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Seguindo em Frente - Capítulo 24 +14
Cena 01 - Mansão - Quarto - Noite - Ao som de instrumental Dimas Operando - Eduardo Queiroz
Samuca: Meu amor... - Diz, passando os dedos naquela foto. Mas não é uma foto de Vicente, mas sim de Bruno. Uma foto com o rosto do seu primeiro amor, com aquele lindo sorriso que só ele sabia dar.
Samuca fica por alguns segundos acariciando seu rosto na foto até que desperta e percebe a situação bizarra na qual se encontra. Imediatamente olha para a cômoda e vê vários portas retratos em cima dela, todos com alguma foto de Bruno, em diversos momentos de sua vida. Seu coração começa a disparar, sem entender o porquê daquelas fotos. Samuca se vira, olhando para todo o quarto, até ver um quadro ao lado da cama, com uma foto enorme de Bruno na parede e mais abaixo um violão igual ao que ele tocava.
Já totalmente nervoso, ele sente seu sangue ferver, tentando entender o que está acontecendo.
Samuca: Mas o que é que está acontecendo aqui ? Que brincadeira de mal gosto é essa ?
No mesmo instante a maçaneta começa a se mover e a porta se abrir. Ele se vira de frente para ela na mesma hora.
Sua adrenalina está a mil e seu coração quase saindo pela boca.
A pessoa entra. Samuca não acredita no que vê. Com os olhos arregalados fica olhando para aquele homem a sua frente e imediatamente se sente retornando ao passado.
Tudo aquilo era o pior do que ele poderia imaginar como um pesadelo.
Ainda em seu transe, desperta ao ouvir a voz daquele homem depois de 10 anos.
Antônio: Me desculpe, achei que não tivesse ninguém aqui.
Samuca fica encarando aquele homem nos olhos, que até então sorria para ele. Ele o reconheceu no mesmo instante, mas era óbvio que Antônio ainda não o tinha reconhecido.
Antônio: Precisa de alguma ajuda ? - Pergunta, com o sorriso no rosto.
Samuca: Você!!!
O sorriso de Antônio vai se desfazendo aos poucos, a medida que foi reconhecendo seu ex genro.
Antônio: Mas que merda é essa ??? O que é que você está fazendo aqui ?
Samuca: Eu não acredito... Seu Antônio!
Antônio: Isso só pode ser um pesadelo, como você ousa entrar aqui, como ousa vir do inferno para nos atormentar novamente! Já não basta tudo que você fez ?
Samuca continua paralisado, sem reação.
Antônio: É muita petulância da sua parte entrar nessa casa, nesse quarto, depois de tudo que você fez, seu assassino! Merdinha!
Samuca: Esse quarto, essas fotos... É tudo dele! - Diz, se virando e olhando novamente o quadro de Bruno na parede e o seu violão. Em seguida, se vira novamente para Antônio, caindo a ficha de todos os insultos que acabou de ouvir.
Samuca: Assassino ? Eu ? Quem matou o seu filho foi você, seu monstro.
Antônio: Cala essa boca antes que eu te mate com minhas próprias mãos!
Samuca se aproxima de Antônio, ficando com seu rosto a milímetros de distância do dele. O ódio em seus olhares era capaz até de mover montanhas.
Antônio: Suma daqui, suma de nossas vidas de uma vez por todas seu marginal! Viado safado! Sua praga do inferno, eu achei que tinha me livrado de você! Mas não... Olha você aqui de novo! No quarto do meu filho que você matou! FORA DAQUI!
Antônio segura no braço de Samuca, que se esquiva imediatamente.
Samuca: Não toque em mim. De você eu espero tudo, pra quem teve coragem de fazer o que fez com o próprio filho, me matar seria a coisa mais fácil desse mundo! E eu espero que a culpa esteja remoendo sua alma até hoje. Porque no fundo você sabe. Você sabe que é o culpado por tudo o que aconteceu! CULPADO!
Antônio: Maldito o dia que você entrou em nossa vida, você acabou com a vida do meu filho!
Samuca: Eu dei amor ao seu filho, eu o amei com todas as minhas forças.
Antônio: Faça-me rir. Você não sabe nem o que é isso!
Samuca: Você que não sabe o que é isso, agora cala essa boca e suma daqui, vai embora!
Antônio dá uma risada irônica para Samuca, que fica sem entender.
Antônio: Não sei que tipo de droga você está usando agora, mas realmente você não tem limites né!
Samuca: Pare de rir e vá embora daqui! Agora!
Antônio: Ir embora ? Eu estou na minha casa.
Samuca: O que!!!
Cena 02 - Mansão - Salão de Festas - Noite - Ao som de instrumental Otto Dimas - Eduardo Queiroz
Enquanto espera Samuca, Vicente anda pela festa, segurando uma taça de champanhe e cumprimentando rapidamente algumas pessoas que ele conhece apenas de vista.
Heitor: Vicente!
Heitor abre um grande sorriso, estendendo os braços para o médico.
Vicente: Heitor!
Heitor: Que bom que você veio, achei que estaria trabalhando!
Vicente: Eu não podia deixar de vir. Nossa, isso aqui tá lindo por demais!
Heitor olha em volta.
Heitor: Verdade!
Vicente: Você viu meu irmão por aí ?
Heitor: O Henrique! Não vi não, nem sua mãe. Vamos dar uma volta ?
Vicente: Eu trouxe um amigo, estou esperando ele e já encontro vocês!
Heitor: Bom, vou dar uma circulada, depois nos vemos então!
Vicente sorri para ele, e volta a olhar para os lados em busca de Samuca ou Henrique.
Cena 03 - Mansão - Quarto - Noite - Ao som de Tom's Thiller
Samuca: Sua casa ? - Pergunta, surpreso.
Antônio: Eu vou chamar a polícia, você invadiu minha casa. O que você veio roubar aqui ? É alguma invasão ? Porque vindo de um pé de chinelo que nem você, só é isso que dá pra esperar! Vai embora antes que eu lhe tire daqui com minhas próprias mãos!
Helena entra no quarto.
Helena: Que gritaria é essa ?
Antônio: Olhe pra isso, pra essa audácia! Olha quem veio do inferno pra nos atormentar de novo!
Helena olha para Samuca, surpresa.
Helena: Samuca ?
Samuca: O que tá acontecendo aqui ?
Helena: Vai embora daqui rapaz.
Samuca: Eu não fiz...
Helena: Hoje é um dia de festa, você não tem direito de nos atormentar, por favor, vá embora.
Samuca: Esse quarto...
Helena: Esse quarto é do meu filho. Todas as suas coisas, objetos, fotos. Se era isso que você queria ver, você já viu. Agora por favor, peço que vá embora!
Samuca passa as mãos nos olhos, enxugando as lágrimas que estão prestes a cair.
Samuca: Eu não sabia que essa casa... - Balbucia, olhando em volta e encarando os ex-sogros.
Antônio: E nunca mais ouse entrar nas nossas vidas de novo!
Samuca: Eu espero que sua culpa por ter matado seu filho, seja cada vez mais insuportável. E que isso vá te matando envenenado, dia após dia. Até você sucumbir por esse chão, ao lado de todo o seu dinheiro! - Dispara, cuspindo no chão.
Helena segura Antônio. Samuca dá as costas e desce rapidamente as escadas, passando pelos convidados e deixando suas lágrimas caírem sem parar.
Cena 04 - Mansão - Salão - Noite - Ao som de instrumental Drama Silvério - Eduardo Queiroz
Vicente já está impaciente, esperando por Samuca, que não aparece.
Vicente: Oi... Você viu meu amigo ? Aquele que chegou comigo!
Doméstica: Não, não reparei quando ele desceu. Com licença, preciso ir até o quarto do Seu Antônio, ele não está se sentindo bem.
Vicente: O que aconteceu ? Eu vou até lá! - Diz, subindo rapidamente as escadas, entrando no quarto de Antônio e passando por Helena e Heitor.
Vicente se ajoelha ao lado da cama, ficando ao lado de Antônio que está encostado na cabeceira da cama.
Vicente: O que houve ?
Heitor: Uma discussão com um convidado.
Helena: Apenas um penetra que apareceu de surpresa, não é nada grave.
Vicente segura na mão de Antônio, com o rosto todo preocupado.
Vicente: Como o Senhor está ? Tá tudo bem mesmo, tio ?
Um efeito sonoro grave toca assim que Vicente termina de falar.
Antônio olha para Vicente, apertando a mão dele de volta.
Cena 05 - Casa de Sol e João - Noite - Ao som de instrumental Ação da Vida - Iuri Cunha
Marina dorme profundamente em sua cama. As cortinas balançam com o suave vento da noite que entra pela janela.
Na sala, João está cochilando no sofá com a TV ligada.
No quarto, a câmera vai se aproximando lentamente da cama de Sol.
Uma sombra se movendo rapidamente pode ser vista pelo reflexo do espelho.
Marina se mexe de um lado para o outro, inquieta e com o rosto suando frio. Seus lençóis estão fora do lugar, como se tivessem sido mexidos.
A sombra de algo ou alguém observa João dormir.
Cena 06 - Rua - Noite - Ao som de instrumental Escravidão - Eduardo Queiroz
Samuca sai daquela mansão sem rumo, vagando pelas ruas. Naquela altura da sua vida, nunca passou pela sua cabeça encontrar Antônio e ter novamente esse tipo de discussão. Aos poucos, sua ficha vai caindo.
FLASH BACK
"Vicente: Amor, é a festa na casa da minha madrinha. Eu quero muito que você vá! Por falar nisso, tenho que falar com o Henrique, ver se ele vai.
Samuca sorri: - Vou adorar conhecer seus amigos. E vou escolher a minha melhor roupa, não quero fazer feio essa noite!"
FIM DO FLASH BACK
Samuca: Eles são tios do Vicente... Mas como ? - Se pergunta, aflito. Uma grande angústia toma conta de seu peito, pensando que todo aquele pesadelo está prestes a voltar.
Cena 07 - Mansão - Quarto - Noite - Ao som de instrumental Loneliness Tensa - Iuri Cunha
Antônio: Oi meu filho, está tudo bem sim.
Vicente: Tem certeza tio ?
Antônio: Tenho sim, só foi uma queda de pressão, misturado ao estresse daí deu nisso!
Vicente: Já cansei de falar para o senhor aparecer lá no consultório, daí fazemos uns exames!
Antônio: Se for para aparecer lá, vai ser pra marcamos uma partida de futebol, tênis, tomar uma cerveja...
Vicente ri para seu tio, ficando feliz por ver que ele realmente está bem.
Vicente: Se o Senhor quiser eu vou lá e cancelo a festa, peço desculpas a todos....
Antônio: De jeito nenhum, eu estou ótimo! Heitor, desça e de uma desculpa qualquer. Só vou me arrumar e já vou descer!
Heitor: Claro tio. Com licença!
Vicente: Desculpa, fiquei tão nervoso que nem cumprimentei a senhora!
Vicente se levanta, vai até Helena e a abraça.
Helena: Que saudade! Você anda muito, hein!
Vicente: Pois é, minha vida virou de ponta cabeça. Fora o meu tempo, que anda curto demais.
Helena: Tempo, né. Sempre essas desculpas!
Vicente: Tá bom, prometo que não vou sumir mais assim! - Afirma, dando um beijo na testa dela.
Vicente: Preciso descer, trouxe um amigo, ele deve estar perdido lá em baixo. Quero apresentá-lo a vocês.
Antônio: Claro meu filho, qualquer amigo seu será bem vindo em nossa casa Desça também Helena, só vou lavar o rosto e já vou lá pra baixo.
Helena beija seu marido e sai, acompanhada por Vicente.
Antônio espera os dois saírem do quarto e pega seu celular. Ele digita um número e liga.
Antônio: Sou eu, ainda bem que você que atendeu. O Samuca esteve aqui. Eu acho bom você... Pera aí, o que ? Vindo até aqui ? Impeça, não sei se ele foi embora ou se ainda ficou aqui disposto a me atormentar. Não quero saber! Eles não podem se encontrar, não aqui na minha casa! - Afirma, nervoso e desligando a ligação em seguida. Em seguida, ele se olha pelo reflexo do quarto de Bruno, que está sorridente na imagem, voltando a ficar em silêncio naquele quarto antigo.
Cena 08 - Mansão - Salão - Noite
Preocupado, Vicente roda a casa toda e não acha Samuca. Ele tenta ligar várias vezes, mas ninguém atende.
Vicente: Onde você tá, meu amor! Será que você voltou pra casa ? - Se pergunta.
Vicente: Eu acho melhor eu ir pra casa... - Pensa.
Helena chega até ele.
Helena: Estou muito feliz de você estar aqui conosco, prestigiando a festa da empresa do seu tio. Mas é uma pena que seu irmão e sua mãe não vieram.
Vicente: Minha mãe ainda está no interior, cuidado da minha avó e o Henrique é daquele jeito. O trabalho pra ele é tudo. Pior que eu, rs.
Helena: Vocês dois tão responsáveis!
Vicente: Tia, preciso ir. Meu amigo sumiu, acho que deve ter acontecido alguma coisa com a sobrinha dele!
Helena: Ah, mas já ? Mas mal começou! O seu tio nem palestrou sobre a inauguração da nova loja dele ainda!
Vicente: Preciso mesmo ir. A senhora sabe como eu sou, quando eu fico preocupado com algo, eu não consigo relaxar.
Helena: Poxa. Mas tudo bem, vai lá. Se é importante pra você eu entendo!
Vicente: Prometo vir com mais calma, pra conversarmos mais. Vou me despedir do tio Antônio.
Cena 09 - Mansão - Quarto - Noite
Antônio arruma sua gravata em frente ao espelho.
Vicente: Posso entrar? Atrapalho ?
Antônio: Você nunca atrapalha!
Vicente: Hoje é uma noite de comemoração. E o senhor não me parece muito animado!
Antônio: Estou sim, ando apenas um pouco cansado. - Responde, dando um sorriso e olhando Vicente no fundo dos olhos.
Antônio: Vicente, me responda uma coisa. Você me acha uma pessoa ruim ?
Vicente: Claro que não tio, de onde tirou isso ? Você é o homem mais íntegro que eu conheço.
Antônio: Obrigado por estar aqui conosco. Me faz muito feliz!
Vicente: Eu prometo ser mais presente de agora em diante. Mas agora vou ter que te deixar, surgiu um contratempo.
Antônio: Mas já, meu querido...
Vicente: Prometo recompensar vocês depois! - Afirma, abraçando seu tio. Os dois se despedem e Vicente sai.
Antônio coloca um pouco de whisky em um copo e bebe em uma golada só, em silêncio. Rodeado de tanto luxo, ele se sente a cada dia mais infeliz e isso era cada vez mais inevitável.
Cena 10 - Mansão de Mohamed
Ayla, somente de camisola, passa um creme em suas pernas.
Mohamed se olha no espelho, tirando seu paletó.
Ayla: Muito trabalho hoje ?
Mohamed: O de sempre. Já tô acostumado. Mas só de chegar e ver minha mulherzinha toda perfumada, me esperando... Isso já cura qualquer cansaço.
Ayla sorri.
Mohamed: E a empregada nova, como tem se saído ?
Ayla: Ela é muito esforçada. Sabe, eu me sentia muito sozinha nessa gaiola de ouro que você me deu... Mas agora eu tenho uma amiga. - Diz, indo até ele.
Mohamed: É mesmo ?
Ayla: É. Mas não é da empregada que eu quero falar.
Mohamed: Ah não ? - Responde, a encarando.
Os dois se beijam apaixonados, debaixo daquela luz fraca que vem do espelho.
Rosinha observa os dois pela porta entreaberta, no meio da escuridão do corredor.
Um efeito sonoro de chocalho de cobra toca em cena.
Cena 11 - Hotel - Quarto - Noite
Samuca resolve passar a noite em um quarto de hotel até esclarecer suas ideias. Ele entra no quarto, joga sua carteira na escrivaninha e se senta na cama, pensativo.
Samuca: Será que você me enganou esse tempo todo, Vicente ? Se você é primo do Bruno, será que então você já me conhecia ? E porque então não disse nada ? - Se pergunta, aflito.
Em sua cabeça vêm a imagem dos dois amores da sua vida: Bruno e Vicente. Bruno fica em sua memória com a aparência eternamente jovem, já Vicente vêm em sua mente como um homem já formado. Mas a essência dos dois eram iguais.
Se sentindo sufocado com tudo o que aconteceu essa noite, Samuca liga para Marina e resolve desabafar, contando tudo o que aconteceu.
Cena 12 - Apê de Vicente - Sala - Noite
Vicente chega em casa extremamente preocupado, afinal Samuca não havia retornado nenhuma de suas ligações. Ele liga para Vitória, que diz que Samuca nem passou por lá.
Vicente: O que pode ter acontecido, Meu Deus!
Cena 13 - Ao som de Radioactive - Imagine Dragons - Paisagens - O dia amanhece - Os carros vêm e vão
Cena 14 - Mansão de Hanna - Manhã - Ao som de Take a Moment to Breathe - Normal the Kid
Uma fina névoa cobre toda a piscina. Uma gota de água escorre por uma folha, de uma das imensas árvores em volta daquela mansão, que mais parece ter saída de um filme de ficção. O céu está tomado por nuvens cinzas, tal como as paredes daquela casa.
A câmera adentra a mansão, mostrando vários cômodos vazios. Quartos. Salas. Biblioteca. Tudo no mais absoluto vazio e silêncio.
Exceto um.
Luan acorda e abre os olhos, sem conseguir enxergar direito devido a claridade que vêm da enorme janela de vidro.
Hanna o encara, acordada o tempo todo ao seu lado na cama.
Luan: O que... Hanna ? O que houve ?
Hanna sorri: - Não se lembra mais ? Você nem bebeu tanto assim.
Luan se levanta, se sentando na cama e tentando colocar suas ideias no lugar.
Hanna: Você me salvou. Não só do ataque que eu sofri aqui. Mas de formas que você nem imagina!
Luan: Meu Deus...
Hanna: Venha. Quero te mostrar uma coisa!
Ainda sonolento e com uma certa dor de cabeça, Luan têm seu braço puxado por ela e a acompanha, passando por vários cômodos daquela casa sem fim até chegar na sala principal.
Hanna: Vem, olha só isso!
Luan olha para uma imensa parede de vidro, de onde tem a visão de uma das coisas mais belas que já viu em toda a sua vida.
Ele vê a floresta chuvosa à sua frente, e ao seu lado a cidade, longe e ao mesmo tempo tão perto.
Uma visão bela, e ao mesmo tempo melancólica.
Luan: Ual.
Hanna: O que achou ?
Luan: Eu sou fascinado por essas coisas... Tipo, essas paisagens assim, meio mórbidas e tal...
Hanna sorri. - Você é como eu. Por mim eu morava em lugares assim, longe de tudo e de todos. Ao lado de quem eu gostasse muito!
Luan: E você não mora ?
Hanna continua sorrindo, sem reação.
Luan: Essa casa não é sua, não é ?
Hanna: A minha é bem mais modesta, eu admito.
Luan olha em volta.
Luan: E de quem é ?
Hanna: É de um casal rico que está viajando fora do país. Eu tenho os observado há semanas, estudado os pontos fracos e maneiras de entrar aqui enquanto eles estiverem fora.
Luan: Então foi tudo planejado ? Isso... Essa invasão... Não houve ataque nenhum ontem a noite, certo ?
Hanna fica séria.
Luan: Quem é você ?
Hanna: Eu vivo intensamente como você já sabe. Eu amo o perigo, é a adrenalina que corre em minhas veias. Eu tenho dinheiro o suficiente pra ter uma casa até maior do que essa. Mas eu não quero... Eu quero essa. Eu quero o proibido, aquilo que é dos outros, aquilo que eu não posso ter! Essa sensação do errado... Eu não sei explicar. Apenas viver!
Luan: Tenho que admitir que você é completamente diferente de todas as garotas que eu já conheci!
Hanna: É impossível um homem ter uma vida monótona e comum ao meu lado. Garotas erradas trazem o céu até você!
Luan sorri e a encara.
Os dois se olham sob aquela luz nublada que vem da janela.
Ela se aproxima dele.
Luan pega em sua mão e a beija.
Hanna fecha os olhos, relaxando enquanto sente os lábios quentes dele a tocando.
Luan: Hanna... Você é incrível. Mas eu amo a Marina e estou noivo dela. Isso não pode mais acontecer!
Hanna: Mas você gostou. Eu vi no seu olhar!
Luan: Eu não vou mentir. Foi bom, mas eu peço que isso nunca saia daqui. Por favor! Eu esperei muitos anos por esse casamento. É tudo o que eu mais quero!
Hanna se afasta dele e o olha por alguns segundos.
Luan sente seu coração bater forte, com medo de ter colocado tudo a perder.
Hanna: Claro. Eu entendo, eu não faria nada pra te ferir!
Luan sorri aliviado.
Luan: Mas não quero perder sua amizade. Amigos ? - Pergunta, estendendo sua mão.
Hanna hesita por alguns instantes, mas acaba pegando em sua mão.
Hanna: Amigos.
Luan: Que bom. Eu vou indo. Você vai ficar ?
Hanna: Sim. Vou ficar aqui, aproveitando mais a minha 'casa'. - Responde, sorrindo.
Quando ele se vira, ela desfaz o sorriso na mesma hora.
Cena 15 - Mansão de Mohamed
Rosinha está varrendo a varanda da mansão, quando Miguel chega em seu carro.
Ela o vê saindo do veículo, com um buquê de flores em mãos.
Miguel caminha até ela, sério.
A fraca luz que vem do sol entre as nuvens ilumina seus rostos.
Rosinha: Você...
Miguel: Eu trouxe essas rosas pra você.
Rosinha pega aquele buquê de rosas vermelhas, sorrindo.
Miguel: As mulheres de hoje em dia achariam antiquado, mas você... Você é diferente.
Rosinha: São lindas...
Rosinha olha em volta.
Rosinha: Eu não sei se posso aceitar. Alguém pode nos ver!
Miguel: Calma. Não estamos fazendo nada demais. Eu só vim de ter, tava morrendo de saudade. Saudade de você, do seu sorriso...
Rosinha sorri, enquanto cheira uma das rosas e olha pra ele com o canto do olho.
Rosinha: Obrigada. Eu adorei, ninguém nunca tinha sido tão legal assim comigo antes!
Miguel passa a mão no rosto dela, fascinado com a beleza da moça.
Rosinha: Eu acho melhor eu entrar. O Seu Mohamed ainda não saiu, ele pode nos ver e não gostar! Eu tenho muito trabalho pra fazer ainda.
Miguel: Tá bom. Eu não quero atrapalhar o seu serviço... Mas eu só vim aqui porque eu quero marcar o dia pra você visitar a minha fazenda com sua vó.
Rosinha olha pra ele imediatamente, tentando disfarçar o interesse.
Rosinha: Marcar o dia pra gente ir ? Não sei se devo...
Miguel: A gente já havia conversado sobre isso. Eu quero que sua vó me conheça e veja que eu sou um homem íntegro, a altura de sua neta! Eu quero te dar uma vida boa, pra que você nunca mais precise pegar numa vassoura como esta fazendo agora!
Rosinha: Ah, eu gosto da minha vidinha simples. E outra, a gente mal se conhece, e se você não gostar mais de mim ?
Miguel: Isso é impossível, minha flor... Você é a mulher que eu sempre sonhei. Que eu sempre pedi a Deus todo dia antes de dormir... Pura, serena, inocente, delicada... Eu não consigo mais te tirar da minha cabeça! Eu tô completamente apaixonado por você, Rosinha.
Rosinha sorri, tímida e satisfeita com o que escuta. Ela dá um beijo no rosto dele, deixando-o hipnotizado com seu perfume doce.
Rosinha: Te vejo esse fim de semana então! - Diz, com um sorriso no rosto e correndo de volta para dentro da mansão.
Miguel a observa entrar e coloca a mão em seu rosto, no local do beijo, apaixonado. Ele sente seu coração bater forte, ansioso.
Miguel: Que mulher é essa... Como pode ser tão perfeita!
De seu portão, Dona Graça assiste toda a cena.
Dona Graça: Olha lá a ninfeta... Toda saidinha pra quem acabou de sair de um convento. Aí tem!
Odair, o carteiro, entrega as correspondências em sua caixa.
Odair: Bom dia, Dona Graça!
Dona Graça: Saia do meio, abestado! Não vê que eu estou colhendo informações...
Odair: Já sei. Em prol do bem estar do condomínio!
Dona Graça: Exatamente. Agora dá aqui essas cartas!
Odair dá risada.
Dona Graça: Vish, só conta. Olha isso que absurdo! Acho que vou trocar as lâmpadas por velas. É mais mais barato e vai me economizar energia!
Odair: O tempo passa e a senhora não muda. Sempre econômica!
Dona Graça: Claro, dinheiro não cai do céu não, rapaz. Rapadura é doce mas não é mole não!
Cena 16 - Casa de Marina - Quarto - Manhã - Ao som de Starry Night - Jordan Critz
Marina acorda sentindo uma forte dor em seus órgãos íntimos.
Ela se levanta com dificuldade e se senta na cama, com uma expressão de dor.
Luan entra no quarto.
Luan: Oi...
Marina: Luan.
Luan: Tá tudo bem ?
Marina tenta disfarçar.
Marina: Sim, só tô meio indisposta hoje. Acho que pode ter sido essa mudança de tempo.
Luan: Entendo. Eu só passei pra ver como você tava. A gente anda meio afastado...
Marina: Era sobre isso mesmo que eu gostaria de conversar. Mas não hoje, assim que eu estiver em condições!
Luan a encara, com a consciência pesada por tê-la traído.
Um silêncio inquietante paira no ar, que é quebrado quando o celular dela vibra indicando a chegada de uma nova mensagem.
Ela o pega e lê, e não faz uma boa cara.
Luan: O que houve ?
Marina: O Samuca...
Luan se aproxima dela e se senta na cama.
Luan: O que aconteceu ?
Marina: Ele tá meio nervoso, confuso... Acredita que ele foi na casa dos tios do Vicente, para conhecê-los... E quando chegou lá os tios era Antônio e Helena ?
Luan: O que ? Você tá dizendo que é o Antônio... Pai do Bruno ?
Marina: Isso mesmo!
Luan: Mas não faz nenhum sentindo!
Marina: Tem algo que não se encaixa aí. O Samuca está achando que o Vicente tá enganando ele esse tempo todo, mas com que propósito ?
Luan: Será ? Acho que não.
Marina: Estou com uma pulga atrás da orelha. Eu sabia tudo sobre a vida do Bruno. E ele nunca mencionou primo algum! E mesmo que ele tivesse, nós o teríamos o conhecido no enterro dele.
Luan: Mas tem uma coisa que você está se esquecendo!
Marina: O que ?
Marina: Como assim ?
Luan: Você não se lembra, que quando chegamos na capela o Heitor disse que o Antônio tinha impedido o Samuca de entrar ?
Marina: Claro que me lembro, como eu iria esquecer uma coisa horrível dessas!
Luan: Então. Se o Vicente estava lá dentro, isso nunca vamos saber. Só vimos o velório de longe!
Marina fica pensativa e cada vez mais desconfiada de que há algo por trás de tudo.
Cena 17 - Apê de Vicente - Manhã
Samuca entra em silêncio, com um olhar triste e abatido.
Vicente, que cochilava no sofá, se acorda imediatamente com a chegada dele.
Vicente: Meu amor! O que houve ? Fiquei preocupado. - Diz, indo até Samuca e o abraçando.
Samuca se mantém o tempo todo mudo e com o olhar sério.
Vicente: Fiquei preocupado mesmo, você sumiu. Me deixou sozinho lá na casa do meu tio! Porque você tá assim ? - Pergunta, se aproximando pra dar um beijo nele, mas Samuca vira o rosto.
Vicente: Aconteceu alguma coisa ?
Imagem de Samuca congela em um efeito preto e branco.
Continua...
Se encerra no refrão de Toxic - 2WEI
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