A seguir
Seguindo em Frente - Capítulo 31 +14
Cena 01 - Apê de Vicente - Sala - Manhã - Ao som de Another Love - Tom Odell
Samuca se desespera e fica falando o tempo todo com ele, tentando saber pra onde ele vai.
Samuca: Não me deixe assim, eu te amo.
Vicente pega sua mochila e vai em direção à porta. Samuca o pega pelo braço e o vira, beijando sua boca. Vicente começa a ceder a aquele beijo, mas antes que caia em tentação, afasta Samuca.
Colocando a mão em seu pescoço, ele vai soltando aquele colar que ganhou de sua madrinha Helena, tirando aquela corrente dourada do pescoço.
Vicente: Não entendo o porquê disso ter vindo até mim, mas essa corrente não me pertence. Tome, isso é seu. - Diz, enquanto coloca na palma da mão de Samuca, aquela corrente com um coração dividido.
Vicente: Eu que sempre sobrei nessa história.
Samuca: Não, Vicente. Me deixe explicar!
Vicente: Samuca, eu não consigo. Você não tem idéia de como eu estou. Estou me sentindo um idiota, é como se eu tivesse feito papel de palhaço esse tempo todo.
Samuca: Você tá sendo injusto comigo.
Vicente: E comigo ? Você não acha que é injusto ? Eu sempre odiei você, sempre ouvi as piores coisas sobre você, daí me apaixono por você. E pra completar, eu carrego no peito o coração do cara que eu sempre tive ciúmes.
Samuca: Eu te amo, o que eu preciso fazer pra você acreditar em mim!
Vicente: E você, Samuca ? Você acredita mesmo nisso ? Que me ama ?
Samuca: Você tá terminando comigo ? Não precisa ir embora, eu vou, essa casa é sua.
Vicente: Fique aqui, eu te trouxe pra cá e me sinto responsável por você.
Samuca: Não precisa ter pena de mim, eu passei minha vida toda sozinho, eu sei me virar. - Diz, olhando nos olhos de Vicente, que antes de deixar as lágrimas caírem, dá as costas, disfarçando sua tristeza.
Vicente: Eu vou pra casa da minha mãe, eu tenho que ir.
Samuca abraça Vicente por trás, chorando e implorando por ser amor, molhando a camisa dele com suas lágrimas.
Vicente fica imóvel, também chorando, mas o ciúme e a mágoa falam mais alto.
Vicente: Samuca, não torne as coisas mais difíceis.
Samuca: Deixe eu te mostrar o quanto te amo. Eu sei que você não acredita em mim, mas me dá uma chance.
Vicente: Eu não consigo, eu juro que queria... Mas eu não consigo.
Vicente solta Samuca de seus braços e sai daquele apartamento o mais rápido possível, o deixando arrasado.
No caminho até seu carro, Vicente chora muito. Ver Samuca naquele estado o faz se sentir ainda pior, mas não sabe como agir, ao mesmo tempo que quer se jogar nos braços dele, o orgulho fala mais alto.
Cena 02 - Mansão de Mohamed - Quarto - Manhã - Ao som de instrumental 'Cruel' - Eduardo Queiroz
Rosinha está aspirando o pó do tapete do quarto de seus patrões. Ela olha para os lados e se aproxima da janela, vendo Ayla lá fora tomando um banho de sol ao lado da piscina.
Rosinha então desliga o aspirador da tomada e olha em volta. Pensativa por alguns instantes, ela não se aguenta e abre uma das gavetas.
Efeito sonoro grave toca em cena ao revelar várias joias caríssimas dentro. Os olhos de Rosinha brilham, e ela pega um colar de diamantes. O menor e mais elegante diante de toda aquela riqueza.
Seus lábios insistirem em sorrirem. Sorriso de ambição e desejo, enquanto segura aquela joia em mãos.
Rosinha então liga o abajur ao lado da cômoda para iluminar melhor o ambiente, e coloca aquele colar enquanto se olha no espelho. Ela faz caras e bocas diante de seu próprio reflexo, sentindo como se aquela joia fosse sua.
Rosinha: Boa noite. Guarde o meu casaco por gentileza. Eu vou querer uma mesa mais afastada... Não gosto de sentar perto de ninguém! O menu ? Ah, gostaria de ser servida com o que há de mais caro que esse restaurante possa oferecer a uma mulher como eu! - Fala, sorrindo, enquanto se imagina em um jantar com aquele colar.
Rosinha: Eu sim que mereço um desses. Não aquela velha! Olha só como combina com a minha pele... Foi feita pra mim!
Rosinha retira o colar e em seguida começa a provar alguns anéis, fascinada com as riquezas daquela casa.
Rosinha: Eu vou me casar com aquele trouxa só pra ter uma vida estável e com tudo o que eu quero, pelo menos por enquanto... Mas um dia eu ainda terei essa casa pra mim! Isso sim é o que eu quero de verdade. Eu quero ser ela, ter as joias dela, ter aquele homem só pra mim! O mesmo status, o mesmo lugar na sociedade... E eu sei que sou capaz de ter tudo isso. Basta usar as armas que eu tenho... - Planeja, enquanto se olha no espelho e aperta seus próprios seios.
Rosinha: Eu já perdi tempo demais. Hora de ir ao ataque!
Cena 03 - Casa de Teresa - Sala - Manhã
Teresa: Que mala são essas? Tem certeza que está tomando a decisão certa ?
Vicente: Não sei mãe, sinceramente não sei. Eu preciso de um tempo... Tá doendo tanto!
Teresa: Poxa meu filho, queria tanto fazer alguma coisa por você, aliás, por vocês.
Vicente: Me dá um abraço.
Teresa abraça seu filho.
Teresa: Meu garoto, chore bastante, mas não deixe o orgulho ser maior que seu amor.
Vicente: Eu gosto tanto do Samuca, mas toda vez que lembro desse maldito coração, quando lembro de tudo que o tio Antônio fala sobre ele...
Teresa: Não fale assim Vicente, isso vai lhe fazer mal.
Vicente: Eu preciso ficar um tempo sozinho. Vou pro quarto... - Diz, se afastando e limpando suas lágrimas. Teresa se sente mal ao ver o filho nesse estado.
Vicente toma um banho, almoça e vai para o hospital. Por mais que estivesse mal, ficar em casa o estava deixando ainda pior. Já Samuca passa horas chorando, sentado no tapete da sala. Totalmente no escuro, já que pouca luz entra pela cortinas, que estão fechadas.
Samuca: Não me abandona, meu amor... De novo não. Eu não vou suportar! - Murmura, baixinho.
Cena 04 - Condomínio - Manhã
Como toda manhã, Odair chega para entregar as correspondências pelo bairro. Já são suas últimas entregas do dia, e ele soa enquanto o sol brilha forte no céu. Ao adentrar o condomínio, ele já vai direto para a casa de Dona Graça, distraído, enquanto retira algumas cartas de sua bolsa.
A beata o espera na porta.
Dona Graça: Ora, ora, quem eu vejo por essa manhã. Seu Odair Carteiro!
Odair: Como toda manhã, né Dona Graça! Como a senhora vai ?
Dona Graça: Eu ? Vou muito bem, obrigada. Você é que não me parece bem.
Odair: Eu ? Porque ?
Dona Graça: Ora porque. Nesse sol quente o dia todo. Está precisando de um banho, rapaz. Não pode trabalhar assim!
Odair: Na verdade eu já tô acabando o meu plantão e...
Dona Graça: Ah, nada disso. Há quanto tempo a gente se conhece ? Eu não posso deixar você andar assim pelas ruas! Vem. Vamos comigo para você tomar um banho. Só porque eu tô muito caridosa hoje!
Odair: O que ? Não precisa, eu tô no meu horário de trabalho...
Dona Graça o arrasta pra dentro de casa enquanto um efeito sonoro de miado de gato toca em cena.
Dona Graça: Precisa sim, rapaz! Olha a minha idade, eu te conheço desde menino, você tem que me respeitar. Eu sou a voz da experiência, cadê seu cavalheirismo! Eu insisto, tome um banho rápido e depois volte a trabalhar!
Odair olha em volta, tímido e constrangido.
Dona Graça: Vá. Você brincava aqui quando era menino, conhece o caminho. No final do corredor, eu já te levo uma toalha!
Odair: Mas eu tenho horário a seguir e...
Dona Graça: 5 minutos. Ninguém nem vai notar!
Meio a contra gosto e querendo que aquela situação embaraçosa acabe logo, Odair dá um sorriso amarelo a acaba aceitando. Ele anda devagar e sem jeito até o banheiro e entra, fechando a porta.
Dona Graça: É hoje que eu pego esse macho nem que seja na base do feitiço!
Cena 05 - Hospital - Manhã
Vicente: Você sabia não é ?
Sônia: Sim, reconheci o Samuca na primeira vez que o vi, mas demorou pra saber de onde.
Vicente: Ele gostava muito do Bruno ?
Sônia: Pra que entrar nesse assunto? Você tem que entender que o Bruno se foi, você é o amor da vida dele agora.
Vicente: Ele se foi mas está sempre presente entre nós, Sônia. E o que é pior, esse coração que tanto desejei, agora só me faz sofrer.
Sônia: Pare um pouco pra pensar, quando o Samuca te conheceu ele nem sabia que era você. Ele se apaixonou por ti antes mesmo de saber de toda essa história.
Vicente: Mas eu vejo nos olhos dele quando ele se refere a esse maldito coração, pra ele é como se o Bruno estivesse vivo. A senhora tem idéia de como me sinto ?
Sônia: Eu consigo imaginar, mas o amor de vocês dois não pode ser menor que isso. Eu acho bobagem você viajar, querer sumir. Os problemas continuarão a sua espera.
Vicente: Preciso de um tempo, estou confuso demais.
Sônia: Quando você vai ?
Vicente: Vou amanhã, já conversei no RH.
Sônia: Se prefere assim...
Ao som de instrumental Loneliness Tensa - Iuri Cunha
Vicente volta para suas atividades e quando passa por uma sala escuta alguns enfermeiros rindo, falando seu nome.
Enfermeiro: Todo machão, mas adora uma bolada nas costas.
Enfermeira: E pensar que até sentia um tesão nele. Mas quem diria... o Dr. Vicente, gente... Esse mundo está perdido, não dá pra confiar em ninguém.
Vicente entra na sala.
Vicente: Estão falando de mim ?
Aquele grupo ria enquanto fala, mas ficam sério na mesma hora ao serem surpreendidos.
Enfermeiro: Oi Dr., como vai ?
Vicente: Está acontecendo alguma coisa ?
Enfermeira: Imagina, só impressão sua.
Vicente: Vocês não são os primeiros, se tiver alguma coisa, falem na minha cara. Vai, chega de conversinha, cada um para o seu trabalho.
Todos ficam quietos, não falando o real motivo daquelas piadas, e seguem para seus postos rapidamente.
Dr. Gustavo aparece. - Nossa, parece nervoso. O que está acontecendo, meu amigo ?
Vicente: Uns problemas aí, mas obrigado pela preocupação. Mas você sabe se está acontecendo alguma coisa aqui ? Não sou desse tipo sistemático, mas não sou idiota. Percebo risinhos, umas conversas paralelas, como se tivessem falando de mim.
Dr. Gustavo: Meu amigo, não ligue pra isso, as pessoas falam de mais, releve esses boatos.
Vicente: Boatos ? Então está acontecendo alguma coisa ?
Dr. Gustavo: Esquece cara, não dê importância a esse tipo de coisa.
Vicente: Fala agora! - Diz, nervoso e alterando seu tom de voz.
Dr. Gustavo: Vicente, estão falando por aí que você é gay. Que você até vive com outro cara.
Vicente sente um frio na espinha, sentindo o estômago revirar. Se sentindo exposto e tendo sua vida pessoal escancarada para estranhos e o que é pior, sendo a chacota dos colegas.
Vicente: O que ?
Dr. Gustavo: Esquece isso, lógico que não vamos acreditar nisso. Até parece, você viado. Esse pessoal adora uma fofoca, deve ser muita falta de serviço mesmo.
Vicente: Quem inventou isso ?
Dr. Gustavo: Sinceramente não sei, mas fofoca é assim, do jeito que vem, desaparece. Não dê corda pra isso.
Vicente fica muito nervoso, sentindo que as pessoas a sua volta o apontavam, riam, criticavam. Embora vivendo com Samuca, sempre foi um cara discreto, tanto em sua aparência como na maneira de se portar.
Dr. Gustavo: Não esquente, vai morrer aqui. Vai pra casa, eu termino de atender seus pacientes. - Aconselha, pegando no ombro dele. Vicente se mantém arrasado.
Dr. Gustavo: Ah, já ia esquecendo, amigo. Assine essa receita aqui pra mim, preciso que você autorize essa medicação.
Vicente assina aqueles papéis e pega suas coisas, a única coisa que quer é sumir dali, ficar longe de tudo e de todos o mais rápido possível.
O Dr. Gustavo o observa indo embora, e em seguida olha para os papéis que ele assinou.
Cena 06 - Condomínio - Casa de Dona Graça - Manhã
Odair desliga o chuveiro.
Dona Graça bate na porta. - Aqui a toalha. Sequinha e passada. Tem até uma cueca que era do meu finado marido, mas ele nunca chegou a usar. Tá novinha, pode ficar!
Odair escuta a tudo, extremamente constrangido. Bobo demais e sempre amigável, ele nunca consegue dizer não.
O rapaz coloca a mão em suas partes íntimas para cobrir e abre a metade da porta para pegar a toalha.
Invasiva, Dona Graça invade o banheiro e entrega pessoalmente a toalha.
Odair: Que isso, Dona Graça! - Diz, tentando se cobrir mais ainda.
Dona Graça: Ora, rapaz. Não precisa ter vergonha de mim, eu só sou uma senhora! Tenho idade pra ser até sua vó. Aqui não tem malícia não! - Dissimula firmemente, o fazendo acreditar passivamente em suas palavras.
Dona Graça o olha dos pés a cabeça e começa a suar enquanto abana sua saia. Ainda se cobrindo com a mão, Odair pega a toalha e a cueca das mãos dela.
A beata pega a cueca que ele estava usando.
Dona Graça: Vou colocar na máquina. Amanhã eu te entrego.
Odair: Mas...
Dona Graça: Já tomou seu banho agora pode se vestir e ir simbora. - Diz, saindo do banheiro.
Odair se veste rapidamente enquanto Dona Graça vai até a porta. Ele vai atrás, vestindo a camisa.
Dona Graça: Não precisa agradecer. Eu e essa minha velha mania de ajudar as almas mais necessitadas! Agora vá. Vá, rapaz, vá embora pra sua casa descansar.
Odair sai, vermelho de vergonha.
Dona Graça sorri.
Dona Graça: Já vou preparar o frango e a pinga pro ritual! Mas antes...
Ela corre até a área de serviço e pega a cueca de Odair em mãos.
Dona Graça: Quanto tempo eu não seguro uma dessa em mãos... Ai... Acho que eu vou morrer de tanto calor! Não, morrer, não. Não antes disso!
A beata leva a cueca usada até o nariz e começa a cheirar cada parte daquele tecido, enquanto revira os olhos.
Dona Graça: Ai, Odair Carteiro! Eu vou te pegar de jeito!
Cena 07 - Apê de Vicente - Quarto - Noite - Ao som do refrão de Another Love - Tom Odell
Samuca passa o dia em casa, sentindo aquele vazio no peito. Vicente é do tipo barulhento e sua ausência chega a doer. Ele vai até o guarda-roupas e pega uma camisa do seu amor, levando ao nariz, sentindo seu cheiro. Esperando que a porta se abra e que ele entre com aquele sorriso lindo, o abraçando e apertando, esfregando aquela barba em seu pescoço.
Samuca: Porque que tem que ser assim, meu amor ? - Se pergunta, em meio as lágrimas.
Cena 08 - Ao som do refrão de I Way Down We Go - Kaleo
Paisagens - O Dia Amanhece
Cena 09 - Casa de Teresa - Sala - Manhã
Teresa abre a porta e dá de cara com Samuca.
Teresa: Samuca, que surpresa. Entre.
Samuca: Me desculpa. Mas eu não sabia mais a quem recorrer.
Teresa: Como você está ?
Samuca: Nada bem. Parece que estou vivendo um pesadelo!
Teresa: Dê um tempo para meu filho, ele está confuso demais, magoado...
Samuca: Eu sinto tanta falta dele. Dona Teresa, me desculpa por tê-lo feito sofrer.
Teresa: Eu acredito no seu amor por ele. Eu vejo sinceridade no seu olhar!
Samuca dá um sorriso, aliviado.
Samuca: Eu vim aqui pra vê-lo, só quero dizer sei lá. Um oi. Mas vou respeitar o tempo dele!
Teresa coloca a mão no ombro dele.
Teresa: Meu querido, o Vicente viajou, vai ficar algumas semanas fora.
Samuca: Viajou ? Mas ele nem se despediu de mim. - Responde, com os olhos marejados, acreditando que cada vez mais o amor entre eles morre um pouco.
Teresa: Ele teve uns problemas lá no hospital, e você sabe como ele é né ? Decidiu de última hora.
Samuca: Quando ele volta ?
Teresa: Sinceramente, não sei.
Samuca: Eu estou saindo do apartamento dele, só tô procurando um hotel pra ficar por enquanto, e...
Teresa: Por favor, não faça isso. Deixe as coisas como estão, pelo menos por enquanto. Não aja de cabeça quente. Essa história de vocês ainda vai se resolver... Eu tenho certeza! - Aconselha, apertando a mão dele.
Samuca tenta forçar um sorriso, e se despede, saindo de lá pior do que chegou.
Sentindo uma angústia muito grande, ele anda na rua, meio sem rumo. O sol brilha forte no céu, e Samuca sente uma leve tontura, afinal acordou e não comeu nada.
Cena 10 - Casa de Marta - Sala - Manhã
Samuca chega na casa de sua mãe para ver sua sobrinha, que é a única coisa que ainda o dá alegria em sua vida.
Flora fica feliz ao vê-lo, e corre para seus braços.
Flora: Tio, que bom que você veio!
Samuca a abraça e a beija.
Marta: Aconteceu alguma coisa ?
Samuca: Para o seu azar não. Só estava passando por aqui e vim ver minha sobrinha.
Flora: Eu tava com saudade. Você vai dormir aqui hoje?
Samuca: Hoje não, meu amor. Eu só vim te ver mesmo. Mas em breve eu venho te buscar pra você dormir lá em casa!
Flora: Tio, você tá triste ?
Samuca: Tô não, meu bem. É só a saudade que eu tava de você mesmo!
Flora: Eu te amo, tio.
Samuca: Eu também te amo, meu amor. Te amo muito. Você promete que nunca vai abandonar seu tio ?
Flora: Prometo, vou sempre cuidar de você!
Samuca sorri e a enche de beijos.
Vitória aparece na sala.
Vitória: Tudo bem, Samuca ?
Samuca se irrita com a presença dela.
Samuca: Até você aparecer estava. Eu já tô de saída! - Reponde, se despedindo de Flora. Quando já ia saindo, Vitória o chama.
Vitória: Queria falar com você.
Samuca: O que foi ? Tem mais algum podre pra me contar ? Eu não quero saber.
Vitória: Eu acho que vou embora. Recebi uma proposta do Seu Antônio pra comandar as filias que ele pretende abrir no Rio, vou trabalhar no escritório de lá.
Samuca sorri: - Vocês se deram bem hein. - Diz, ironicamente.
Vitória: É uma ótima oportunidade.
Samuca: Mas como vai fazer ? Vai ficar indo e vindo ?
Vitória: Você não entendeu, vou me mudar pra lá. Eu e a Flora.
Samuca sente como se fosse um murro no rosto, só agora percebe onde a irmã quer chegar.
Samuca: Se mudar ? Mas quem vai cuidar dela lá enquanto você trabalha ?
Vitória: Estou tentando convencer a mãe a ir junto, se mudar pra lá também, mas ela ainda está pensando.
Samuca: Você é uma safada mesmo... Aposto que se juntou com aquele velho pilantra só pra me atingir!
Vitória: Me respeite! E o mundo não gira ao seu redor, não. Você tem que entender que eu preciso dar um rumo a minha vida. Tenho que pensar em mim e na minha filha.
Samuca fica em silêncio, tentando processar o que acabou de ouvir, totalmente inerte. Não faltava mais nada que pudesse acontecer pra piorar o seu dia. Ele sai, em silêncio, deixando sua irmã sozinha na varanda.
Ele volta para o apartamento e começa a chorar compulsivamente, pois está prestes a ficar longe dos dois maiores amores de sua vida. Depois de tanto tempo, volta a sentir aquela sensação de solidão e abandono, que carregou por muitos anos em sua vida.
Cena 11 - Ao som de Counting Stars - OneRepublic
Paisagens - Os dias se passam - O fim de semana chega
Cena 12 - Casa de Marina - Quarto - Começo de Noite
Luan: Eu recebi sua mensagem.
Marina vai até seu namorado e o abraça forte.
Marina: Me desculpa. É só isso que eu tenho pra te dizer.
Luan: Pelo que ?
Marina: Eu não fui uma boa companheira todos esses anos. E quando finalmente íamos nos acertar, eu dei um passo errado achando que iria acertar com essa greve idiota de sexo que eu fiz! E isso nós afastou mais ainda. E é tudo culpa minha.
Luan: Marina...
Marina: Não. Eu sou uma idiota! Outro no seu lugar já tinha me largado há muito tempo!
Luan: Mas eu não sou outro. E eu te amo!
Marina: Você não imagina o quanto minha consciência ficou pesada esses dias...
Luan: E a minha então... Quer dizer. Fiquei mal por estarmos mal!
Marina: Mas agora eu quero consertar as coisas. Eu te prometo que vou ser a melhor mulher do mundo! E vou marcar nosso casamento para o mais rápido possível!
Luan sorri.
Os dois aproximam seus rostos e dão um beijo apaixonado.
Marina o abraça, ficando feliz em sentir o calor do corpo dele junto ao seu.
Luan beija a cabeça dela e sorri, esperançoso em se imaginar começando uma vida nova ao lado de sua amada. Sorriso esse que é desfeito em questão de segundos.
Marina: Agora vou me arrumar. Marquei com a Hanna de ir no salão... Quero ficar linda pra marcar essa nossa nova fase juntos! Não que eu já não seja, né... Mas quero dar um up!
Luan: Com a Hanna ?
Marina: Algum problema ?
Luan: Ela é tão estranha. Não sabemos nada sobre ela, você já teve amizades melhores! Porque não vai com o Samuca ?
Marina: O Samuca já tem os problemas dele. Você, hein. Porque essa implicância com a menina ? Ela só meio sozinha, mas é divertida e me faz rir. E é tudo por você, meu amor. É por você que eu passo horas no salão! - Diz, dando um selinho nele.
Luan fica imóvel, se sentindo desconfortável com a insistência de Hanna em sua vida.
Cena 13 - Apê de Vicente - Quarto - Começo de Noite
Samuca está se exercitando quando recebe uma ligação de Ellen. Mesmo estando sem vontade, acaba aceitando o convite dela para jantar. Afinal, há algo nela que o intriga.
Em pouco tempo ele chega no restaurante e a vê.
Samuca: Boa noite, estou muito atrasado ?
Ellen: Imagina, acabei de chegar também.
Ellen: Que bom que aceitou meu convite, depois de tantos anos fora, estou tentando reencontrar todos os meus amigos do passado.
Samuca: Você veio pra ficar de vez ?
Ellen: Sim, confesso que achei que não voltaria, mas na vida nada é 100% certeza né, tirando a morte. Nos conhecemos numa situação complicada, mas sempre tive curiosidade de conhecê-lo melhor.
Samuca: Também senti vontade de te conhecer, por isso estou aqui.
Ellen: Sabe, eu fiquei tão triste com a partida do Bruno. Ele estava tão feliz, tinha me contado que vocês estavam meio que fugindo, indo viver sozinhos, somente os dois.
Samuca se sente um pouco triste em relembrar essa história, mas queria ouvir o que ela falava, principalmente por ser uma pessoa íntima de Bruno.
Samuca: Mas como você mesma disse, nada nessa vida é certeza. Não esperava que toda aquela fatalidade fosse acontecer.
Ellen: Samuca, quando nos vimos naquele cemitério, você estava tão abalado ainda, mesmo depois de meses da morte dele, por isso não toquei nesse assunto. Até porque também achei que você resolveria sozinho.
Samuca faz uma cara de espanto, sem entender nada.
Samuca: Do que está falando ?
Ellen: Você acha mesmo que tudo que aconteceu foi uma fatalidade ?
Samuca: Não estou entendendo onde você está querendo chegar. Por favor, seja clara.
Ellen: Samuca, eu sempre conversava com o Bruno pela internet, mesmo estando do outro lado do mundo, eu participei da felicidade dele.
Samuca: Por favor, fale de uma vez!
Ellen: A grande maioria das coisas ruins que aconteceram com vocês não foi por acaso.
Samuca: Mas que droga, onde você quer chegar ?
Ellen: Alguém que você ou o Bruno confiava, traiu vocês.
Samuca: Como é que é ? Você não sabe o que tá dizendo.
Ellen: Ele me contou tudo pela internet quando descobriu essa traição.
Samuca se mantém confuso.
Ellen: Você não leu os cadernos dele ?
Samuca: Que cadernos ?
Ellen: Ele escrevia tudo, você sabe como ele era. Principalmente tudo que acontecia com ele.
Samuca: Você está ficando louca, não existe ninguém....
Ellen: Ele confrontou essa pessoa, quando descobriu tudo, ele me contou tudo isso pela internet, na véspera do seu atropelamento. Mas infelizmente aconteceu aquela tragédia e tudo ficou esquecido.
Samuca: Isso é um absurdo! - Diz, se levantando, se preparando para ir embora. Ellen também se levanta e segura seu braço, insistindo no assunto.
Ellen: Se não acredita em mim, leia os cadernos dele, tá tudo escrito lá. Você realmente confia em todas as pessoas que estão a sua volta ?
Os dois se encaram. Samuca se sente assustado e olha ao seu redor, e em seguida volta a olhar pra ela.
Imagem de Samuca congela em um efeito preto e branco.
Continua.
Se encerra no refrão de Believer - Imagine Dragons
Elenco de Apoio
Dr. Gustavo
2023 - DNA
Eu acho que o personagem Odair foi inspirado em alguém!