpa! Você acha que de onde o Bruno está, ele ia querer te ver de luto a vida toda ou iria querer que você seguisse a sua vida ?

Samuca: Mas porque esse sentimento de culpa ?

Marina: Você se culpa pois acha que deva sofrer, mas não, você merece ser feliz. Faça isso pelo Bruno. E mesmo que você arrume um outro alguém, ele vai ter sempre um lugar guardado em seu peito!

Samuca vai ficando mais animado com as palavras de seus amigos, porém é uma decisão que só depende dele.

Cena 07 - Ao som de Believer - Imagine Dragons - Paisagens aéreas mostrando o céu nublado de São Paulo - Os carros vêm e vão

Cena 08 - Casa de Samuca - Manhã

Samuca acorda bem cedo. Com um olhar ansioso e um sorriso no rosto, ele parece ter tomado sua decisão: Iria se declarar pra Vicente e se dar uma nova chance de tentar ser feliz. O engenheiro toma um banho, coloca sua melhor roupa e faz a sua barba, se preparando para encontrar com Vicente mais tarde no consultório dele. Seu plano é fazer uma surpresa.

No horário do almoço, Samuca sai a caminho de sua felicidade, sem conter a ansiedade. Há anos que não se sentia assim.

Cena 09 - Consultório - Tarde

Samuca desce do seu carro. Seu coração bate forte, não vê a hora de ver Vicente e dessa vez poder retribuir o beijo que ele lhe deu com ainda mais vontade e sem culpa. Ele entra na recepção e estranha ao ver uma linda moça, loira e com um vestido curto e sensual sentada na cadeira da recepcionista.

Samuca: Boa tarde! Acho que não te conheço, você é recepcionista nova ?

Mirella cai na risada, levantando sua sobrancelha.

Mirella: Eu ? Secretária ? Imagina, bebê.

Samuca: Ah, me desculpa, é que...

Mirella: De boa. Achei que o Vicente já tivesse atendido todos os pacientes de hoje. Você veio marcar consulta ?

Samuca: Desculpa de novo... Mas quem é você ?

Mirella: Eu sou a noiva do Doutor Vicente! - Dispara, sorrindo.

Samuca fica sem reação por alguns instantes e engole seco.

Samuca: Noiva ?

Mirella: Sim. Eu não sou a secretária mas se você quiser ligo na sala dele e falo que você está precisando ser atendido.

Samuca: Não há necessidade.

Mirella: Ah, ném. Eu e ele vamos sair pra almoçar juntos, mas não custa esperar um pouco. É o trabalho dele!

Samuca se sente profundamente decepcionado. Demorou tanto pra aceitar esse amor, e quando parecia que ia dar certo, se depara com essa bomba. Sua vontade é de chorar ali mesmo, mas apenas engole o choro.

Samuca: Não precisa, eu volto outra hora.

Mirella: Tem certeza, ném ?

Samuca: Tenho sim. Obrigado! - Diz, saindo rápido.

Ele caminha até seu carro e ao abrir a porta cai no choro. Sentiu a felicidade batendo a sua porta novamente mas se deu conta de que era tudo uma bobagem e sente que jamais será feliz novamente.

Samuca: Porque você fez isso comigo ? Porque fez eu acreditar que me amava ? Porque me magoar dessa maneira?

Samuca abaixa a cabeça, deixando as lagrimas caírem.

Cena 10 - Consultório - Tarde

Vicente se despede de seu último paciente e se prepara para ir embora.

Vicente: Você aqui ?

Mirella: Finalmente. Te esperei aqui um tempão, hein. Acho que você me deve um pedido de desculpas!

Vicente: A gente marca algum dia!

Mirella: Nem pensar. Você me deve isso! Se esqueceu de tudo o que eu passei naquela noite ?

Vicente: É que eu tive muito trabalho hoje.

Mirella pega sua bolsa.

Mirella: Eu também tive. Só no salão, foram duas horas! Agora vamos, estamos atrasados.

Cena 11 - Estacionamento - Tarde

Samuca ainda está em seu carro, se acalmando, depois de cair no choro. Está com a cabeça encostada no volante, quando decide ir embora. Mas ainda faltava mais uma surpresa para terminar de estragar seu dia.

Ele vê Vicente e Mirella saindo do consultório e ela pendurada no braço dele, enquanto ri animada.

Samuca sorri, ironicamente.

Samuca: Eu sou muito idiota... E achar que esse aí podia me amar como o Bruno me amou...

'Você estava errada' - Escreve em uma mensagem para Marina no seu celular.

Cena 12 - Escritório de Mohamed - Manhã

Samuca chega para trabalhar, desanimado e com cara de poucos amigos.

Miguel: Vixe, bichinho. Aconteceu alguma coisa ?

Samuca: Nada não.

Miguel: Quer falar ?

Samuca: Valeu. Tô de boa, só preciso reorganizar minhas ideias!

De repente, o celular de Samuca toca. Ele leva um susto ao ver o nome de Vicente na tela.

Miguel: Não vai atender.

Samuca: Não. É só chateação, tudo o que eu não preciso agora!

Miguel: Olhe pelo lado bom. Hoje é seu último dia... Amanhã é só férias, e zero problemas!

Samuca sorri, desanimado: - Se meus problemas fossem só o trabalho...

Cena 13 - Hospital - Manhã

Vicente tenta ligar várias vezes para Samuca, que não atende. A felicidade que sentia pelo beijo que deram aos poucos foi sumindo. Agora, o sentimento era de preocupação e indiferença.

Vicente: 'O que aconteceu com você... Será que não me quer mais ?' - Pensa.

Cena 14 - Ao som de Comunicação Falhou - Mari Fernandez feat Nattan - O final de semana chega - Paisagens - Varanda da casa de Samuca - Manhã

Marina: Eu vou sentir sua falta!

Samuca: Vai ser só esse final de semana. Mas por mim, eu nem iria!

Marina: Levanta essa cabeça. Você tá de férias, tem que aproveitar!

Samuca: Não tô com o mínimo ânimo...

Marina: Tudo isso pelo Vicente ?

Samuca: Eu não entendo... Como eu pude me enganar tanto!

Marina: Eu também não entendo... Ele parecia um cara tão gente fina. Mas é incrível como a decepção vem do lado que a gente menos espera! Mas enfim, você não pode deixar se abater com isso. São as férias! É o momento de esquecer de tudo.

Samuca: Eu vou tentar.

Marina: Aquela pousada é tão linda... Aproveite por mim! Eu vou lá com o Luan ainda esse ano!

Samuca sorri.

Samuca: Pode deixar...

Os dois se abraçam.

Flora sai de casa e vai até o tio.

Flora: Posso ir também ?

Samuca se ajoelha até ela.

Samuca: É tudo o que eu mais queria. Você indo comigo! Mas as suas aulas, você não pode perder!

Flora faz uma cara triste.

Samuca: Mas nas suas férias, pode se preparar. Eu vou te levar para aonde você quiser! - Fala, cutucando a barriga dela.

Flora sorri, agora mais animada.

Samuca dá um beijo na testa dela e abraça Marina, se despedindo.

Cena 15 - Faculdade - Sala de Aula - Manhã - Ao som de Take a Moment to Breathe - Normal the Kid

Luan assiste a aula, em um canto perto da janela, distraído. Com um olhar desanimado ao pensar em Marina, ele nem presta atenção no que o professor fala, enquanto pressiona e solta repetidas vezes o botão de uma caneta.

De repente, a aula é interrompida com a chegada de Hanna, a nova aluna. A claridade que vem da janela interrompe a visão completa que ele tem da moça, que olha em volta procurando um lugar para se sentar. Até ver um lugar vazio ao lado dele.

Em câmera lenta, Hanna, sempre com seu olhar misterioso, se aproxima.

Hanna: Posso ?

Luan: Claro, senta aí.

Hanna: Que surpresa você aqui! - Cochicha baixo, para não interromper a aula.

Luan: Eu é quem digo! Você é a moça que se mudou pra perto da minha noiva, né ?

Hanna: Vejo que se lembrou de mim. Aquele dia na balada foi punk!

Os dois sorriem.

Luan: Verdade.

Hanna: Vai ser muito bom ter pelo menos um rosto conhecido por aqui. Me dá mais segurança!

Luan: Opa, conta comigo, rs.

Hanna sorri e o olha no fundo dos olhos, como se quisesse ler sua alma.

Luan estranha o olhar dela, ao mesmo tempo que admira a beleza daquela moça, que ainda é uma estranha pra ele.

Cena 16 - Rua - Manhã - Ao som de Be Best - Rodolpho Rebuzzi & Mú Carvalho

Marina ia saindo da casa de Samuca quando se separa com Vicente indo até lá.

Vicente: Marina ?

Os dois se olham surpresos, na calçada.

Marina fica séria.

Vicente: Que surpresa você aqui, acho que é meu dia de sorte!

Marina: Já o meu não posso dizer o mesmo!

Vicente: Estou tentando falar com o Samuca, mas não consigo. Ele não me retorna, estou ficando preocupado!

Marina: Sorte a dele ficar longe de você!

Vicente: Desculpa, eu acho que não entendi.

Marina: Meu Deus, como você é cínico! Com esse jeito de bom rapaz, enganou até a mim direitinho!

Vicente: Porque você tá falando isso ? O que eu te fiz ?

Marina: Comigo nada. Agora com o Samuca!

Vicente fica sem entender nada.

Marina: Como você teve coragem ?

Vicente: Do que está falando ?

Marina: Eu achei que você estivesse gostando dele. E você fez ele acreditar nisso também!

Vicente se sente constrangido ao ver que ela sabia sobre eles.

Marina: Você devia ter falado que era noivo. Teria sido mais honesto da sua parte!

Vicente: Hã ? Noivo ?

Marina: O Samuca me contou tudo entre vocês. E pela primeira vez em dez anos ele resolveu dar uma chance pra ser feliz, mas ao chegar no seu consultório ele deu de cara com sua noiva. Você pode imaginar como ele ficou ?

Vicente: Acho que está acontecendo algum engano. Eu não tenho noiva alguma, eu sou solteiro! De onde você tirou isso ?

Marina: Ele me contou que foi no seu consultório quarta e deu de cara com uma moça loira que disse que era sua noiva!

Vicente se lembra de Mirella e aos poucos começa a entender tudo. Mas se sente incomodado por expor sua sexualidade para Marina.

Vicente: Você está falando da Mirella. Ela não é minha noiva, é uma amiga! A gente havia tido uma discussão e eu levei ela para almoçar como forma de desculpas. Mas o fato é que ela sempre gostou de mim, e sabe-se lá o que ela pode ter falado pra ele!

Marina: Então...

Vicente: Então ele foi me procurar ?

Marina: Não existe noiva...

Vicente: Isso é uma mentira. Um absurdo!Eu preciso falar com ele!

Marina: Eu vou fazer melhor!

Marina tira da sua bolsa um papel e escreve algo, entregando para ele.

Marina: Se quiser ver o Samuca, ele está nesse endereço. Vá até lá!

Vicente sorri.

Marina: Eu sabia que você não me decepcionaria. Eu não me enganaria dessa forma!

Cena 17 - Pousada - Tarde - Ao som de Golden - Harry Styles

Após algumas horas de viagem, Samuca chega na pousada.

Ele fica encantado com o lugar, nunca tinha visto alto tão refinado e de bom gosto. Um espaço aconchegante e misturado com a natureza.

Ele acomoda suas coisas, toma um banho na hidromassagem e dá um cochilo enqunto relaxa com a água quente. Em seguida, coloca seus fones, uma camiseta, bermuda e chinelo e vai fazer uma trilha.

Samuca sente o ar puro que vem daquelas árvores e daquele rio próximo a ele, e aos poucos vai se sentindo renovado.

Cena 18 - Pousada - Fim de Tarde - Ao som de Living in the Shadows - Matthew Perryman Jones

Sentado na beira do rio, Samuca molha seus pés na água fria. Ele nem vê o tempo passar, com o pensamento longe. Mais especificamente em Vicente. E em como se iludiu tão facilmente. Ele fecha os olhos, sentindo aquele sol frio bater em seu rosto. Sua cabeça estava tão longe que nem escutou seu nome sendo gritado. Samuca acorda do seu transe, quando pela segunda vez o chamam.

Vicente: Samuca!

Imediatamente Samuca abre os olhos.

Samuca: Não pode ser...

Ele se levanta rápido e olha para trás, levando um susto.

Vicente está a alguns metros dele, todo de branco, gritando novamente seu nome.

Samuca: Vicente!

Vicente corre ao seu encontro, atravessando o jardim, pulando algumas pedras, até levar um baita tombo, deixando Samuca preocupado. No mesmo instante se levanta e volta a correr até Samuca, que tenta segurar o riso.

Vicente chega até seu amor, todo ofegante e suando.

Vicente: Você não sabe o quanto eu te procurei nesse lugar. Mas eu não ia parar até te achar!

Samuca: O que você veio fazer aqui ? Está de lua de mel ? - Pergunta, irônico.

Vicente: Você entendeu tudo errado, a Mirella não é nada minha! Ela sonha em ficar comigo, mas eu não sinto absolutamente nada por ela!

Samuca: Hanram.

Vicente: É você que eu amo, e é com você que eu quero ficar!

Samuca: Nada acontece sem motivo. As vezes não era pra ser... Por favor, vai embora.

Vicente muda sua expressão, mostrando uma tristeza em seu olhar.

Vicente: Você tem certeza que é isso mesmo que você quer?

Samuca fica calado.

Vicente: Então eu acho que não tenho mais nada pra fazer aqui. Eu te amo, mas vou respeitar sua decisão!

Os dois se olham por alguns instantes.

Vicente se vira e vai caminhando de cabeça baixa sem olhar pra trás, enquanto Samuca vê seu amor se distanciando.

Uma lágrima escorre do rosto de Vicente, que de repente sente seu braço sendo segurado forte. Ele se vira para trás. É Samuca, segurando seu braço, olhando em seus olhos.

Samuca: O que ainda faltou dizer, Samuca ?

Samuca: Faltou dizer que te amo. Eu te amo, Vicente!

Samuca puxa o corpo de Vicente junto ao seu, fechando os olhos e beijando sua boca num beijo de tirar o fôlego, sendo correspondido de imediato pelo médico. Eles se abraçam, sentindo seus corpos colados, enquanto suas línguas iam de encontro uma com a outra.

Samuca: Eu te amo muito, Vicente! Fica comigo ?

Imagem de Vicente congela em um efeito arroxeado.

Se encerra no refrão de Living in the Shadows - Matthew Perryman Jones

Continua.

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