A seguir
Seguindo em Frente - Capítulo 34
+16 ( Contém Violência, Sexo e Linguagem Imprópria )
Cena 01 - Apê de Vicente - Cozinha - Tarde - Ao som de instrumental Dimas Operando - Eduardo Queiroz
Samuca sai do elevador com algumas compras na mão e abre a porta com dificuldade, indo direto para a cozinha para aliviar seus braços.
Samuca: Que peso! - Reclama, guardando os mantimentos no armário.
De repente, ele escuta a porta batendo com força.
Samuca: É você amor ? Eu tô aqui na cozinha, Vicente. - Diz, distraído e de costas. Ao se virar, leva o maior susto. Antônio o encara com tanto ódio, que é capaz de matá-lo ali mesmo, só com seu olhar.
Samuca: Você aqui!!! - Exclama, surpreso e com uma sensação ruim ao ver aquele homem em sua frente.
Antônio: Acho que essa pergunta deveria ser minha.
Samuca: Olha só...
Antônio: Cale boca, eu não permito que você fale comigo, não dirija a palavra a mim. Como você ousa entrar na casa do meu afilhado ? Suma daqui, suma de nossas vidas de uma vez por todas!
Samuca: Você não está entendendo, eu moro aqui.
Antônio sorri, fora de si e sem querer ver o que já está mais do que na cara.
Antônio: Eu não sei o que você está fazendo aqui e prefiro nem saber. Apenas suma de nossas vidas de uma vez por todas, nos deixe em paz. ME deixe em paz!
Samuca: Te deixar em paz ? Hahaha. Você não manda em mim.
Antônio: Não me provoque rapaz.
Samuca: Eu não tenho medo de você, aliás nunca tive.
Antônio: Você é um horror, eu odeio você. Você destruiu a vida do meu filho. Você destruiu a vida do Bruno e não vou deixar que faça o mesmo com o Vicente!
Samuca: Cale essa boca, seu velho pilantra! Quem destruiu a vida do seu filho foi VOCÊ. VOCÊ que o matou.
Antônio: Como você ousa falar isso ? Você é muito cara de pau, eu nunca vou lhe perdoar.
Samuca: Me perdoar ? Eu não preciso do seu perdão pra nada, nem mesmo você consegue se perdoar pelo que fez.
Antônio começa a ficar com falta de ar.
Samuca: O Bruno foi o rapaz mais doce, mais maravilhoso e educado que eu conheci. Eu o amava muito e doía em mim, toda vez que eu via em seus olhos a tristeza de cada humilhação que ele sofria diariamente em sua casa. Um pai que é capaz de bater no rosto do próprio filho, só porque ele é diferente.... Como você tem coragem de encher essa sua boca imunda pra dizer que amava seu filho se você foi a pessoa que mais fez ele sofrer nos últimos momentos de sua vida!
Antônio: Cale a boca... - Pede, enquanto abre os botões de sua camisa, suando frio.
Samuca: Você, o empresário simpático, bem sucedido, tem idéia de quantas vezes eu vi o seu filho chorando escondido por conta das brigas que você provocava ?
Antônio vai andando para trás enquanto Samuca vai pra cima dele, o peitando, até sentar em uma cadeira enquanto Samuca se aproxima ainda mais, não dando trégua a ele.
Antônio: Pare com isso!
Samuca: Eu nem comecei, seu verme! Eu amei o Bruno com todas as minhas forças. Em contrapartida de todo sofrimento que você causou a ele, eu o fiz muito feliz. Foram meus os últimos sorrisos dele, foram meus os planos que ele fez para o futuro.
Antônio: Pare com isso!!! - Implora, se sentindo sufocado.
Samuca: O que foi ? Vai morrer agora, velho babão ? Pode morrer. Ninguém vai sentir a sua falta. Ninguém gosta de você, é apenas respeitado por todo o dinheiro que tem. Se não fosse isso ia ser um pobre coitado... Aliás, você já é um pobre coitado. Um pai que mata o próprio filho só pode ser isso mesmo! Sua consciência esta pesando agora ?
Ao som de instrumental Otto Dimas - Eduardo Queiroz
Samuca abaixa o rosto, ficando cara a cara com Antônio, mirando diretamente em seus olhos.
Samuca: O Bruno me amou e você o matou com seu preconceito, sua prepotência, sua maldade! Tudo que você sofre ainda é pouco por tudo que fez.
Antônio parece despertar de tudo aquilo e com toda sua força, se levanta da cadeira, empurrando Samuca para trás e segurando em seu colarinho, até pressioná-lo na parede.
Antônio: Eu só defendi meu filho, eu só queria o bem dele.
Samuca: Me larga, tira a mão de mim que eu não sei o que eu sou capaz de fazer com você!
Antônio: O que você quer com o Vicente ? É dinheiro que você quer não é ? Me diga quanto, um milhão está bom pra você ? Eu faço um cheque agora. É bem mais do que aquela mixaria que você me roubou!
Samuca: Me solta, antes que eu acabe com você aqui mesmo, seu doente!
Antônio: Eu vou me livrar de você.
Samuca: ME SOLTA!!! - Grita, empurrando Antônio que quase cai no chão.
Antônio: O que você quer do Vicente ? Por que você está aqui ?
Vicente: Ele mora aqui, tio.
Antônio se vira no mesmo instante, olhando para o afilhado que está na porta.
Vicente: Eu e o Samuca estamos juntos. O Samuca é meu namorado.
Antônio quase tem um infarto com o que ouve, se lembrando do dia que Bruno se assumiu para ele e Helena.
Antônio: O que ? - Murmura, quase sem voz.
Vicente: Por favor, tio Antônio. Se acalme!
Antônio: Você tá querendo me dizer que você e esse aí...
Samuca abraça Vicente, com um leve sorriso de deboche para Antônio.
Antônio: Não, não, isso não está acontecendo, de novo não.
Vicente segura a mão de Samuca.
Antônio: Não sei que feitiço é esse que você usa, mas dessa vez você não vai conseguir.
Samuca: Eu não tenho medo de você. Você não pode nada contra nós.
Vicente: Por favor Samuca, não vamos brigar. Tio olhe pra mim.
Antônio: Você não é assim, Vicente. Não sei o que esse marginal fez pra você, mas você não é assim.
Antônio: Assim como, gay ?
Antônio: Você está confuso, deve ser....
Vicente: Tio, já sou um homem adulto. Não existe confusão alguma. Eu sempre fui assim e o Samuca é a pessoa que me faz feliz.
Antônio mostra um olhar de profunda tristeza, como se aquilo fosse o fim do mundo, como se tivesse perdido novamente seu filho.
Antônio: Você sabe quem é essa pessoa que está ao seu lado ?
Vicente: Eu sei, tio. Ele e o Bruno... Eu sei de toda essa história.
Antônio: Você sabe o quando eu e sua tia sofremos por isso ?
Samuca: Não tente inverter as coisas.
Vicente: Samuca, deixe que eu falo.
Antônio: Você não percebe que ele é um psicopata sádico, que consegue manipular qualquer um à sua volta ? Ele mesmo acredita nas próprias mentiras. E só tá te usando, pra chegar até mim. Não sei qual é o plano dessa vez, mas você está caindo.
Ao som de Amores Distantes - Rodolpho Rebuzzi & André Sperling
Vicente: Não tio, não tem plano algum, eu vou lhe contar tudo.
Antônio: Não quero saber... Você... Espera, espera. Mas é claro, está tudo claro. Você não vê, Vicente. Ele só está ao seu lado por causa do coração do Bruno!
Samuca fica nervoso.
Samuca: Vicente, você não vai acreditar nesse velho não é ?
Vicente: Pare vocês dois, por favor.
Antônio: Ele quer duas coisas, esse coração e o meu dinheiro. Eu exijo que você expulse esse marginal daqui agora mesmo! Não vou deixar ele acabar com sua vida como fez com a do meu filho. Por tudo que fizemos a você, mande esse rapaz embora agora.
Vicente: Tudo que fizeram ?
Antônio: Você carrega no peito o coração do meu filho.
Vicente: Eu sou muito grato por isso, mas o que tem a ver ? O senhor esta me cobrando por isso ?
Antônio: Não, não, você está entendendo tudo errado.
Vicente: Eu entendi muito bem, está me jogando na cara esse coração.
Samuca sorri discretamente ao ver a discórdia entre os dois.
Antônio: Faça uma escolha, Vicente.
Vicente não consegue mais nem raciocinar direito. Em silêncio, ele aperta a mão de Samuca.
Antônio: Pelo visto você já fez sua escolha, não tenho mais nada pra fazer aqui.
Vicente fica pensativo. Antônio sai, batendo a porta.
Samuca: Não fique assim meu querido.
Vicente: Será que ele doaria esse coração, se soubesse que um dia nós dois ficaríamos juntos ?
Samuca: Acho que você sabe a resposta. Mas não pensa nisso.
Vicente: Ele te machucou ?
Samuca: Sim, mas com palavras.
Vicente esquece todos seus problemas e medos e como um protetor, abraça Samuca, lhe dando todo carinho e segurança.
Vicente: Não vou deixar ninguém fazer mal á você meu amor.
Samuca: Você não acreditou no que ele disse né ? Que só estou contigo por causa...
Vicente o interrompe, deixando claro que isso é um problema já superado.
Os dois se abraçam forte, consolando um ao outro.
Cena 02 - Apê de Vicente - Quarto - Tarde
Vicente passa o dia inteiro calado e abatido, deitado na cama.
Samuca vai até ele e se senta ao seu lado.
Samuca: Você precisa reagir. Ele vai ter que nos aceitar.
Vicente: Não é só isso. Eu não estou bem, Samuca!
Samuca o abraça.
Samuca: Me conta. O que houve ?
Vicente: Eu errei, quase matei uma pessoa e vou ser processado. E corro o risco de não poder mais exercer a medicina. Sabe o que isso significa pra mim? Só de imaginar me dá um desespero.
Samuca: Você ? Eu não acredito. E isso não vai acontecer, vamos provar que você fez tudo certo. Essa história tá muito mal explicada! Não se culpe meu amor, tenho certeza que tudo tem uma explicação e que você não cometeu erro algum e mesmo que tivesse, todos estão sujeitos a errar um dia.
Vicente: Na minha profissão não posso errar. Eu autorizei um medicamento para uma paciente que a colocou em coma.
Um efeito sonoro grave toca em cena assim que ele acaba de falar.
Samuca: Mas ela não morreu...
Vicente: Mas responderei por isso, mas o pior é minha consciência, eu me culpo por isso!
Samuca fica aflito ao ver o nervosismo dele.
Samuca: Se te conforta, saiba que você sempre poderá contar comigo. Não gosto de te ver sofrer, fico agoniado. Se eu pudesse tomaria isso pra mim, só pra te ver bem.
Vicente: Me dá um abraço.
Samuca o abraça, apertando seu corpo e dando beijos em seu rosto.
Cena 03 - Mansão de Antônio - Sala de Jantar - Tarde
Antônio, Helena, Ellen e Heitor almoçam juntos. Antônio não consegue se concentrar, ainda refletindo sobre a briga com Vicente.
Ellen: O Heitor praticamente me intimou a vir almoçar com vocês.
Helena: E fez muito bem.
Heitor: Estou ajudando a Ellen a escolher um apartamento, tia!
Helena: Que maravilha, se precisarem de opiniões, conte comigo.
Ellen sorri, agradecida.
Ellen: Acho que ao banheiro. Meu batom tá meio borrado!
Heitor: Que besteira, está ótimo!
Helena: Coisas de mulher, você não entende, hahaha.
Ellen se levanta e sai. Ela sobe a escada e entra em um corredor longo cheio de quartos.
A moça olha para trás, se certificando de que não há ninguém vindo, e entra em um deles.
Ellen: Sabia que era aqui!
Ela olha ao redor e começa a vasculhad as gavetas, armários e caixas.
Ellen: Tem que estar aqui em algum lugar, mas onde ?
Ela olha para um armário pequeno próximo ao guarda roupa e se dirige até ele para dar uma olhada, mas é surpreendida por Antônio, ficando tensa com o flagra.
Ellen: Seu Antônio!
Antônio: Posso te ajudar ?
Ellen: Eu tava passando e vi a porta aberta, só entrei para matar a saudade, e...
Antônio sorri: - Você não precisa explicar nada, tá em casa. Também gosto de ficar aqui, olhando as coisas dele, me sinto mais próximo do meu filho.
Ellen: Sinto tanta saudade do Bruno, éramos muito amigos.
Antônio: Quando vocês eram crianças, eu dizia que vocês iriam se casar.
Ellen: Eu sei, mas cada um tomou um rumo diferente, era apenas coisa de criança.
Antônio: Aí apareceu aquele sujeitinho, e acabou com nossas vidas.
Ellen: O Senhor nunca pensou em perdoá-lo, conversar com ele ?
Antônio: O que ? Você ficou louca ? Perdoar ? Isso nunca irá acontecer, nunca.
Ellen fica nervosa.
Cena 04 - Casa de Teresa - Sala - Tarde
Com muito custo, Samuca consegue convencer Vicente a ir almoçar na casa de sua mãe. Os dois buscam Flora, mas ao chegar lá têm uma péssima surpresa: Mirella está toda solta pela casa abraçada com Henrique.
Teresa: Entrem, entrem! Hoje o almoço é especial!
Vicente entra com Flora e Samuca, que não faz uma boa cara.
Henrique: Eu e a Mirella estamos namorando.
Vicente: Que legal. Não sabia dessa novidade.
Mirella: Bom, eu e o Henrique resolvemos nos dar uma chance.
Teresa: Se vocês estão felizes, eu também estou.
Mirella: E essa menina linda, quem é ?
Samuca: Minha sobrinha.
Vicente: Nossa sobrinha! - Corrige.
Mirella: Você é muito linda, posso te pegar no colo ?
Flora: Não.
Mirella fica sem graça e Samuca tenta conter o riso.
Samuca: Bom, vou deixar vocês aqui por enquanto e fazer uma coisa que eu havia prometido pra essa princesa!
Henrique fica curioso.
Samuca se dirige até o quintal, levando a bicicleta de Flora.
Samuca: Vou te ensinar a andar de bicicleta!
Henrique e Vicente os segue e ficam parados na porta, observando.
Flora se mostra receosa.
Flora: E se eu cair ?
Samuca: Não vai, tem as rodinhas! Você não confia em mim ?
Flora: Sim, tio...
Henrique se aproxima.
Henrique: Você já começou errado, tem que soltar mais as rodinhas!
Samuca: Eu sei como faz, o vendedor me explicou.
Henrique: Mas assim ela não vai aprender nunca.
Flora: Ensina eu, tio Rique!
Henrique: Eu ensino você, pois se depender do seu tio, você ainda estaria engatinhando.
Samuca: Dá licença ? Eu comprei pra ela, eu que vou ensiná-la.
Flora se levanta e se senta no batente da porta, ao lado de Vicente, vendo aqueles dois marmanjos brigarem.
Flora: O Tio Samuca e o Tio Rique parecem criança né ?
Vicente: Esse dois não tem jeito, depois dou uns cascudos neles!
Mirella: Se você quiser eu mesmo te ensino, fofinha!
Flora: Você não!
Mirella tenta controlar sua raiva.
Teresa: Vicente, chame os meninos. O almoço está pronto!
Enquanto Vicente sai, Mirella fica sozinha com Flora.
Mirella: Você é muito mau educadinha, sabia? Se continuar mal criada assim, o monstro vai te pegar a noite, viu sua chatinha.
Flora: Monstro é você, sua bruxa feia.
Mirella pega no braço dela.
Mirella: Escuta aqui garota....
Vicente volta bem na hora.
Vicente: Agora vocês dois parem de discutir por besteira, tudo é motivo pra discussão!
Flora corre para junto de Samuca, deixando Mirella nervosa.
Flora: Tio, vamos embora ?
Henrique: É cedo ainda.
Samuca: Calma, vamos comer, depois a gente vai.
Flora dá a língua para Mirella, que força um sorriso, se corroendo de ódio por dentro. Após o almoço, Mirella resolve ir embora, pois vê que está sobrando naquela casa. Até mesmo Henrique que sempre correu atrás dela, está mais preocupado em entreter Flora, do que agradar a namorada. Após o almoço, Samuca se despede de todos e se dirige até o carro com Vicente e Flora.
Samuca: A Vitória tá que tá mandando mensagem. Ela pediu pra levar a Flora lá no trabalho dela mesmo, que ela já está de saída.
Vicente: Ué, tem certeza ? Mas e o tio Antônio ?
Samuca: Também achei estranho, mas ela disse que ele já foi embora! Só não entendo essa desconfiança dela do dia pra noite com a Flora.
Vicente: Sua irmã é cheia de coisa! - Comenta, enquanto dirige.
Cena 05 - Loja de Antônio - Tarde
Vicente chega com Samuca e Flora e vai direto para a sala de Heitor, deixando os dois a sós com Vitória.
Vitória: Oi, minha princesa. Tava com saudade!
Flora: Oi, mãe.
Vitória: Samuca, você deveria ter me avisado que iria sair com ela.
Samuca: Ué, qual o problema ? Nós sempre saímos e nunca teve isso.
Vitória: Depois conversamos sobre isso, vou embora.
Flora: Mãe, o Tio Samuca e o Tio Rique ficaram brigando pra ver quem me ensinava a andar de bicicleta. Eles pareciam duas crianças!
Vitória: O Tio Rique ? Que legal...
Vitória fica nervosa, mas consegue esconder sua irritação, pois não quer que ninguém desconfie de nada.
Vitória: Dá um beijo no seu tio, nós já vamos!
Os três se despedem e Samuca fica na recepção esperando Vicente, até que a secretária de Antônio começa a puxar assunto.
Secretária: Então você é irmão da Vitória ?
Samuca: Sou sim.
Secretaria: Prazer em conhecer você, mande um abraço pra sua mãe.
Samuca: Você conhece minha mãe ?
Secretária: Sim, conheço daqui mesmo.
Samuca: Como assim ?
Secretária: Nos conhecemos quando ela veio aqui, pedir emprego para sua irmã.
Samuca: Como e que é?
Secretaria: Ah, o Seu Antônio tem aquele jeito meio durão, mas nunca deixou de ajudar um amigo. Ele sempre arranja uma colocação ou indicação para o filho de algum amigo dele.
Samuca: A minha mãe esteve aqui pedindo emprego pra Vitória ?
Secretária: Sim, ela é amiga do Seu Antônio, e ele fez muito bem, porque a Vitória é uma excelente profissional.
Samuca: A minha mãe é amiga...
Samuca não consegue nem completar a frase, de tão perplexo que fica. Na mesma hora Vicente chega, acompanhado de Heitor.
Heitor: Samuca, o Vicente me contou tudo.
Samuca: Ah, foi ? - Responde, sem dar atenção, o tempo todo martelando o que a secretária havia lhe contado.
Samuca: Acho melhor nós irmos, não estou me sentindo muito bem. Até mais! - Fala, se despedindo de Heitor e da secretária.
Vicente: A gente se vê. - Despede-se, saindo acompanhado com Samuca.
Heitor os observa indo embora.
Heitor: Que história, hein!
Cena 06 - Apê de Vicente - Quarto - Noite - Ao som de instrumental Otto Dimas - Eduardo Queiroz
Samuca está sentado na beira da cama, refletindo.
Vicente chega beijando seu pescoço.
Samuca se afasta.
Vicente: Aconteceu alguma coisa ? Você esta calado desde que saímos da loja.
Samuca se lembra das palavras de Ellen.
FLASH BACK
"Ellen: Você realmente confia em todas as pessoas que estão a sua volta ?"
FIM DO FLASH BACK
Samuca: Aconteceu sim. Eu não te contei porque não dei crédito a isso, mas agora eu vejo umas coisas e parece que faz sentido.
Vicente: Do que está falando meu amor ?
Samuca: Eu estou me sentindo vigiado e observando o tempo inteiro e não faço a mínima ideia de quem pode ser!
Vicente: Como assim ?
Samuca conta para Vicente toda a conversa que teve com Ellen, não deixando de citar uma vírgula se quer.
Vicente: Está querendo me dizer que alguém traiu sua amizade e essa pessoa ainda está em seu meio ?
Samuca: Não sei se foi a minha amizade ou a do Bruno.
Samuca se levanta rapidamente, como se tivesse procurando algo.
Vicente o acompanha com o olhar.
Vicente: O que está procurando ?
Samuca: Cade aquela foto que você recebeu ? - Pergunta, abrindo as gavetas e logo encontrando a tal foto dele com Bruno se beijando. A foto que mandaram para Vicente.
Samuca: Isso aqui... Quem te mandou essa carta com essa foto ?
Vicente: Não sei, veio sem remetente.
Samuca: Essa foto eu tirei com o Bruno na praia e só eu e ele tínhamos essa cópia.
Vicente: Onde você está querendo chegar ?
Samuca: A minha estava na minha pasta.
Vicente: E quem tinha acesso a essa pasta era só eu. Porque eu mandaria uma carta anônima pra mim mesmo?
Samuca: Quando me mudei pra cá sim, mas quando eu estava na casa da minha mãe, todos tinham acesso. A Vitória e minha mãe sabiam onde ela ficava e o que tinha dentro.
Vicente: Mas e se não veio da sua pasta, mas sim das coisas do Bruno ?
Samuca: Porque o Antônio guardaria uma foto minha com o filho dele ?
Vicente: Ao menos que outra pessoa tenha feito isso.
Samuca olha em volta, sentindo um arrepio na espinha.
Samuca: Eu estou com medo. Não me sinto seguro! Quem será essa pessoa e o que mais ela pode ser capaz de fazer ?
Vicente abraça seu amor, tentando fazê-lo se sentir protegido, embora também tenha ficado um pouco assustado.
Cena 07 - Casa de Teresa - Sala - Noite - Ao som de instrumental Dimas Operando - Eduardo Queiroz
Teresa: Seu Antônio, entre! Que surpresa, estava pensando em procurá-lo mesmo.
Antônio: A senhora já deve saber o porquê estou aqui não é mesmo ?
Teresa: Sei sim, e acho que devemos ter uma conversa séria.
Os dois se olham nos olhos.
Antônio: A senhora precisa me ajudar a afastar aquele delinqüente do Vicente, ele vai acabar com a vida dele como acabou com a do meu filho.
Teresa: O senhor está enganado, o Samuca é um bom rapaz.
Antônio: A senhora não sabe o que está dizendo, não sabe da missa a metade.
Teresa: O Samuca é um rapaz honesto, trabalhador, um...
Antônio: Um viciado em drogas, um traficante, que me roubou e destruiu a vida do meu filho.
Teresa: O que ?
Antônio: Isso mesmo que a senhora acabou de ouvir. Esse rapaz é uma marginal da pior espécie e vai acabar com a vida do seu filho, como fez com o meu.
Teresa o encara, com uma expressão de choque, sem saber o que pensar.
Teresa: Não, não, Seu Antônio. O senhor está totalmente enganado, o Samuca é um rapaz íntegro, ele jamais seria capaz de cometer esses atos.
Antônio: Meu Deus, a senhora também está enfeitiçada, ele só pode estar armando um plano, algo contra mim, é a única explicação.
Teresa: Seu Antônio, não estou enfeitiçada, pelo contrário, estou muito lúcida e pode ter certeza que eu jamais aprovaria esse rapaz se eu notasse qualquer coisa que o desabonasse.
Antônio: O meu filho morreu, será que isso não basta pra senhora ?
Teresa: Eu entendo sua dor, mas é outra situação, temos que deixar o passado pra traz e impedir que o rancor corroa nossas almas. Também não foi a coisa mais tranquila pra mim, aceitar um filho homossexual, mas eu quase perdi o Vicente com aquela doença e pra mim o que importa é a felicidade dele.
Antônio: A senhora está dizendo que eu não me importava com a felicidade do meu filho?
Teresa: Não, o senhor que está dizendo isso, o que quero dizer é que o seu ódio impede de ver o Samuca com outros olhos. Ele trabalha, está sempre estudando, é dedicado, cuida muito bem do Vicente... E cuida de uma sobrinha linda que ele tem, só vejo qualidades. Essas calúnias que o senhor está dizendo....
Antônio: A senhora que não está entendendo, não estou cego de ódio, estou sendo sincero, tudo que falei sobre ele é a pura verdade.
Teresa: Eu entendo que o senhor tenha um pouco de preconceito, que não aceitava a condição do seu filho, mas daí...
Antônio: Dona Teresa, a condição do meu filho era o que menos importava.
Teresa: O Senhor está dizendo que...
Antônio: Eu amaria meu filho de qualquer maneira, mesmo ele sendo gay. Lógico que num primeiro momento eu o rejeitei, briguei, fui contra mas depois eu vi que a única coisa que eu poderia fazer era apoiar meu filho.
Teresa: Eu nunca pensei que o senhor fosse capaz de uma atitude assim.
Antônio: A senhora acha mesmo que eu sou um monstro que acabou com a vida do próprio filho ?
Teresa: Claro que não, só nunca imaginei que o senhor tivesse um gesto tão nobre dessa forma.
Antônio: Eu amava meu garoto. Por ele eu era capaz de passar por cima de qualquer preconceito, eu fazia tudo pra vê-lo feliz.
Teresa se sente perplexa com aquelas revelações. Antônio, que se tornou um homem ainda mais duro após a morte do filho, estava ali, abrindo seu coração. Falando todas aquelas palavras com a voz embargada, como se segurasse para não chorar.
Antônio: Eu nunca perdoaria se acontecesse algo ruim com o Vicente, não vou ficar de braços cruzados vendo a história se repetir.
Teresa: Mas o que o Senhor disse do Samuca não faz o menor sentido.
Antônio: Você nunca reparou no olhar dúbio que ele carrega ? Ele estava satisfeito em ver a minha discussão com o Vicente. Ele é um psicopata que veio a esse mundo só pra fazer o mal, não é possível, Meu Deus! Não é possível que eu sou o único ser na face da terra que enxerga isso. Eu tenho meus defeitos sim, mas eu não sou mentiroso! Esse cara tem que pegar pelo que faz!
Teresa fica ainda mais chocada com o que ouve.
Antônio: Poucas pessoas sabem disso, minha família não quis que essa história se tornasse pública. Muito menos eu. Mas meu filho se envolveu com drogas por influência dele, drogas pesadas.
Teresa: Seu Antônio, alguém deve ter inventado algo.
Antônio: Ninguém inventou nada, eu encontrei, eu vi. Não bastando isso, eles me roubavam. Pra que me roubar? Tudo ia ser dele um dia. Esse marginal conseguiu destruir o caráter do meu filho.
Teresa em um primeiro momento fica um pouco balançada com tudo o que escuta, mas logo tenta acreditar no que parece lógico.
Teresa: Eu conheci o Samuca há 10 anos atrás, no pior momento da vida dele, onde ele nem tinha mais vontade de viver de tanta dor pelo acidente do seu filho! Então por isso essa história de drogas pra mim não faz sentido.
Antônio: Eu não esperava que você acreditasse mesmo. Ninguém acredita, mas um dia a verdade vai aparecer. Eu vou embora, e diga ao Vicente que eu e a Helena queremos muito bem a ele.
Teresa: Ele sabe disso, mas porque o senhor mesmo não o procura ?
Antônio: Ele deve estar com raiva de mim.
Teresa: Eu creio que não, mas obrigada por se preocupar com meu filho.
Antônio: Pense no que eu disse pra senhora.
Teresa: Digo o mesmo para o senhor!
Cena 08 - Apê de Vicente - Quarto - Noite - Ao som de Tom's Thriller - Iuri Cunha
Vicente: Você confia em todos os seus amigos mesmo ? Digo, confiar 100% ?
Samuca: Você está se referindo a quem ? Ao...
Vicente: Isso mesmo. Marina e Luan.
Samuca: Não, não, Vicente. A Marina e o Luan nunca fariam nada de mal pra mim. Pelo contrário, eles ajudaram a me levantar no momento mais difícil da minha vida. Seria injusto eu sequer desconfiar deles!
Vicente: E eu acredito nisso, até porque não vejo o que eles ou um deles ganharia com isso.
Samuca fica agitado, pensando em dezenas de possibilidades.
Vicente: Ei, pare de pensar nisso, eu não queria te deixar preocupado.
Samuca: Vicente, se essa história for verdade, então tem alguém ao meu lado me traindo, me querendo mal. Mas por quê ? Não fiz nada a ninguém.
Vicente: Ei, eu estou aqui, ninguém vai fazer nada contigo, meu amor.
Vicente o abraça novamente.
Samuca retribuindo seu abraço, sentindo-se protegido por tê-lo como namorado.
Samuca se afasta.
Samuca: Pera aí... Agora que me lembrei, quando o Antônio esteve aqui ele chegou a me oferecer dinheiro.
FLASH BACK
"Antônio: O que você quer com o Vicente ? É dinheiro que você quer não é ? Me diga quanto, um milhão está bom pra você ? Eu faço um cheque agora. É bem mais do que aquela mixaria que você me reparou!"
FIM DO FLASH BACK
Samuca: Ele me acusou de tê-lo roubado.
Antônio: Ele estava nervoso, disse qualquer coisa pra te atingir.
Samuca: Mas é tudo tão estranho, minha irmã trabalhando com ele, e hoje descubro que minha mãe já o conhecia, ela que pediu emprego para a Vitória lá.
Vicente: Ei, não fica assim. A gente vai resolver isso. Eu prometo! A verdade vai aparecer.
Samuca: Só espero que até esse dia chegar a gente continue em segurança!
Cena 09 - Apê de Henrique - Noite - Ao som de Love is a Bitch - Two Feet
Henrique está chegando em casa, mas antes de entrar é abordado por Mirella.
Henrique: E aí, gata. Você sempre aparecendo assim, de surpresa!
Mirella: Não gostou da surpresa ?
Henrique: Claro que gostei.
Os dois entram. Mirella fecha a porta.
Henrique: Espera eu tomar um banho e daí damos uma volta.
Mirella: Que banho o que. Dessa vez eu quero algo diferente, quero você, aqui na sua casa, na sua cama, vestindo uma de suas fardas. Sentindo o seu cheiro de macho suado!
Henrique se surpreende.
Henrique: Mas...
Mirella abre seu sobretudo, revelando estar completamente nua. Ela passa a mão por seus seios, apertando os bicos, fazendo uma cara provocante. Em seguida ela se livra do sobretudo e se senta no sofá, abrindo bem as pernas.
Mirella: Qualquer um no seu lugar morreria pra ter essa visão ginecológica do meu corpo! E aí, vai vir ou não ? Acho que tô precisando de um corretivo, delegado!
Henrique não aguenta o tesão e vai pra cima dela.
Mirella desamarra o cassetete da cintura dele e coloca na boca, fazendo um gesto provocante.
Henrique: Eu vou te dar um de verdade, sua puta!
Henrique abre seu zíper. Mirella morde seus lábios, sorrindo.
Cena 10 - Ao som de Uma Porta por Vez - Zé Antônio
Paisagens - Amanhece
Cena 11 - Loja de Antônio - Manhã
Heitor: Vitória, sua transferência para o Rio já está certa. Só vou ficar aguardando um ok seu.
Vitória: Estou tão nervosa, vai ser uma mudança radical! ESpero que a Flora se adapte logo, ela vai sentir falta do Samuca.
Heitor: Você já pensou na possibilidade dele ir com vocês ?
Vitória: Até pensei, mas ele nunca iria deixar o Vicente.
Antônio chega com a cara fechada e sem falar com ninguém.
Vitória: Hi... É hoje!
Heitor: Vou lá tentar amansar a fera!
Em seu escritório, Antônio fica com a pulga atrás da orelha, sem conseguir parar de pensar nas palavras de Teresa.
Antônio: Será que o cego dessa história toda sou eu... Será possível que estive enganado esse tempo todo ? Não, não, você não vai cair nessa!
Heitor: Posso entrar tio ? Estou preocupado com o senhor.
Antônio: Tá tudo bem meu querido. Você tem visto o Vicente ?
Heitor: Ele teve aqui outro dia quando o senhor não estava.
Antônio: Aquele delinqüente voltou. Vou precisar de sua ajuda meu filho.
Heitor: Mas o que posso fazer, tio ?
Antônio: O Vicente é seu amigo, ele vai te ouvir, você precisa me ajudar a convencê-lo a se afastar do Samuca!
Heitor: Não sei se vai adiantar, mas tio... Porque o senhor não tenta fazer as pazes com o Samuca ?
Antônio: Você acha mesmo ?
Heitor: E porque não ?
Antônio fica ainda mais confuso e pensativo com o conselho de seu sobrinho.
Cena 12 - Casa de Marta - Sala - Tarde
Samuca chega na casa de sua mãe para visitar Flora, que corre para abraçá-lo.
Flora: Oi tio, estava com saudade.
Samuca: Eu também. Que malas são essas ? - Pergunta, vendo várias malas espalhadas pela sala.
Vitória: Eu e a mãe vamos para o Rio amanhã, vou ver alguns apartamentos e quem sabe fechar o contrato de locação.
Samuca sente uma pontada no peito, o que ele mais temia está perto de acontecer, estava chegando o dia de ficar longe de um dos seus dois amores de sua vida.
Flora: Tio, a mãr disse que lá tem praia, vamos poder ir todo dia. Você também vai morar lá com a gente né tio?
Samuca: Ôh, meu amor... Você tem certeza, Vitória, que está tomando a decisão certa ?
Vitória: Tenho que pensar positivo, Samuca. o Seu Antônio confia muito no meu trabalho.
Samuca: Ah é, esqueci que vocês são grandes parceiros.
Vitória: Samuca, por favor, não comece.
Samuca: Falando nisso, preciso resolver outra coisa.
Samuca sobe para o quarto da mãe, disposto a esclarecer aquela história de vez.
Samuca: Posso saber o que você tem com o Antônio ? - Pergunta, já entrando.
Marta: O que ?
Samuca: E não tente me enganar. Eu já sei de tudo, foi você quem colocou a Vitória pra trabalhar com ele. Porque ele te deve tanto favor assim ? O que você fez pra merecer toda essa gratidão ?
Marta: Esse assunto não diz respeito a você.
Samuca se aproxima, irritado.
Samuca: DIZ RESPEITO A MIM SIM! E eu não vou sair daqui até você contar. Eu já tô cansado de você, dessa sua cara de perfeita sempre no alto do pedestal julgando todo mundo!
Marta: Ei, se esqueceu com quem tá falando ? Me respeite!
Samuca: Você não merece respeito nenhum. E eu não sou mais aquele besta de antes. Agora eu vou atrás da verdade! E você terá problemas se não me falar. Seja sincera pelo menos uma vez em sua vida!
Marta: Mas é muita audácia...
Samuca: Porque você me odeia tanto, mãe? Nunca aceitou o Bruno mas o pai dele pelo visto é um grande amigo seu.
Marta: Pare com isso, Samuca, me deixe em paz.
Samuca: Ah, agora você está acuada ? Pois saiba que eu não vou lhe dar paz enquanto não entender o que está acontecendo. Que tipo de relação você tem com o Antônio ? Vocês são amantes?
Vitória entra no quarto.
Vitória: O que ?
Marta: Me respeite!
Vitória: O que está acontecendo ?
Marta: Eu conheci o Antônio na época que você se envolveu com o filho dele. Fui procurá-lo, pedir pra ele mandar o filho dele te deixar em paz. Ele me pediu o mesmo e se comprometeu a me ajudar a afastar vocês dois.
Samuca: Como você pode fazer isso ?
Marta: Quando você tiver um filho, Samuca, você irá entender. Uma mãe sempre quer o melhor para o filho.
Samuca: Agindo assim que você acha que está fazendo o melhor pra mim ? Você nunca gostou de mim. E onde a Vitória entra nisso?
Marta: Depois que o filho dele morreu, nunca mais nos falamos, mas sua irmã ficou desempregada e cada dia mais aflita, então pensei em pedir uma ajuda a ele, afinal ele era a pessoa mais influente que eu conhecia.
Samuca: Vocês duas acham mesmo que vou acreditar nessa porcaria de história ?
Marta: É a única história que tenho pra contar.
Samuca se aproxima ainda mais de sua mãe.
Samuca: Pois saiba que eu não tenho mais respeito nenhum por você como mãe. E se eu descobrir mais algum podre eu faço da sua vida e da sua filha um inferno! - Intimida, com um olhar ameaçador e irreconhecível.
Vitória: Samuca, eu nunca te vi assim.
Marta: Deixa, filha. Você nunca, mas eu sei que ele é capaz de fazer o mal!
Samuca: Que bom que sabe!
Samuca vira as costas e desce as escadas rápido, querendo ir o mais rápido possível para casa.
Vitória o segue e o aborda.
Vitória: Ei! Eu sei que eu falar você não irá acreditar mesmo, então nem perderei meu tempo. Mas apesar de tudo, preciso de um favor seu. Queria que você ficasse com a Flora, enquanto nós viajamos. Eu e a mãe vamos estar muito ocupadas, vai ficar difícil levá-la.
Samuca: Tudo bem, Vitória. Você sabe que sempre vou poder ficar com ela.
Vitória: Obrigada!
Samuca observa Flora de longe, e em seguida fica olhando Vitória.
Samuca: "Você sempre foi uma mãe tão desnaturada... O que seria de você se eu pegasse essa menina na justiça pra mim ? Fui eu quem criei mesmo... Aí você e a Dona Marta estariam em minhas mãos!" - Pensa, esboçando um leve sorriso.
Cena 13 - Apê de Vicente - Quarto - Noite
Vicente e Samuca jantam.
Samuca: Porque essa carinha ?
Vicente: Só um pouco aflito. Essa semana sai o resultado lá no hospital, se eu serei condenado ou não.
Samuca pega na mão dele.
Samuca: Vai dar tudo certo!
Vicente: Samuca... Quando eu resolver tudo lá no hospital, vamos fazer uma viagem ?
Samuca: Uma viagem ?
Vicente: Sim, só nos dois, sem pensar em mais nada. Não agüento mais essas pressões.
Samuca: Nossa, eu vou adorar.
Vicente: Quero um lugar que seja só nosso, pra curtimos um ao outro, deixando os problemas todos para trás.
Samuca abre um sorriso todo animado, após passar por tanta coisa ruim, está disposto a jogar tudo para o alto e viver apenas para seu amor, sem pensar em mais nada.
Samuca: Eu vou à agencia, vou procurar um destino bem legal. Quem sabe um lugar com neve, nós dois juntinhos... Não, pode ser num lugar bem exótico. Quem sabe o México! Só nós dois, e ninguém pra nos atrapalhar...
Vicente: Porque fui abrir minha boca. Calma, Samuca!
Samuca: Calma não, temos que ver nossos vistos, passaportes, será que temos malas suficientes ?
Vicente: Samuca... Calma, não precisa ficar assim.
Samuca: Mas eu só queria...
Vicente: Vmos decidir juntos, agora sossega, pois já estou até prevendo você acordar falando nessa viagem, dormir e comer falando nela.
Samuca: Vou não, eu prometo.
Vicente: E não te conheço ?
Samuca dá um selinho na boca de seu noivo, sem contêr a ansiedade.
Cena 14 - Apê de Vicente - Quarto - Manhã
Vicente coloca uma roupa social e se olha no espelho, terminando de se arrumar.
Samuca: Tem certeza que não quer que eu vá com você ?
Vicente: Tenho sim, amor.
Samuca: Eu tenho um cliente hoje, mas eu desmarco. Estar com você nesse momento é mais importante!
Vicente: Não, Samuca. Não vai perder trabalho por minha causa.
Samuca: Mas eu quero estar contigo e te apoiar.
Vicente: Samuca!
Samuca: Que saco, você é mandão demais, viu!
Vicente: Sou sim e você adora. Vem cá me dar um beijo e desejar boa sorte.
Samuca: Boa sorte meu amor, vou estar trabalhando, mas rezando por ti.
Vicente: Eu não entendo como eu pude cometer um erro desses. Logo eu! Mas, se isso ficar provado, eu não fujo das minhas responsabilidades. Eu terei que pagar pelo meu erro! - Afirma, receoso, porém decidido.
Cena 15 - Lanchonete - Manhã
Samuca aguarda por um bom tempo, sentado na mesa de um café, um cliente que tem uma proposta de emprego a lhe oferecer.
Ele bebe um suco enquanto olha a hora, que vai passando, e nem sinal de ninguém chegar. Impaciente, Samuca se levanta para ir embora quando é surpreendido por dois homens bem arrumados que chegam até ele.
Alírio: Samuel ? Boa tarde, mil desculpas pelo atraso.
Samuca: Tudo bem... Foi com você que falei pelo telefone ?
Alírio: Isso mesmo. Sou Alírio e esse aqui Ramcó, meu acessor.
Samuca os cumprimenta.
Alírio: Ficamos muito interessado em seu trabalho, o seu currículo é invejável!
Samuca: Obrigado, mas quem me indicou a vocês ?
Alírio: Seu nome foi bem recomendado no mercado. Estamos montando uma construtora e estamos recrutando engenheiros com o seu... Digamos, perfil.
Samuca: Ah, era isso. Achei que fosse algo mais alvulso. Eu agradeço, mas já tenho vínculo com outra construtora.
Alírio: Bom, creio que nossa proposta será bem vantajosa pra você. Sente-se, pelo menos ouça!
Samuca hesita, mas acaba sentando e escutando o que aqueles dois rapazes tem a dizer, afinal não lhe custa nada.
Ele ficou ouvindo o que aquele homem elegante fala e sua expressão vai mudando rapidamente, ficando vermelho e sentindo as mãos tremerem. Em um acesso de raiva se levanta, extremamente irritado.
Samuca: Quem vocês pensam que eu sou ? Estão me achando com cara de palhaço ?
Alírio: Acho melhor você se sentar.
Samuca: Vão a merda, antes que eu quebre a cara de vocês dois!
Samuca joga o suco na cara de Alírio e sai soltando fogo pela boca.
Alírio sorri e limpa seu rosto com um lenço, enquanto o observa ir embora. Ele saca seu celular do bolso.
Alírio: Alô, correu tudo como você planejou. Já faça o pix que o trabalho está concluído. Quer dizer, quase...
Alírio e Ramcó se olham, sorrindo.
Cena 16 - Hospital - Manhã
Enquanto espera para falar com seu supervisor, Vicente anda pelo hospital e fica matando a saudade de Sônia, colocando o papo em dia e também recebendo apoio de alguns colegas.
Sônia: Vai dar tudo certo, meu bem. Eu tenho certeza que você é inocente e que tem uma explicação pra tudo isso!
Vicente: Eu também espero isso. Não só pelo meu emprego, mas por uma questão moral também!
Cena 17 - Loja de Antônio - Escritório - Manhã
Heitor: Oi, tio... - Cumprimenta, entrando na sala de Antônio.
Antônio: É com você mesmo que eu quero falar. Conseguiu falar com o Vicente ?
Heitor: Não tio, ainda não tive tempo e nem o vi.
Antônio: Tudo bem, não tem problema. Eu já estou resolvendo do meu jeito, vou acabar com essa história de uma vez por todas.
Heitor: O que o senhor fez, tio ?
Antônio o encara, sério.
Cena 18 - Apê de Vicente - Sala - Tarde
Samuca vai direto pra casa, ainda chocado com tudo que ouviu e com muita raiva. Ele estaciona o carro e entra.
Samuca abre a porta e mesmo sem acender a luz nota pela claridade que algo está errado. O sofá está fora do lugar e algumas coisas estão jogadas pelo chão.
Samuca: Mas o que...
Samuca nem tem tempo de fazer nada, apenas sente seu braço direito sendo puxado para trás e seu corpo esmagado, recebendo uma gravatada que aperta seu pescoço, o imobilizando.
Samuca: Me solta, me larga
- Cala a boca! - Ordena a pessoa, com uma voz masculina abafada.
Samuca: O que você quer ?
- Agora você vai ter o que merece. - Ameaça, apertando a cabeça dele contra a parede e o enforcando.
Samuca tenta se soltar, mas é em vão. Está completamente imobilizado. Ele começa a sufocar e entra em desespero.
Imagem de Samuca congela em um efeito avermelhado.
Continua...
Se encerra no refrão de Believer - Imagine Dragons
Elenco de Apoio
Dr. Gustavo
Alírio
Ramcó
2023 - DNA
Fortes emoções 🔥