top of page
Buscar
Foto do escritorDNA Web Studio

Seguindo Em Frente | Capítulo 38 (Últimas Semanas)


A seguir

Seguindo em Frente - Capítulo 38 ( Últimas Semanas )

+16 ( Contém Violência, Sexo e Linguagem Imprópria )


Cena 01 - Mansão de Antônio - Noite - Ao som de instrumental 'Escorpión' - Alex Sirvent


Vicente sobe as escadas e dá uma checada geral na casa, nem se importando mais de ser visto. Andando em silêncio e com uma cara séria, ele entra no quarto de hóspedes, mas nem sinal de Heitor. Até mesmo no quarto de Helena e Antônio ele entra. Em banheiro por banheiro.

Vicente: Cadê você, desgraçado!!!

De repente, ele se lembra de um local que não olhou.

Vicente: Espera aí, não pode ser... Mas é muita cara de pau.

Vicente segue imediatamente para o quarto onde os tios guardam as coisas de Bruno e mete a mão na maçaneta, entrando com tudo.

Heitor dá um pulo de susto ao notar a presença dele.

Heitor: Vicente!!!

Vicente: Você não achou que escaparia de mim não é ? Agora é a hora do nosso acerto de contas.

Os dois se encaram.

Heitor começa a suar frio, se tremendo de medo.

Heitor fica surpreso ao ver o médico em sua frente.

Vicente olha para Heitor com uma raiva que ele nunca achou que fosse capaz de sentir, era tanto ódio, que era capaz de matar seu inimigo só com o olhar.

Heitor: Vicente, que bom que você veio, o Tio Antônio vai ficar feliz. Desculpa meu estado, fui assaltado a noite passada, quebraram até meu nariz.

Heitor está com um curativo enorme no nariz e com vários cortes de vidro pelo rosto, além do olho roxo.

Vicente: Deixa ser cínico, eu sei de tudo seu bandido.

Continuando seu teatro, Heitor consegue deixar Vicente ainda mais nervoso com aquela situação.

Heitor: Espero que prendam os bandidos.

Vicente: Para, Heitor. Só estamos nós dois aqui, não precisa usar essa máscara comigo.

Heitor: Do que está falando, meu querido ?

Vicente: Como você tem a cara de pau de entrar nesse quarto, depois de tudo que você fez contra o Bruno! Que espécie de bicho é você ? Quem é você ?

Heitor pega um porta retrato e fica olhando para o primo, como se lamentasse muito sua perda.

Heitor: Coitado do meu primo, nos deixou tão jovem. Ele estava tão apaixonado pelo Samuca, coitadinho. Será que doeu muito, quando aquele carro bateu nele ? Se bem que pra dar a bunda ele devia agüentar tão bem, então qualquer outra coisa ele devia tirar de letra!

Efeito sonoro grave toca em cena. Vicente o encara, surpreso com tudo que escuta.

Heitor: Coitadinho do Samuca também né ? Sofreu tanto, coitado. Mas ele pelo menos teve um consolo, arranjou você, o guardador do coração do meu primo. Como que é servir de quebra galho ? Substituto, Vicente ?

Vicente: Eu vou matar você.

Vicente voa pra cima do vilão, grudando em seu pescoço.

Vicente: Sua farra acabou, nós vamos lá pra baixo agora, vou mostrar a todo mundo o verme que você é!

Heitor: Me larga, seu viado safado. Eu gosto é de mulher, hein!

Vicente: Isso, mostre o que realmente você pensa sobre mim.

Vicente esmaga seu adversário na parede, gritando em seu rosto.

Heitor: Me larga, me larga, desgraçado!

Heitor consegue se soltar, se recompondo e tentando fazer de conta que nada acontecia.

Heitor: Você acha mesmo que pode algo contra mim ? Eu tenho fotos do Samuca com bandidos. A vadia da Mirella sabotou a investigação do seu irmão e ainda colocou o Samuca no meio. Mesmo que ele não seja preso, eu posso dar muita dor de cabeça pra ele. Se bem que... Ele adoraria ser preso, virar mulherzinha na cadeia, ele...

Heitor nem consegue completar a frase, Vicente fecha a mão e com toda sua força acerta um murro em seu olho que o faz cair longe.

Vicente: Nem que você coloque ele ou eu na cadeia, nem que nos mate, mas de mim agora, você não escapa.

Heitor: O que você vai fazer ? - Pergunta, assustado.

Heitor ainda está deitado no chão, limpando o sangue que saia de sua sobrancelha e se apavora vendo Vicente totalmente descontrolado, vindo em sua direção.

Heitor: Pare com isso, eu posso...

Vicente acerta um chute bem na cara dele, fazendo seu nariz entortar na mesma hora. O sangue espina.

Heitor: AAAAIIIIII! - Grita, colocando a mão no nariz e tentando estancar o sangramento.

Vicente sobe em cima dele, dando outro soco em seu rosto.

Heitor: Pare, por favor!

Heitor tenta se defender, mas o impacto do soco o deixou desorientado.

Vicente: Você não pode nada.

Vicente o puxa do chão, acertando um murro bem em cima de seu estômago. Heitor começa a tossir, agoniado.

Vicente o segura pela cabeça e o arrasta pelo quarto, enfiando sua cara em um espelho que se estilhaça com o impacto.

Heitor cai no chão.

Vicente: Levanta, desgraçado! Está vendo todas essas fotos do seu primo ? Ele vai assistir de camarote, tudo que ele nunca pode fazer com você.

Heitor começa a chorar de dor.

Heitor: Você tá perdido, imbecil! - Ameaça, se arrastando pelo chão, em cima dos cacos de vidro.

Vicente: Tá indo pra onde, nossa festinha ainda nem começou.

Heitor: Alguém, socorro!!!

Vicente volta a esmurrá-lo, o jogando pra fora do quarto, e se embolando com ele no chão do corredor.

Vicente: Toma desgraçado.

Heitor: SOCORRO!


Ao som de instrumental 'Tom's Thiller' - Iuri Cunha


Lá embaixo, no salão, os convidados escutam gritos.

Helena: Que gritaria é essa, Antônio ?

Ellen: Parece a voz do Heitor.

Antônio: Eu vou subir.

Todos os convidados começam a comentar sobre a barulho vindo do andar superior, se aglomerando na sala principal.

Teresa: É seu irmão, vai lá Henrique!


Caído no chão com Heitor, Vicente dá um mata leão nele. Sufocado, o rapaz tenta se soltar e pega um enfeite que está caído no chão e joga por trás, acertando o médico, que o solta.

Heitor cai pro lado, tossindo.

Heitor: Você não vai acabar com a minha vida, sua bicha nojenta.

Vicente gruda no nariz machucado dele, torcendo com toda sua força e o arrasta para o topo da escada, o fazendo gritar de tanta dor.

Vicente: Desgraçado!

Heitor dá um passo para trás, tonto.

Lá embaixo, os convidados assistem a tudo, horrorizados.

Vicente acerta um soco no olho dele, o fazendo cair para trás com o impacto. Heitor tenta se segurar na camisa de dele, e o puxa junto. Os dois rolam escada abaixo, um por cima do outro, sob o olhar assustado de todos os convidados.

Heitor bate o rosto nos degraus, até cair por cima do braço esquerdo, gritando de dor. Vicente cai no último degrau, sentado.

Teresa: Filho!!!

Antônio: Mas o que é isso, o que está acontecendo aqui!!!

Heitor tenta se levantar, com dificuldade. Sua calça está toda molhada de urina, assim como o chão. Todos o encara, sem entender.

Heitor olha para todos a sua volta, com o rosto ardendo e escorrendo sangue, se sentindo completamente humilhado.

Heitor: Tio, me salva! Ele ficou louco, ele quer me matar!

Vicente se levanta cambaleando, ainda tonto da queda, e segura Heitor pela camisa.

Heitor: Saaaaiiii! Alguém me ajuda!

Antônio: Pare com isso, Vicente.

Teresa: Largue ele, meu filho.

Vicente: Eu vou contar a vocês quem é esse verme aqui. O senhor vai saber, tio. Vai saber tudo que ele fez com o Bruno e com o Samuca!

Antônio: Pare com isso, Vicente!

Heitor se desespera cada vez mais.

Heitor: Ele está louco. Surtado!

Vicente: Seu teatro acabou, todos agora irão saber quem você é de verdade. Ele foi responsável por tudo que aconteceu ao Bruno e ainda armou para o Samuca e também pra mim.

Helena: Isso é verdade, Heitor ?

Heitor: É mentira, eu não fiz nada disso. Porque esta fazendo isso comigo, Vicente ?

Vicente: O Samuca nunca usou droga, nunca roubou o senhor tio. Foi tudo uma armação dele, pra poder ficar com tudo que é seu.

Antônio fica em silêncio o tempo todo, sério, ouvindo tudo aquilo.

Vicente: O Samuca descobriu tudo e deu uma surra nele na noite passada. Esse bandido se juntou com a Mirella, aquela vigarista, e armou um plano para fazer parecer que o Samuca é um bandido.

Heitor: Mas você disse que tinha sofrido um assalto, Heitor!

Vitória escuta a tudo, atenta.


Ao som de instrumental 'Dimas Operando' - Eduardo Queiróz


De dentro do carro, Samuca nota uma movimentação estranha. Não se contendo, ele sai do carro e entra na mansão, no auge daquela briga.

Vicente: O senhor tem que acabar com esse desgraçado, colocá-lo na cadeia agora mesmo!

Samuca fica em um canto da sala, assistindo tudo aquilo.

Antônio: Vou chamar a polícia sim.

Heitor se desespera.

Heitor: Tio, é tudo mentira! Vamos conversar...

Vicente: Muito bem, bota esse verme onde ele merece...

Antônio: Sim, vou botar esse verme na cadeia.

Antônio se aproxima do canto da sala e olha pra Samuca, disparando todo seu ódio.

Antônio: Eu vou te colocar na cadeia, por tudo que você fez contra a minha família.

Vicente: O que ? O que o senhor está falando.

Antônio: Eu já sei de tudo, sei de tudo que o Samuca fez.

Vicente: O senhor está enganado.

Antônio: Quem está enganado é você, Vicente! Olhe pra você, olhe seu estado, a que ponto você chegou. Você não lembra em nada aquele médico educado e sério que sempre foi.

Mesmo com dor, Heitor não consegue segurar um ar de riso e alívio ao mesmo tempo com tudo o que escuta.

Vicente: O senhor não acreditou em uma única palavra do que eu disse ?

Antônio: Vicente, você precisa de cuidados, você não esta bem.

Vicente: O Senhor não pode estar acreditando nesse safado.

Antônio: O Heitor me contou tudo. Eu pedi a ele pra ficar sempre ao seu lado, mas você sumiu de nossos olhos. Ele contratou um detetive para vigiar o Samuca e descobriu o envolvimento dele com uma quadrilha perigosa, eu vi as fotos.

Vicente: Não, não, não. Isso não está acontecendo!

Antônio: O Samuca descobriu e quase matou ele na noite passada e apesar de tudo, ele não quis prestar queixa, com medo que você se prejudicasse. E você ainda tem coragem de fazer tudo isso com seu primo.

Vicente: Ele não é meu primo.

Antônio: O único safado aqui é esse marginal que está ao seu lado. Esse drogado que não contenve em destruir nossa família uma vez e voltou para acabar com o serviço!

Samuca, que até então estava em silêncio, se pronuncia.

Samuca: O único bandido dessa história está aí no chão.

Vicente: Eu tenho pena do senhor. O senhor não consegue enxergar um palmo diante do nariz. Já não basta tudo que você passou com o Bruno ? Mas pelo visto o senhor não aprendeu nada.

Antônio: Ellen, chame a polícia. Vou fazer o que não fiz há 10 anos atrás com esse marginal.

Ellen: Tio...

Helena: Não, não, Antônio. Eu não quero polícia na minha casa.

Vicente abraça Samuca, e olhando todas aquelas pessoas, desafia o tio.

Vicente: Experimente fazer qualquer coisa contra o Samuca!

Antônio: Você está caindo na dele, vai saber que droga está usando. Ou você sabe desse plano ? Desse golpe ? Eu não posso acreditar que você faz parte disso, quer me roubar também ?

Vicente: Eu odeio o senhor.

Antônio sente a mesma sensação que teve há 10 anos atrás, quando sentiu que perdia seu filho para Samuca.

Antônio: Você está fazendo tudo errado. Eu lhe dei a vida e é essa ingratidão que recebo?

Samuca: Vamos embora daqui, Vicente.

Vicente: Hoje eu entendo todo o sofrimento que seu filho deve ter passado por ter um pai como você.

Teresa: Chega Vicente, vamos embora.

Antônio: Como me arrependo!!! Eu deveria ter deixado o coração do meu filho no peito dele, e enterrado junto com ele. Evitaríamos passar por todo esse sofrimento novamente.

Helena: Pare Antônio, cale a boca. Pare de falar isso.

Heitor começa a gritar a Antônio se abaixa, socorrendo o sobrinho.

Heitor: Dói muito tio.

Ellen: Já chamei uma ambulância.

Henrique se aproxima, intervindo na situação.

Henrique: Você vai comigo para a delegacia, tem muita coisa para explicar.

Antônio: Isso é um absurdo!

Heitor: Eu? Na delegacia ?

Heitor: Você mesmo, cidadão! - Afirma, o segurando.

Teresa: Largue ele, Henrique. Não basta tudo o que seu irmão ouviu ? Vamos embora daqui. Agora!

Antônio ajuda Heitor a se levantar, mesmo todo machucado. Vicente segura Samuca pelo pulso, puxando seu amor para fora daquela casa, mas antes para em frente a Heitor.

Vicente: Nosso acerto não termina aqui. Pode ter certeza!

Heitor derruba uma lágrima.

Heitor: Eu te perdôo!

Vicente fecha seu punho, mas Samuca o segura e o puxa pra fora daquela casa, acompanhado de Teresa, Henrique e Vitória.

Heitor começa a chorar falsamente e abraça Antônio.

Heitor: Me desculpa, meu tio!

Antônio: Você não tem nada do que se desculpar, meu querido. Você é tão vítima como eu nessa história!


Ao som de instrumental 'Drama Silvério' - Eduardo Queiróz


Samuca: Deu tudo errado, ele não acreditou em uma só palavra do que você disse. Vai saber o que aquele desgraçado inventou!

Vicente: Se ele inventou alguma coisa, realmente não me importa, Samuca.

Samuca: Mas Vicente!

Vicente: Pra mim já chega! Não precisamos de ninguém, somos adultos, independentes. O que eu preciso eu já tenho, o seu amor. O resto é só o resto. Se é dinheiro, poder, que o Heitor quer, que fique então com tudo! - Afirma, abraçando Samuca.

Teresa: Você está bem, meu filho ?

Vicente: Sim, mãe.

Henrique: Vamos embora logo dessa casa, ainda tenho contas pra acertar com aquela bandida da Mirella!

Vitória: Me dá uma carona, Samuca.

Henrique: Deixe que eu te levo. Melhor deixar os dois a sós!


Cena 02 - Apê de Samuca - Quarto - Noite


Vicente vai pra casa, dirigindo em silêncio. A primeira coisa que faz ao chegar é entrar debaixo do chuveiro, deixando a água cair sobre seu corpo, tirando toda aquela tensão que estava dentro de si. Ele sai enrolado na toalha, sentindo uma tonelada mais leve.

Samuca: Fiz um lanche pra você.

Samuca pega uma toalha e enxuga a cabeça de Vicente, descendo por seu corpo, cuidando do seu namorado.

Vicente: Obrigado, mas estou sem fome.

Samuca: Ele te machucou ?

Vicente: Não.

Samuca: Não ligue para as coisas que seu tio disse. Eu sei que isso tá te machucando.

Vicente: Tá sim, Samuca. Mas ele fez a escolha dele. Bote uma coisa em sua cabeça, nada e nem ninguém irá me afastar de você. Se eu que tiver que enfrentar o mundo inteiro pelo seu amor, eu enfrento, um por um.

Samuca abre um sorriso, beijando com muito amor a boca do médico.

Vicente: Eu me descontrolei essa noite, mas só de lembrar das coisas que aquele verme disse a você, por ter encostado em você, eu fico louco!

Samuca: Calma, já passou. Temos um ao outro e agora somos livres! Não precisamos mais esconder nada de ninguém. - Consola, o abraçando.

Vicente aperta seu corpo, se sentindo arrasado e revoltado.

Cena 03 - Carro - Noite


Henrique deixa a mãe em casa e leva Vitória até sua casa.

Ao chegarem, ela se prepara para descer rápido.

Vitória: Obrigada.

Henrique: Ei, vai continuar fugindo de mim ?

Vitória: Não estou fugindo de você, só não sei ainda o que você quer de mim.

Henrique: Já conversamos duas vezes e você não diz coisa com coisa. Porque sempre me trata como um desconhecido na frente das pessoas ?

Vitória: Eu mal te conheço pra falar a verdade. E nem amigos somos!

Henrique: Você sumiu todos esses anos. Eu sei que foi só uma noite, mas...

Vitória: É isso mesmo, Henrique. Foi só uma noite. Nossa história se resume a isso, a uma única noite, igual eu e você tivemos com outras pessoas.

Henrique: Ok, entendi tudo. Só achei que poderíamos ser amigos. Mas pelo jeito você é bem prática em resolver as coisas.

Vitória: Obrigada pela carona, tenho que ir.

Vitória sai apressada do carro, nem dando chance de Henrique se despedir. Ao entrar, a mãe ainda está acordada e ela conta tudo o que aconteceu na festa de Antônio.


Cena 04 - Mansão de Antônio - Noite


Ellen: Tia, eles chegaram.

Antônio acompanha Heitor até o hospital, onde recebe os cuidados necessários. Ele quebrou uma costela e o braço direito na queda da escada e terá que fazer uma cirurgia no nariz, mas mesmo muito machucado, não quer ficar no hospital, optando em voltar para casa.

Helena: Como você está ?

Heitor: Muito machucado tia, mas estou bem. E o Vicente ? Estou preocupado com ele.

Antônio: Ele fez a escolha dele.

Helena: Antônio, precisamos conversar. Agora!!! Heitor, Ellen. Por favor nos deixe a sós!

Ellen e Heitor se retiram. Enquanto sai, ele olha para trás, desconfiado.

Helena: Você tem idéia do que fez essa noite?

Antônio: Não estou com cabeça pra conversar agora.

Helena: Você não aprende mesmo, como você teve coragem de dizer todas aquelas coisas para o Vicente ? Como pode ser tão cruel?

Antônio: Eu me descontrolei, mas quase tivemos um assassinato nessa casa. Você tem idéia do ponto que chegamos ?

Helena: Só vou lhe dizer uma coisa, se o Vicente se afastar de nós, de mim, eu me separo de você.

Antônio: Helena...

Helena: E suma da minha frente, não quero olhar na sua cara. Eu já tô farta de você e dessa sua pose sempre lá no alto. FARTA! - Esbraveja, extremamente irritada. Antônio se surpreende com o tom de sua esposa.


Cena 05 - Mansão de Antônio - Quarto de Bruno - Noite - Ao som de instrumental 'Fantasmas' - Eduardo Queiróz


Heitor está deitado no quarto de Bruno, preocupado com a reação da tia.

Heitor: Desgraçada, só falta essa perua me criar problemas justo agora.

Heitor olha para um quadro de Bruno na parede e como se o primo estivesse ali, começa a conversar com ele.

Heitor: Você pensou que iria me destruir sua bicha ? Sou mais esperto que todos vocês juntos.

Ellen entra no quarto.

Ellen: Com licença, já estou indo, mas vim ver como você está.

Heitor: Estou quebrado, dói muito. Mas o que dói mesmo é ver nossa família se destruindo dessa maneira.

Ellen: Não fique assim, tenho certeza que toda verdade virá à tona e esse mau caráter irá pagar por tudo.

Heitor olha sério para a moça, concordando em seguida.

Heitor: Sim, o Samuca.

Ellen sorri: - Sim. O Samuca.

Ela dá um beijo em sua testa e sai do quarto, mas antes de deixar a mansão entra no banheiro e lava a boca, esfregando os lábios e olhando para o espelho.

Ellen: Nojo!


Cena 06 - Ao som de The Business - Tiësto

Paisagens - Imagens aéreas de uma São Paulo urbana - Os dias se passam


Cena 07 - Escritório de Mohamed - Manhã


Mohamed analisa algumas planilhas, quando Miguel entra como quem não quer nada.

Miguel: Bom dia, chefinho!

Mohamed: Miguel! Entre.

Miguel: Tudo bem ?

Mohamed: Tudo ótimo, e com você ? Como vai o casamento ?

Miguel: É sobre isso mesmo que eu gostaria de falar.

Mohamed se mostra curioso.

Miguel: Eu gostaria de sair mais cedo hoje, se o senhor permitir...

Mohamed: Para que ?

Miguel: Eu quero fazer uma surpresa para a Rosa!

Mohamed: É mesmo ? Você pelo visto gosta muito dessa moça.

Miguel: Mais que tudo nessa vida. Eu dei uma sorte em encontrar uma mulher como ela. Linda, perfeita, educada, culta... Uma santa! Eu não tenho dúvidas que ela é a mulher da minha vida!

Mohamed: Seus olhos brilham enquanto você fala. Parece eu quando conheci a Ayla... E cá estamos nós. Juntos até hoje!

Miguel sorri.

Mohamed: Mas você tem mesmo certeza que é o que quer de verdade ?

Miguel: Como nunca tive antes, chefinho. É amor. E é verdadeiro e recíproco!

Mohamed fica pensativo por alguns instantes.

Miguel: E então... Posso ir ?

Mohamed: Claro. Claro, rapaz! Vá em frente. Vá atrás do seu sonho!


Cena 08 - Mansão de Antônio - Sala de Estar - Manhã - Ao som de instrumental 'Ação da Vida' - Iuri Cunha


Heitor pega sua mala e se dirige até a porta.

Antônio: Onde você vai ?

Heitor: Trabalhar tio, já me sinto bem.

Antônio: Mas você tem que estar de repouso.

Heitor: Me sinto ótimo tio, e sei que o senhor está precisando de mim.

Antônio: Meu querido, eu ia deixar pra comunicar isso mais pra frente, mas já que você está se sentindo tão bem... Eu estou querendo me afastar um pouco do trabalho. Sua tia está cada vez mais difícil, e essa decepção com o Vicente nos machucou demais. Eu pretendo viajar, rodar o mundo com a Helena. Acumulei tanto dinheiro e sempre fui alvo de invejosos, pessoas interesseiras. Não quero mais viver rodeado disso. E você sempre foi meu braço direito e se você tiver disposto a assumir esse desafio, quero que você assuma o meu lugar.

O momento que Heitor mais esperou na vida, finalmente estava acontecendo. Sua vontade era sair gritando, mas teve que se conter.

Heitor: Tio, mas será uma honra. Claro que nunca chegarei aos seus pés, mas prometo dar meu sangue por nossa empresa.

Ellen e Helena chegam para o café.

Ellen: Olá a todos.

Antônio: Ainda bem que estão aqui, aproveito e comunico em primeira mão, que o Heitor será o novo presidente das nossas empresas.

Ellen: Que maravilha. Parabéns, Heitor!

Helena: Vai se aposentar ?

Antônio: Não minha querida, vamos viajar, só eu e você.

Helena: Não quero ir para lugar algum com você!

Heitor nem percebe a falta de alegria da tia com a notícia, sua euforia interna é tão grande que o deixa cego. Ele já não consegue mais manter sua pose de bom rapaz, sua arrogância e prepotência vêm a tona, mostrando seu verdadeiro caráter.

A forma carinhosa que sempre tratou seus subordinados dá lugar a frieza, sempre diminuindo as pessoas a sua volta.





Cena 09 - Apartamento - Tarde


Rosinha, Dona Benedita e Miguel chegam em um apartamento modesto. Não tão elegante, mas simples e de bom gosto.

Rosinha: Que lugar é esse ? - Pergunta, olhando em volta.

Dona Benedita: Nossa que rua chique, hein!

Os três encaram o imóvel.

Miguel: Bom, eu não preciso mais provar das minhas boas intenções pela Rosa, afinal o nosso casamento será marcado para o mais breve possível...

Rosinha o observa falar e abre um sorriso, já prevendo o que está por vir.

Miguel: E eu não quero nunca deixar o meu amor desamparada! Então... Eu tomei a liberdade de passar esse apartamento para o seu nome.

Dona Benedita quase desmaia com o que escuta.

Rosinha tenta contêr a felicidade, embora esteja explodindo por dentro.

Miguel: Olha, eu sei que você merece muito mais, não tem tanto luxo... Mas eu vou trabalhar pra um dia te dar um melhor ainda! Esse aqui será apenas um porto seguro. E então, o que achou ?

Dona Benedita: Só pode ser um sonho, olha minha neta...

Rosinha: Eu não posso aceitar.

Dona Benedita e Miguel se espantam.

Miguel: Porque ?

Dona Benedita: É, porque ? Tás doida é menina. Nunca se sabe o dia de amanhã, não temos nem onde cair morta!

Rosinha: Eu sei, mas é que... Eu vou me casar com você porque eu te amo, não pelo que você tem. Assim fica parecendo que é interesse, eu não posso aceitar uma casa sua assim logo de cara!

Miguel se emociona. - Mas é uma santa mesmo! Mas é claro que você pode e deve aceitar, e agora não há mais volta. A casa é sua, meu amor!

Rosinha sorri, fingindo estar tímida.

Dona Benedita: E o casamento, é pra quando ?

Miguel: Irei marcar essa semana mesmo. E tentarei um encaixe para ainda esse mês, não quero esperar mais. Não podemos adiar a felicidade!

Dona Benedita sorri, toda orgulhosa.

Rosinha se mostra ansiosa.


Cena 10 - Escritório de Heitor - Tarde - Ao som de instrumental 'Dangerous' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho


Vitória: Posso falar com você ?

Heitor: Seja rápida.

Vitória: Queria saber sobre o cargo lá na filial do Rio, conforme prometido, já resolvi toda questão burocrática e basta um ok de vocês para que eu me mude.

Heitor: Esse cargo foi passado para outra pessoa.

Vitória: Como assim, eu pensei que...

Heitor: Pensou errado, aliás você deveria pensar em começar a procurar outro emprego. Acho muito difícil sua permanência aqui, depois de tudo que seu irmão aprontou.

Vitória: Mas eu praticamente mudei minha vida para se adequar à proposta que vocês me fizeram. Até imóvel lá eu já procurei!

Heitor: Ah, sério ? Poxa. Mas a vida é assim, quem não tem talento não se estabelece. Se era só isso, estou cheio de trabalho pra fazer. Ah, aproveite e leve essas xícaras sujas de café. Os serviços de limpeza aqui estão péssimos, mas eu assumindo a presidência, muita coisa irá mudar por aqui.

Vitória o olha, se sentindo humilhada. Heitor sorri, adorando mandar e desmandar em todos.


Cena 11 - Casa de Teresa - Cozinha - Tarde - Ao som de instrumental 'Be Best' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho


Samuca: Não sabem como foi difícil arrastar o Vicente até aqui.

Henrique: Eu sei que é difícil, mas você tem que reagir, mano!

Vicente: Obrigado pelo apoio de todos vocês. Mas eu estou melhor. Tô aqui, não tô ?

Teresa: Eu fiz um almocinho especial de domingo. Duvido vocês não se alegrarem!

Samuca: E a Mirella, alguém tem notícias ?

Henrique: Ela sumiu do mapa, mas uma hora pego eu aquela bandida.

Teresa: Não vamos falar sobre esse assunto agora, né. Porque não trouxe a Flora, Samuca ?

Samuca: A Vitória ia sair com ela. Mas na próxima próxima trago!

Henrique: Foi visitar o pai ?

Samuca: Antes fosse, mas aquele canalha sumiu no mundo, nunca assumiu ela. Ele nunca apareceu nem pra conhecer a própria filha.

Vicente: Não sei como um cara pode abandonar uma filha, ainda mais uma garotinha tão especial como ela.

Henrique sente uma sensação estranha, como se algo tivesse mexido com ele.

Henrique: Quantos anos ela está fazendo ?

Samuca: Tá pra fazer 6. Inclusive, estou pensando em uma festa de aniversário e...

Samuca fica falando, animado, mas Henrique parece não ouvir mais nada ao seu redor. Um forte zumbido toma conta de seu ouvido. Ele sai da cozinha, sem ser notado, indo direto para o quarto.

Lá, fica vários minutos pensando, mas suas conclusões parecem chegar sempre no mesmo lugar.

Henrique: Não pode ser. Meu Deus!!! Será ???


Cena 12 - Mansão de Mohamed - Tarde


Rosinha está passando um pano nos móveis, sem conseguir contêr a felicidade ao se lembrar do imóvel que ganhou.

Mohamed chega do trabalho e se senta no sofá, exausto.

Rosinha o encara com uma expressão sensual, e um jeito de menina mulher que só ela sabe fazer.

Mohamed: Rosinha. Como vai ?

Rosinha: Melhor agora que o senhor chegou. É sempre bom vê-lo!

Mohamed tira sua gravata. - E minha mulher ?

Rosinha: Foi até o salão. Mas logo volta! - Responde, se aproximando.

Os dois não conseguem tirar os olhos um do outro.

Rosinha olha descaradamente para a camisa semi aberta do empresário, passando os olhos por seu peitoral peludo quase à mostra.

Sua calça apertada com uma leve saliência no meio.

O seu cheiro de homem suado.

Rosinha: O senhor parece cansado. Quer uma massagem ? - Pergunta, com uma voz doce e passando a mão em seu ombro.

Ao toque de suas mãos, Mohamed se levanta nervoso.

Os dois se encaram.

Mohamed: Tenho que ir, preciso de um banho! - Afirma, saindo rapidamente.

Rosinha sorri.

A moça respira fundo, sentindo o perfume daquele homem forte no ambiente.


Cena 13 - Arredores da Faculdade - Tarde - Ao som de instrumental Partidas e Reencontros - Alexandre Guerra


Luan está saindo da faculdade após mais uma aula. Cheio de olheiras e cabelos meio desajeitados, ele anda distraído até a trilha de árvores que tem a beira do rio.

Ele nem percebe que está sendo seguido por Hanna, que sorri ao vê-lo.

Ela anda rápido até alcançá-lo.

Hanna: Luan!

Luan revira os olhos ao ouvir a voz da moça.

Hanna: Luan, eu preciso tanto falar com você!

Ele se vira até ela, com um olhar impaciente.

Hanna: Nossa. Pela sua cara você já deve saber, né ? Você aí, se esforçando tanto pra ser o namoradinho perfeito, enquanto a Marina não se importou nem um pouco quando tava no bem e bom com outro. Até engravidou, olha como a noite deve ter sido explosiva!

Luan: Você deve tá adorando, né ?

Hanna: Viu agora como eu sim sou a mulher perfeita pra você ? Eu jamais te machucaria dessa forma, muito menos te faria de corno!

Luan se aproxima dela, em silêncio.

Hanna: Agora podemos ficar juntos. Eu até deixo você me usar se quiser para mostrar para aquela vadia o que ela perdeu! Eu odiava aquele papel de me fingir de amiga dela mesmo... Eu te disse, meu amor. Eu te disse que eu ficaria com você! - Dispara, se aproximando do rosto dele para dar um beijo.

Luan dá um tapa na cara dela, fazendo-a cair no chão com o impacto.

A moça fica completamente estática, enquanto seu lábio inferior sangra.

Luan: Eu não te quero! Para de se humilhar desse jeito, você é ridícula! Mesmo com tudo o que a Marina fez, ainda assim eu a amo e tentarei enxergar o seu lado. Já por você, eu não sinto nada além de desprezo! Suma da minha vida de uma vez por todas, eu não tenho mais medo das suas ameaças! - Esbraveja, enquanto a olha com ódio.

Ele sai em seguida, a deixando jogada no chão.

Hanna passa o dedo em sua boca, se assustando ao ver o sangue.

Hanna: Você vai pagar caro. Não termina aqui!


Cena 14 - Escritório de Heitor - Noite - Ao som de instrumental 'Be Best' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho


Heitor entra em sua sala. Seu expediente já havia encerrado, mas ele fica olhando em volta, com um sorriso no rosto.

Heitor: Tudo isso agora é meu! Como sempre foi pra ser. Esse escritório, as lojas... O caixa... - Diz, com um ar de satisfação. Ele se senta em sua poltrona e abre seu notebook, olhando alguns sites de veículos.

Heitor: Você está precisando de um carro novo, o futuro dono de tudo isso aqui merece um carro melhor. Modelo 2023 ou um importado de 2024 ? Que dúvida cruel!

Heitor faz algumas anotações em um papel e vai até o canto da sala onde encheu um copo com whisky. Após dar o primeiro gole, escuta um bip do seu e-mail, informando a chegada de uma nova mensagem.

Calmamente ele vai até lá e se senta na poltrona, dando outra golada. Ao clicar em sua conta, ele vê que é um e-mail sem remetente.

Sem pensar abre a mensagem e conforme vai lendo o texto, sua feição vai mudando.


"- Boa noite. Como vai você ?

- Estava com saudade de mim?

- Relutei antes de escrever a você, mas as coisas que você fez me entristeceram demais.

- O que você acha que merece um traidor ?"


Heitor relê a mensagem e se levanta, tentando manter-se calmo, mas não consegue saber se era apenas uma brincadeira ou algo direcionado mesmo a ele.

Heitor: Mas o que significa isso ? Quem é você ? Que merda de brincadeira é essa ? - Esbraveja.

Ele fica andando pela sala, passando a mão na cabeça e tentando não dar crédito a aquela mensagem, mas sua consciência martela.

Heitor: Quem é você... ?

O notebook dá outro aviso, indicando que uma nova mensagem havia chegado.

Heitor corre, se sentando novamente e abrindo o e-mail.


"- KKKKKKKKKKK.

- Tenho certeza que deve estar se perguntando quem eu sou.

- Eu voltei para fazer você pagar por seus crimes."


Heitor vai abaixando a mensagem, cada vez mais intrigado.


"- Sou eu, seu priminho querido."


Heitor dá um pulo da cadeira, levando um grande susto.

Uma foto de Bruno se abre, tomando toda tela, como se ele estivesse ali, olhando no fundo de seus olhos.

Com um sorriso no rosto e aparência um pouco mais velha do que há 10 anos atrás.

Heitor fica estático, se arrepiando da cabeça aos pés.


Imagem de Heitor congela em um efeito alaranjado, ficando fixo na tela por longos segundos.


Continua.


Se encerra no refrão de Toxic - 2WEI


2023 - DNA

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page