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Seguindo em Frente - Capítulo 33
+16 ( Contém Violência, Sexo e Linguagem Imprópria )
Cena 01 - Apê de Vicente - Quarto - Noite - Ao som de Another Love - Tom Odell
Está cochilando novamente quando sente um afago em seu cabelo, descendo até sua face. Na mesma hora dá um pulo e se senta, dando de cara com Vicente.
Samuca: Vicente ?
Vicente: Desculpa, não queria lhe assustar.
Samuca: Isso é um sonho ? - Pergunta, angustiado.
Um pouco sem jeito, Vicente se aproxima do seu amor, lhe dando um abraço bem forte, beijando sua face, próximo ao seu pescoço. Samuca também aperta o corpo dele, sentindo aqueles poucos segundos durar como se fossem horas.
Vicente: Não é um sonho. Eu estou aqui. E quero te dar um presente.
Samuca: Um presente ?
Vicente enfia a mão no bolso, tirando uma caixinha preta de veludo, o deixando surpreso.
Samuca abre a caixa, vendo um par de alianças dourada, não entendo o porquê daquele presente.
Samuca: Uma aliança... Nós já temos uma aliança.
Samuca olha para seu próprio dedo, e em seguida para a mão de Vicente, que ainda usa a sua.
Vicente: Sim, já temos uma aliança, mas é de namoro. Essa é diferente, ela é de noivado.
Samuca olha em seus olhos, cada vez mais surpreso.
Vicente dá uma pausa e respira fundo.
Vicente: Samuca, você quer casar comigo ?
Samuca: O que ?
Vicente: Isso mesmo que você ouviu, você quer casar comigo ?
Samuca permanece estático, ainda sem reação.
Vicente: Não sei como vai ser, mas... Esses dias que eu estive longe de você, serviu para que eu refletisse muito. Eu juro que queria.... Se eu pudesse eu tirava esse sentimento dentro de mim e te esquecia para sempre, mas é mais forte do que eu. Eu não consigo mais ficar longe de você, mesmo sentindo todo aquele ciúme e insegurança, eu não consigo mais lutar contra isso e nem quero lutar contra!
Samuca coloca sua mão no rosto dele.
Vicente: Eu sei que você não me ama, pelo menos não como ama o Bruno, mas eu estou aqui porque quero lutar por você, quero te conquistar, quero provar a você que...
Samuca nem o deixa continuar e o agarra, beijando sua boca, enquanto acaricia sua barba.
Vicente também acaricia o rosto de Samuca, sentindo seu hálito, seu cheiro e o calor de seu corpo através de seus lábios.
Samuca finaliza aquele beijo com alguns selinhos, sorindo para seu amor.
Samuca: Você fala demais, Doutor. Porque não faz o pedido novamente ?
Vicente solta um sorriso para Samuca, segurando aquelas alianças nas mãos.
Vicente: Quer casar comigo, Samuca ?
Samuca não diz nada e volta a beijá-lo, num beijo intenso e apaixonado.
Samuca: Isso responde sua pergunta ? Se não responder, então eu falo: Sim, sim e sim. É claro que aceito casar com você. Eu te amo, Vicente!
Vicente sorri, voltando a beijá-lo.
Samuca: E tem uma coisa, você não precisa me conquistar pois eu te amo, te amo mais que tudo na minha vida. Você não tem idéia do quanto eu sofri esses dias sentindo sua falta. Eu te amo, nunca mais duvide disso. - Se declara, enquanto se joga em seus braços. Vicente o abraça, o confortando.
Samuca: Eu achei que nunca mais fosse te tocar de novo... Eu tava me sentindo tão sozinho, tão desprotegido, tão incompleto...
Vicente: Desculpa meu amor, desculpa ter lhe feito sofrer. Eu sou a última pessoa que deveria fazer isso contigo.
Samuca: Me desculpa também, eu deveria ter lhe contado logo no começo, mas na minha cabeça tudo se resolveria, nunca achei que chegaríamos a esse ponto.
Vicente: Podemos recomeçar ?
Samuca: É o que eu mais quero, apenas me prometa que nunca mais vai duvidar do que eu sinto por você.
Vicente fica em silêncio, meio sem graça de prometer.
Samuca: Eu sei que você tem motivos para não acreditar nisso, mas então deixe eu te provar. Vou provar isso em cada segundo de nossas vidas, todos os dias, até você se convencer que é o grande amor da minha vida.
Vicente: Eu me sinto com a consciência pesada. Eu fui injusto, me desculpe quando eu pedi pra você escolher. Quando pedi pra você dizer quem você preferia que estivesse vivo, se era eu ou o Bruno. Eu fui cruel, tanto com você quanto comigo.
Samuca: Eu não tenho essa resposta, Vicente. A verdade é que eu daria a minha vida por vocês dois.
Os dois voltam a se beijar, agora de maneira mais quente, rindo entre cada mordida que um dava nos lábios do outro.
Vicente: Tô com uma fome. Não tem nada pra comer aqui ?
Samuca se levanta, colocando uma calça.
Samuca: Vou abrir um vinho pra nós, pra comemorar nosso noivado.
Vicente vai para a sala e fica na varanda do apartamento, sentindo aquela brisa gostosa, vendo a cidade lá em baixo.
Samuca vai em direção à ele com duas taças de vinho, mas as guarda em cima do apoio da grade.
Samuca: Já já a gente toma. Você tá bonito demais hoje, hein doutor.
Vicente: É tudo para meu noivo.
Samuca solta lentamente cada botão daquela camisa azul que Vicente usa, até deixa-lo apenas de calça, com o peito desnudo.
Vicente: Taradinho você, hein!
Samuca: Bobo, não é nada disso que você está pensando.
Samuca se aconchega no peito dele, deslizando suas mãos em seu peitoral, encostando sua cabeça no tórax dele.
Samuca: Tava com saudade de ficar assim, abraçadinho com você.
Vicente o abraça, beijando sua cabeça, entrelaçando sua mão direita com a de Samuca, ficando naquela posição por longas minutos.
Vicente: Olhe a cidade lá embaixo, amor. Quantas luzinhas, quantas janelinhas. Imagina quantas pessoas, famílias existem lá embaixo. Será que todos eles estão felizes como eu estou agora?
Samuca: Me promete que nada nem ninguém vai nos separar!
Vicente: Eu prometo, meu amor.
Samuca: Me sinto tão seguro quando estou assim com você. Me sinto protegido, imune a todas as coisas de ruim que existem nesse mundo.
Vicente: Então se sinta sempre assim, vou sempre te proteger.
Samuca: Fiquei com tanto medo de ficar sozinho novamente, de te perder!
Vicente: Nunca mais você se sentirá assim.
Os dois andam até o sofá, se beijando, e se deitam abraçados. Samuca cochila no peito de Vicente e só acorda na cama, com seu amor, deitado de lado, observando seu sono.
Samuca: Como vim parar aqui ?
Vicente: Eu lhe trouxe, agora durma.
Vicente encoxou Samuca e fica os dois de conchinha, se esquentando naquela noite fria.
Cena 02 - Apê de Vicente - Quarto - Manhã
Samuca acorda de manhã cedo e vê Vicente esparramado na cama, dormindo. Naquela noite não transaram, ficaram só trocando carinhos, um curtindo o outro, matando a saudade que os consumia.
Samuca resolve tomar um banho, quando Vicente aparece na porta do box.
Vicente: Porque não me acordou pra tomar a ducha contigo ?
Samuca: Você estava dormindo tão gostoso, fiquei com dó de acordar.
Samuca se enxuga, amarrando a toalha em volta da cintura, beijando seu amor.
Vicente: Acordei com fome.
Samuca: Toma seu banho, vou ver o que tem nessa cozinha e ver se consigo fazer um café da manhã pra nós. - Diz, indo até a cozinha.
Ao som de Love is a Bitch - Two Feet
Vicente o segue, o olhando dos pés a cabeça.
Vicente: Não tem nada pra comer nessa casa ? Só essa bundinha gostosa ? - Dispara, apertando a bunda de Samuca por cima da toalha, até arrancá-la, o deixando nu.
Samuca se vira para xingar, mas leva um susto ao ver o médico peladão.
Samuca: Que isso...
Vicente: Nada do que você já não tenha visto.
Samuca se vira novamente.
Samuca: Agora não, o café da manhã...
Vicente volta a abraçá-lo, esfregando seu corpo contra a bunda dele.
Vicente: Não quer mesmo ? - Provoca, enquanto enfia a língua na orelha de Samuca, mordendo a ponta, descendo a língua por seu pescoço, ao mesmo tempo em que seu cavanhaque vai arranhando a pele dele, provocando arrepios.
Samuca: Assim é covardia.
Vicente o vira de frente, beijando sua boca agora com fúria, mordendo seus lábios e sugando seu pescoço, enquanto suas mãos vão passeando pela bunda de Samuca.
Os dois vão parar no quarto. Samuca joga Vicente numa poltrona e de joelhos fica com o rosto no meio de suas pernas, olhando o tempo todo em seu rosto.
Vicente joga a cabeça pra trás, revirando os olhos, soltando gemidos de prazer.
Vicente: Que delícia, meu amor.
Samuca começa a tossir, como se tivesse se engasgado.
Vicente: Não engasga não, que eu tô só começando! - Diz, dando um tapa na cara dele.
Vicente segura a cabeça de Samuca e enfia sua mão dentro da boca dele, e em seguida chupa seu pescoço.
Samuca geme, no auge do tesão.
Vicente o empurra no chão e anda ao redor dele, com uma cara de safado. Samuca se vira, e se empina contra a cama, ficando de quatro.
Vicente: Deixa o teu macho te comer, deixa ?
Samuca olha pra ele e sorri, e em seguida olha pra seu reflexo no espelho, enquanto Vicente o pega por trás.
Os dois passam a manhã inteira matando a saudade um do corpo do outro, fazendo coisas que evidencia que um casal entre quatro paredes, não há pudores.
Cena 03 - Casa de Sol e João - Manhã - Suíte - Ao som de instrumental Tom's Thiller - Iuri Cunha
João acorda, com Sol dormindo profundamente ao seu lado na cama. Ele olha em volta e vê o sol entrando pelas frestas das cortinas. Cheio de olheiras após uma noite mal dormida cuidado de sua esposa, ele pega seu celular e olha a hora, se assustando ao ver que já está tarde.
João: Dormi demais, vou me atrasar para o trabalho... Sol! - Chama, balançando o ombro dela algumas vezes, que acorda meio dopada.
Sol: Agora não, João... Me deixa dormir! - Diz, cobrindo seu rosto com o travesseiro.
João a olha dormir, e vai passando a ponta dos dedos pelo ombro dela, abaixando uma das alças da camisola.
Efeito sonoro chocalho de cobra toca em cena.
Algumas marcas profundas de arranhões e de mordidas estão por suas costas.
João fica estático com o que vê, enquanto passa a mão ao redor dos ferimentos.
João: Mas o que é isso... - Pergunta-se, cada vez mais intrigado.
Ele olha ao redor de seu quarto, começando a se assustar.
Cena 04 - Hospital - Manhã - Ao som de instrumental Ação da Vida - Iuri Cunha
O Doutor Rogério analisa os exames de Marina, que aguarda ansiosa um posicionamento do doutor, sentada de frente a ele.
Marina: E então, Doutor ? O que há de errado comigo ?
Doutor Rogério: De errado ? Bom, de errado nada, dependendo do seu ponto de vista. Vocês estão com uma saúde ótima!
Marina: Vocês ?
Doutor Rogério: Sim. Você e a vida que está sendo gerada em seu ventre!
Marina começa a rir, incrédula.
Marina: O que ? Isso não é possível. Esse exame está errado!
Doutor Rogério: Se você quiser, podemos repetir. Mas errado não está! Tanto o seu teste caseiro quanto esse deram positivo. Fora os sintomas secundários que você me descreveu... Você está sim, grávida. Com toda certeza!
Marina começa a chorar, nervosa.
Marina: Mas Doutor, isso não pode acontecer...
Doutor Rogério: Você não queria essa criança ?
Marina: Não é isso... É que... Eu não tive relações com ninguém nos últimos três meses! E essa gestação é recente, como isso pode ter acontecido ?
O Doutor a encara, confuso. - Bom, alguma coisa aconteceu. E isso é uma coisa que só você pode responder, afinal você não me parece ser a Virgem Maria! - Debocha, com um sorriso irônico.
Marina começa a suar frio, em pânico.
Cena 05 - Condomínio - Manhã - Ao som de Tem Cabaré essa Noite - Nivaldo Marques e Nattan
Rosinha está regando as flores da Mansão, quando Miguel chega em seu carro.
Rosinha olha com o canto do olho.
Rosinha: Lá vem o trouxa! - Cochicha, enquanto arruma seu cabelo e faz sua cara de menina inocente que só ela sabe fazer.
Miguel desce do veículo e se aproxima dela com uma rosa em mãos.
Miguel: Bom dia, Rosa.
Rosinha: Bom dia, Miguel.
Miguel: Eu sei que aqui é o seu trabalho, mas eu não tava mais aguentando de tanta saudade!
Rosinha abaixa a cabeça, fingindo uma timidez.
Rosinha: Eu também tava com saudade!
Miguel sorri, completamente cego de amor.
Miguel: Tava com saudade de mim ?
Rosinha olha pra ele, sem jeito. - Essa rosa é pra mim ?
Miguel coloca a rosa encaixada na orelha dela.
Miguel: Uma rosa pra outra rosa. Mas eu não vim aqui apenas trazer isso! - Diz, tirando uma pequena caixinha do bolso.
Rosinha fica olhando, curiosa.
Miguel abre aquela caixa, revelando uma pequena e delicada aliança de ouro.
Miguel: Só pra oficializar o nosso noivado! - Diz, sorrindo.
Os olhos da ex-noviça brilham na mesma hora.
Rosinha: Mas... Mas isso deve ter sido caríssimo!
Miguel: Isso é só começo de tudo o que eu vou te dar, minha flor. Agora eu trabalho só pra você e por você, eu finalmente encontrei o meu propósito de vida! Eu vou te dar isso e muito mais, além do meu amor é claro.
Rosinha sorri, encantada com aquela aliança.
Miguel a tira de dentro da caixa e com carinho coloca no dedo da moça, que não consegue parar de sorrir.
Os dois se encaram nos olhos.
Em um impulso, Rosinha o puxa para um beijo. Fingindo que não sabe beijar, ela o beija de forma meio desajeitada e trêmula, enquanto ele retribui, surpreso. Ela finaliza o beijo com um selinho.
Miguel sorri: - Ok, confesso que não esperava por isso!
Rosinha: Eu te amo. Isso e muito mais é o que você terá de mim em pouco tempo... Eu serei toda sua!
Miguel quase enfarta com o que escuta, sentindo seu coração bater forte.
Rosinha o abraça, esfregando seu pescoço com seu cheiro doce no rosto dele, o deixando louco.
Ela olha para aquela aliança, ansiosa para colocar as mãos no dinheiro dele.
De sua varanda, Dona Graça observa os dois de longe.
Dona Graça: Olha lá a freira pornô! Se esfregando mais aquele corno em plena luz do dia! Ai ai, viu. Esse mundo tá é perdido mesmo! Como esses homens podem ser tão cegos assim ? - Dispara, enquanto varre o chão, sempre atenta a sua vizinhança.
Cena 06 - Apê de Luan - Sala - Manhã - Ao som de Dangerous - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho
Luan abre a porta e dá de cara com Marina.
Ele dá um beijo em sua noiva, contente ao vê-la.
Luan: Meu amor, eu já ia na sua casa pra gente dar uma voltinha no shopping. Eu sei que você adora!
Marina adentra a casa, em silêncio. Seu rosto está pálido e seus lábios sem nenhuma cor. Ela fica em pé, parada, sem nada dizer.
Luan estranha e vai até ela. - : Meu bem ? Aconteceu alguma coisa ? - Pergunta, tocando em seu ombro.
Efeito sonoro chocalho de cobra toca em cena.
Marina se vira até ele.
Os dois se olham nos olhos.
Luan aguarda uma resposta de sua noiva.
Marina: Luan... É que...
Marina pensa em contar tudo, mas hesita no mesmo instante. Afinal, se nem ela conseguia compreender o que estava acontecendo, ele muito menos.
Ela se cala na mesma hora e vira as costas.
Luan: Marina, o que houve ? Você está me assustando!
Marina: Não é nada. É que não estou muito bem esses dias... Desde que brigamos.
Luan: Mas já nos resolvemos. Você tá muito estranha, nunca foi de agir dessa forma.
Marina começa a chorar. - Não sei... É que eu não tô com um pressentimento bom nos últimos dias. Tem uma coisa aqui fechando a minha garganta, me impedindo de respirar. Eu não sei o que tá acontecendo! - Desabafa, chorando compulsivamente.
Luan a abraça imediatamente, a confortando e passando segurança. E entendendo cada vez menos.
Marina: Me aperta!
Luan a protege em seu abraço, enquanto ela chora. Um choro de medo de perder o seu noivo, insegurança e consciência pesada sabe-se lá o porquê.
Cena 07 - Apê de Vicente - Banheiro - Manhã - Ao som de instrumental Passado e Presente - Alexandre Guerra
Vicente e Samuca tomam um banho juntos e abraçados.
Em silêncio, Samuca mantém o olhar fixo na parede.
Vicente: O que foi, meu amor. Tá tão sério.
Samuca: Não foi nada.
Vicente: Eu te machuquei ?
Samuca: Um pouco. Mas foi bom, qualquer coisa durmo de bruços, rs.
Os dois dão risadas.
Vicente: Sabe como é, né. O papai aqui é detonador! A gente passa na farmácia depois pra comprar um remédio pra assadura.
Samuca: Ai que vergonha, besta. Eu não teria coragem. Relaxa, eu tô bem. Só tô pensando em nós... Em como foi bom ter voltado contigo. Não há preço que pague o valor desse momento! - Diz, o abraçando. Vicente o aperta em seus braços.
Samuca volta a fazer o mesmo olhar sério de antes, com o olhar fixo para o nada.
Cena 08 - Escritório de Mohamed - Manhã - Ao som de Cold World - Macy Gray
Mohamed mexe em seu notebook, tentando se concentrar em alguns relatórios de sua empresa, mas sua mente está a milhão.
FLASH BACK
"De repente, Rosinha chega na sala.
Rosinha: Seu Mohamed... Eu achei que o senhor já estivesse dormindo! - Dissimula, fingindo espanto e constrangimento.
Mohamed fica estático, a olhando dos pés a cabeça, afinal nunca havia visto a ex-noviça em trajes tão íntimos.
Rosinha: Desculpa, eu só vim beber água. Ai que vergonha!
Mohamed tenta desviar o olhar. - Tudo bem. Não tinha como você imaginar.
A alça da camisola dela cai, quase deixando um de seus seios à mostra, enquanto ela finge não notar.
Mohamed não consegue deixar de notar no corpo da moça. Seu cabelo, aquele tecido fino que pouco esconde o bico de seu peito, a calcinha visível. Suas pernas definidas, o seu corpo de menina mulher. O seu olhar angelical que parece esconder um fogo dentro."
FIM DO FLASH BACK
Mohamed tira seu óculos e esfrega seus olhos, tentando se concentrar e tirar tais pensamentos de sua cabeça.
Ele se levanta e coloca um pouco de whisky em um copo, bebendo tudo em um gole só, enquanto observa o movimento da rua pela janela.
Cena 09 - Casa de Teresa - Sala - Tarde
Vicente, Samuca, Henrique e Teresa se reúnem juntos para um almoço em família.
Teresa se mostra sorridente e contente.
Teresa: Que bom que se entenderam. Um amor como o de vocês dois não pode deixar se afetar por qualquer briga, não. Eu sou vivida, e sei reconhecer quando é verdadeiro!
Samuca e Vicente dão a mão um para o outro e se olham, sorrindo.
Henrique: A Flora não quis vim ?
Samuca: Depois eu trago ela.
Vicente: Quem te viu, quem te vê em meu irmão, apaixonado por criança agora ?
Henrique: Gostei daquela baixinha folgada.
Teresa: Eu tô achando que essa carne não tá muito boa pra cozinhar. Ela estava há muito tempo no congelador. Eu queria um almoço fresquinho hoje!
Vicente: Sei. E nós é que vamos ter que ir comprar, né ?
Samuca: É justo, rs. Eu vou contigo, daí aproveito e passo na casa da minha mãe rapidinho pra pegar umas contas minhas que estão chegando lá!
Vicente fica pensativo.
Vicente: Faz o seguinte, vai você e o Henrique. E eu ajudo a mãe aqui.
Henrique faz uma cara de reprovação, e Samuca também não gosta muito, mas para não criar um climão, eles vão juntos ao supermercado.
Vicente fica dando risada.
Teresa: Você gosta, né ?
Vicente: Deixa os dois juntos, já está na hora de se darem bem.
Os dois ficam conversando e Vicente conta seus planos para sua mãe, do que pretende fazer quando se casar.
Cena 10 - Casa de Marta - Varanda - Tarde
Na porta de casa, Samuca abraça Flora, enquanto Vitória pega os papéis que ele aguarda.
Flora: É o tio Rique ali no carro.
Samuca: É ele mesmo.
Henrique abre um sorriso ao vê-la de longe e sai do veículo, atravessando a rua e indo até ela, dando-lhe um abraço.
Flora: Na minha escolinha ninguém acreditou quando eu falei que andei no carro da polícia!
Henrique: É mesmo, princesa ? Vou te levar pra passear mais vezes, hein ?
Vitória aparece na porta: - Aqui, chegaram essas.
Samuca: Obrigado. - Agradece, pegando as cartas.
Vitória fica pálida ao ver Henrique agaixado, conversando com Flora.
Flora: Mãe, o Tio Rique vai me levar pra andar no carro da polícia de novo.
Vitória: De novo ? Você já andou antes ?
Samuca: Vitória, esse é o Henrique. Irmão do Vicente!
Vitória e Henrique se encaram. Ela abaixa a cabeça, trêmula.
Vitória: Irmão do Vicente ?
Henrique: Prazer.
Vitória: Como vai ? Bom, Flora. Tá frio, acho melhor a gente entrar. Você passou a noite tossindo!
Flora: Eu não tossi não!
Vitória: Vamos, agora. Até mais, Samuca, vou dar um remédio pra ela!
Flora: Mas...
Vitória entra com Flora rapidamente, deixando Samuca sem entender nada.
Samuca: Não liga não. Ela sempre foi assim, estranha.
Henrique fica olhando de canto, pensativo.
Cena 11 - Casa de Teresa - Sala - Ao som de instrumental Dangerous - Rodolpho Rebuzzi & Mú Carvalho
Teresa e Vicente são interrompidos pela campainha. Enquanto sua mãe fica na cozinha, Vicente vai abrir a porta e se depara com Mirella.
Vicente: Mirella ?
Mirella: Oi, Vicente. Eu tava passando e vi seu carro. Soube que você viajou e como a gente nunca mais se falou, fiquei preocupada. E com saudades também!
Vicente: Foi só uma viagem rápida a trabalho. Mas eu estou bem! - Responde, visivelmente incomodado com a presença dela e com medo que Samuca chegue e a encontre lá.
Mirella: Vi, não precisa fazer essa cara. Eu vim em paz, você sabe que você é importante demais pra mim.
Vicente: Mirella, eu...
Mirella: Não precisa falar nada, você é importante pra mim como amigo. Olha, eu sei que seu coração é de outra pessoa e se você tivesse me contado isso eu teria entendido, só quero te ver feliz meu amigo. - Revela, pegando no ombro dele.
Vicente: Do que está falando ?
Mirella: Não precisa ter reservas comigo, eu sei que você e o Samuca estão juntos.
Um efeito sonoro grave toca. Os dois se olham.
Vicente fica incomodado com o que escuta e fica sem reação.
Mirella sorri: - Seu bobo, porque escondeu isso de mim ? Eu deduzi sozinha e do fundo do meu coração, desejo toda felicidade do mundo pra vocês dois.
Vicente se surpreende: - Nossa, Mirella. Você me surpreendeu, não imaginava que você fosse capaz de entender isso.
Mirella: Você que criou uma imagem errada de mim, Vicente. Tá bom, vai. Eu sei que eu sou meio doida às vezes. Mas eu não sou uma pessoa ruim! Você não tem idéia do que eu sou capaz. Posso te dar um abraço ?
Vicente a abraça, agradecendo seu carinho. Os dois se despedem e ela vai embora, na mesma hora que Henrique e Samuca chegam. Samuca vê de longe ela entrando no carro e partindo, e fica intrigado. Eles pegam as compras e entram.
Henrique: Achei que eu não fosse chegar vivo. Esse cara não sabe nem dirigir!
Samuca: Você não entende nada cara, fica falando o tempo todo enquanto eu dirijo.
Henrique: Pelo menos eu nunca sofri nenhum acidente!
Vicente: Eita, quer parar vocês dois ? Eu aqui na maior expectativa achando que vocês tinham se acertando, mas já chegam brigando ?
Samuca: Mas é ele, Vicente. Não pra explicar as coisas pra ele.
Henrique: Você que...
Vicente: Chega os dois, parecem duas crianças.
Henrique pega as sacolas e vai para a cozinha, impaciente.
Samuca revira os olhos. Vicente sorri com a briga de jardim de infância deles.
Samuca: Agora somos só nós dois. O que aquela galinha choca queria ? Eu vi ela saindo.
Vicente: Veio dizer que sabe de nós, que deduziu isso e que nos apóia e desejou tudo de bom pra nós.
Samuca sorri. - Você engoliu isso ?
Vicente: Ei, não tem porque não engolir, o que ela poderia fazer contra a gente ? Relaxa amor, não tem nada a ver.
Samuca: Espero que não mesmo. Porque senão quem vai engolir ela sou eu! Eu não vou aceitar te perder novamente. - Responde, com um olhar sério.
Cena 12 - Ao som de Não sei Dançar - Marina Lima
Paisagens - O dia amanhece - Os carros vêm e vão
Cena 13 - Apê de Vicente - Quarto - Manhã
Vicente acorda Samuca com alguns beijinhos na nuca dele.
Vicente: Acorda, dorminhoco.
Samuca: Que horas são ? Onde você vai tão cedo ?
Vicente: Trabalhar ué, não sou folgado igual a você não. - Provoca, cutucando a barriga dele.
Vicente: Samuca, antes de ir para o hospital, vou à casa do tio Antônio. Acho melhor você não ir, pra não causar confusão.
Samuca: O que vai fazer lá a essa hora ?
Vicente: Vou explicar sobre nós. Chega de mentiras e segredos, eu quero ter uma relação livre e 100% verdadeira com você!
Samuca: Você tem certeza ?
Vicente: Absoluta. Todos lá no hospital já sabem, é questão de tempo até chegar no ouvido dele. Melhor que seja pela minha boca!
Samuca: Cuidado com o que ele vai falar sobre mim.
Vicente: Fica sossegado, ele não é esse monstro que você pinta.
Samuca: Se você diz. Mas mesmo assim, eu fico receoso.
Vicente dá um beijo nele e sai, apressado e ansioso.
Cena 14 - Mansão de Antônio - Sala de Estar - Manhã - Ao som de instrumental Loneliness - Iuri Cunha
Antônio mexe em alguns documentos em uma pasta.
Antônio: Minha querida, está tudo aqui. Já queria ter feito isso há muito tempo.
Helena: Acho que é o melhor a ser feito.
Antônio: Alterei nosso testamento, quando morrermos, vamos deixar nosso afilhado muito bem amparado.
Helena: O negócio do Vicente é a medicina, mas tenho certeza que ele vai saber cuidar de tudo que você conquistou, com tanto esforço. Afinal, ele é como um segundo filho pra gente!
Vicente aparece na sala.
Vicente: Estão falando de mim ? - Pergunta, dando um beijo na testa de Helena e um abraço em Antônio.
Helena: Seu tio só estava comentando, algumas mudanças no nosso testamento, você....
Vicente: Tia, nem continue, não quero nada.
Antônio: Meu querido, acumulei muita riqueza... Tem a parte do Heitor, vou deixar algumas coisas pra doações, pra alguns empregados queridos e tem sua parte também, e isso não depende de você.
Vicente: Não gosto desses assuntos de testamento, dá a impressão que são dois velhos, pronto pra morrerem.
Helena: Exagerado.
Antônio: Mas quem disse que vou morrer, pelo menos não tão cedo, ainda vou ver você se casar, encher essa casa toda de filhos. Passando aqui, correndo pelos corredores! - Planeja, olhando em volta e imaginando.
Antônio: Olha, até o Heitor parece que está se acertando com a Ellen.
Vicente engole a seco mas resolve ir em frente.
Vicente: Tio, vim aqui pra conversar com vocês, na verdade...
Antônio: Agora não vou poder, parece que teve um problema em nosso depósito. Passe aqui mais tarde, daí jantamos juntos.
Vicente fica desapontado, mas entende. - Tudo bem, mais tarde apareço aqui.
Cena 15 - Hospital - Manhã
Sônia: Mal posso acreditar que você e o Samuca se acertaram. Vocês dois já sofreram tanto, que bom que tiveram maturidade o suficiente pra passar por cima de tudo o que aconteceu e se permitirem serem felizes!
Vicente sorri: - Eu também estou muito feliz.
Sônia: E acho que vai ficar mais ainda. O diretor quer falar com você.
Vicente: Será que é o que estou pensando ? - Se pergunta, abrindo um sorriso e com os olhos brilhando, ficando eufórico.
Sônia: Claro que é, ninguém melhor que você para ser diretor da emergência.
Cena 16 - Escritório de Antônio - Tarde
Antônio chega em seu escritório.
Secretária: Como foi lá no depósito, Seu Antônio ?
Antônio: Resolvido. Era só alguns programas básicos no meu marketing.
Secretária: Antes que eu me esqueça, a secretária do seu sobrinho ligou pedindo que o Senhor vá até o apartamento dele.
Antônio: Estranho, tínhamos marcado de jantar lá em casa. Mas enfim...
Cena 17 - Casa de Dona Graça - Tarde
Dona Graça espia a vizinhança com seu velho binóculo.
Dona Graça: Hum, nada de bom acontecendo. Bom, acho que vou ver minha novela.
De repente, Odair chega no condomínio, mas dessa vez ele está diferente. Sem o seu uniforme e com uma expressão estranha em seu rosto.
Dona Graça: Espera, aquele ali é o Seu Odair Carteiro ? Mas a essa hora ? E que roupa é aquela ?
Odair se aproxima até a casa dela, com uma expressão séria. Seus olhos estão mais escuros e com a pupila dilatada.
Dona Graça larga seu binóculo e vai até a porta, curiosa.
Dona Graça: Mas será que... Será que o feitiço deu certo ? - Pergunta-se, enquanto abre a porta.
Cena 18 - Hospital - Tarde - Ao som de instrumental Dimas Curando - Eduardo Queiroz
Após ficar um longo tempo conversando com seu superior a portas fechadas, Vicente sai da sala, sem demonstrar aquela felicidade toda que estava em seu rosto antes.
Sônia o aguarda, ansiosa.
Sônia: E aí, conta! O que era ? Já podemos comemorar ?
Vicente: Não há nada para comemorar.
Sônia: Como assim, o que houve ?
Vicente: Eu estou sendo afastado.
Sônia: Afastado ?
Vicente: Erro médico, negligência. Eu vou ser processado, Sônia. - Responde, com a voz trêmula.
Sônia: Hã ? Você ?
Dr. Gustavo entra na sala.
Dr. Gustavo: E aí pessoal, o que está pegando ? Aconteceu alguma coisa, Vicente ?
Vicente o encara.
Cena 19 - Apê de Vicente - Tarde
Antônio sai de sua loja e vai direto para o apartamento de Vicente.
Ele estaciona o carro e desce, pensando no porquê Vicente teria o mandado chamar sendo que eles se viram há pouco tempo.
Antônio: O Vicente está ?
Porteiro: Ainda não chegou, mas o companheiro dele tá.
Antônio: Companheiro ?
Porteiro: É, o cara que vive com ele. Inclusive acabou de chegar, deve estar no elevador ainda.
Antônio pega o porteiro pelo colarinho, furioso.
Antônio: Escuta aqui, você me conhece pra tá fazendo esse tipo de piada comigo ? Você sabe quem eu sou ?
Porteiro: Mas não é piada. O senhor não sabia ?
Samuca sai do elevador com algumas compras na mão e abre a porta com dificuldade, indo direto para a cozinha para aliviar seus braços.
Samuca: Que peso! - Reclama, guardando os mantimentos no armário.
De repente, ele escuta a porta batendo com força.
Samuca: É você amor ? Eu tô aqui na cozinha, Vicente. - Diz, distraído e de costas. Ao se virar, leva o maior susto. Antônio o encara com tanto ódio, que é capaz de matá-lo ali mesmo, só com seu olhar. Depois de tantos anos, finalmente era a hora da verdade para os dois.
Imagem de Antônio congela em um efeito azulado.
Continua...
Se encerra no refrão de Comunicação Falhou - Mari Fernandez feat. Nattan
Elenco de Apoio
Dr. Gustavo
Secretária
2023 - DNA
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