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Seguindo em Frente - Capítulo 35
+16 ( Contém Violência, Sexo e Linguagem Imprópria )
Cena 01 - Apê de Vicente - Sala - Tarde - Ao som de instrumental Fuga Paparazzi - Iuri Cunha
Samuca abre a porta e mesmo sem acender a luz nota pela claridade que algo está errado. O sofá está fora do lugar e algumas coisas estão jogadas pelo chão.
Samuca: Mas o que...
Samuca nem tem tempo de fazer nada, apenas sente seu braço direito sendo puxado para trás e seu corpo esmagado, recebendo uma gravatada que aperta seu pescoço, o imobilizando.
Samuca: Me solta, me larga
- Cala a boca! - Ordena a pessoa, com uma voz masculina abafada.
Samuca: O que você quer ?
- Agora você vai ter o que merece. - Ameaça, apertando a cabeça dele contra a parede e o enforcando.
Samuca tenta se soltar, mas é em vão. Está completamente imobilizado. Ele começa a sufocar e entra em desespero.
Samuca: Me larga... É dinheiro que você quer ? - Pergunta, com dificuldade. - Dinheiro? Quem sabe. - Diz rindo, dando uma grande gargalhada.
Samuca se debate, tentando se soltar, sentindo a força daquele homem o segurando. Até que ele para ao reconhecer aquela voz.
Samuca: Pera aí...
Samuca sente uma língua quente passando na ponta de sua orelha.
Ele fica sério, até sentir seu corpo sendo encoxado e jogado pra frente em seguida, virando-se de frente para seu agressor.
Samuca: Vicente ?! É você...
Apesar da meia luz, Samuca consegue reconhecer seu amor, ficando surpreso ao vê-lo com aquela roupa e também ao ver aquela sala toda diferente. O sofá está afastado e no centro da sala só há uma cadeira, com várias velas aromáticas no chão, perto da parede.
Vicente: Você está doente meu amor, vou cuidar de você.
Samuca: O que está acontecendo ? Quase me matou de susto, e que roupa é essa ?
Vicente: Fica quietinho, vou cuidar de você.
Ao som de Love is a Bitch - Two Feet
Samuca: Cuidar de mim porque ? Eu...
Samuca nem consegue falar, sente um forte tapa em seu rosto e logo em seguida as mãos fortes de Vicente o fazendo sentar na cadeira.
Vicente: Você fala demais, mas agora eu que mando.
Vicente se afasta e só então Samuca pode vê-lo melhor.
Samuca: O que está acontecendo? - Pergunta, vendo até onde aquilo iria parar.
Vicente está todo de branco, mas com um uniforme diferente, uma calça e uma camisa bem colada ao corpo, quase rasgando. Na cabeça veste um lenço branco e no pescoço está pendurado um estetoscópio.
Samuca sorri ao ver a roupa dele, sem acreditar no que vê, mas começando a gostar de todo aquele show particular.
Vicente vai abrindo botão por botão daquela camisa branca, revelando seu peito peludo e tentando fazer uma cara sexy. Samuca dá risada, achando graça e tesão ao mesmo tempo.
Samuca: Tira tudo!
Samuca toca em sua barriga e de imediato leva um tapa na mão.
Para provocar ainda mais Samuca, Vicente começa a mexer na fivela do cinto, afrouxando aos poucos. Ele fica descendo e subindo o zíper, deixando Samuca impaciente.
Mexendo o quadril e dançando de leve, se afasta um pouco de Samuca e puxa a calça com tudo pra baixo.
Samuca: Vem pra mim, meu amor.
Samuca se aproxima dele, dançando e passeando as mãos pelos pêlos do seu peito e descendo até sua sunga.
Samuca: Pode bater, mas não agüento mais ficar olhando.
Samuca tem uma idéia e tira do bolso a primeira nota que encontra, prendendo na cintura de Vicente. Quando o médico vê que é uma cédula de 2 reais bem surrada, amassa e joga no rosto de Samuca, que dá risada.
Samuca: Eu te compro, gostosão. Você quer dólar ? Euro ?
Vicente fica dançando sorrindo para ele, que perde o controle e se joga nos braços do seu amor, caindo os dois no chão.
Samuca: Não sabia que meu noivo era tão safado assim.
Vicente: O show ainda nem começou.
Samuca beija a boca dele, passando as mãos em seu peito, sentindo seu corpo quente e segurando em sua sunga.
Vicente: Você está doente meu amor, preciso lhe dar uma injeção.
Samuca: Vai fazer o que, doutor ?
Vicente: Tira a roupa, vou lhe examinar.
Samuca começa a desabotoar sua camisa, mas Vicente puxa a camisa com força do corpo dele, fazendo os botões voarem.
Samuca: Essa camisa era nova!
Samuca recebe outro tapa no rosto e nem teve tempo de protestar, ao receber um beijo na boca.
Vicente: Vou lhe ensinar a cuidar bem do seu macho.
Vicente encoxa Samuca e vai empurrando o corpo dele até curvá-lo sobre a mesa de jantar.
Samuca: Na mesa ?
Vicente desce a calça de Samuca com cueca e tudo, expondo sua bunda e o deixando nu. Ele fica alisando suas nádegas e as beija, dando chupões de leve.
Samuca fecha os olhos, excitado.
Vicente dá uma forte palmada em sua bunda, a deixando vermelha. Em seguida o puxa pelo cabelo, erguendo seu corpo e mesmo de costa, enfia sua língua na boca dele.
Cena 02 - Mansão de Mohamed - Tarde
Mohamed chega de seu serviço e Ayla o recebe com beijos.
Ayla: Amor, chegou cedo.
Mohamed: Pois é. Eu vim com algumas ideias em mente! - Afirma, se sentando no sofá e tirando suas botas.
Ayla: Ah, é. E posso saber quais ?
Mohamed: Você sabe o Samuca, o meu melhor funcionário, amigo de anos. Que perdeu o namorado dele há muitos anos atrás...
Ayla: Claro que sei. Menino de ouro!
Mohamed: Pois então. Hoje ele foi trabalhar e notei que ele estava usando uma aliança. E eu quero que ele se sinta acolhido em minha empresa, apesar de sempre ter sido um cara reservado!
Ayla: Onde você quer chegar ?
Mohamed: Nosso aniversário de casamento também está chegando... A Rosinha e o Miguel, que também são meus funcionários, irão se casar... - Diz, cutucando a barriga de sua mulher.
Ayla: E... ?
Mohamed: E que eu vim mais cedo porque estou pensando em organizar um jantar. Um jantar só pra casais, afinal não só nós, mas os meus funcionários têm muito o que comemorar né ?
Ayla sorri. - Ai, eu adoro jantares! Ai, amor, já vou pensar nas joias que vou usar nessa ocasião! E quando será ?
Mohamed: Hoje mesmo!
Ayla: Hã ? O que ? Hoje, mas você avisa assim ?
Mohamed: Já vou dar um ultimato em todos. Ninguém pode faltar nesse jantar, já chame a Rosa!
Cena 03 - Casa de João e Marina - Cozinha - Tarde - Ao som de instrumental Escorpión - Alex Sirvent
João e Marina estão a mesa.
Marina está visivelmente abatida, e apenas remexe sua comida de um lado para o outro.
João: Tá tudo bem, filha ? Você anda meio estranha.
Marina parece não escutar, com o pensamento longe, e continua em silêncio.
João: Filha ? O que tá acontecendo ? Você não é assim. Tá sempre debochando de tudo e de todos, e você anda tão calada. Quer me contar algo ?
Marina: O que ? Ah... Não. Não é nada, eu acho... Enfim.
João a encara, preocupado.
Marina olha em volta. - A mãe não veio almoçar.
João: Sua mãe está de mal a pior.
Marina olha para seu pai, começando a se preocupar ainda mais.
João: As coisas aqui em casa andam muito estranhas. No começo eu achei que sua mãe estivesse ficando louca, mas agora eu tenho lá minhas dúvidas...
Marina: Mas do que você está falando ?
João: Eu acho que devíamos nos mudar de casa. Tem alguma coisa estranha acontecendo aqui... A sua mãe amanheceu toda...
Marina: Toda... ?
João: Eu não sei. Ela estava machucada. E não havia como ela fazer aquilo consigo mesma. Você sabe que eu sempre fui muito incrédulo com tudo.
Marina sorri, irônica. - O que está dizendo ? Que essa casa é assombrada ?
João fica em silêncio.
Marina: Isso é ridículo, moramos a vida toda aqui e esse inferno começou há pouco tempo! Tem que haver outra explicação!
João: Que explicação, de que eu e a sua mãe somos loucos ?
Marina: Pai, por favor, eu...
João: Não, por favor digo eu. Eu estou pedindo o mínimo de compreensão da sua parte por sua mãe e...
De repente, um forte barulho de uma pancada e vidro se quebrando ecoa por todos os cômodos da casa.
João se levanta na mesma hora.
Marina se treme toda de medo, assustada.
Marina: O que foi isso ?
João olha em volta.
Marina: Pai, o que foi isso ???
João anda devagar até a sala e vê um urubu morto caído no chão, em cima de vários estilhaços de vidro da janela, que está toda quebrada. Sangue de coloração vermelho escuro, quase negro, escorre por toda a parede e pelo chão.
Marina vai logo atrás de seu pai e se assusta com o que vê, se arrepiando dos pés a cabeça.
Lágrimas de medo escorrem por seus olhos.
Marina: Pai... O que é isso!
Em silêncio, João anda até a janela. A rua está completamente vazia e no céu alguns pássaros voam agitados.
João olha pra sua filha.
João: E agora, ainda acha que eu estou louco ?
Marina coloca a mão em sua barriga, sentindo uma alta tensão percorrer todo o seu corpo.
Cena 04 - Apê de Vicente - Quarto - Tarde - Ao som de Comunicação Falhou - Mari Fernandez feat Nattan
Samuca está deitado de bruços e Vicente deitado de frente, com um fino lençol cobrindo suas genitálias.
Samuca olha pra ele, dando risada.
Samuca: O que foi isso... Você é louco!
Vicente: Por você. Seu gostoso!
Samuca: Mas pera aí... E lá no hospital ? Pelo jeito deu tudo certo né ?
Vicente: Deu sim meu amor, arquivaram meu caso e o paciente também não quis levar o caso adiante. Estou muito feliz por tudo ter acabado bem e prometo ser o melhor médico daquele hospital!
Samuca: Não tenho dúvidas disso meu amor. Me orgulho tanto de você. E se o paciente não quis levar o caso adiante é porque ele sabe do seu caráter!
Vicente: Eu queria fazer uma surpresa pra você, um jantar, sei lá... Daí estava passando em frente a uma sex shop e veio essa idéia, mas confesso que morri de vergonha em passar com essas coisas no caixa! Parecia que tinha um telão na Avenida Paulista e todos meus conhecidos e minha família me assistindo.
Samuca acha graça.
Samuca: Queria ver a sua cara na hora. Mas depois eu que sou exagerado.
Vicente: E você, como foi o seu dia ? Foi boa a proposta de trabalho ?
Samuca: Eu estava puto da vida. Achei que ia rolar um trabalho interessante com aquele cliente, mas se você ouvisse o que me proporam.
Vicente: O que rolou ?
Samuca: Queriam me usar como laranja para receber mercadorias de uma obra super faturada, eu acho que envolvia até roubo de cargas, negócio da pesada mesmo.
Vicente: Quer ir à polícia ?
Samuca: Não precisa, já fiz o que devia fazer.
Vicente sorri e beija a testa dele, o puxando para junto de seu peito.
Samuca: Ah, amor. O meu chefe me chamou pra um jantar na casa dele hoje. É uma coisa casual, jantar de casais!
Vicente se surpreende: - Mas...
Samuca: Ele sabe sobre mim. Quer dizer, indiretamente mas sabe, eu sempre fui um cara muito discreto. Mas ele sabe de toda a minha história. E eu quero que você vá comigo, será a primeira vez que vamos aparecer juntos em público! Sem medo, sem repressões, sem nada. Como um casal normal!
Vicente sorri. - Se vai te fazer feliz...
De repente, o celular de Samuca toca. Ele estica seu braço e o pega.
Samuca: Oi. Vitória ? Voltou rápido. Ela está na casa da Teresa. O que tem demais ? A Teresa a adora e queria uma companhia! Espera... Desligou.
Vicente: O que foi ?
Samuca: A Vitória, surtada como sempre. Ela anda muito estranha. Não gostou porque eu deixei a Flora na casa da sua mãe e foi correndo buscá-la!
Vicente: Estranho. Eu vou até lá e aproveito e me despeço de minha mãe. Afinal, nossa viagem está chegando... - Diz, dando um beijo no nariz dele.
Cena 05 - Mansão de Mohamed - Tarde
Rosinha: Eu ? Num jantar com os patrões ?
Ayla: Sim, e porque não ? Deixa de ser boba, menina.
Rosinha: Mas é que eu sou só...
Ayla: Você vai se casar com o Miguel, um funcionário de ouro do meu marido. E será um jantar para celebrar os futuros casamentos que estão por vir! Chamarei outro casal também.
Rosinha: Fico sem jeito. Eu nunca participei dessas coisas, como a senhora sabe eu cresci no convento!
Ayla: Mas você não mora mais lá e a partir de agora terá uma vida comum. É hora de se acostumar!
Rosinha: A senhora não existe, rs. Tudo bem, mas irei levar minha vó, eu não faço nada sem ela!
Ayla: É que seria um jantar só para casais, mas se te deixa mais confortável, ok. Irei mandar um carro buscá-la!
Cena 06 - Casa de Dona Graça - Tarde
Dona Graça abre a porta e se depara com Odair Carteiro parado sob ela.
Dona Graça: Odair ? O que faz aqui a essa hora, não foi trabalhar hoje ?
Odair invade a casa dela.
Dona Graça: Mas o que é isso, perdeu os modos ?
Odair: Odair ? Hahaha. Aquele tonto não está mais aqui. Aqui quem fala é Odarina!
Dona Graça: O-Odarina ?
Odair: Isso mesmo, querida. Não se lembra de mim ? Sua tia Odarina!
Dona Graça: Isso é mentira! Odair, pare já com isso!
Odair: Você pensa que eu não sei que você fez um trabalho pra esse pobre homem ? Mas pelo visto deu errado. Porque eu voltei do lado de lá pra te desmascarar sua quenga safada!
Dona Graça levanta sua mão.
Odair: Vai fazer o que ? Bater em quem já se foi ?
De repente uma corrente de ar frio entra pela janela.
Dona Graça se arrepia toda de medo.
Dona Graça: O que você quer, assombração ? Vade retro! Tá repreendido em nome de tudo que há de mais sagrado!
Odair se senta no sofá, cruzando as pernas.
Odair: Você chamou pelas trevas, pelo pecado, pelos desejos da carne. E as trevas vieram até você! E acho bom fazer tudo que eu mandar. Porque eu vim pra ficar... Ou senão eu revelo pra todos nesse condomínio quem é você de verdade!
Dona Graça começa a chorar, desesperada.
Odair: Vá. Agora me arrume um vestido. O melhor que você tiver, afinal não sabe o prazer que é estar de volta nesse mundinho tentador!
Dona Graça: Mas você é macho! Vai andar de vestido por aí ?
Odair: Macho aqui só esse pobre coitado que eu estou usando. Eu sou muito é fêmea, que nem você. Ou já se esqueceu do que fazíamos no passado ? Você em cima daquela mesa...
Dona Graça: Pare! Pare imediatamente! Eu vou fazer o que você quer, urubu infernal. Mas me deixe em paz, não abra mais essa boca imunda pra nada!
Odair sorri, satisfeito. Suas pupilas ficam cada vez mais dilatadas e a cada minuto que passa sua voz fica mais grossa e grave.
Cena 07 - Casa de Teresa - Sala - Tarde - Ao som de instrumental Dangerous - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho
Teresa: Oi. Você é a irmã do Samuca, né ?
Vitória: Tudo bem ? Sou eu mesma. Vim buscar minha filha.
Teresa: Entre.
Vitória entra e leva um susto ao ver Flora brincando com Henrique no sofá.
Flora: Mãe! Já voltou.
Vitória: Oi, meu amor. Vim te buscar. - Responde, de cabeça baixa e evitando olhar pra Henrique.
Vitória se aproxima de Flora. Henrique vai fazer um carinho na menina, mas sem querer toca no braço de Vitória que o encara nos olhos.
Henrique também a encara e seu olhar vai mudando, ficando sério.
Flora: Tchau, tio Rique. Tchau, tia Tetê!
Vitória se despede rapidamente e Henrique fica em silêncio, permanecendo com o mesmo olhar fixo na moça e em sua filha.
Vitória e Flora saem enquanto Teresa as acompanha até o portão.
Henrique permanece sentado e calado no sofá, pensativo.
Cena 08 - Casa de Teresa - Sala - Tarde - Ao som de instrumental Dangerous - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho
Henrique e Mirella se beijam na sala, quando Vicente chega.
Vicente: Boa tarde.
Henrique: Fala, brother.
Mirella: Oi, Vicente.
Vicente: Eu só vim me despedir.
Teresa: Se despedir ?
Vicente: Sim mãe, estou de férias do hospital e vou viajar com o Samuca.
Henrique: Vida boa hein!
Mirella fica séria.
Vicente: Já estávamos combinando a algum tempo, vamos ficar um bom tempo fora, mãe.
Teresa: Poxa, vou sentir saudade filho.Por favor me ligue sempre, você sabe que fico preocupada.
Vicente: Pode deixar! Diz, agarrando a mãe, todo feliz.
Vicente: Ele está achando que vamos só semana que vem, mas amanhã já embarcamos. Tô tão feliz!
Teresa: Também fico feliz por vocês.
Mirella: Parabéns, Vicente. Bom, vou deixar vocês, preciso ir embora.
Henrique: Mas já, gata ?
Mirella: É, eu ainda tenho que fazer umas coisas hoje. Eu arranhei meu dedo semana passada e tenho medo que fique uma cicatriz horrível!
Henrique: Por causa de um arranhão ?
Mirella: Você sabe como sou neurótica. Vou lá, beijos!
Teresa acha graça.
Mirella se despede e sai o mais rápido possível daquela casa, antes que deixasse transparecer toda sua raiva e inveja.
Ao sair na rua, ela chuta o pneu de seu carro.
Mirella: Desgraçado, você acha mesmo que vai fazer essa viagem.
Ainda na rua ela saca o celular, nervosa e começa a discutir com uma pessoa do outro lado da linha.
Mirella: O casalzinho está indo viajar. Não queira me dar ordens, eu deixei você levar tudo isso adiante mas agora eu vou fazer do meu jeito. Nosso trato está desfeito agora! - Esbraveja, encerrando a ligação.
Cena 09 - Mansão de Mohamed - Noite
Mohamed e Ayla terminam de organizar a mesa, com pétalas vermelhas sob um tecido de seda branco, que forra o mármore.
Ayla: Está tudo perfeito, meu amor!
Miguel olha em volta.
Miguel: Tá tudo muito bonito!
Mohamed: Que bom que gostou. Queremos que vocês aproveitem a noite!
Rosinha desce as escadas, com um vestido preto e todo fechado, mais bela do que nunca.
Ayla: Nossa, Rosa... Nunca te vi desse jeito. Ofuscou até a mim!
Rosinha sorri, constrangida.
Rosinha: Desculpa. Comprei esse vestido com meu pagamento!
Ayla: Não precisa se desculpar. Você está linda! Parece uma boneca.
Mohamed olha de canto de olho.
A câmera foca no rosto de Miguel, que encara a moça dos pés a cabeça, enfeitiçado com a sua beleza.
Mohamed: Fecha essa boca, Miguel! Daqui a pouco vai entrar moscas!
Miguel: Desculpa, é que...
Miguel se aproxima de Rosinha, que o olha sorrindo.
Rosinha: Estou bonita ?
Miguel: A mulher mais bonita que esse mundo já viu!
Rosinha sorri e o beija no rosto, fazendo-o sentir seu perfume doce.
Mohamed e Ayla se entreolham, sorrindo.
De repente, Dona Benedita entra pela porta, brava.
Rosinha: Vó! Finalmente chegou, não poderia ter uma noite como essa sem a sua presença!
Dona Benedita: Ave Maria, diacho! Esse tal dos uber eu vou te contar viu! O bicho parecia que tava comandando um avião e não um automóvel, nunca mais eu quero andar nisso. Tô aqui tontinha, me dê um pouco de água pra eu tomar meu remédio da pressão. Pode ser da torneira mesmo!
Rosinha sorri, constrangida. - Vó... Esses são os meus patrões e o meu noivo!
Dona Benedita: Ah sim. Esse seu noivo eu já conheço. O seu patrão eu também conheço, do dia da entrevista, só não essa moça bonita!
Mohamed e Ayla a cumprimentam.
Ayla: Moça eu, imagina. Vamos, se sentem. Essa noite é pra vocês!
Dona Benedita: Ai que mesa chique! - Elogia, enquanto se senta, acompanhada dos demais presentes.
Miguel não tira os olhos de Rosinha um só minuto e se senta ao lado dela.
Dona Benedita olha admirada para a mesa. - Quanta comida, lá em casa tem dias que eu só falto rancar os reboco da parede pra comer de tanta fome eu passo! Quer dizer, passava, né.
Rosinha abaixa a cabeça, constrangida.
Dona Benedita: Agora a minha neta, a minha santa trabalha e vai me dar uma vida melhor. É o meu orgulho essa menina!
Rosinha: Vó, por favor... - Cochicha.
Dona Benedita: Que é, menina. Eu sou assim mesmo, tem boca é pra se falar tudo o que vem na mente. Só não o que é de mal, essas coisas a gente repreende em nome do Nosso Senhor né não Dona Compridona!
Ayla e Mohamed sorriem, achando graça do jeito espontâneo de Dona Benedita se expressar.
Rosinha: É Dona Ayla, vó. Ela é minha patroa!
Dona Benedita: Ah, menina. Deixa de pantim que aqui tá é tudo em família. E deixa eu provar um tiquinho desse bolo aqui que tá me dando é água na boca!
Ayla: É que vamos servir o jantar primeiro e...
Dona Benedita: Que nada, mulher. Só um pedaço! - Dispara, enfiando o garfo no bolo que está sob a mesa e tirando um modesto pedaço.
Rosinha fica vermelha como um tomate. Miguel sorri e coloca a mão no ombro dela.
A campanhia toca novamente.
Mohamed se levanta. - Deve ser o Samuca!
Dona Benedita: Vish, que ruma de gente é essa nesse jantar. Espero que sobre pelo menos um tiquinho pra mode eu levar pra casa mais tarde!
Rosinha se esquiva em direção a sua vó: - Vó, pelo amor de Deus... Eu te chamei aqui porque quis te trazer pra comer uma boa comida e porque não ficava bem uma moça como eu vir sozinha. Mas se manca, né! - Sussurra.
Dona Benedita: Agora pronto, vou ficar que nem uma estátua, é ? Eu sou assim e você já sabe, quem quiser mangar que mangue!
Mohamed abre a porta e se depara com Samuca e Vicente. Os dois bem arrumados e de paletó.
Vicente abaixa a cabeça, meio constrangido, afinal pra ele ainda é novidade sair com seu noivo em público de forma que todos saibam.
Mohamed: Samuca, que surpresa. Você veio mesmo!
Samuca: Pois é... Não tinha como negar o pedido do meu chefe que sempre foi tão bom comigo, né ? E eu tô tão feliz que eu tenho vontade de sair por aí gritando que eu tô noivo!
Mohamed sorri ao ver a felicidade dele.
Mohamed: Entrem, entrem. Se sentem, a mesa tá linda!
Mohamed os guia até a sala de jantar.
Meio sem jeito, Samuca e Vicente cumprimentam a todos e se acomodam na mesa.
Ayla: Fiquem a vontade meninos!
Dona Benedita fica olhando assustada.
Cena 10 - Hospital - Noite - Ao som de instrumental Starry Night - Jordan Critz
Marina coleta sangue e faz alguns exames ginecológicos detalhado, e após todo esse processo, ela aguarda um tempo na recepção, nervosa.
Já está quase cochilando, quando o Doutor Rogério chama pelo seu nome.
Marina acorda, assustada.
Marina: Doutor ?
Doutor Rogério: Desculpe lhe assustar. Me acompanhe até a minha sala, eu já tenho o resultado dos seus exames!
Marina se levanta, trêmula.
Ela segue aquele homem por aquele extenso corredor e entra em sua sala.
Doutor Rogério: Sente-se. Bom, eu fiquei muito interessado no seu caso, a moça que diz ter engravidado sem ter tido relações com ninguém!
Marina: Isso mesmo. E aí, Doutor ? Qual foi o resultado ?
Doutor Rogério: Você realmente está grávida. Incontestável!
Marina começa a chorar.
Marina: Como ? Como isso pode acontecer ?
Doutor Rogério: Veja bem, nos seus exames de sangue foram encontrados uma grande quantidade de toxinas de calmantes e remédios pesados para dormir.
Marina: Hã ?
Doutor Rogério: Isso pode até fazer mal para o seu bebê. Sugiro que pare. Imediatamente!
Marina: Mas... Eu nunca...
Doutor Rogério: Talvez aí mesmo possa estar a explicação para o seu caso. Com tantos remédios assim, você pode ter ficado com o seu namorado e não se lembra, isso é mais comum do que você pensa! E essa sim, de acordo com tudo o que você me contou, é única explicação possível para o seu caso!
Marina: Mas eu nunca ingeri nenhum remédio, eu... - Diz, chorando e cada vez mais nervosa.
Doutor Rogério: Em uma crise de ansiedade é comum que as vítimas não se lembrem após se automedicarem. Mas pode ficar tranquila, não há nada de anormal nisso. Como já havia dito, é algo comum.
Doutor Rogério mexe nos papéis do exame.
Doutor Rogério: E pelo que vejo aqui, você e o seu bebê são perfeitamente saudáveis! - Afirma, sorrindo.
Marina tenta contêr o choro, mas não consegue, se sentindo extremamente angustiada e aflita com o rumo inesperado que sua vida tomou.
Cena 11 - Mansão de Mohamed - Noite
Mohamed, Ayla, Dona Benedita, Rosinha, Miguel, Samuca e Vicente estão sentados a mesa.
Mohamed: Como eu ia falando, o Samuca é de longe o melhor funcionário que eu tenho. Apesar de ser extremamente cabeça dura, não sei nem o que eu vou fazer o dia que ele deixar aquela empresa!
Samuca sorri. - Menos, rs. Mas sim, eu trabalho com o que eu gosto, então isso facilita muito!
Dona Benedita: Mas cadê o casal que ia chegar ?
Ayla: Já chegaram. São eles, o Samuca e o Vicente!
Vicente e Samuca se olham, sorrindo um para o outro.
Dona Benedita fica cada vez mais espantada.
Dona Benedita: Oxente ? Eles dois ? Dois macho ? Juntos, juntos... Amancebado ? Eu tô chocada!!! Eles nem parece que é frango!
Vicente: Frango ?
Dona Benedita: É. Mache Fême. Que desperdício, os dois macho até que é aprumadinho, pena que corta pra outro lado! - Diz, enquanto se benze.
Rosinha: Vó...
Samuca e Vicente se entreolham, constrangidos.
Rosinha: Se arrependimento matasse... Eu nunca passei tanta vergonha na minha vida!
Miguel aperta a mão dela. - Relaxa, amor. Nada demais!
Dona Benedita: Olhe, meus lindos. Eu não tenho nada contra não, visse. É que eu nunca tinha visto dois frango assim de perto, só nas televisão! Aí eu chega me admirei quando vi, mas foi o susto inicial mesmo. Podem ficar tranquilos que aqui tá tudo em família!
Samuca: Pode deixar...
Ayla dá risada.
Vicente: Achei que fosse um jantar para casais...
Dona Benedita: Mas é. Só que a minha neta é uma santa, entendeu. Ela foi criada no convento, e esse é o primeiro jantar em família que reúne todos. Ela fez questão de me chamar!
Samuca olha discretamente pra Rosinha.
Samuca: Convento, é ?
Mohamed: O Miguel tá com os 4 pneus arriados por ela!
Samuca: Eu vejo. Todo dia lá no trabalho ele só fala nessa tal santa que ele arrumou, rs. Seja feliz, Miguel. Você é um cara bom, merece!
Miguel: Obrigado, Samuca. Você também merece ser muito feliz, ainda mais diante de tudo o que você já passou nessa vida!
Samuca sorri e aperta a mão de Vicente.
Samuca: Bom, e vocês ? 20 anos de casados... Não é pouca coisa!
Ayla: Não mesmo. Mas o tempo que passa só fortalece a nossa união... Semana que vem faremos 21!
Mohamed dá um selinho em sua esposa.
Mohamed: E decidimos que desse ano não passa. Iremos adotar um casal de recém nascidos! Já está mais do que na hora de encher essa casa de criança, não é meu bem ?
Ayla sorri.
Ayla: Mas é claro!
Todos a mesa se questionam o motivo deles quererem adotar e não gerar um próprio, porém ficam em silêncio.
Vez ou outra os olhos de Rosinha e de Mohamed se cruzam sem querer, e ela fica morrendo de curiosidade de saber o porquê da adoção.
Cena 12 - Apê de Vicente - Sala - Noite - Ao som de instrumental Be Best - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho
Samuca e Vicente entram em casa, se beijando e dando risadas.
Vicente: Acho que aquela senhora não bate bem das ideias não, hein ?
Samuca: Velha maluca!
Vicente o encosta contra a parede e lhe dá um beijo quente de língua, sendo correspondido de imediato.
Vicente cessa o beijo com uma bomba, avisando a Samuca sobre a viajem surpresa que planejou.
Samuca: Como assim ? Você devia ter me avisado antes, não vai dar tempo de arrumar as malas.
Vicente: Relaxe amor, vai sim. Será nossa lua de mel e dentro do quarto nem iremos precisar usar roupas.
Samuca: Vicente, eu te amo.
Vicente: Eu também te amo, meu príncipe.
Os dois se beijam e ficam até de madrugada trocando carinhos e fazendo planos para o futuro.
No dia seguinte foi uma loucura, Samuca foi se despedir de Flora e depois passa para se despedir de Luan e Marina, mas não os encontra em lugar nenhum.
Já estava voltando para casa quando Vicente liga avisando que demoraria pra chegar, pois aconteceu uma emergência com um paciente.
Meio a contra gosto Samuca aceita ir sozinho para o aeroporto, ficando de encontrar Vicente na hora do embarque.
Vicente atende sua paciente e felizmente não era nada de tão sério e após isso corre casa para terminar de pegar suas coisas. Já estava se preparando para sair quando a campainha toca.
Vicente: Quem será logo agora ? - Indaga.
Ele abre a porta e se depara com Mirella. Os dois se encaram.
Um efeito sonoro grave toca em cena.
Vicente: Mirella ?!
Mirella: Posso entrar ?
Vicente: É que...
Mirella entra, se deparando com as malas dele.
Mirella: As malas já estão prontas, já vai embarcar ?
Vicente: Sim, estou em cima da hora. Tive um contratempo e o Samuca foi na frente.
Mirella: Que ótimo, melhor assim. Ele sempre sobrou mesmo.
Vicente nota o cinismo dela e começa a se irritar.
Vicente: Tenho mesmo que ir.
Mirella: Acho bom você ficar quietinho, temos muito a conversar.
Mirella se joga no pescoço dele e ele a empurra, jogando-a no sofá.
Vicente: Você ficou louca ? Achei que essa fase já tinha passado e você é namorada do meu irmão.
Mirella: Coitado do Henrique, até que ele trepa bem, mas é só isso.
Vicente: Chega! Sai daqui, pelo visto era tudo fingimento, não é ? Eu já lhe disse, nunca vai acontecer nada entre nós, eu amo o Samuca. Estamos indo pra uma viagem de lua de mel. Graças a Deus ficaremos longe de tudo isso aqui.
Mirella sorri: - Você acha mesmo que vai viajar, ném ?
Vicente: O que você quer ? O que veio fazer aqui ?
Com o olhar cheio de ódio, mas falando calmamente, Mirella vai abrindo sua bolsa e com a mão direita começa a puxar algo.
Mirella: Eu vim aqui abençoar união de vocês.
Vicente a encara, assustado.
Cena 13 - Aeroporto - Manhã - Ao som de instrumental Be Best - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho
Samuca fica andando pelo aeroporto, vendo algumas roupas em uma loja e se distraindo enquanto Vicente não vem. Os minutos vão passando e o coração começa a apertar vendo que Vicente já tinha excedido todos os limites de um atraso.
Samuca na fila para fazer o check-in, olha em volta aflito, na esperança de ver o seu amor. Conforme vai andando, suas mãos tremem ao ser abordado por uma funcionária, que pede seus documentos.
Samuca: Estou esperando uma pessoa.
Funcionária: Infelizmente não podemos mais esperar, o senhor vai entrar ?
Não tendo alternativa, Samuca sai da fila, tentando ligar desesperado para Vicente, que não atende.
Samuca: Atende, Vicente! Pelo amor de Deus.
Uma onda de medo e pavor toma conta do seu peito ao se lembrar de 10 anos atrás, quando também ficou esperando em vão por Bruno.
Os minutos se passam. As pessoas vêm e vão por aquele imenso aeroporto.
Samuca se aproxima do vidro e vê o avião sair do solo e sem poder controlar, sente as lágrimas descerem de seus olhos.
Samuca: De novo não, meu Deus! Cadê você, Vicente ? Não me deixe!
Imagem de Samuca congela em um efeito avermelhado.
Continua.
Se encerra no refrão de I Way Down We Go - Kaleo
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Dr. Gustavo
2023 - DNA
Vicente e Samuca pegando fogo de desejo 🥵🔥