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Seguindo Em Frente | Capítulo 32


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Seguindo em Frente - Capítulo 32 +14


Cena 01 - Restaurante - Noite - Ao som de instrumental Otto Dimas - Eduardo Queiróz


Ellen: Alguém que você ou o Bruno confiava, traiu vocês.

Samuca: Como é que é ? Você não sabe o que tá dizendo.

Ellen: Ele me contou tudo pela internet quando descobriu essa traição.

Samuca se mantém confuso.

Ellen: Você não leu os cadernos dele ?

Samuca: Que cadernos ?

Ellen: Ele escrevia tudo, você sabe como ele era. Principalmente tudo que acontecia com ele.

Samuca: Você está ficando louca, não existe ninguém....

Ellen: Ele confrontou essa pessoa, quando descobriu tudo, ele me contou tudo isso pela internet, na véspera do seu atropelamento. Mas infelizmente aconteceu aquela tragédia e tudo ficou esquecido.

Samuca: Isso é um absurdo! - Diz, se levantando, se preparando-se para ir embora. Ellen também se levanta e segura seu braço, insistindo no assunto.

Ellen: Se não acredita em mim, leia os cadernos dele, tá tudo escrito lá. Você realmente confia em todas as pessoas que estão a sua volta ?

Os dois se encaram. Samuca se sente assustado e olha ao redor, e em seguida volta a olhar pra ela. Se até então aquela história parece absurda, agora ele começa a ver com outros olhos.

Samuca: Porque você está me contando isso ? Depois de tanto tempo.

Ellen: Senta aí. Por favor, Samuca. Deixe eu falar e depois se você nunca mais quiser me ver, vou respeitar sua decisão.

Samuca começa a suar de tanto nervoso, e sem nada a perder resolve dar um voto de confiança para Ellen.

Os dois se sentam novamente à mesa.

Ellen: Ótimo... Obrigada.

Samuca: O que você quer dizer com tudo isso ?

Ellen: Eu sempre fui muito amiga do Bruno como você já sabe. Daí com a internet conversávamos sempre que podíamos. Ele andava muito triste, dizia que o pai dele era contra o namoro de vocês e que ele só não desabava porque tinha você ao lado dele.

Samuca a escuta falar, tenso.

Ellen: Ele dizia que você era a força que ele precisava, que estando ao seu lado ele tinha forças para enfrentar a família.

Samuca fica emocionado com aquelas palavras, ficando com os olhos marejados.

Samuca: Eu sabia que o pai dele pegava pesado com ele, mas ele não gostava de me contar.

Ellen: Eu sei disso, ele queria poupar você.

Samuca: Aquele velho porco. Eu sinto tanto ódio dele, mas tanto... Eu não queria nutrir isso em meu coração, mas é inevitável. Ele é o responsável pelas maiores desgraças que ocorreram em minha vida!

Ellen: Eu imagino. E quando eu fiz terapia, eu costuma a escrever sobre minha vida, me ajudava a botar pra fora alguns sentimentos que não conseguia dizer as pessoas. Eu sugeri que ele fizesse o mesmo, que escrevesse. Um dia ele me disse que deu certo, que brigava com o pai e descontava seus sentimentos escrevendo. Até que um dia ele me contou que estava desconfiado de uma pessoa, mas que precisa tirar essa prova.

Samuca engole seco.

Ellen: Na véspera do acidente dele, ele estava muito nervoso. Disse que estava decepcionado com o ser humano e que não sabia o que faria.

Samuca: Mas o que ele descobriu, quem traiu ele ? Ou a mim ?

Ellen: Eu consegui acalmá-lo, e ele a princípio deixou pra lá, pois no dia seguinte vocês iriam embora... Ele me disse que iria deixar tudo pra trás e começar uma vida nova com você e que nada mais disso importava.

Samuca: Agora eu me lembro... Ele estava estranho mas disse que tinha sido apenas uma briga com o pai.

Ellen: Olha, eu não sei o que essa pessoa fez, mas se ela ainda convive com você, acho bom você ficar atento.

Samuca: Eu peço que você seja sincera comigo.

Ellen: Claro. Eu tô aqui pra isso, pra te alertar em nome do meu amigo. Era isso que ele iria querer de mim!

Samuca: Você sabe quem é essa pessoa ?

Ellen engole a seco, sentindo-se sufocada com o olhar de Samuca, mas é rápida na resposta.

Ellen: Não, Samuca. Não sei, eu juro que não sei.

Samuca: Mas porque alguém faria mal contra nós ? Por qual motivo ?

Ellen: Você nunca leu os cadernos dele ?

Samuca: Eu sei que caderno são esses, mas não faça a mínima idéia de onde estão. Provavelmente a família destruiu.

Ellen: Ou então ainda estão lá, esperando para serem lidos. Eu só peço que tome cuidado com as pessoas ao seu redor. Não confie em absolutamente ninguém, as vezes quem você menos imagina, pode aos poucos estar cavando a sua própria cova. Só esperando o momento certo pra te empurrar nela, ou algo pior!

Samuca fica ainda mais intrigado ao ouvir isso.

Samuca nem consegue comer. Após o jantar, os dois se despedem e ele vai embora totalmente intrigado. Mesmo achando tudo uma loucura, também não consegue ver o porquê de Ellen inventar toda aquela história.


Ao som de instrumental Fantasmas - Eduardo Queiroz


Ele entra em seu carro e olha uma foto de Vicente em seu celular, sentindo uma profunda solidão. Sentindo-se desprotegido e sozinho.

Samuca: Cadê você meu amor, você me faz tanta falta. Me sinto tão leve e tão seguro ao seu lado. Você é a única pessoa que eu posso confiar agora! - Afirma, mudando sua expressão em seguida.

Samuca: Marina! Porque eu não pensei nisso antes, você sim vai me saber dizer o que eu tenho que fazer agora. - Diz, pegando seu celular pra ligar pra ela.


FLASH BACK

"Ellen: Alguém que você ou o Bruno confiava, traiu vocês.

Samuca: Como é que é ? Você não sabe o que tá dizendo.

Ellen: Você realmente confia em todas as pessoas que estão a sua volta ?"

FIM DO FLASH BACK


Samuca recua ao se lembrar das palavras de Ellen. Ele fica pensativo por alguns instantes e volta a guardar seu celular. O engenheiro coloca suas mãos na testa, desesperado.

Samuca: O que eu vou fazer agora... - Se questiona, enquanto olha para os lados, se sentindo observado. Ele tranca o carro todo, e em seguida parte dali, aflito.


Cena 02 - Orla - Noite - Ao som de instrumental November - Max Richter


Já está tarde da noite. A orla a beira do rio está escura e silenciosa. A brisa fria da noite beija suavemente as árvores.

Hanna está em pé com as mãos no bolso, tentando se esquentar do frio.

Luan caminha até ela, que sorri ao vê-lo.

Hanna: Demorou!

Luan a pega pelo braço e a arrasta contra um poste, ficando os dois debaixo daquela luz fraca e amarelada, que pisca vez ou outra evidenciando um mal contato na lâmpada.

Hanna: Ai meu braço!

Luan: Hanna! - Diz, fazendo uma pausa enquanto a solta.

Luan: Eu te pedi pra ficar longe de mim e da Marina. Não foi ? E você continua insistindo nisso! Porque ? O que ganha tentando destruir as nossas vidas ?

Hanna: Eu não estou tentando destruir nada, querido. O mundo não gira ao seu redor, eu e a Ma somos amigas!

Luan: Pelo amor de Deus, Hanna! Para com esse joguinho, me diz o que você quer!

Hanna: Eu quero você. É tão difícil perceber! Nenhum homem nunca me tratou com o carinho e afeto que você me tratou aquela noite. Foi uma noite só, mas eu me senti no paraíso. Você não pode me tirar isso agora sem mais nem menos!

Luan respira fundo, impaciente.

Hanna: Foi tão especial, não é possível que você não tenha sentido nada. Eu duvido que você tenha com ela a mesma química que tem comigo! - Dispara, o agarrando em seguida e tentando arrancar um beijo dele.

Luan: Para, Hanna, para...

Hanna o agarra com todas as suas forças e o beija. Luan a afasta com força.

Luan: PARA! Por favor, você tá sendo ridícula! Eu AMO a Marina, o nosso relacionamento é de anos! E apenas se fortalece com o tempo. Não adianta, por mais que você tente, você não vai destruir isso!

Enquanto os dois discutem, alguém os observa escondido atrás de uma árvore. Somente uma silhueta escura é visível diante da câmera.

Luan: Eu exigo que se afaste de Marina. A nossa história, que nunca sequer existiu, acaba aqui. - Esvraveja, olhando firme nos olhos da moça.

Luan sai em seguida, irritado.

Hanna começa a chorar, nervosa.

Hanna: Você não pode fazer isso comigo. Você não vai fazer isso comigo! Me aguarde... - Ameaça, falando baixinho enquanto parece planejar algo em mente.

A luz do poste pisca insistentemente.


Cena 03 - Mansão de Mohamed - Corredor - Corredor - Ao som de instrumental Cruel - Eduardo Queiroz


Rosinha vê Mohamed sozinho na sala mexendo em seu notebook sentado no sofá, iluminado apenas pela luz do abajur.

Ela o observa pelo canto do corredor sem ser vista. Tão silenciosamente quanto chegou, ela sai e vai até seu quarto, onde coloca uma camisola curta e quase transparente.

Rosinha se olha no espelho e solta seus cabelos, os jogando para cima de seus seios. Ela sorri para seu reflexo.

Mohamed analisa alguns números de sua empresa, concentrado, enquanto sua esposa dorme no quarto próximo dali.

De repente, Rosinha chega na sala.

Rosinha: Seu Mohamed... Eu achei que o senhor já estivesse dormindo! - Dissimula, fingindo espanto e constrangimento.

Mohamed fica estático, a olhando dos pés a cabeça, afinal nunca havia visto a ex-noviça em trajes tão íntimos.

Rosinha: Desculpa, eu só vim beber água. Ai que vergonha!

Mohamed tenta desviar o olhar. - Tudo bem. Não tinha como você imaginar. Mas é bom evitar ficar andando de camisola por aí! - Aconselha, tentando voltar a se concentrar em seu trabalho.

Rosinha sorri: - Mil desculpas. É que lá no convento a gente não tinha malícia e tal, algumas dormiam até nuas! Acho que herdei essa inocência toda de lá.

Mohamed se espanta: - Dormiam nuas ? No convento ? Eu nunca ouvi falar sobre isso.

Rosinha se aproxima dele, sorrindo. - Ah, muita coisa o senhor não sabe, rs.

Os dois se olham nos olhos.

A alça da camisola dela cai, quase deixando um de seus seios à mostra, enquanto ela finge não notar.

Mohamed não consegue deixar de notar no corpo da moça. Seu cabelo, aquele tecido fino que pouco esconde o bico de seu peito, a calcinha visível. Suas pernas definidas, o seu corpo de menina mulher. O seu olhar angelical que parece esconder um fogo dentro.

A câmera foca nos olhos do empresário.

Rosinha: Bom. Vou beber a minha água. Com licença!

Mohamed nada diz, apenas continua em silêncio.

Rosinha se retira, sorrindo por dentro, enquanto se dirige até a cozinha.

Enquanto isso, Mohamed continua estático na sala, sabe-se lá no que está pensando.


Cena 04 - Casa de Dona Graça - Noite


Dona Graça faz um círculo de sal na sala.

Dona Graça: Na tal das internet tava dizendo que era assim. Vamos lá... - Diz, indo até a cozinha.

Ela pega um frango inteiro cru e uma garrafa de pinga barata, e os coloca no centro do círculo.

Em seguida acende 3 velas vermelhas em volta.

A beata pega uma panela onde está a cueca fervida de Odair e espalha a água da fervura pelo frango, enquanto se concentra em seu objetivo.

Dona Graça: Espíritos do universo. Tragam aquele homem até mim! - Diz em voz alta, enquanto bate com um cachimbo no chão três vezes.

Na última batida, uma corrente de ar frio entra pela janela, apegando as velas instantaneamente.

Dona Graça fica desapontada. - Que peste! Eu sabia que essas coisas não davam certo. Só perdi foi o meu tempo! - Esbraveja, irritada.

Sem ela notar, uma das velas se acende novamente, dessa vez sozinha.


Cena 05 - Ao som de Golden - Harry Styles

Paisagens - Os dias se passam - O tempo é tomado por uma chuva forte e insistente


Cena 06 - Mansão de Antônio - Sala - Tarde


Antônio chega do beisebol, limpando seu rosto com uma toalha, quando sua esposa chega até ele, animada e lhe dando um beijo.

Antônio: Porque essa felicidade toda, mulher ?

Helena: Olha quem veio nos visitar.

Antônio olha para o canto da sala.

De costas, Ellen se vira até ele.

Antônio fica olhando por alguns instantes, quase sem reconhecer.

Ellen: Tudo bem, seu Antônio.

Helena: Não a reconhece meu bem ? É a Ellen!

Antônio: O que ? Aquela pirralha ? É esse mulherão ?

Helena: Antônio!

Antônio: Eu não acredito, me dê cá um abraço! - Diz, a abraçando, feliz.

Antônio: Há quanto tempo menina, que surpresa boa.

Ellen: O senhor e tia Helena não mudaram nada.

Antônio: Não precisa mentir, bondade sua. Eu já tô um velho, sabe. Mas de vez em quando eu gosto de me sentir um garotão! - Brinca, cutucando Helena.

Helena: Para, Antônio! - Diz, constrangida.

Ellen sorri: - O senhor esta ótimo.

Heitor aparece na sala.

Helena: Ah, esse aqui é...

Ellen: Não acredito, é o Heitor ? Heitorzinho ?

Heitor: Ellen ? Nossa, você tá bem diferente.

Ellen: Que saudade! - Diz, o abraçando.

Heitor: Achei que você não se lembraria de mim.

Ellen: Imagina, eu tenho memória de coruja. E olha, os anos só lhe fizeram bem, viu.

Heitor: E pra você muito mais.

Ellen: Tia Helena, ele era um chorão. Pense num menino que chorava por tudo, rs.

Heitor: Ah não. É só o que me faltava, pegarem no meu pé agora. Não vamos falar da infância não, se não vou falar de você também!

Helena: Querido, a Ellen voltou a pouco tempo e me achou na internet. A primeira coisa que eu fiz foi chamar ela pra jantar conosco no nosso aniversário de casamento. Ela é uma pessoa muito especial pra mim, eu quero ela à mesa também!

Antônio: Mas é uma idéia maravilhosa, e não aceitamos um não como resposta.

Ellen sorri, em agradecimento.


Cena 07 - Casa de Marina - Quarto - Tarde - Ao som de instrumental Starry Night - Jordan Critz


Marina se olha no espelho, se deparando com uma imagem completamente pálida e abatida. Ela passa a mão por seus seios, os sentindo mais rígidos, e em seguida alisa sua barriga, pensativa.

Ela abre a gaveta da cômoda e tira um teste de gravidez de dentro.


FLASH BACK

"Marina: Joga aquilo fora. Aquele cheiro... Horrível! - Reclama, com dificuldade.

Sol se abaixa até ela.

Sol: Minha filha. Não é de hoje que eu te noto meio estranha. Você não está grávida ?

Marina: Impossível. Eu e o Luan estamos há um tempo sem fazer nada... E eu nunca deixo a injeção faltar!

Sol: Ai, minha filha. Eu fico tão preocupada. Você tem que ver o que é isso pra ontem! - Aconselha, pegando na mão dela, que está fria."

FIM DO FLASH BACK


Marina olha para aquela embalagem, e dá um sorrido irônico.

Marina: Isso é ridículo. Completamente ridículo, não sei nem pra que eu comprei essa merda.

Ela se olha no espelho por alguns instantes.

Marina: Mas quer saber... Agora eu quero ver no que vai dar!

- Diz, indo até o banheiro.


Cena 08 - Construtora - Sala de Samuca - Tarde


Samuca aproveita uma pausa do seu trabalho para ligar para Teresa. Há dias sem saber de Vicente, ele não aguentava mais de saudade.

Samuca vai para um canto e liga, ansioso.

Teresa: Alô ?

Samuca: Oi, Dona Teresa.

Teresa: Oi, Samuca! Tá sumido. Como vai ?

Samuca: Vou bem, e a senhora ? Eu só liguei mesmo pra saber se tá tudo bem...

Teresa: Tá sim, e com você ? Nunca mais apareceu.

Samuca: Tô levando. Depois eu vou aí fazer uma visita pra senhora.

Teresa: Será bem vindo!

Samuca fica em silêncio por alguns instantes, até que cria coragem.

Samuca: Se o Vicente ligar, deixa um abraço pra ele... Eu sinto tanta falta. Espero que um dia ele acredite em mim. - Diz, tentando não se emocionar.

Teresa: O Vicente ? Mas ele já voltou!

Samuca: O que!!! Ele tá aí ??? - Pergunta, surpreso.

Teresa: Sim. Voltou hoje, tá lá no quarto dele.

Samuca: Ahh...

Teresa: Quer que eu peça pra ele te retornar ?

Samuca: Não, melhor não. Não quero inomodá-lo. Só deixa um abraço pra ele. E diga que eu o amo. Muito! - Pede, encerrando a ligação.

Teresa guarda o telefone, e se sente tocada pela tristeza dele.

Atrás dela, no canto da porta, Vicente escuta a tudo, escondido.







Cena 09 - Casa de Marina - Banheiro - Tarde - Ao som de instrumental Dimas Curando - Eduardo Queiroz


As lágrimas escorrem pelo rosto de Marina, que olha completamente espantada para aquele teste de gravidez.

Marina: Mas que merda é essa! Isso tá errado!

A câmera foca no resultado do teste, que diz ser positivo.

A jovem começa a chorar, agitada e com a respiração ofegante.

Marina: É impossível. Isso é ridículo! - Diz, se levantando.

Ela anda de um lado para o outro, confusa e sem saber o que pensar.

Marina então limpa suas lágrimas e respira fundo, tentando se acalmar. - Calma, Marina. Você sempre foi forte. Não é agora que vai se acovardar! Você não teve relações com o Luan, então não tem como estar grávida, certo ? Então esse teste obviamente está errado. O que uma pessoa normal faria nessa situação ? Procuraria um médico. E é isso mesmo que eu vou fazer! - Diz pra si mesma, tentando se manter calma.

Ela joga uma água fria em seu rosto.


Cena 10 - Mansão de Mohamed - Tarde - Sala de Estar - Ao som de instrumental Cruel - Eduarda Queiroz


Ayla pega sua bolsa e seu óculos escuro e se despede de Rosinha.

Ayla: Meu bem, volto logo. Tenho um dia longo no cabeleireiro.

Rosinha: A senhora nem precisa disso, viu. Já é linda de natureza!

Ayla: Ai, menina. Você e essa sua mania de me deixar sem jeito! Ah, se o meu amor chegar primeiro, diga a ele que me espere para o jantar, ok ?

Rosinha: Pode deixar.

Ayla: Hoje eu quero uma jantinha com um gosto mais caseiro, sabe ? Pode ser um bife bem sequinho mesmo. Bem passado, como você já sabe que eu gosto!

Rosinha: Pode deixar, patroa. Você vai até lamber o prato de tão bom que vai tá!

Ayla sorri e sai, indo até a garagem para sair com seu carro.

Rosinha a observa indo embora e fecha a porta, desfazendo seu sorriso.

Rosinha: Vai com Deus, sua galinha velha!

Ela anda até a sala, com um olhar de ódio.

Rosinha: Ai, eu quero um bife bem passado. E diz pro meu maridinho me esperar pro jantar, tá ? - Imita, com deboche.

Rosinha: Te esperar pra que, minha filha. Só se for pra broxar. Uma velha que nem você, só deve fazer papai e mamãe e olhe lá!

Efeito sonoro grave toca em cena.

A câmera se aproxima do rosto de Rosinha, que vê um sobretudo de Ayla caído sob o sofá.

Rosinha sorri instantaneamente.

Rosinha: Olha só... O que a velha deixou aqui pra trouxa guardar! - Diz, se aproximando e pegando aquela roupa em mãos, passando a mão pelo tecido.

Rosinha: Um desses deve ser caríssimo. Como será que ficaria em mim ? - Se pergunta, sorrindo.

Ela tira seu avental e veste aquele sobretudo, se olhando no grande espelho da sala como ficou e dando algumas voltinhas.

Rosinha: Até que aquela cretina tem bom gosto. Olha só como caiu bem em mim! - Diz, girando e sorrindo.

Rosinha: Rosa, cadê a minha janta! Avisou pro meu marido me esperar ? Eu sou a patroa aqui, esqueceu. Você me deve respeito! - Diz, imitando sua chefe enquanto se olha no espelho.

Ayla abre a porta e se espanta ao ver a cena.

Ayla: Mas o que significa isso ?

Rosinha dá um pulo e se assusta ao ver a patroa.

Ayla a olha dos pés a cabeça.

Ayla: Isso é meu sobretudo ?

Rosinha fica pálida, sem saber o que dizer.


Cena 11 - Casa de Marta - Sala - Tarde - Ao som de Movimento de Outono - Alexandre Guerra


Samuca sai mais cedo do serviço e vai até a casa de sua mãe. Sabendo que elas irão partir para outra cidade a qualquer momento, ele resolve ir se despedindo a sua maneira de Flora.

O engenheiro chega lá cheio de presentes, deixando todas espantadas.

Flora: Tio, você voltou!

Samuca: Eu sempre voltarei por você!

Flora: Esses presentes são meus ?

Marta: Quanta coisa, Samuca!

Samuca: Nada é demais pra essa princesinha. Vai, abre. Eu quero te ver sorrindo.

Flora abre uma das caixas, se deparando com uma linda boneca.

Flora: Eu não acredito! As minhas amigas não vão acreditar quando ver! Eu sempre quis uma dessa!

Samuca: Agora você precisa achar um nome pra ela. Ah, e tem roupas também, que eu sei que você tá precisando. Tá crescendo muito rápido.

Marta e Vitória observam de longe, o amor e afeto com que Samuca a trata.

Flora abre o pacote maior, vendo uma bicicleta toda enfeitada.

Flora: Mas eu não sei andar...

Samuca: Eu te ensino. Gostou ?

Flora: Eu adorei, tio. Você é o melhor tio do mundo!

Samuca: Cadê o meu beijo então ?

Flora corre e o abraça. Samuca faz cócegas na barriga dela.

Flora: Tio, ontem eu vi uma estrela cadente. A minha mãe disse que eu tinha que fazer um pedido!

Samuca: Foi mesmo ?

Flora: Foi. E ela falou que eu não poderia falar o que é, mas pra você eu acho que posso...

Samuca: E que pedido um pingo de gente que nem você poderia fazer ? - Pergunta, curioso.

Flora: Eu pedi pra estrela pra ela te deixar feliz de novo!

Samuca se emociona com a a gentileza daquele anjinho tão inocente, e tenta conter as lágrimas.

Samuca: Ahhhh, mas eu tô feliz, tenho a melhor sobrinha do mundo.

Flora: Tio, eu te amo.

Flora passa suas mãozinhas no rosto dele, o abraçando.

Samuca: Eu também te amo. Muito!


Cena 12 - Mansão de Mohamed - Sala de Estar - Tarde


Ayla: Você está usando a minha roupa ?

Rosinha: Eu... A senhora esqueceu aqui em cima e eu já ia guardar.

Ayla: Foi. Eu saí com pressa, mas esqueci minha carteira. Não posso ir para lugar nenhum sem meus cartões, ainda mais pro salão!

Rosinha: Me desculpe. É que eu achei tão elegante. Eu nunca tive um assim, nem sequer em meus sonhos! Eu juro que só queria ver como ficava em mim, só por um segundo. Eu nunca fiz isso e não vou fazer de novo!

Ayla: Calma, menina. Não precisa se explicar desse jeito. Eu só perguntei! Você gostou do sobretudo ?

Rosinha: Demais! - Responde, nervosa.

Ayla: Pois fique pra você.

Rosinha: Hã ?

Ayla: É, eu tenho muitos. Não saí com esse hoje porque justamente não serve mais em mim.

Rosinha: Mas... Isso é uma fortuna!

Ayla: É nada, vai pega. Eu estou te dando, deixa de ser boba. Ia pra doação mesmo!

Rosinha abre um sorriso.

Rosinha: Eu não sei nem o que falar...

Ayla: Não fale nada. - Diz, pegando sua carteira em cima da estante.

Ayla: Já busquei o que eu queria. Vou indo! - Diz, se retirando.

Rosinha coloca a mão na testa, respirando aliviada. Em seguida, ela começa a gargalhar, rindo de si mesma com o susto que levou.

Rosinha: Quase, hein... Tenho que tomar mais cuidado!


Cena 13 - Mansão de Antônio - Salão - Começo de Noite


Antônio: Que bom que vieram.

Antônio e Helena recepcionam Teresa, Vicente e Henrique. Na casa há mais alguns convidados, todos íntimos da família, mas pra Antônio só a presença de Vicente importa.

Teresa: Eu fiz questão de trazer esse bolo.

Helena: A senhora não muda, hein.

Heitor e Ellen conversam animadamente, até serem interrompidos por Antônio.

Antônio: Essa é Ellen, uma grande amiga da família.

Vicente: É um prazer.

Ellen o olha da cabeça aos pés, discretamente.

Ellen: O prazer é todo meu.

Helena: É impressão minha ou a Ellen e o Heitor estão amiguinhos demais?

Antônio: Eu faria muito gosto de um romance.

Henrique: Até que tem umas gatas aqui, hein. Acho que vai dar pra aproveitar a noite! - Diz, cochichando para Vicente.

Vicente: Você só pensa nisso!

Henrique: Tem coisa melhor ? O importante é se divertir.


Cena 14 - Apê de Vicente - Quarto - Noite


Samuca está sozinho no quarto. Na penumbra e iluminado apenas pela fraca luz de um abajur no canto, ele está nu. Sentado no chão, o rapaz leva uma camisa de Vicente até o seu rosto, sentindo o cheiro, enquanto chora baixinho. Ele se encolhe todo, ficando em silêncio, naquela escuridão.


Cena 15 - Casa de Marina - Sala - Noite


Sol se levanta e sai de seu quarto, andando sonolenta pelo corredor. Ela desce as escadas e escuta o barulho da TV ligada vindo da sala. Ao chegar no penúltimo degrau, a dona de casa têm uma visão parcial da sala, e vê João cochilando na poltrona enquanto um jogo de futebol passa na televisão.

Ela sorri.

Sol: Pegou no sono de novo e...

Sol para imediatamente com algo que vê, e fica paralisada dos pés a cabeça.

Próximo a João, uma sombra negra e alta, de aproximadamente 2 metros de altura a encara fixamente.

A sombra levanta seu braço, se contorcendo, e aponta para João, que dorme tranquilamente.

Sol dá um grito de horror com toda força que há em sua garganta, caindo no chão toda encolhida.

João dá um pulo da poltrona, assustado.

João: O que ? Sol ?

João se levanta, desorientado. Ele está sozinho na sala. Se havia realmente algo ali, não há mais. Ele corre em direção a sua esposa, no último degrau da escada, assustado.

João: O que foi, mulher ?

Sol: Eu vi, eu vi. Tava ali, do seu lado. Agora eu vi, ele te quer! Ele te quer! Ele existe, eu sabia que eu não tava ficando louca!

João se abaixa até ela, a abraçando.

João: Ele ? Ele quem ?

Sol: Eu não sei o que é aquilo. Mas não podemos mais ficar aqui, meu amor. Eu te imploro. Vamos embora dessa casa! Por favor!

João a aperta forte em seu abraço, preocupado com a saúde mental de sua esposa. Em seguida, olha em volta, intrigado. Mas está tudo calmo, vazio silencioso.

João: Shiiii. Vai ficar tudo bem. Eu tô aqui, nada vai nos fazer mal! - Consola, acalmando sua esposa.


Cena 16 - Mansão de Antônio - Varanda - Noite


Vicente está sozinho na varanda, olhando o céu, quando percebe a presença de Antônio.

Helena: Fico muito feliz que você esteja aqui conosco, meu filho.

Vicente: Obrigado, madrinha. A senhora e o tio Antônio são muito especiais pra mim.

Helena: Percebi desde que você chegou que está com o olhar meio triste...

Vicente: Impressão.

Helena: Sei. Brigou com a namorada ?

Vicente sorri. - É. Mais ou menos isso!

Helena: Olha, se você for atrás dela, prometo que não vou ficar chateada com sua ausência, só quero te ver feliz.

Vicente: A senhora é o máximo, Dona Helena!

No mesmo instante Helena se lembra do filho.


"Bruno: A senhora é o máximo, Dona Helena!"


Vicente beija a tia do coração, deixando-a toda feliz, pelo seu comportamento parecido com do seu filho Bruno.

Helena: Vou dar uma olhada na cozinha, pense no que lhe falei.

Vicente: Pode deixar.

Após Helena sair, Henrique entra na varanda.

Henrique: E aê, maninho. Ganhou o coração da velha mesmo, hein.

Vicente: Que isso, respeito. Deu pra ser enxerido agora ?

Henrique: Sabe. Nunca pensei em dizer isso, mas ela tem razão. Não agüento mais te ver triste, nesse estado. É realmente necessário ? Logo você, que já passou por tanta coisa, perdendo tempo desse jeito.

Vicente fica em silêncio e abaixa a cabeça.

Henrique levanta seu rosto. - Porque você não faz o que tem que ser feito? Está tudo em suas mãos, porque não vai ser feliz de uma vez por todas ?

Vicente dá um sorriso para o irmão, com os olhos brilhando.


Cena 17 - Apê de Vicente - Quarto - Noite - Ao som de Another Love - Tom Odell


Samuca está deitado no chão, ainda nu, segurando um porta retrato com a foto de Vicente. Encolhido e com frio, sem nada o cobrindo, ele cochila de leve. Hora ou outra sempre acorda, com um peso na garganta.

Está cochilando novamente quando sente um afago em seu cabelo, descendo até sua face. Na mesma hora dá um pulo e se senta, dando de cara com Vicente.

Samuca: Vicente ?

Vicente: Desculpa, não queria lhe assustar.

Samuca: Isso é um sonho ? - Pergunta, angustiado.

Um pouco sem jeito, Vicente se aproxima do seu amor, lhe dando um abraço bem forte, beijando sua face, próximo ao seu pescoço. Samuca também aperta o corpo dele, sentindo aqueles poucos segundos durar como se fossem horas.

Vicente: Não é um sonho. Eu estou aqui. E quero te dar um presente.

Samuca: Um presente ?

Vicente enfia a mão no bolso, tirando uma caixinha preta de veludo, o deixando surpreso.

Samuca abre a caixa, vendo um par de alianças dourada, não entendo o porquê daquele presente.

Samuca: Uma aliança... Nós já temos uma aliança.

Samuca olha para seu próprio dedo, e em seguida para a mão de Vicente, que ainda usa a sua.

Vicente: Sim, já temos uma aliança, mas é de namoro. Essa é diferente, ela é de noivado.

Samuca olha em seus olhos, cada vez mais surpreso.

Vicente dá uma pausa e respira fundo.

Vicente: Samuca, você quer casar comigo ?


Imagem de Samuca congela em um efeito arroxeado.


Continua.


Se encerra no refrão de Another Love - Tom Odell


Elenco de Apoio

Dr. Gustavo


2023 - DNA

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