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Seguindo em Frente - Capítulo 29 +14
Cena 01 - Casa de Teresa - Cozinha - Noite - Ao som de Amores Distantes - Rodolpho Rebuzzi & André Sperling
Vicente fica olhando para a mãe que se afasta cada vez mais, dando as costas para ele.
Vicente: Mãe...
Teresa fica em pé e vai se afastando, olhando para cima, pensativa.
Teresa: Eu fracassei, fracassei como mãe.
Vicente: Por favor mãe, me perdoe. Não é culpa minha.
Teresa: Como você quer que eu me sinta ouvindo isso ? Eu sempre fiz tudo pra você e seu irmão, sempre tentei dar o melhor. E tudo isso pra que ? Eu nunca pensei que...
Vicente se levanta, indo até sua mãe, segurando em seus braços.
Vicente: Não brigue comigo mãe, eu...
Teresa: Brigar com você, meu filho ?
Vicente: Tente me entender, me perdoe.
Teresa: Te perdoar porque ? Do que está falando ? Meu filho, Vicente... Eu sempre soube disso, eu sempre soube da sua sexualidade.
Vicente olha surpreso para mãe, totalmente confuso, sem entender nada.
Vicente: O que ? Então você....
Teresa: Meu filho, uma mãe sempre sabe a verdade. Eu sempre soube que você era diferente. Eu não sei bem explicar como, mas eu sentia, eu percebia algo, mas fora isso você era igual seu irmão. Depois você cresceu, virou um homem e sempre muito discreto, nunca que eu iria desrespeitar sua individualidade, invadindo sua vida pessoal.
Vicente: Mãe...
Teresa: Deixa eu falar! Você sempre foi um garoto adorado e quando cresceu já teve que enfrentar tudo aquilo e depois nossas vidas entraram nos eixos e achei que sua vida estava bem resolvida. Eu nunca iria tocar nesse assunto com você, se você não viesse falar comigo. Mas o que eu não imaginava é que você sofreu desde criança por conta disso. E eu fracassei por isso, por não ver que você sofria calado, sozinho.
Vicente: Então você não vai brigar comigo ?
Teresa: Brigar com você ? Você realmente não deve conhecer a mãe que tem. Depois de quase perder você meu filho, você acha que existe alguma coisa nesse mundo que seja maior que meu carinho por ti ?
Vicente fica surpreso com tudo que ouve da mãe, se sentindo cada vez mais emocionado e limpando as lágrimas. Não se contendo mais, ele abraça sua mãe apertado.
Teresa: Meu filho querido, meu garoto. - Diz, amparando o filho em seus braços, passando as mãos em seu cabelo.
Teresa: Eu que lhe peço perdão por ter deixado você sozinho, por ter deixado você sentir toda essa angústia, com medo de demonstrar seus sentimentos, com medo de preconceitos!
Teresa afasta o filho, segurando seu rosto.
Teresa: Eu tenho muito orgulho de você, Vicente. E nada e nem ninguém irá mudar isso.
Vicente: Obrigado, mãe. Sinto que um peso está saindo das minhas costas.
Teresa: Teríamos evitado tanto sofrimento se tivéssemos conversados antes. E a única coisa que eu quero é que você nunca mais se culpe por isso, eu estarei sempre ao seu lado, meu querido.
Vicente limpa as lágrimas, sorrindo para a mãe, que o coloca em seu colo, fazendo cafuné em seu cabelo.
Vicente fica deitado com a cabeça no colo da mãe, conversando com ela sobre sua vida, agora sem receios.
Vicente: Eu também achei que nunca falaria isso pra ninguém, mas eu conheci uma pessoa, mãe. Eu queria muito que você gostasse dele também. O nome dele é Samuca, ele é um cara sensacional. - Diz, contando a mãe como conheceu Samuca, como foram ficando mais próximos, até quando decidiram morar juntos.
Teresa: Por isso não queria que eu fosse até sua casa. Mas traga ele aqui, quero conhecer esse rapaz. Mas tem uma coisa, se eu não gostar, eu vou falar!
Vicente: Você vai gostar sim, ele está aqui, lá no carro me esperando.
Teresa: Então o que está esperando, traga-o até aqui.
Vicente se levanta, assustado. - Agora ???
Teresa: Agora, já.
Cena 02 - Fazenda de Miguel - Varanda - Noite - Ao som de O Carpinteiro - Nattan e Elias Monkbel
Rosinha olha surpresa para Miguel.
Rosinha: Casar com você ?
Miguel: Eu quero te tirar daquela casa. Uma flor como você, rosa até no nome, não nasceu pra isso. Quero te dar uma vida boa, e principalmente. Te dar amor!
Rosinha sorri, cada vez surpresa com tudo o que escuta.
Miguel: E então, o que me diz ?
Rosinha olha pra baixo. - Eu não sei...
Miguel levanta o rosto dela. - Você não gosta de mim ?
Rosinha: Eu gosto, mas... Eu nunca vivi algo assim antes!
Miguel: Só me diz que sim. Que eu te torno a mulher mais feliz desse mundão todo!
Rosinha sorri e olha ao seu redor, já de olho naquela fazenda e suas riquezas naturais. Ela pensa um pouco até que o responde.
Rosinha: Eu aceito.
Miguel dá um pulo de felicidade.
Miguel: Eu não posso acreditar! Eu agarrei no laço a cabra mais bonita que eu já vi na vida!
Rosinha: Cabra ? Isso não é nem um pouco romântico!
Miguel se aproxima dela, sorrindo.
O rosto dos dois ficam próximos.
Rosinha se afasta. - Mas tem que falar com a minha vó primeiro. Tem que seguir tudo certinho como manda a igreja!
Miguel: Mas é pra já, minha flor!
Cena 03 - Rua - Carro - Noite
Samuca cochila no carro, esperando Vicente, e todo encolhido com frio. Ele desperta quando a porta se abre.
Samuca: Meu amor... E aí ? Como foi, contou ?
Vicente fica sério, deixando Samuca ansioso, até abrir um lindo sorriso.
Vicente: Foi maravilhoso, ela me entendeu, me aceitou, me apoiou. Estou me sentindo tão leve.
Samuca: Poxa, que maravilha, estou tão feliz por você. - Fala, o abraçando e beijando seu rosto.
Vicente: Ela quer lhe conhecer.
Samuca: Claro, eu vou adorar. Podemos marcar algum dia.
Vicente: Ela quer te conhecer agora, vamos lá comigo.
Samuca: Hã ? Agora ? Você tá brincando né ?
Vicente sorri para ele.
Samuca: Assim de surpresa? Olha a roupa que eu tô! A minha cara de sono. E se ela não for com minha cara ?
Samuca se olha no retrovisor, nervoso.
Samuca: Será que tô fedendo ? Meu cabelo tá todo espalhado! E eu nem cortei ele. E eu nem comprei um presente pra ela, e...
Vicente revira os olhos.
Vicente: Sai do carro, Samuca.
Samuca: Mas eu... E se...
Vicente: Sai do carro, Samuca. Ou vou ter que falar de novo ?
Samuca: Ai, Meu Deus. Eu nem me preparei! - Diz, preocupado enquanto sai do carro e segue seu namorado.
Os dois chegam em frente a porta. Vicente dá um selinho em seu príncipe, o tranqüilizando.
Vicente: Tá tudo certo, meu amor.
Samuca respira fundo, tentando relaxar. Os dois entram.
Vicente: Mãe, esse aqui é o Samuca.
Teresa olha para o genro, mirando bem em seus olhos, se aproximando.
Samuca: Prazer, Dona Teresa! - Diz, estendendo o braço, esperando ter sua mão apertada.
Teresa fica olhando no rosto de Samuca, o deixando apreensivo e antes mesmo que Vicente quebre aquele silêncio, ela puxa Samuca, lhe dando um abraço bem apertado.
Teresa: Seja bem vindo em minha casa, rapaz.
Vicente volta a respirar aliviado, quando vê sua mãe e o seu amor se entrosando.
Samuca fica um pouco retraído, mas Vicente está totalmente a vontade, depois de ter recebido o apoio da mãe.
Teresa: E você faz o que, Samuca ?
Samuca: Sou engenheiro.
Teresa: O Vicente me contou como se conheceram.
Samuca: É, ele salvou minha vida! - Diz, dando uma olhada para seu namorado, sorindo timidamente.
Vicente o abraça, o deixando constrangido.
Vicente: Mas ele não é esse doce não mãe, ele é muito nervosinho.
Samuca: Sou nada, Vicente. É você quem me provoca e me deixa nervoso!
Teresa: Vocês dois não vão brigar né. E sua família ?
Samuca fica um pouco sem jeito, mas Vicente responde por ele.
Vicente: Infelizmente é meio complicado mãe, por isso levei ele pra minha casa. Quer dizer, nossa casa.
Teresa: É. Nem toda família se apoia. É uma triste realidade, mas faz parte... Eu chamei o Henrique pra jantar com a gente, mas já que ele tá demorando... Vamos jantar nos três então!
Samuca parece um pouco resistente, mas só de olhar para Vicente, vendo sua cara de felicidade, fica tranqüilo na mesma hora.
Os dois sentam à mesa. Teresa os serve e enquanto comem, ela fica fazendo várias perguntas pra Samuca. Tentando assim conhecê-lo melhor.
Samuca: Meu pai é falecido. Morava eu, minha mãe, minha irmã e minha sobrinha.
Vicente: Mãe, você tem que conhecer a Flora. Ela é uma gracinha.
Samuca: Até de tio ela já chama o Vicente.
Vicente: Mas tem que me chamar de tio mesmo, afinal nós dois somos namorados. E até o Henrique ela conquistou, ele postou uma foto todo feliz hoje com ela!
Samuca: Ah é ?
Teresa: Seu irmão sabe ?
Vicente: Sabe há pouco tempo. Ele viu eu e o Samuca juntos. No começo foi difícil pra ele.
Samuca: Mas agora eles já se acertaram!
Teresa: Bom, por falar no Henrique, deixa eu ligar pra ele. Ver se já está vindo. - Diz, se levantando e indo até a sala. Ao chegar lá, leva o maior susto ao ver Mirella parada na porta, entrando.
Mirella: Oi, Dona Teresa, desculpa. Mas chamei e ninguém respondeu, fui entrando. Já sou de casa mesmo, né ném ? Eu vim porque fiquei sabendo que a senhora voltou, e vim lhe dar um abraço.
Teresa: Fique a vontade, você é sempre bem vinda.
Samuca e Vicente aparecem na sala, ficando surpresos com a visita.
Vicente: Mirella!!! Faz tempo que está aí ?
Mirella: Cheguei agora. - Responde, olhando para Samuca.
Teresa: Jante conosco.
Mirella: Obrigada, só vim mesmo dar um abraço na senhora. Até mais, Vicente. Boa noite, Samuca. - Se despede, saindo com um olhar estranho.
Samuca olha cismado pra ela, mas logo volta ao normal, quando Teresa retoma o papo.
Com a ausência de Henrique, que está preso no trabalho, os três jantam juntos, em um clima de total descontração. Após isso, Samuca e Vicente vão pra casa e Vicente está mais carinhoso do que nunca. Samuca também está muito feliz em ver o seu amor daquele jeito, mas passado a surpresa, sua consciência volta a pesar.
Os dois entram e Vicente se joga no sofá, com a cabeça nas nuvens.
Vicente: Meu amor, estou tão feliz. Nossa vida esta dando tão certo.
Samuca: Vicente, eu...
Vicente: Queria que ficasse assim pra sempre, que nada mais estragasse essa felicidade.
Samuca volta a sentir aquele nó na garganta, não conseguia mais sair do abismo que o destino o tinha jogado. Ele mais uma vez recua.
Samuca: Eu prometo, será sempre assim. Não vou deixar nada de ruim atrapalhar nossa felicidade!
Vicente se levanta e o beija, apaixonado. Samuca retribui, mas com o olhar distante.
Cena 04 - Fazenda de Miguel - Sala de Estar - Noite
Dona Benedita olha para Miguel e Rosinha, surpresa com o que ouve.
Dona Benedita: Casar com a minha neta ?
Miguel: As minhas intenções são as melhores possíveis. Todos na cidade me conhecem, eu sou um homem direito, e quero tornar a sua filha feliz!
Dona Benedita se senta no sofá, trêmula. Ela começa a chorar.
Rosinha: Vó ? Tá tudo bem ?
Rosinha: Eu sabia que esse momento chegaria. Eu tentei te criar pra ser uma freira e dedicar a sua vida ao Nosso Senhor, mas você é linda por demais pra isso!
Rosinha: Vó... Isso foi o que você imaginou pra mim. Mas eu preciso seguir minha vida com tudo o que eu sempre sonhei. E será um casamento seguindo as tradições e leis de Deus, de acordo com tudo o que eu aprendi naquele convento!
A empregada Samira abana Dona Benedita, que continua aos prantos.
Miguel tira um lenço do seu paletó para ela enxugar as lágrimas, mas Dona Benedita faz é assoar o nariz com força, enquanto tenta se conformar.
Sem noção, ela dá o lenço todo sujo na mão de Samira, que fica constrangida.
Dona Benedita: Eu sei, eu sei, minha neta. Mas não posso negar que foi um choque pra mim. Eu só peço um pouco de tempo pra que eu me acostume com essa ideia. Afinal não quero ser a bruxa da história!
Rosinha fica pensativa por alguns instantes.
Rosinha: Olha, eu aceito me casar com você. Mas eu quero que saiba que eu gosto de trabalhar, e eu vou continuar trabalhando na casa do Seu Mohamed até o nosso casamento!
Miguel: Mas minha flor...
Rosinha: Nem mais nem menos. Eu sou uma mulher direita, não quero depender de homem nenhum! - Dissimula, já planejando um jogo duplo.
Dona Benedita começa a chorar mais ainda. - Essa minha neta... Até nesse momento consegue me encher de orgulho... A bichinha, tão trabalhadora! Oh Meu Deus, eu não mereço ter uma neta assim. Só pode ser um presente, é uma santa!
Miguel: A minha santa! - Diz, orgulhoso.
Rosinha sorri.
Samira fica olhando de canto toda aquela comoção perante Rosinha, e fica desconfiada.
Em questão de segundos, Dona Benedita fica séria e encara Miguel.
Dona Benedita: Mas se você tiver enganando minha neta, cabra sem vergonha... Eu pego a peixeira e lhe capo!
Miguel engole seco, nervoso.
Cena 05 - Mansão de Mirella - Quarto - Noite
Mirella anda de um lado para o outro, bebendo um copo de vinho.
Ela para e se olha no enorme espelho, e joga com toda força a taça contra o espelho, que trinca. O vermelho vivo da bebida escorre pelo vidro, como se fosse sangue.
Mirella: Desgraçados! Vocês dois me pagam. Há se pagam! - Ameaça, com um olhar de ódio.
Cena 06 - Hospital - Sala - Manhã
Sônia: Fico muito feliz por você, meu querido. Conhecendo a sua mãe, não esperava outra reação.
Vicente: Pois é, Dona Sônia. E eu sofrendo de bobeira.
Sônia: E só isso que aconteceu esse fim de semana ? - Pergunta, jogando verde, tentando saber se Vicente já sabe que está com o coração do ex de Samuca no peito.
Vicente: Me acertei com o Samuca, com minha mãe, já está bom. Não está ?
Sônia: Está sim. Mas quero lhe dar uma outra notícia. Eu soube de fonte segura que estão pensando em nomear você como o novo diretor dessa ala do hospital.
Vicente: Eu ? Tem certeza ?
Sônia: Você é um excelente profissional. Discreto, atencioso, prestativo... O diretor geral é totalmente o seu oposto. Até achei que ele seria preconceituoso em escolher você, mas como você tem um relacionamento discreto com o Samuca, isso nem irá afetar.
Vicente sorri: - Nossa, fiquei muito feliz. Tenho tantas idéias pra esse hospital.
Sônia: - Eu sei, você merece, meu querido!
Dr. Gustavo escuta a tudo, sem ser notado, enquanto coloca um pouco de café em um copo.
Vicente continua sorrindo, ansioso.
Cena 07 - Loja de Antônio - Manhã
Com cara de poucos amigos, Mirella para seu carro quase em cima da calçada, entrando naquela loja com seu nariz em pé. Ela coloca seu óculos escuros com pedras de ouro para esconder suas olheiras.
Mirella: Quero falar com o Seu Antônio.
Secretária: A senhora agendou com ele ?
Mirella: Queridinha, você não me ouviu ? Quero falar agora com o dono dessa lojinha. E é agora!
Heitor nota a movimentação e se aproxima.
Heitor: Algum problema ?
Secretária: Essa senhora quer falar com seu tio.
Heitor: Meu tio não está, posso ajudar ?
Mirella: Vocês tem problema de interpretação né ? Mas ainda hoje eu volto! - Afirma, virando as costas e indo embora.
Heitor vai atrás dela.
Heitor: Espere!
Cena 08 - Faculdade - Corredor - Manhã - Ao som de Take a Moment to Breathe - Normal the Kid
Hanna está andando no corredor com seus livros na mão.
Luan a vê e anda até ela. Ele a pega no braço e a arrasta rapidamente até um canto mais isolado.
Hanna: Ai que susto, garoto!
Luan: Que merda você tava fazendo na casa da minha namorada ontem ?
Hanna se solta dele, irritada.
Hanna: Ela é minha amiga, ué. Não posso visitar uma amiga ?
Luan: Ela não é sua amiga, para de brincar comigo! O que você quer ?
Hanna o olha sério.
Hanna: Você sabe o que eu quero! - Diz, se aproximando do rosto dele.
Luan a afasta.
Luan: Para com isso, isso não pode acontecer!
Hanna: Mas já aconteceu!
Luan: Hanna, eu amo a Marina. E é com ela que eu quero estar, nós dois temos uma história de vida juntos! Aquilo que aconteceu entre nós... Foi só uma fraqueza.
Hanna: Não, não foi... Você...
Luan: Foi sim. Não representou absolutamente nada pra mim. Eu sinto muito, mas eu tenho que ser franco com você. Eu e a Marina estávamos brigados, foi uma crise momentânea e que já passou. Eu a amo, e não é com você que eu quero estar. É com ela!
Hanna o encara, estática.
Luan: Agora eu te peço, por favor. Não arruine a minha felicidade. Se afaste de mim e da minha noiva, você não é bem vinda em nossas vidas! Eu espero que eu tenha sido claro. - Dispara, irritado e olhando no fundo dos olhos dela.
Ele sai em seguida, a deixando sozinha.
Hanna olha para o nada, ainda chocada, e seus olhos se enchem de lágrimas.
Hanna: Não pense que essa história termina aqui, Luan... - Balbucia.
Cena 09 - Apê de Vicente - Começo de Tarde - Sala
Samuca resolve ir almoçar em casa, e enquanto esquenta uma comida no micro-ondas tenta ligar para Vitória, que não atende.
Samuca: Eu quero ver até onde você vai fugir. Uma hora vai ter que aparecer. E me explicar direitinho o que estava fazendo na sala do Antônio aquele dia! - Pensa alto, irritado.
Após almoçar, ele se senta no sofá, descansando fisicamente, mas com o psicológico corroendo sua consciência. E tentando achar uma saída para seu problema. Ele nem percebe quando a porta se abre.
Teresa: Desculpa.
Samuca se surpreende.
Samuca: Dona Teresa, que surpresa.
Teresa: Mil desculpas, mas achei que vocês não almoçavam em casa.
Samuca: Normalmente não, mas hoje dei uma passada aqui.
Teresa se aproxima.
Teresa: Samuca, não quero parecer inconveniente e nem vou ser do tipo de sogra intrometida. Acredito que esteja tudo bem aqui, mas só vim ver se o apartamento precisa de alguma limpeza, ou qualquer outra coisa.
Sanuca: A senhora sempre será bem vinda.
Teresa: Se meu filho escolheu você, é sinal que você é um rapaz excelente e com certeza está cuidando dele.
Ao som de instrumental Carolina - Eduardo Queiroz
Ao ouvir aquilo Samuca sente uma ponta de culpa. Sente que não está sendo verdadeiro com as pessoas a sua volta por esconder um segredo que envolve todos eles. Não agüentando mais aquela pressão, começa a desabafar.
Samuca: Eu não mereço a consideração da senhora.
Teresa olha para ele, se aproximando ainda mais.
Samuca: Eu não estou sendo leal com seu filho. Não estou fazendo por mal, mas tenho medo de magoá-lo, ele tem uma visão totalmente distorcida das coisas.
Teresa: Então conte a ele toda verdade. Ele é um rapaz justo. Certamente agirá da forma correta com você! Conte a ele que você amava o Bruno e que tudo é apenas uma grande coincidência.
Efeito sonoro grave toca em cena.
Samuca se levanta imediatamente, olhando surpreso para a sogra, sem entender.
Samuca: O que ? Como a senhora sabe...
Teresa: Não foi difícil ligar uma coisa a outra, eu sei de tudo. Samuca, eu te reconheci no primeiro momento que te vi na minha casa.
Samuca: Como assim ? A senhora já me conhecia?
Teresa se senta e faz Samuca voltar a se sentar também. Ela acaricia seu rosto.
Teresa: Lembro como se fosse hoje, foi um dois dias mais horríveis da minha vida. Você era um garoto, tinha cara de jovenzinho, diferente desse seu rosto de homem maduro que tem hoje! Rezamos juntos, cada um pedindo uma coisa, mas quem diria que nossos pedidos eram opostos um ao outro.
Samuca se emociona, voltando ao passado, lembrando do primeiro encontro com Teresa.
Samuca: A senhora, foi a senhora. Eu me lembro... A senhora pediu pra eu ter fé, mas eu perdi. A fé da senhora foi maior e salvou o seu filho.
Teresa: Jamais repita isso, o amor que você demonstrava era muito maior que qualquer fé. Mas infelizmente aquele rapaz já tinha cumprido sua missão e de maneira linda salvou a vida do meu filho.
Samuca: A senhora tem raiva de mim ?
Teresa: Raiva de você? Absolutamente nunca!
Samuca: Quando eu conheci o Vicente eu não sabia de nada dessa história, fiquei sabendo disso há 2 dias e venho me martirizando. Ele me odeia, o Seu Antônio fez a minha caveira pra ele.
Teresa: Ele não te odeia, ele odeia uma pessoa que nem conhece. Eu já sei de toda essa história.
Samuca: O que eu faço ?
Teresa: O que todo mundo sempre deve fazer, contar a verdade.
Samuca: Mas e se ele não entender, achar que o enganei esse tempo todo?
Teresa: Bom, se acontecer isso é porque ele não te amava de verdade, mas nós dois sabemos que isso não é verdade.
Samuca: Tenho tanto medo de magoá-lo, de perdê-lo. Sempre que tento falar, acontece algo e não consigo contar.
Teresa: Meu filho é um rapaz justo, e merece saber de tudo.
Samuca: A senhora acredita em mim ? Não acredita ?
Teresa: Claro que acredito, mas peço que tenha cuidado e não machuque meu filho, ele já sofreu demais. Aliás, vocês dois já sofreram demais. Eu te vi naquela capela há 10 anos atrás e pude ver o quanto você amava aquele rapaz e vejo em seu olhar agora, a mesma preocupação, a mesma angústia.
Samuca: Eu amo demais o Vicente, a única coisa que quero é fazê-lo feliz.
Teresa levanta o queixo de Samuca, que diz tudo isso de cabeça baixa, um pouco tímido.
Teresa: Não precisa ter vergonha de demonstrar seus sentimentos.
Samuca: A senhora é tão diferente da minha mãe. Fico imaginando como minha vida teria sido mais fácil se eu tivesse uma mãe como a senhora.
Teresa: Não vou mentir que quando percebi que meu filho era diferente, tenha sido fácil. Mas o amor que sinto por ele é maior que tudo e a única coisa que me resta é apóiá-lo em todas as suas decisões e não medir esforços para vê-lo feliz.
Samuca sente seu coração mais leve depois daquela conversa e sem perceber, deixou sua emoção aflorar. Ele dá um abraço em Teresa, que é pega de surpresa.
Samuca: Obrigado por me entender.
Teresa: Só não demore pra resolver isso.
Samuca: Vou resolver isso ainda hoje, sem falta. E obrigado por tudo, pelo que fez comigo lá atrás e por agora.
Teresa: Bom, só vim ver se o Vicente tem roupas pra lavar, pois folgado e mandão como ele é, não vai demorar pra ele te botar pra lavar as cuecas dele.
Samuca dá um sorriso sem graça, ficando em silêncio. Na verdade ele já está fazendo isso há muito tempo.
Após essa conversa, Samuca volta para o trabalho e fica o resto da tarde imaginando como falaria com Vicente, com receio que Antônio possa fazer a cabeça dele, mas sempre termina seus pensamentos de maneira positiva, pensando no melhor desfecho.
Cena 10 - Mansão de Mohamed - Sala de Jantar - Noite
Mohamed e Ayla se reúnem a mesa para jantar, enquanto Rosinha está de pé ao lado deles.
Ayla: Sente-se, Rosa.
Rosinha: O que ? Eu, na mesa dos patrões ?
Ayla: É uma ordem.
Meio sem jeito, ela se senta.
Ayla: Eu já te disse. Eu fico muito sozinha nessa casa, e você já demonstrou ser uma pessoa de minha total confiança! Mais que uma doméstica, é minha amiga.
Rosinha sorri, envergonhada.
Mohamed: A minha esposa gosta muito de você.
Rosinha: Eu também. Nunca que eu pensei que algum dia eu fosse ter uma amiga elegante feito a senhora!
Ayla: Imagina. E por falar em elegância, o Miguel está espalhando aos quatro cantos que está noivo de você!
Mohamed: Eu fiquei sabendo disso. Foi o assunto lá na empresa hoje.
Rosinha sorri, sempre com jeito sonso e fingindo vergonha.
Rosinha: Ai... Eu não sei nem o que falar. Eu perco as palavras quando fico nervosa!
Ayla: Você gosta mesmo dele ? Quero dizer... Você é uma moça tão pura, tão ingênua. E ele já é um rapaz vivido. É mesmo o que você quer ?
Rosinha: Se fosse há duas semanas atrás não. Mas não sei... Eu acho que ele me conquistou com aquelas palavras bonitas que ele fala!
Ayla sorri. - Sabe, eu me vejo em você. O mesmo brilho no olhar e ingenuidade que eu tinha quando conheci o Mohamed... E cá estamos nós. Juntos até hoje! - Declara, pegando na mão de seu marido. Mohamed beija a mão de sua esposa, feliz.
Rosinha os observa, com um sorriso amarelo.
Ayla: Eu espero do fundo do meu coração que você seja feliz, menina. Você merece. Aliás, ainda tá fazendo o que trabalhando aqui ? Você arrumou um partidão, nem precisa mais desse emprego!
Rosinha: Ai, Dona Ayla. Eu não quero ser sustentada por homem. Ele pode ter todo o dinheiro do mundo, mas é dele. É do suor dele! Até o nosso casamento eu prefiro continuar trabalhando pra vocês. E depois eu vejo o que eu faço, talvez eu trabalhe na roça. É o meu lugar, eu amo uma vidinha simples!
Ayla sorri, emocionada com a simplicidade das falsas palavras que escuta.
Ayla: Meu Deus... De onde você veio, menina! Que exemplo de menina mulher!
Rosinha mantém seu sorriso no rosto, enquanto olha para Mohamed discretamente. Ele não entende o olhar dela e bebe seu vinho, encucado.
Cena 11 - Casa de Dona Graça - Quarto
Após terminar de espiar a vida dos vizinhos com seu binóculo, Dona Graça se senta em sua cadeira de balanço com uma caixa na mão.
Dona Graça: A noite até que tá tranquila. Tudo nos conformes! - Diz, pegando um cookie que está em um prato na escrivaninha e o comendo enquanto abre aquela caixa. Ela retira um velho álbum de dentro e o folheia. Seus olhos brilham ao verem fotos dela mesma quando era mais jovem, de biquíni desfilando no que parece ser um palco.
Dona Graça: Eu era um pitelzinho... - Diz, se recordando.
Dona Graça: Mas até que ainda dou um caldo. Não aguento mais viver sozinha nessa casa... Eu preciso é de um homem! - Dispara, enquanto passa os dedos nos seus lábios, imaginando que está sendo beijada.
Dona Graça: Mas esses cafajestes de hoje em dia só querem as ninfetas. É só ver aquela noviça safada ali da frente! Mas eu já sei o que fazer. Uma simpatia que não falha! - Planeja, se levantando e olhando para a caixa de correio lá fora.
Dona Graça: Você não me escapa, Seu Odair carteiro!
Cena 12 - Apê de Vicente - Sala - Noite
Samuca: Oi, meu amor.
Vicente: Meu príncipe, cheguei mais cedo só porque você me ligou.
Samuca: Temos que conversar.
Vicente: Claro. Mas agora não, sabe porque ?
Samuca: Tem que ser agora!
Vicente: Lembra que você me disse que só faltava uma coisa pra você ficar totalmente feliz?
Samuca: Falei ?
Vicente: Aqui!
Flora entra na sala correndo em direção ao seu tio.
Flora: Tiiiio!
Samuca: Oi, meu amor! - Fala, animado, pegando sua sobrinha no colo. Ela se enrosca no pescoço dele.
Vicente: Gostou da surpresa ? Fui na casa da sua mãe, sua irmã aceitou de boa, apesar da Dona Marta fazer uma cara feia.
Samuca: Estava querendo mesmo falar com a Vitória.
Vicente: Agora chega de papo e vamos logo nos arrumar.
Samuca: Se arrumar ? Onde vamos ?
Vicente: Jantar na casa da sogrinha.
Vicente quebra as pernas de Samuca. Não havia a menor possibilidade de iniciarem uma conversa séria no meio daquele clima.
Flora está agitada como sempre por estar com Samuca e feliz demais por estar com os dois tios que tanto ama.
Cena 13 - Casa de Marta - Sala - Noite
Teresa: Você me avisou de última hora, Vicente. Poderia ter preparado algo melhor.
Samuca: Não esquenta não, Dona Teresa. Eu também fui pego de surpresa.
Os dois trocam olhares.
Teresa: E essa garotinha ?
Flora está no ombro de Vicente, segurando em seus cabelos. Samuca a desce, apresentando para a sogra.
Samuca: Minha sobrinha, Flora.
Vicente: Nossa sobrinha!
Teresa: Você é muito bonita, sabia ?
Flora: Eu sabia.
Samuca: E metida né, Flora!
Os três dão risadas. Flora fica brincando pela casa, enquanto os três conversam.
Vicente: Mãe, tive na casa do tio Antônio esses dias, ele já sabe que você voltou ? Podemos marcar algo na casa dele, preciso apresentar o Samuca pra ele e pra Dona Helena!
Samuca fica incomodado.
Teresa: Claro, mas vamos deixar que a oportunidade apareça.
Henrique: Que cheiro bom hein, estou morrendo de fome. - Diz, entrando todo afobado pela cozinha, mas fecha a cara no mesmo instante ao ver Samuca.
Teresa: Já está quase pronto.
Henrique: Oi Vicente, oi Samuca. Como não tá pronto, vou tirar um cochilo, depois eu como.
Teresa: Que desfeita é essa Henrique ? Sente conosco, seu irmão veio aqui pra jantar com a família.
Henrique já está saindo quando sente sua calça ser puxada.
Flora: Não vai jantar com a gente, tio ?
Henrique: Oi princesa, não tinha te visto. - Diz, apertando de leve o nariz dela.
Vendo que a mãe havia lhe lançado um olhar de reprovação, Henrique trata de ajeitar sua falta de jeito, pelo menos agora têm Flora pra poder conversar, pois ainda resiste em estreitar uma amizade com Samuca .
Flora: Tio quando vamos andar de carro de novo ?
Samuca: Vocês andaram de carro ?
Flora: Sim tio, foi ontem, no carro da polícia. Ele ligou a luizinha e o barulho!
Samuca: Olha que legal!
Os quatro seguem conversando. Vicente fala da promoção que está prestes a receber, Henrique também fala do trabalho e apesar de algumas diferenças o clima vai ficando agradável.
Flora: Tio, você também dá tiro ? Prende bandido?
Henrique: Só prendo bandido de escritório. E se precisar, o tio faz pá pá pá.
Teresa: Vamos mudar de assunto que isso não é papo para criança!
Cena 14 - Apê de Vicente - Quarto - Noite
A noite vai se passando e havia sido agradável demais. Samuca, Vicente e Flora voltam para casa e Samuca coloca a sobrinha pra dormir e depois vai para o quarto.
Vicente: Gostou da minha surpresa ?
Samuca: Devia ter me avisado.
Vicente: Daí não seria surpresa né! - Responde, abraçando Samuca e fazendo carinho em suas costas até caírem no sono.
Cena 15 - Ao som de Secrets ( Consoul Trainin Remix ) - Regard, RAYE
Paisagens - O dia amanhece - O sol brilha forte no céu
Cena 16 - Casa de Marta - Sala - Manhã - Ao som de Tom's Thiller - Iuri Cunha
Flora entra em casa.
Flora: Mãe!
Vitória recebe sua filha, olhando em volta.
Vitória: O Vicente já foi embora ?
Samuca: Fui eu que a trouxe.
Vitória: Samuca!
Ela olha assustada pra ele.
Samuca: Vai lá dentro brincar com sua boneca, Flora!
A menina obedece e sai, deixando os dois a sós.
Samuca: Você me deve uma explicação, não acha ?
Vitória: Tenho que voltar ao trabalho.
Samuca se atravessa na frente da porta.
Samuca: Daqui você não sai. Não me desafie, Vitória, eu não sou mais aquele bobo de antes. Você vai ter que me explicar o que tava fazendo com aquele verme! - Confronta, alterando seu tom de voz.
Vitória: Eu não estava fazendo nada demais, Samuca!
Samuca: Você estava tramando contra mim ? O que foi contar pra ele ?
Vitória: Menos né, Samuca. O mundo não gira ao seu redor.
Samuca: Então o que existe entre vocês ? Pra estar trancada na sala com ele coisa boa não é!
Vitória: Não tenho que lhe dar satisfação!
Samuca pega no braço dela.
Samuca: Você vai falar e é agora. Minha paciência já tá acabando!
Vitória: Aii, tá bom. Me solta. Já que quer tanto saber, vou te falar, daí você sossega!
Samuca a solta.
Vitória: Eu trabalho pra ele.
Samuca: Como é que é ?
Vitória: Isso mesmo que ouviu, estou trabalhando na loja dele.
Samuca: Como assim ? Justo com ele ?
Vitória: Eu nem o conhecia. Quando fui mandada embora tentei de tudo até que uma das agências que levei currículo me chamou. A proposta era interessante, um bom salário e na minha área!
Samuca: Eu não consigo entender. Mas justo com ele ?
Vitória: Tenho uma filha pra criar, Samuca. E nem sabia que ele era o pai de Bruno e quando me toquei disso, achei sim que ele me mandaria embora e antes disso fui e abri o jogo com ele. Lógico que ele não morreu de alegria, mas disse que me manteria no cargo e que eu não tocasse em seu nome nunca. Nunca me meti na sua vida, e pretendo continuar assim. Não quero me envolver com seus problemas, Samuca. Por isso não disse nada a você.
Samuca: Tem uma filha pra criar. Isso é uma piada ? Quem criou essa menina foi eu! Quem educou e deu amor, fui eu! E é óbvio que você estando desempregada eu não iria deixar faltar nada. Mas enfim, ainda assim isso é inacreditável.
Vitória: Olha, eu não me meto nem quando você esteve na casa dele, invadiu o quarto do Bruno....
Samuca: Espera aí, do que está falando ? Como você sabe disso ?
Vitória: Ele me contou, me ligou furioso, dizendo que você tinha aparecido na casa dele, na festa que estava dando. Eu disse que não sabia de nada, mas daí a nossa mãe estava indo pra lá, disse que ela resolveria tudo se você fizesse algum escândalo.
Samuca: O que ? A mãe indo pra lá ? A cada coisa que eu escuto mais podre vai ficando. Melhor parar por aqui, já tá me dando enjôo!
Vitória: Quando eu disse a ela que ele não me demitiu, quando soube que éramos irmãos, a mãe disse que iria agradecê-lo, que o procuraria pra de desculpar por algo que possivelmente você tenha feito no passado. Foi quando ele disse pra que eu a impedisse de ir até lá, pois não sabia se você ainda estava na festa, e queria evitar um novo escândalo.
Samuca: É uma história muito bem explicada, né ?
Vitória: É a única verdade, só lhe peço que não me coloque em seus rolos.
Samuca: Pode deixar. Você é o menor dos meus problemas... Pelo menos por enquanto. Sempre foi uma songamonga! - Dispara, saindo estressado.
Vitória fica trêmula, nervosa. Afinal nunca havia visto seu irmão assim, a cada dia que passa mais nervoso.
Ao chegar na calçada, Samuca fica pensativo.
Samuca: Acho que é um problema a menos. Agora tenho que me concentrar no Vicente. Ele é meu, e eu vou me acertar com ele. Eu não vou deixar aquele velho nojento estragar tudo outra vez! - Pensa alto, meio fora de si.
Cena 17 - Shopping - Tarde
Samuca toma um sorvete com Marina no shopping.
Marina: Muito suspeita essa sua irmã, hein ?
Samuca: Pode deixar que aquela idiota tá no meu radar. Mas ela não é a minha preocupação agora. Eu tenho que falar com o Vicente com urgência!
Marina: Você já devia ter falado com ele há muito tempo.
Samuca: Eu sei. Mas sempre acontece alguma coisa. Mas hoje nada vai impedir essa conversa de acontecer! Eu só quero dizer toda a verdade e poder abraçá-lo, poder dizer a ele que o coração do Bruno bate em seu peito.
Marina: Vai com calma aí...
Samuca: Não tem como, Deus colocou o Bruno em meu caminho novamente, ele está comigo de novo. Ele voltou pra mim!
Marina: Samuca, eu sei que você ama o Vicente e que tem um sentimento especial pelo Bruno, mas quem está vivo é o Vicente!
Samuca: Eu sei disso, por que está falando dessa maneira ? Tá achando que eu tô ficando louco ? Eu não tô louco!
Marina: Só me preocupo com você e tem horas que você parece que confunde as coisas e isso me assuta.
Samuca: Vai dar tudo certo, o Vicente vai entender tudo, quero dividir essa felicidade com ele. Se não fosse aquele velho porco, já teríamos nos acertado quando ele me contou do transplante.
Marina o observa falar, surpresa com a atitude do amigo.
Cena 18 - Hospital - Noite
Vicente está saindo do hospital, quando notou algumas pessoas agindo diferente com ele. Ao chegar perto de alguns colegas de trabalho, nota que param de falar quando ele se aproxima.
Vicente: Aconteceu alguma coisa ?
Sônia: Nada, vai pra casa descansar, hoje o dia foi puxado.
Vicente: Certo. - Responde, saindo intrigado e olhando para trás discretamente.
Ao chegar em casa, estaciona seu carro e pega algumas cartas de contas e um envelope em seu nome, mas de tão cansado após um dia cheio de trabalho, não dá atenção e joga o envelope na mesa. Ele tira sua roupa e entra no banho. A câmera vai se aproximando lentamente e focando naquele envelope.
Cena 19 - Shopping - Noite
Samuca e Marina estão indo embora do shopping, quando ele escuta uma voz o chamando. Ele se vira e olha de imediato, vendo aquele sorriso em sua direção.
Ellen: Oi, Samuca.
Ele fica sério.
Ellen: Cheguei ao Brasil há pouco tempo, não tá se lembrando de mim ?
Samuca arregala os olhos, se aproximando dela.
Cena 20 - Apê de Vicente - Sala - Noite - Ao som de instrumental Escorpión - Alex Sirvent
Vicente sai do banho secando o cabelo na toalha, até que nota o tal envelope em cima da mesa. Ele o pega e se senta no sofá, vendo aquele papel, que não tem remetente. Vicente o abre de imediato, tirando uma foto de dentro.
Em suas mãos, segura uma foto antiga. Samuca está rindo, enquanto Bruno lhe beija a bochecha, tentando olhar para a lente da câmera, que ele mesmo segura.
Os dois estão sem camisa, e no peito deles, dá para ver nitidamente a corrente que usam, cada um com uma metade de um coração.
No mesmo instante Vicente sente como se um clarão abrisse em sua cabeça, e tudo que sempre esteve a sua frente, agora está mais do que claro do que nunca.
Imagem de Vicente congela em um efeito arroxeado.
Continua.
Se encerra em instrumental Escorpión - Alex Sirvent
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Continua...
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