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Seguindo Em Frente | Capítulo 23


A seguir

Seguindo em Frente - Capítulo 23 +14


Cena 01 - Casa de Marta - Quarto - Noite


Marta serve o jantar, e nota sua filha com uma cara péssima.

Marta: O que houve ?

Vitória: Essa menina deu um trabalho hoje, mãe... Ela não almoçou, fez birra na escola e as professoras falaram que ela não quis comer nada. Eu já não sei mais o que fazer!

Marta: Não podemos ceder a chantagem de uma criança. Nem sempre dá pra se fazer todos os gostos dela, mesmo que isso doa em nós!

Vitória: Não é chantagem, sabe. Às vezes eu sinto que o Samuca dava mais amor pra ela do que eu... Eu nunca fui uma boa mãe.


Ao som de Movimento de Inverno - Alexandre Guerra


Marta: Que isso, menina.

Vitória: É a verdade. Pra uma criança na idade dela, é traumatizante tudo o que aconteceu, ficar sem o tio assim de uma hora pra outra, que querendo ou não se tornou uma figura paterna...

Marta: E eu posso saber o que você está pensando em fazer ?

Vitória: Não sei ao certo. Mas penso que fomos muito radicais diante de tudo o que aconteceu. O Samuca é um problema nosso, ela não precisa ser afetada. A relação dos dois não precisa ser afetada dessa forma, entende...

Marta: Você está pensando...

Vitória: Sim. Eu sei que eu sou uma mãe desnaturada. Mas eu amo a minha filha... E eu não vou mentir. A minha consciência está doendo. Além de não cuidar dela como deveria ainda proíbo de ver quem ela ama ? Não me parece certo...

Marta: Eu só quero que você saiba que eu não concordo nem um pouco com isso. Mas a filha é sua. E a mesma coisa que eu falei pro Samuca eu falo pra você: Quando tudo der errado, não me procure. Eu não vou ser mais trouxa! - Afirma, pegando o pano de prato e jogando na mesa. Ela sai do ambiente, visivelmente irritada.

Sozinha na mesa, Vitória fica pensativa, sem saber se está seguido o caminho correto.


Cena 02 - Bar - Manhã - Ao som de instrumental Movimento de Outono - Alexandre Guerra


Vicente afasta seu corpo, ficando de frente para o irmão. Henrique está com os olhos marejados.

Henrique: Me perdoa, eu sou um idiota! Eu sei que te magoei, que peguei pesado com você. Mas eu não tive paz comigo mesmo desde o dia que brigamos!

Vicente: Esquece isso. Hoje é um dia de festa, é um dos dias mais importante da sua vida.

Henrique: Mas todo o resto não tem importância pra mim, se você estiver magoado comigo.

Vicente: Eu fiquei muito triste sim, mas já passou. Eu nunca iria guardar mágoa do meu próprio irmão, eu te amo!

Henrique: Eu também te amo muito!

Vicente: Agora eu quero um abraço!

Henrique abre um sorriso para seu irmão e volta a abraçá-lo.

Vicente: Eu estou com muito orgulho de você! Aproveite, curta esse momento que é seu, ninguém mais que você merece isso.

Henrique: Obrigado. Acho que agora a ficha caiu, rs. - Diz, com um olhar mais animado e sorridente.

Henrique: Venha, vamos comemorar comigo! - Diz, o puxando para a mesa.

Os dois se sentam e Vicente fica admirando a felicidade de seu irmão enquanto conta sobre seus planos para o futuro na nova carreira e seus projetos. E enfim deixando pra trás todas as desavenças que foram criadas.


Cena 03 - Faculdade - Manhã - Ao som de Take a Moment to Breathe - Normal the Kid


Luan está guardando suas coisas em seu armário, e quando o fecha dá de cara com Hana.

Luan: Olá...

Hanna: Oi. Sumido!

Luan sorri para ela.

Os dois se olham nos olhos.

Hanna: Posso saber por onde esse rapaz que tem medo de bicicletas andou ?

Luan: Fui em uma viagem no litoral com a Marina.

Hanna: Ah. A sua namorada...

Luan estranha o tom dela, mas fica calado.

Hanna: Sem querer ser invasiva, mas eu sou muito direta. Sempre fui. Acho que você deveria se arriscar mais na sua vida!

Luan: Como assim ?

Hanna: Aposto que você tem a ideologia da sua vida toda planejada em sua mente. Uma namorada perfeita, em breve vocês se casam e formam uma linda família de comercial de margarina! Filhos, dois cachorros, uma casa, um carro, um emprego, um salário razoável...

Luan: Onde quer chegar ?

Hanna: Acertei, não é ? É isso que todo brasileiro médio espera.

Luan: E há algo de errado com isso ?

A claridade que vêm das janelas ilumina o rosto e os olhos de Hanna, que olha para ele sempre com um olhar misterioso.

Hanna: O erro está em mim. - Dispara, dando um selinho rápido no canto da boca dele.

Luan: O que você fez, eu namoro! - Diz, olhando para os lados.

Hanna: Como disse, você tem que se arriscar mais! - Responde, se divertindo com o nervosismo dele.

Hanna sai, tão rapidamente como quando chegou, deixando uma bagunça na mente de Luan, que a observa indo embora.


Cena 04 - Ao som de Radioactive - Imagine Dragons - Paisagens - Imagens aéreas de São Paulo - As horas se passam - Os carros vêm e vão


Cena 05 - Condomínio - Tarde


Ayla vêm chegando com Rosinha de uma caminhada na orla.

Dona Graça, que espiava com um binóculo pela cortina, calça sua sandália, agitada, e vai até lá fora.

Ayla: Hoje o dia foi explêndido! Me fez até esquecer o estresse que eu passei ontem. Se não fosse por você...

Rosinha: Esqueça isso. Vamos nos lembrar apenas das coisas boas!

Ayla: Você tem razão. Mas eu gosto da sua companhia, menina. Do seu olhar curioso e inocente sobre as coisas... Mais do que uma funcionária, eu já te considero uma amiga!

Rosinha sorri, fingindo uma timidez.

Rosinha: Que isso. Assim fico sem jeito!

Dona Graça chega toda ofegante até elas.

Dona Graça: Ayla. Nunca mais foi lá na minha residência fazer uma visitinha.

Ayla: Pois é. Ando meio ocupada!

Dona Graça: Que ocupada o que. Só se for torrando o dinheiro do seu marido no shopping!

Rosinha se surpreende com a atitude da vizinha.

Ayla: Talvez seja por isso que eu não ando na sua residência. Que coisa feia, uma senhora na sua idade, espiando a vida dos vizinhos com um binóculo! Ou acha que eu não sei ?

Dona Graça: Que absurdo! Eu sou uma senhora de respeito, eu apenas checo as informações e prezo pela segurança da nossa comunidade particular!

Ayla: Pra isso existe câmera. É o que não falta aqui! Vamos, Rosinha. - Diz, revirando os olhos.

Dona Graça: Espera, não vai me apresentar a sua nova empregadinha ?

Ayla: Mas é claro... Você só veio aqui pela fofoca. Não pode ver ninguém diferente que já quer...

Dona Graça: Que já quero checar em prol da segurança do nosso condomínio!

Rosinha a olha dos pés a cabeça.

Ayla: Eu não sei porque ainda dou atenção. Mas, como sou educada... Dona Graça, essa é Rosinha. A minha doméstica e amiga. Rosinha, essa é Dona Graça, a nossa adorável vizinha. Como você pode ver!

Dona Graça também regula Rosinha dos pés a cabeça.

Rosinha: Prazer, eu vim do convento e estou adorando trabalhar para esse palácio!

Dona Graça: Meio curto esse vestido pra quem veio do convento, não ?

Rosinha fica constrangida.

Ayla: Tá bom, já chega. Vamos, Rosa. Temos mais o que fazer do que alimentar a curiosidade dos nossos adoráveis vizinhos! - Diz, de forma irônica.

Dona Graça faz uma cara de deboche.

As duas saem em direção à mansão.

Dona Graça: Essa aí não me engana. Senti de longe o cheiro de gente safada e sonsa! Aí tem. Vou ficar de olho nessa ninfeta! - Dispara, desconfiada.


Cena 06 - Apê de Vicente - Sala - Noite


Vicente chega tarde da noite, sorridente.

Samuca vai até ele ao ouvi-lo chegar: - Vicente ? O que aconteceu ? Você sumiu o dia inteiro. Fiquei preocupado!

Vicente: Desculpa, eu me acertei com o Henrique. Ele passou no concurso, daí fomos comemorar. Até esqueci da hora, foi um momento muito especial...

Samuca abre um sorriso.

Samuca: Que bom que se acertaram. Eu sei o quanto você o ama, e tava doendo muito em mim ver vocês naquela situação!

Vicente: Foi uma caminhada dura até aqui, não foi ? Mas aos poucos estamos fazendo tudo dar certo.

Samuca pega na mão dele.

Samuca: Sim. E sempre juntos!

Vicente sorri e o puxa para um beijo, seguido de um abraço carinhoso.

Vicente: Eu te amo!

Samuca: Eu também. Nada nunca vai nos separar! - Afirma, se esquentando em seu abraço.


Cena 07 - Casa de Marta - Externo - Manhã - Ao som de instrumental Passado e Presente - Alexandre Guerra


Vicente estaciona seu carro e desce.

Vitória o espera na varanda.

Vicente: Como vai, Vitória ?

Vitória: Achei que não viria mais.

Vicente: Imagina. Ela está pronta ?

Vitória: Sim, vou pegar as coisas dela.

Vicente: Eu espero aqui. - Afirma, se encostando em seu carro.


Vitória entra no quarto de Flora.

Vitória: Já está pronta ?

Flora: Já sim, mamãe. Só vou pegar a boneca que o tio Vicente me deu!

Vitória sorri ao ver a felicidade de sua filha.

Vitória: Obedeça seu tio. Quer dizer, seus dois tios!

Flora: Eu obedeço sim!

Vitória se abaixa e dá um beijo na testa dela.

Flora: Mãe...

Vitória: Oi, filha.

Flora: Desculpa porque eu te chamei de chata. Eu te amo! - Declara, enquanto segura sua boneca no colo.

Vitória abre um sorriso emocionado.

Vitória: Eu também te amo, minha filha!

As duas se abraçam.

Vitória: Vamos. O tio Vicente tá te esperando!

Ao chegarem na varanda, Flora corre para os braços de Vicente, que a pega no colo.

Vicente: Que saudade, meu amor!

Flora: Eu também tava, tio. Eu fiquei muito triste achando que não ia mais te ver!

Vicente: Que isso, minha princesa. Eu tô aqui, não tô ? - Afirma, beijando a mão dela.

Flora: E cadê o tio Samuca ?

Vicente: Ele tá trabalhando. E a gente vai fazer uma surpresa pra ele, porque ele não sabe que eu vim te buscar!

Flora: Obaaaa!

Vitória observa a felicidade dos dois.

Vitória: Bom, se precisar de alguma coisa, é só me ligar.

Vicente a olha nos olhos, com uma expressão de agradecimento.

Vicente: Obrigado, Vitória. Seu irmão vai ficar muito feliz mesmo!

Vitória: Eu que agradeço por vocês dois fazerem a minha filha tão feliz dessa forma. Eu não sou uma pessoa ingrata! Eu sei reconhecer...

Vitória beija sua filha e se despede. Ao entrar em casa, Marta a espera com uma cara nada agradável.

Marta: Espero que você não se arrependa do que está fazendo. Deixar sua filha convivendo no meio disso... Realmente, você é uma mãe desnaturada e que não pensa no que faz!

Vitória: Pelo contrário, mãe. Pela primeira vez eu estou pensando! - Afirma, se retirando.


Cena 08 - Carro - Manhã


Vicente dirige atento, enquanto Flora brinca no banco de trás.

Vicente: E aí, minha princesa. O que vamos fazer nesse final de semana ?

Flora: Eu quero brincar no parquinho. E depois tomar muuuuuuito e muuuuuito sorveteee!

Vicente: Hum, que delícia. Só não sei se o sue tio vai deixar você comer tanto doce assim, hein.

Flora: Ele vai sim. Senão eu faço cosquinha na barriga dele!

Vicente sorri, achando graça.

Vicente: Você hein. Desse tamanho e já consegue tudo o que quer! Olha, só vou passar na casa do meu irmão para buscar algumas roupas, e depois nós iremos fazer uma surpresa para o seu tio! - Diz, entrando no estacionamento do apartamento de Henrique.


Cena 09 - Apê de Henrique - Sala - Manhã


Vicente e Flora entram.

Vicente: Senta aí. Eu já volto! - Diz, indo para o quarto apressado.

Flora fica olhando o ambiente ao seu redor, com toda curiosidade que uma criança pode ter. De repente, ela se depara com Henrique deitado e dormindo no sofá do canto, todo largado e com a boca aberta. Ela se aproxima, achando engraçado, e fica rindo baixinho.

Flor pega uma caneta que está em cima da mesa e coloca dentro do ouvido de Henrique, o fazendo se estapear. Não satisfeita, coloca em sua boca, rindo enquanto ele se debate. Henrique acorda assustado e se levanta, ficando sentado no sofá.

Flora coloca as mãos para trás, ficando séria, olhando para aquele desconhecido.

Os dois se olham por alguns instantes.

Henrique: Quem é você ? Você que está fazendo cócegas em mim ?

Flora: Eu não.

Henrique: Sei. Quem te trouxe aqui ?

Flora: Você é irmão do tio Vicente ? Você parece com ele.

Henrique: Tio Vicente ? Mas eu não tenho filhos, então ele não pode ter sobrinhos.

Flora: Não sei. - Responde, fazendo uma cara de confusa.

Henrique sorri vendo a cara dela.

Henrique: Sou irmão dele sim, mas lógico que sou mais bonito né ?

Flora: Não é não, o tio Vicente é mais bonito.


Ao som de Passado Presente - Alexandre Guerra


Vicente aparece na sala com uma mochila nas costas.

Vicente: Isso aí Flora, não liga pra ele não. Ele é muito metido!

Henrique: Mas eu ou o mais inteligente, o mais esperto e o mais engraçado!

Flora olha pra ele, com seus olhinhos curiosos.

Henrique: Quem é essa menina Vicente ? Que lindinha ela. Ela teria a idade do meu filho, se ele não tivesse morrido na gestação!

Vicente: Ela é uma graça, é sobrinha do Samuca!

Henrique dá um sorriso sem graça, se sentindo um pouco incomodado.

Vicente: Queria que você o conhecesse melhor.

Henrique: Eu não quero Vicente. Eu sou seu irmão e te amo, mas não me peça isso. Prefiro ficar na minha.

Vicente: Tudo bem. Eu entendo, também não é bom forçar nada. Mas eu vou dar tempo ao tempo!

Henrique: Você não tem medo de como a mãe irá reagir quando ela voltar ?

Vicente: Prefiro não pensar nisso agora. Apenas me apego com Deus e coloco na cabeça a ideia de que tudo vai dar certo!

Henrique: Sei. Mas me responda uma coisa, Vicente. O Samuca já sabe tudo sobre você ? Você já falou alguma vez sobre tudo o que aconteceu há dez anos atrás ?

Vicente: Ele sabe apenas o que eu acho importante ele saber. Acho que ainda não está na hora de coisas assim serem ditas, até porque já está superado!

Henrique olha pra ele, pensativo.


Cena 10 - Hospital - Corredor - Manhã


Samuca: Bom dia. Tudo bem ?

Sônia: Oi, que surpresa. Eu estou bem!

Samuca: O Vicente me pediu que eu pegasse um documento importante, eu não sei direito o que é!

Sônia: Ah sim. Me acompanhe, deve estar na gaveta dele. Acho que sei o que é!

Os dois entram em uma sala e a enfermeira pega envelope na gaveta.

Sônia: Deve ser isso aqui.

Samuca: Obrigado.


Ao som de Instrumental Carolina - Eduardo Queiroz


Sônia entrega o envelope pra ele, o olhando no fundo de seus olhos.

Samuca: Aconteceu alguma coisa ?

Sônia fica por alguns segundos olhando para ele, sem entender muito bem o porquê.

Sônia: Nada, estou meio distraída hoje... Mande lembranças ao Doutor.

Samuca: Mando sim. Até mais! - Diz, se retirando sem entender o olhar dela.

Sônia: Mas de onde eu te conheço, rapaz... - Pergunta a si mesma, baixinho, enquanto fica observando Samuca se afastar. Subitamente, vêm um flash em sua cabeça e imediatamente lembranças passado passam em sua mente.


FLASH BACK

"Antônio vê Samuca com uma máscara, pronto pra entrar.

Antônio: Mas pra onde você pensa que vai ? Eu não permito que esse marginal veja meu filho!

Em lágrimas, Samuca implora pra ele.

Samuca: Por favor, não me nega isso. Não seja cruel a esse ponto!

Antônio: Cruel ? Meu filho está entre a vida e a morte!

Sônia: Me desculpa, mas não vou poder autorizar sua entrada.

Samuca se ajoelha aos pés de Antônio.

Samuca: Por favor!

Antônio: Nem que você se arraste nesse chão, aqui você não entra.

Antônio empurra Samuca com os pés, que cai pra trás. Ele dá as costas e sai, deixando Samuca ali, caído no chão, pior do que já estava. Se é que isso ainda era possível."


"Sônia olha para os lados.

Sônia: Venha comigo!

Samuca: O que ?

Sônia: Sem perguntas, não temos tempo!

Samuca se levanta e segue Sônia. Eles vão até a porta da UTI.

Sônia: A família dele saiu, mas não sei quando voltam. Você me parece um bom rapaz, e a cena que presenciei hoje foi lamentável! Você ali, ajoelhado... Eu vou permitir sua entrada! Mas se acontecer algo... Nunca nos vimos!

Samuca abre um largo sorriso e abraça aquela mulher, que não sabia nem o nome.

Samuca: Muito obrigado!

Samuca entra na sala e logo avista seu grande amor."

FIM DO FLASH BACK


Sônia caminha pelos corredores, sem acreditar no que acaba de se recordar. Com o olhar sério, ela passa a mão no rosto, tentando entender tudo que estava acontecendo.

Sônia: Meu Deus, como eu não percebi isso antes. Como não o reconheci, é ele mesmo, não tem erro... Samuca!!! Meu Deus, o Bruno...e agora, meu pai. O que eu faço ?

Ela anda de um lado para o outro, angustiada.

Sônia: Mas o que o Vicente está fazendo nessa história toda ? - Pensa, a cada vez mais confusa ainda.






Cena 11 - Apê de Vicente - Sala - Início de Tarde - Ao som de Movimento de Outono - Alexandre Guerra


Após sair do hospital, Samuca segue para a casa de Vicente. Ao chegar, entra distraído e o vê na sala.

Samuca: Oi. Eu trouxe o seu papel. Não sei porque, mas aquela sua amiga enfermeira fica me olhando de um jeito estranho, e... Pera aí, que caixa é essa ?

Vicente olha pra ele, sorrindo.

Vicente: Ah, não sei... Foi uma encomenda que chegou pra você!

Samuca acha estranho aquela caixa enorme no meio da sala, e curioso vai direto abrir.

Samuca: Pra mim ?

Ao abrir, leva um susto quando Flora dá um pulo saindo de dentro dela.

Samuca: O que significa isso ?

Flora: Surpresa, tio!!!

Samuca abre um grande sorriso, olhando para Vicente, e pega a sobrinha no colo, a enchendo de beijos.

Samuca: Coisa mais linda do tio. O que você está fazendo aqui ?

Vicente: Pois é. Temos uma hóspede essa final de semana!

Samuca olha pra Vicente, emocionado.

Vicente: E porque não estaria ? Ela tá aqui, não tá ?

Flora: Eu vou dormir aqui, tio!

Samuca se aproxima de Vicente, lhe dando um grande abraço.

Vicente: Gostou da surpresa ?

Samuca: É o melhor presente que eu poderia ganhar na vida. Meus dois amores aqui, comigo!

Vicente: Então vamos sair. Que o dia hoje vai ser longo. Não é, princesa ?

Flora sorri, ansiosa.

Os três passam a tarde e a noite inteira se divertindo. Passeiam no parque, tomam sorvete, e ao voltarem para casa assistem a um filme enquanto comem brigadeiro. Como uma verdadeira família moderna que se ama.

Deitado os três na cama, Samuca faz cafuné na sobrinha até ela cair no sono.

Vicente: Ela dormiu ?

Samuca: Sim... - Responde, enquanto vela o sono de sua sobrinha e a cobre com o lençol.

Samuca: Obrigado por isso. Não sabe o quanto me fez feliz!

Vicente: Desde que eu te conheci, eu vivo pra isso. Pra te fazer feliz!

Samuca sorri, e dá um selinho nele.

Vicente: Eu te falei que as coisas iam melhorar, não falei ?

Samuca: Falou!

Vicente: E será que agora pode ser minha vez, de ser cuidado também ?

Samuca se deita no sofá ao lado de Vicente, o abraçando.

Samuca: Já cuidei da nenénzinha, agora vou cuidar do meu nenenzão!

Vicente se encolhe nos braços de Samuca, que faz carinho nele.

Vicente: Estamos treinando pra quando nossos filhos chegarem.

Samuca entrelaça sua mão com a mão dele, e ambos passam a noite toda fazendo planos para o futuro.

O fim de semana dos três foi maravilhoso e de muita diversão. Ao chegar no domingo, Vicente leva a menina embora com a promessa de Vitória, de que sempre poderiam levá-la pra passear, sair e dormir fora. Ao voltar pra casa, já apressa Samuca para a festa que ele planeja ir a noite.

Samuca: Podíamos tê-la levado de manhã...

Vicente: Amor, é a festa na casa da minha madrinha. Eu quero muito que você vá! Por falar nisso, tenho que falar com o Henrique, ver se ele vai.

Samuca sorri: - Vou adorar conhecer seus amigos. E vou escolher a minha melhor roupa, não quero fazer feio essa noite!

Vicente olha pra ele com uma cara de safado.

Vicente: Você pelado pra mim já estaria de bom tamanho! - Responde, o abraçando e beijando sua boca.

Vicente: Passo no final do meu plantão pra te pegar.

Samuca: Tá bom, meu bem querer!


Cena 12 - Hospital - Sala - Tarde - Ao som de Winds of Capadocia - Alexandre de Faria


Sônia: Doutor, ainda bem que te encontrei! Nossos horários essa semana não estão batendo direito...

Vicente: Sim. Minha vida mudou muito ultimamente!

Sônia: Como está tudo na sua casa ? Você, seu companheiro, Samuca né?

Vicente: Tá tudo ótimo, as mil maravilhas! Essa semana a sobrinha dele veio passar o final de semana conosco.

Sônia: Fora isso, tudo certo então?

Vicente: Sim, por quê ? Aconteceu alguma coisa ?

Sônia: Não, claro que não. Ah, se você tiver um tempinho poderíamos conversar, tomar um café mais tarde.

Vicente: Infelizmente não vai dar, tenho um compromisso mais tarde, já estou até meio atrasado...

Sônia: Espere, eu...

Vicente dá um beijo na amiga e sai apressado.

Sônia o observa indo embora, aflita.


Cena 13 - Apê de Vicente - Suíte - Noite


Enquanto Samuca toma um banho, Vicente apara a barba, acertando seu cavanhaque.

Samuca fica admirando seu amor, com aqueles pêlos todo molhado e a barba toda aparada.

Vicente: Que foi ?

Samuca: Não posso admirar meu namorado ? - Responde, saindo do banho. Ele pega a toalha de Vicente e o seca, o ajudando a se vestir. Em seguida, Vicente faz o mesmo e um fica ajustando a gravata do outro.

Após ficarem prontos, arrumados, elegantes e perfumados, um fica admirando o outro.

Vicente: Nossa, minha vontade é te pegar agora, te jogar na cama e... Me controlar. Eu vou tentar me controlar até o final da noite! - Diz, mordendo seus lábios.

Samuca: Não da idéia não, se não tiro essa roupa e vou pro quarto agora.

Vicente puxa Samuca para seus braços, beijando sua boca e mordendo seu pescoço.

Vicente: Só pra dar um gostinho.


Cena 14 - Aeroporto Internacional de Guarulhos - Noite - Ao som de Instrumental Dimas Operando - Eduardo Queiroz


A câmera segue uma pessoa de costas, e lentamente vai se virando até ela, se revelando o rosto de Antônio.

Um efeito sonoro grave toca em cena.

Ele empurra seu carrinho com suas malas, olhando tudo a sua volta e não deixando nada passar despercebido.

Atravessando o saguão daquele aeroporto, o empresário fica olhando ao seu redor, parando em seguida e pensando alto.

Antônio: Quanto tempo... Que saudade que eu estava desse lugar! - Ele olha para trás, como se esperasse por alguém que logo vai ao seu encontro.

Antônio: Demorou! - Fala, sorrindo.


Cena 15 - Apê de Luan - Suíte - Noite


Luan está tomando um banho. Ele lava a sua cabeça, enquanto a espuma percorre todo o seu corpo nu. O vapor da água quente deixa a visão do banheiro baixa. O rapaz encosta a cabeça na parede, com a mente longe.

De repente, seu celular começa a tocar. Luan desperta de seus pensamentos e desliga o chuveiro, se cobrindo com uma toalha. Ele pega o celular em cima do armário do banheiro e o atende.

Luan: Que número é esse... Alô ?

Hanna: Luan! Eu preciso de você... Minha casa foi atacada, eu estou com tanto medo!

Luan: Hanna ? Você... Como conseguiu meu número ? Que voz é essa, o que aconteceu!

Hanna: Vem logo, por favor! A polícia ainda não chegou, eu preciso de um rosto conhecido comigo agora!

Luan: Claro, me manda a localização. Eu já chego! - Diz, preocupado.


Cena 16 - Casa de João e Sol - Quarto - Noite - Ao som de Starry Night - Jordan Critz


Sol passa algumas roupas de Marina enquanto conversam no quarto.

Marina: Eu propus pro Luan que a gente só transasse depois do casamento. Sabe, pra dar uma apimentada a mais na relação. É uma técnica que está se popularizando no mundo todo... Gera aquela espera, aquele fogo!

Sol: Menina, você não tem vergonha de falar essas coisas comigo não ?

Marina: Ah, você é minha mãe. Se eu não falar contigo, vou falar com quem ?

Sol: Tá. E qual o problema ?

Marina: O problema é que em vez de esquentar, nossa relação fez foi esfriar. Ele não lidou tão bem com isso...

Sol: Olha, você quer a verdade ? Eu acho isso uma grande besteira. Acho sim que você exagerou! Estamos em 2023, mas parece que estamos regredindo!

Marina sorri. - Uau, não sabia que você fosse tão liberal assim. Mas você está certa, talvez eu tenha exagerado mesmo...

Sol: O Luan te ama muito. Um homem fiel e apaixonado como ele é algo raro de se ver! Não deixe o relacionamento de vocês esfriar por bobeira.

Marina: Você tá certa. Amanhã mesmo vou procurá-lo e acabar com isso. Não sei onde tava com a cabeça, agora minha consciência ficou pesada!

Sol sorri. - Vocês jovens, hein!


Cena 17 - Mansão de Hanna - Noite


Luan para seu carro em uma enorme e luxuosa mansão no fim de uma estrada deserta. Os grandes e altos portões estão abertos. Ele entra e vai caminhando devagar, atento em tudo a sua volta.

Uma fina névoa cobre todo o gramado daquela casa, em meio aquela noite fria.

Próximo a piscina, há uma visão de toda a cidade lá embaixo, onde as luzes noturnas iluminam a noite.

Luan fica distraído com aquela imagem, até que escuta seu nome sendo chamado.


Ao som de Love is a Bitch - Two Feet


Ele imiadiatante olha em direção de onde a voz vêm e se depara com Hanna.

Os dois se encaram.

Ela está vestida somente com uma camisa fina, quase transparente e aparentemente sem nada por baixo.

Luan: Hanna ? O que aconteceu ?

Em silêncio, ela caminha até ele, ficando os dois cara a cara.

Sob a luz do luar, eles se olham nos olhos.

Luan tenta não reparar na transparência de sua camisola e se mantém firme em seu olhar.

Hanna: Aconteceu que a sua boca está longe da minha! - Dispara, o puxando para um beijo de língua logo em seguida.

Luan a afasta rapidamente, nervoso.

Luan: O que está fazendo ? Eu sou noivo, esqueceu ? A Marina é sua amiga!

Hanna: É mesmo ?

Luan: Você me chamou até aqui e eu achei que tivesse acontecido alguma coisa!

Hanna: Você é sempre lento desse jeito ? No fundo você sabia das minhas intenções.

Luan: Suas intenções ?

Hanna se afasta e tira sua camisola, ficando completamente nua em sua frente.

Luan vira o rosto.

Luan: Pare! Se vista.

Hanna se aproxima.

Hanna: Tem certeza ?

Luan: Eu vou embora! - Diz, se afastando e andando de costas, sem notar a piscina próximo a ele.

Ela anda na frente dele, o seguindo e o encurralando.

Hanna: Acho que agora você não vai mais. - Afirma, o empurrando na piscina. Ele tenta se segurar e acaba a puxando junto.

Os dois caem.

Luan: O que você fez!

A água está quente e seu vapor sobe lentamente pelo ar.

Hanna nada até ele.

Hanna: Até quando você vai fugir ? - Pergunta, pegando no pênis dele pela calça.

Hanna: Eu sei que você quer. Chega desses jogos! Ninguém precisa saber.

Luan: Eu amo a minha noiva!

Hanna: Você não vai deixar de amá-la só por isso. Desligue a mente um pouco. - Sussurra, chupando e mordendo a ponta da orelha dele.

Hanna: Hein... O que acha.

Hanna leva a mão dele até abaixo do seu umbigo.

Hanna: Olha como eu tô quente. Eu preciso de você, Luan!

Luan tenta se controlar e fecha os olhos, com a respiração ofegante. Seus dedos acabam encostando de leve na virilha dela.

Hanna beija seu pescoço, o deixado arrepiado.

O tesão e nervosismo toma conta do corpo de Luan, com a adrenalina a mil.

Hanna: Você é homem ou não é ?

Luan puxa o cabelo dela com força.

Luan: Vou te mostrar se eu sou. Eu vou te dar o que você tá querendo!

Luan aperta os seios dela com força e começa a chupá-los.

Ele tira sua camisa, e em um movimento só puxa a calça e a cueca juntos.

Sua roupa fica boiando em meio aquela água transparente.

Os dois se beijam intensamente, enquanto a luz da piscina ilumina seus corpos despidos.


Cena 18 - Mansão - Noite - Ao som de Another Love - Tom Odell


Samuca e Vicente vão para a casa da madrinha dele e durante o trajeto eles vão rindo, conversando e por vezes ficando de mãos dadas dentro do carro. Um olhando para o outro, sem dizer nada, somente dando aquele sorriso apaixonado.

Ao chegarem naquela mansão, Samuca fica surpreso, admirando todo aquele luxo. Tudo de extremo gosto, iluminada, cheia de carros e com muitos convidados bem vestidos.

Samuca: Nossa, que lindo aqui. Não sabia que meu namoradinho era riquinho.

Vicente: Bobo, nada disso é meu.

A casa está toda decorada, e no jardim há várias mesas, com garçons por todo o lado. Uma música suave toca no fundo.

Os dois caminham pelo jardim.

Samuca: Você vai me apresentar como o que ?

Vicente: Como um amigo, tudo bem ?

Samuca: Claro, tá tudo bem. Estou feliz demais em estar aqui com você.

Vicente: Só tenho que procurar o pessoal, não sei se o Henrique também veio, não consegui falar com ele.

Samuca: Vai lá. Eu fico por aqui!

Vicente sai e cumprimenta algumas pessoas de longe. No interior também havia alguns convidados, várias pessoas com taças na mão.

Samuca admira o interior daquela casa e acaba esbarrando sem querer em uma convidada.

Convidada: Nossa, me desculpe. Te dei um banho de champanhe!

Samuca olha triste para sua roupa molhada, mas tenta disfarçar.

Samuca: Imagina, tá tudo bem.

Doméstica: Pode usar o lavabo. Se bem que... Deve estar ocupado, mas pode ir lá em cima num dos quartos, sua roupa pode manchar.

Samuca: Não, não tem necessidade.

Vicente: Vai lá. Pode ir! Enquanto isso, vou continuar procurando meu irmão.

Meio sem graça Samuca acaba aceitando. Ele sube as escadas, parando em um corredor enorme e cheio de portas. De maneira aleatória escolhe uma e torce pra que não tenha ninguém no quarto e não cometa nenhuma gafe.

Por sorte está vazio. Ele acende a luz e atravessa o quarto indo direto para o banheiro. Com uma toalha, limpa a bebida em seu paletó, tirando toda a mancha.

Samuca fica se olhando no espelho, se admirando e se achando o mais bonito dos homens. Não só o mais bonito, mas feliz e o mais sortudo.

Já saindo do banheiro, passa novamente pelo quarto, quando nota algo. Ele diminui seu passo, olhando para uma cômoda que está no caminho, a poucos passos dele. Andando lentamente até ela, ele fixa seu olhar em um porta retrato de vidro.

Samuca pegou aquele objeto e leva até a altura do seu rosto, não acreditando no que seus olhos veem.

Samuca: Meu amor... - Diz, passando os dedos naquela foto. Mas não é uma foto de Vicente, mas sim de Bruno. Uma foto com o rosto do seu primeiro amor, com aquele lindo sorriso que só ele sabia dar.


Ao som de Toxic - 2WEI


Samuca fica por alguns segundos acariciando seu rosto na foto até que desperta e percebe a situação bizarra na qual se encontra. Imediatamente olha para a cômoda e vê vários portas retratos em cima dela, todos com alguma foto de Bruno, em diversos momentos de sua vida. Seu coração começa a disparar, sem entender o porquê daquelas fotos. Samuca se vira, olhando para todo o quarto, até ver um quadro ao lado da cama, com uma foto enorme de Bruno na parede e mais abaixo um violão igual ao que ele tocava.

Já totalmente nervoso, ele sente seu sangue ferver, tentando entender o que está acontecendo.

Samuca: Mas o que é que está acontecendo aqui ? Que brincadeira de mal gosto é essa ?

No mesmo instante a maçaneta começa a se mover e a porta se abrir. Ele se vira de frente para ela na mesma hora.

Sua adrenalina está a mil e seu coração quase saindo pela boca.

A pessoa entra. Samuca não acredita no que vê.


Imagem de Samuca congela em um efeito preto e branco, ficando fixo na tela por longos segundos.


Continua...


Se encerra no refrão de Toxic - 2WEI


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