Novela criada e escrita por
Igor Fonsêca
A seguir
Seguindo em Frente - Capítulo 6 +14
Cena 01 - Rua - Manhã
Bruno vira as costas e começa a correr, em busca de algum táxi.
Antônio: Volte aqui, moleque! Eu sou o sei pai!
Bruno vira uma esquina, sumindo das vistas de Antônio.
Antônio aperta o passo, mas para em seguida ao ouvir o barulho de uma freada e de uma forte pancada.
Ao som de Adágio in G Minor - Tomaso Albinoni
Antônio fica paralisado por alguns segundos, e sente uma grande adrenalina tomar conta de seu peito.
Antônio: Bruno ? - Balbucia, quase sem voz.
Ele corre o máximo que pode até virar a esquina, em busca de seu filho. Começa uma forte tempestade. Logo ele vê um carro parado no meio da rua, com a lataria toda amassada e o vidro quebrado. Ele se aproxima mais e vê várias pessoas se aglomerando no meio da rua. Antônio anda até elas, as empurrando desesperadamente, como se tivesse prevendo algo. Até seus olhos confirmarem o que ele não queria.
Antônio se ajoelha no chão.
Antônio: Não, não. Meu filho não! BRUNOO!
O corpo de Bruno está caído no chão, de bruços e sem ferimentos aparentes, mas desmaiado.
Antônio: Não, não, não!!! Fala comigo, meu filho. Fala com o papai!
Antônio passa a mão na cabeça dele, tentando acordá-lo.
Uma mulher que está ligando pra ambulância pede para que ele não mexa no corpo.
Antônio a ignora, desesperado, e tenta abraçar o filho, mas é impedido por algumas pessoas.
Não demora muito até que ambulância chega. Bruno é imobilizado e colocado na maca, e em seguida levado para o hospital junto a Antônio, que não se separa do filho um só momento.
Antônio: Pelo amor de Deus, salvem o meu filho. Não deixem ele morrer, o meu menininho! Por favor...
Antônio implora para os para-médicos, descontrolado.
Socorrista: Ele vai ter o melhor tratamento possível!
Antônio: Aguenta firme, Bruno. Estamos chegando, o papai tá aqui, tá bom ? O papai vai te proteger, não vai acontecer nada de mal com você! - Diz, chorando enquanto segura a mão do filho.
Antônio sente um certo alívio ao sentir a pulsação de Bruno batendo forte, e seu corpo, apesar de molhado da chuva, está bem aquecido.
Cena 02 - Hospital - Manhã
Bruno é encaminhado diretamente para a emergência, seu estado é muito delicado. Mesmo sem feridas, a pancada na cabeça parecia grave.
Antônio tenta acompanhar o filho, mas é impedido, e aguarda inconsolável na sala de espera. Um misto de sentimentos passa por sua cabeça naquele momento.
Cena 03 - Rua - Alguns minutos antes - Manhã
Bruno corre desesperado, achando que seu pai pode cumprir a promessa de interná-lo a força, ou então fazer alguma outra coisa que o separe de Samuca. Ele tenta se distanciar de Antônio e ao virar a esquina olha novamente pra trás, com as emoções a flor da pele e sem nem se lembrar de trânsito. Ele atravessa a rua sem se dar conta que vêm um carro adiante, em sua direção.
O motorista não consegue desviar a tempo, e o carro é jogado com tudo contra Bruno.
Bruno nem tem tempo de ver o que aconteceu. Com o impacto, seu corpo é jogado violentamente pra cima do carro, onde rola pelo teto até cair no chão pelo lado traseiro do veículo. Ele bate a cabeça no meio fio ao chegar no chão.
Cena 04 - Hospital - Sala de Cirurgia - Manhã
A equipe médica prepara rapidamente o centro cirúrgico para uma operação de urgência. Nesse momento uma enfermeira desliga seu celular, que tocava incansavelmente, exibindo no visor o nome de Samuca.
Bruno continua desacordado, como se tivesse em um sono profundo.
Cena 05 - Hospital - Recepção - Tarde
Heitor: Tio, como ele está ??
Heitor corre até Antônio, que está em um estado deplorável.
Antônio: No centro cirúrgico. Ele bateu a cabeça!
Heitor: Eu vi de longe tudo o que aconteceu, mas estava do lado de cima da rodovia e não conseguia descer! Mas consegui recuperar as malas dele que ficaram no chão. Mas o que aconteceu ?
Antônio: Helena... Eu preciso que você vá até em casa e avise a minha mulher. Não dá pra ser por telefone!
Heitor: Eu não vou conseguir...
Antônio: Faça o que eu estou pedindo, por favor... Eu não posso deixar o meu filho aqui sozinho!
Cena 06 - Rodoviária - Final de Tarde - Ao som de música instrumental Escravidão - Eduardo Queiroz
Luan: Você precisa ser forte!
Samuca: Forte porque ? O que está acontecendo ?
Samuca começa a chorar, sentindo uma forte angústia.
Samuca: Ele não vai vir ? Ele me abandonou, é isso ?
Luan abaixa a cabeça, tentando se controlar, mas começa a chorar também.
Luan: Aconteceu algo... Ele não vai vim, Samuca.
Samuca: O que aconteceu...
Samuca chora mais ainda, porque sabe que só uma coisa muito ruim impediria os dois de irem embora juntos.
Luan: Eu só sei por alto! Parece que ele foi de despedir do pai...
Samuca faz um olhar de ódio.
Samuca: O que aquele canalha fez com o meu amor ?
Luan: Eles saíram da loja e parece que...
Samuca: FALA!
Luan: O Bruno foi atropelado!
Samuca se ajoelha no chão, e começa a chorar compulsivamente, soluçando.
Luan também se ajoelha e o abraça, tentando acalmá-lo.
Luan: Você precisa ser forte. As coisas não estão muito boas!
Samuca: Ele tá bem ? Não me esconda, pode falar logo de uma vez...
Com os olhos cheio de lágrimas, Luan o responde.
Luan: Ele vai ficar bem. Sabe porque ? Porque ele é forte e nós vamos rezar muito por ele! O amor tudo cura, tudo salva.
Samuca se levanta.
Samuca: Eu quero ir vê-lo!
Luan: Samuca, eu acho...
Samuca: Eu vou vê-lo e ninguém vai me impedir!
Luan: Okay. Certo...
Luan o ampara até o carro e o leva pro hospital. Samuca fica em silêncio durante todo o percurso. Ele se lembra da noite anterior, em que passou junto com Bruno. E de como havia sido mágica.
FLASH BACK
"Samuca: Vamos ser felizes, né ?
Bruno: Claro que vamos. Confia em mim! Eu vou ajeitar as coisas. Ah, lembrei de algo!
Bruno se levanta e retira seu pingente com a metade do coração do seu pescoço.
Samuca: Você não quer mais ?
Bruno: Claro que quero, é apenas pra você se lembrar de mim. Faz de conta que está levando meu coração junto com você! Amanhã começamos uma nova fase. E aconteça o que acontecer, eu sempre vou te amar!
Samuca sorri pra ele, e os dois se deitam agarrados, até adormecerem."
FIM DO FLASH BACK
Cena 07 - Hospital - Fim de Tarde
Luan: Chegamos!
Samuca abre a porta do carro e sai correndo. Chegando à recepção, dá de cara com Marina.
Samuca: Cadê ele ?
Marina: Calma, meu amor. Ele está sendo operado!
Samuca: Eu quero falar com o médico. Eu quero saber tudo o que está acontecendo!
Marina: Que tal a gente ficar lá fora... - Diz, tentando evitar um confronto, mas é em vão.
Antônio, que está sentado em uma cadeira, se levanta e vai pra cima de Samuca ao vê-lo.
Antônio: Sai daqui agora! Marginal!
Samuca: Você não pode me impedir de ficar aqui!
Antônio: Tudo isso é culpa sua!
Samuca: O que você fez com ele, seu desgraçado! Tudo isso é culpa sua, se acontecer alguma coisa com ele você vai conviver pra sempre com o peso de ter renegado o próprio filho!
Antônio fecha a mão e tenta agredir Samuca, mas é segurado por Helena e Heitor.
Helena: Por favor, parem!
Na mesma hora, o Doutor Rogério chega com notícias da cirurgia.
Antônio: Como está meu filho ?
Dr. Rogério: Senhor Antônio, a situação do seu filho é grave.
Antônio: Salve o meu filho, por favor!
Dr. Rogério: Eu não vou dar falsas esperanças, o impacto na cabeça foi muito forte. Fizemos tudo que poderíamos ter feito!
Helena chora e é amparada por Heitor.
Dr. Rogério: O cérebro dele foi muito afetado. Fizemos o possível mas ele não está reagindo... Ele está na UTI, estamos monitorando tudo pra poder ter uma dimensão de possíveis sequelas!
Samuca cai no choro, a essa hora ele já deveria estar chegando em sua nova casa com Bruno e como num passe de mágica saiu do céu e foi direto para o inferno.
Antônio: Eu posso vê-lo ?
Dr. Rogério: Ele acabou de ser operado, amanhã vocês poderão visitá-lo.
Cena 08 - Arredores do Hospital - Noite
Samuca sai da recepção e vai pra fora, se sentindo sufocado.
Ele vai até um pequeno jardim e se ajoelha na grama.
Samuca: Meu amor, não me abandona. Seja forte por nós dois!
Luan e Marina vão atrás dele e o abraça.
Marina insiste pra ele ir pra sua casa descansar um pouco, mas Samuca está irredutível, esperando uma chance pra ver Bruno.
Cena 09 - Ao som de I Way Down We Go - Kaleo - Paisagens noturnas de São Paulo - As coloridas luzes dos prédios aos poucos vão se apagando com a chegada de um novo dia, que amanhece nublado
Cena 10 - Hospital - Manhã - Ao som de The Departure - Max Richter
Antônio se aproxima da cama de seu filho, vendo seu corpo cheio de fios e o aparelho que o mantém vivo e mostrando seus batimentos cardíacos.
Antônio: Meu filhinho... Meu menino! O papai tá aqui, tudo vai ficar bem, tá bom ? Preciso que você seja forte, pra logo logo ir pra casa!
Antônio passa a mão pelo rosto de Bruno, acariciando de leve sua face, enquanto suas lágrimas caem.
Antônio: Perdoa o seu pai, eu te amo tanto. E se eu errei, foi tentando acertar!
Antônio limpa suas lágrimas.
Antônio: Eu nunca tive vergonha de você, eu só queria seu bem... Só quis te proteger! - Afirma, segura firme a mão de Bruno, que aperta o dedo do pai, como se estivesse ouvindo tudo.
Antônio: Você me escuta ?
Bruno permanece apertando o dedo do pai em suas mãos, mas seus olhos continuam fechados.
Antônio: Eu prometo que você vai sair daqui e tudo vai ficar bem!
O tempo de visita acaba e Antônio é acompanhado pra fora por Sônia, uma enfermeira. Ele já estava saindo quando vê Samuca com uma máscara, pronto pra entrar.
Antônio: Mas pra onde você pensa que vai ? Eu não permito que esse marginal veja meu filho!
Em lágrimas, Samuca implora pra ele.
Samuca: Por favor, não me nega isso. Não seja cruel a esse ponto!
Antônio: Cruel ? Meu filho está entre a vida e a morte!
Sônia: Me desculpa, mas não vou poder autorizar sua entrada.
Samuca se ajoelha aos pés de Antônio.
Samuca: Por favor!
Antônio: Nem que você se arraste nesse chão, aqui você não entra.
Antônio empurra Samuca com os pés, que cai pra trás. Ele dá as costas e sai, deixando Samuca ali, caído no chão, pior do que já estava. Se é que isso ainda era possível.
Helena também visita o filho e fica o dia todo ao lado do marido, na expectativa de que o filho acordasse a qualquer momento.
Mesmo sendo impedido de visitar Bruno, Samuca fica vagando pelo hospital. Não consegue comer nada e sempre que cochilava, acordava assustado.
De tanto insistirem, Marina e Luan convencem o mocinho a ir pra casa tomar um banho e trocar de roupa. Eles o leva para a casa dela, com a promessa de trazê-lo de volta no final da tarde.
Cena 11 - Casa de Marina - Quarto - Tarde - Ao som de Comunicação Falhou - Mari Fernandez feat Nattan
Marina se aproxima de Luan, que estava na janela.
Marina: Eu só queria te agradecer pelo apoio que você está dando ao meu amigo nesse momento!
Luan: Ele também é meu amigo. E o Bruno vai ficar feliz ao saber que eu cuidei dele!
Marina sorri.
Marina: Até que você não é como eu pensava.
Luan: Ah, é ? E como você pensava que eu fosse ?
Os dois se encaram nos olhos. Luan se aproxima.
Marina: Deixa quieto. Eu vou fazer alguma coisa pra gente comer! - Diz, saindo nervosa.
Luan sorri com o nervosismo dela.
Cena 12 - As horas se passam - Hospital - Começo de noite
Samuca chega no hospital e fica sabendo que Antônio e Helena foram para casa mas que logo voltariam. Ele está sentado na recepção, com os olhos fechados, até ser abordado por Sônia, a enfermeira que cuida de Bruno.
Sônia: Boa noite...
Samuca: Boa noite.
Sônia olha para os lados.
Sônia: Venha comigo!
Samuca: O que ?
Sônia: Sem perguntas, não temos tempo!
Samuca se levanta e segue Sônia. Eles vão até a porta da UTI.
Ao som de música instrumental 'Carolina' - Eduardo Queiroz
Sônia: A família dele saiu, mas não sei quando voltam. Você me parece um bom rapaz, e a cena que presenciei hoje foi lamentável! Você ali, ajoelhado... Eu vou permitir sua entrada! Mas se acontecer algo... Nunca nos vimos!
Samuca abre um largo sorriso e abraça aquela mulher, que não sabia nem o nome.
Samuca: Muito obrigado!
Samuca entra na sala e logo avista seu grande amor. Emocionado, se aproxima da cama, vendo Bruno com um aparelho na boca que auxilia sua respiração.
Samuca não se contém e deixa as lágrimas caírem.
Ele beija a testa de Bruno e acaricia seus cabelos.
Samuca: Que susto você me deu, hein. Eu fiquei te esperando, mas não tem problema. Eu espero pra sempre se for preciso... Se levanta logo daí pra gente poder realizar nossos planos juntos! - Diz, olhando para ele, emocionado.
Samuca: Eu sei que você me escuta! - Afirma, enquanto acaricia o corpo de Bruno, passando a mão em seu peito, que pulsava. Sentindo o coração dele batendo forte.
Assim como aconteceu com Antônio, Bruno aperta os dedos de Samuca, que se emociona.
Samuca: Eu sabia! Eu sabia que você podia me ouvir. Eu te amo, meu amor!
Samuca beija a mão de Bruno, chorando de emoção.
Imagem de Samuca e Bruno congela em um efeito azulado.
Continua.
Se encerra no refrão de Living in the Shadows - Matthew Perryman Jones
2023 - DNA
Emocionante!