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Seguindo em Frente - Capítulo 40
( Últimas Semanas )
+16 ( Contém Violência, Sexo e Linguagem Imprópria )
Cena 01 - Casa de Marta - Sala - Fim de Tarde
Henrique: Não mente pra mim, Vitória! Minha paciência tá no limite. Se não falar por bem, vai falar por mal porque eu irei na justiça e será pior! Existe alguma chance da Flora ser minha filha ?
Vitória: Pare, Henrique!
Henrique pega no braço dela.
Henrique: A Flora é minha filha ?
Samuca chega de repente, interrompendo a conversa dos dois.
Samuca: Como é que é ? Sua filha ?
Vitória e Henrique se entreolham, nervosos.
Samuca: Você ? Pai da Flora ? Que história é essa ?
Vitória: O que faz aqui, Samuca ?
Samuca: O que está acontecendo, Vitória ?
Vitória: Por favor, Henrique. Vai embora, não temos mais nada que conversar.
Henrique: Responda, Vitória. Eu tenho o direito de saber. Não agüento mais conviver com essa dúvida!
Vitória: Não tenho nada pra responder, me deixe em paz!
Samuca: Você e ele...
Vitória fica nervosa, tentando se esquivar da surpresa de Samuca e das dúvidas de Henrique.
Vitória: Pare vocês dois, a Flora é minha filha, só minha!
Flora: Vocês estão brigando ? - Pergunta Flora, descendo a escada.
Vitória: Não minha filha, só estamos conversando.
Flora se aproxima de Henrique e corre para um abraço, sendo apanhada no colo por ele.
Flora: Oi tio, veio me ver?
Henrique: Claro, minha princesa. Eu vim aqui só por você! - Responde, dando um beijo na testa da menina.
Samuca fica olhando aquela cena e nem foi preciso dizer mais nada. Por nunca ter ligado a irmã ao cunhado, jamais conseguiria notar essas semelhanças, mas agora vendo Flora e André juntos, tudo foi ficando claro.
De maneira discreta nota alguns traços, movimentos e outras semelhanças, que comprovam o que acabara de descobrir.
Samuca olha para Vitória, esperando respostas, mas a irmã abaixa a cabeça, fugindo de seu olhar.
Flora: Porque não trouxe a Tia Teresa com você ?
Henrique: Outro dia eu trago.
Vitória pega a filha do colo dele, tentando encerrar de vez aquela conversa.
Vitória: Vamos deitar, você teve febre essa noite, esqueceu ?
Henrique: Eu ainda estou esperando uma resposta sua.
Vitória: Por favor, Henrique. A menina!
Samuca: Eu subo ela!
Flora: Tchau, tio!
Henrique: Tchau, meu amor. Eu prometo te levar pra passear em breve, viu ?
Samuca pega Flora no colo e sobe com a sobrinha, deixando os dois a sós novamente.
Vitória: A única coisa que tenho a dizer é que ela não é sua filha.
Henrique: A idade dela...Nós transamos sem camisinha. Eu estava bêbado, você também, e teve aquela festa....
Vitória: Sim, Henrique. Mas você acha que foi o único homem da minha vida ? O único homem daquela semana, o único que fiquei aquele dia ?
Henrique: Pare, Vitória. Você não é assim.
Henrique: O pai da Flora é um homem casado, não me faça ter que expor esse assunto.
Henrique: Pelo visto achei mesmo que lhe conhecia. Me desculpe por esse papel de idiota que fiz agora! - Responde, desapontado. Ele vira as costas e sai batendo a porta. Samuca desce a escada e vai atrás da irmã.
Samuca: O que ele falou é verdade ?
Vitória: Você também não, Samuca.
Samuca: Ele é pai dela não é ? Você mentiu dizendo que o pai dela não quis saber da gravidez.
Vitória: Me deixa em paz!!!
Vitória começa a chorar, não dizendo nada com nada, se trancando no quarto e deixando Samuca sem respostas.
Cena 02 - Asilo - Fim de Tarde - Ao som de instrumental 'Otto Dimas' - Eduardo Queiróz
Heitor está de joelhos no chão, segurando aquela folha, lendo atônito o bilhete de Bruno.
Heitor: Você morreu, você está morto e enterrado! Cadê esse caderno, cadê!!!
Heitor se levanta, atormentado.
Heitor: O que você quer de mim ??? O que!!! Pai, acorde!!!
Heitor começa a sacudir aquele velho que está dormindo, até que ele desperta.
Mário: Filho, há quanto tempo.
Heitor: Quem veio aqui ?
Mário: O que está fazendo aqui ? Faz tempo que não me visita.
Heitor: Quem esteve aqui, pai ? Quem mexeu nessa mala ?
Mário: Ninguém, só recebo visita sua. Aconteceu algum problema ? Estava com saudades meu filho.
Heitor começa a andar em círculos, esfregando as mãos na cabeça.
Heitor: Você tá morto, você não vai me atormentar de novo. Eu não vou deixar, eu não vou deixar! Eu te mato de novo! - Sussurra, dizendo coisa com coisa.
Heitor sai do quarto apressado e vai até a administração do asilo, mas igual seu pai disse, foi informado que ninguém o visitou.
Gerente: Temos controle de todas as visitas e posso lhe garantir que em todos esses anos, além de você, ninguém nunca o visitou.
Heitor: Quero ver as câmeras.
Gerente: Infelizmente não temos câmeras, só as da portaria, mas estão sem gravar.
Heitor: Droga!!! Droga!!! Maldito buraco que não tem uma câmera que funcione! - Esbraveja.
Ele sai furioso daquele asilo, deixando todos os funcionários sem entender nada.
Cena 03 - Mansão de Mohamed - Fim de Tarde - Ao som de Cold World - Macy Gray
Mohamed está segurando o braço de Rosinha contra o muro do quintal.
Os dois estão a beira da enorme piscina.
Mohamed: O que está dizendo, menina ?
Rosinha: É isso mesmo que você ouviu. Eu estou apaixonada por você, eu sempre te amei. Eu sempre te desejei desde o primeiro momento que te vi naquela entrevista!
Mohamed se mostra confuso. - Você se tornou a melhor amiga da minha esposa. Vai se casar com o meu melhor funcionário, que te ama! Eu não estou entendendo. Aonde quer chegar ?
Rosinha: Tem razão. Eu estou com o Miguel sim, mas eu me aproximei dele em uma medida desesperada de te esquecer! E eu não estou mentindo, eu gosto dele, mas é de você que eu amo. Aí eu coloquei na minha cabeça que se eu me casasse o mais rápido possível, poderia te esquecer...
Mohamed a observa falar, calado.
Rosinha: Mas até aqui eu falhei. E agora não aguento mais segurar o meu desejo! Eu não posso morrer sem sentir você. Suas mãos me segurando, o seu cheiro, os seus beijos...
Instantaneamente, os dois se beijam calorosamente, deixando aflorar uma paixão que estava reprimida a muito tempo.
Mohamed chupa o queixo e o pescoço dela, enquanto aperta com força seus seios.
Rosinha sorri, gemendo e mordendo os lábios.
Rosinha: Eu quero sentir você em mim! Eu te amo, Mohamed. Eu te amo!
Mohamed a deita na beira da piscina e sobe por cima dela, a beijando ferozmente.
Rosinha olha para ele com um olhar sensual.
Ele abre as pernas dela e começa a penetrá-la, enquanto aperta os dois seios dela com uma só mão.
Rosinha geme, sentindo dor e tesão ao mesmo tempo.
Enquanto a penetra, Mohamed deita por cima dela e vai sussurrando palavrões em seu ouvido, levando a moça a loucura.
Cena 04 - Casa de Marina - Sala de Estar - Começo de Noite
Marina pega aquela aliança em sua mão e a fecha entre seus dedos, enquanto limpa as lágrimas de seus olhos.
Decidida, ela sai do quarto, passa pelo corredor e desce as escadas, indo ao encontro de Luan.
Marina: Eu só quero te devolver isso, e...
Ela levanta sua cabeça e olha para os lados, mas não vê ninguém.
O silêncio reina e não há ninguém ao seu redor.
Marina: Luan ?
Ela anda até a cozinha e depois até a varanda, e vê que o carro dele continua parado lá fora.
Ela volta a entrar e fica parada na sala, atenta ao mínimo sinal de barulho.
Marina: Eu sei que você aí. Apareça, agora não é hora para brincadeiras! - Diz, nervosa.
Cena 05 - Mansão de Mohamed - Suíte - Noite
Rosinha e Mohamed estão deitados na cama, da forma em que vieram ao mundo.
Ele está em silêncio, pensativo, enquanto ela olha para ele, tentando discretamente tentar adivinhar seus pensamentos.
Rosinha: Você tá tão calado. Se arrependeu ?
Mohamed: Eu sou homem. Eu não me arrependo de nada do que eu faço! Mas isso não pode voltar a acontecer. Eu amo a minha esposa.
Rosinha revira os olhos.
Rosinha: Que breguice. A mesma ladainha de sempre... Vocês estão casados há o que ? Vinte anos ? Não cansa não ? Comer a mesma coisa todo dia. Aqui você tem carne nova e fresca a sua disposição!
Efeito sonoro chocalho de cobra toca em cena.
Mohamed: Rosinha... Eu nunca te ouvi falar assim.
Rosinha: Porque agora você já sabe quem eu sou de verdade. Eu só fingia pra tudo e todos porque eu queria você.
Mohamed continua olhando para ela, cada vez mais surpreso.
Rosinha: Mas fala a verdade. Tá, eu sei que você ama ela, mas... Aposto que vocês dois só ficam no papai e mamãe, né não ? Eu sim te fiz um homem de verdade, como nenhuma outra mulher fez em toda sua vida! Estou mentindo ?
Mohamed se levanta, sentando na cama.
Mohamed: Não gosto de comparações. Pare com isso! E isso não pode sair daqui. Tampouco acontecer de novo!
Rosinha também se levanta, esfregando seus seios contra as costas dele, enquanto faz uma massagem em seu ombro.
Rosinha: Vamos ver quanto tempo você vai aguentar ficar longe de mim. Agora que já provou, vai querer de novo! E não há problema nenhum nisso. Será o nosso segredinho... - Sussurra no ouvido dele.
Mohamed vira seu rosto, com a nuca arrepiada, e se mantém sério.
Sentindo a sua consciência pesar.
Cena 06 - Apê de Vicente - Sala - Noite
Vicente já está em casa quando Samuca chega. Ainda impressionado com a história da irmã, Samuca fica calado, no seu canto, sendo observado por Vicente o tempo todo.
Vicente: Tudo bem ?
Samuca: Sim, só vou tomar um banho e já volto pra lhe fazer companhia.
Vicente: Não demora não.
Após tomar seu banho, Samuca volta, somente de bermuda e cabelos molhados, deitando-se no sofá. Vicente, que estava na cozinha, se junta a ele, fazendo um cafuné.
Vicente: E aí ? Vai querer me contar agora ?
Samuca: Contar o que ?
Vicente: Eu te conheço, foi só ver você com aquela carinha e já imaginei que algo tivesse acontecido.
Samuca não pretende esconder mais nada de Vicente e aproveita a deixa para contar tudo.
Vicente: Como é que é ? Meu irmão abandonou sua irmã, grávida dele ?
Samuca: Não sei direito, mas está tão na cara. O Henrique acha que é pai da Flora!
Vicente: Vou matar o Henrique, como ele foi capaz disso. Irresponsável, moleque! - Xinga, nervoso.
Samuca: Pois é, mas não sabemos o que realmente aconteceu...
Vicent: Então a Flora é minha sobrinha de verdade ?
Samuca: Não sei meu amor. Gostaria de poder te dar essa resposta!
Vicente se anima com a possibilidade, enquanto Samuca prefere pensar com cautela até saber de toda a história.
Cena 07 - Mansão de Antônio - Noite - Ao som de música instrumental 'Dimas Operando' - Eduardo Queiróz
Heitor chega em casa atordoado e todo suado. Ele sobe a escada e vai até o corredor, se dirigindo ao seu quarto. Ao entrar, seu celular vibra, indicando a chegada de uma nova mensagem. Heitor saca o aparelho na mesma hora e lê, aflito.
- Como o Titio Mário está ?
- Se está lendo essa mensagem é porque andou visitando ele.
- Durma bem, se conseguir.
Heitor: Pare com isso, que inferno!!! - Diz, com a voz trêmula e sentindo seu coração acelerado.
Heitor: Eu só quero paz, me deixa em paz! - Grita, derrubando alguns enfeites de cima de sua mesa de trabalho.
Ele se senta na cama, encolhido no canto e olhando em volta.
Iluminado pela luz do abajur ao seu lado, Heitor se sente com medo e não consegue relaxar um só segundo.
Já é por volta da meia noite quando consegue dormir, mas desperta em seguida com seu celular tocando.
Heitor: Alô ?
Do outro lado da linha, ninguém responde, mas é possível se ouvir uma respiração abafada.
Heitor: Alô, responde desgraçado!
Heitor desliga o celular mas minutos depois começa a tocar novamente.
Heitor: Alô, o que você quer ? Pare com isso, por favor!
Ele desliga seu celular, agoniado. Mas não adianta de nada.
Agora seu telefone fixo que começa a tocar.
Heitor se levanta e corre pra atender.
Heitor: Responda, o que você quer ? É dinheiro ?
Novamente, só uma respiração é ouvida, mas ninguém diz absolutamente nada.
É só colocar o telefone no gancho que volta a tocar.
Desesperado, ele puxa o aparelho da tomada e atira contra a parede.
Heitor: ME DEIXA EM PAZ! SEU LIXO! EU NÃO AGUENTO MAIS, CHEGA! - Grita, descontrolado.
Ele começa a chorar, em um ataque nervoso.
Cena 08 - Casa de Marina - Sala de Estar - Noite
Marina chora, nervosa, sentada no sofá. Sol e João, que haviam acabado de chegar, tentam acalmar a filha.
Sol: Como assim ele sumiu, menina. Conta isso direito!
Marina: Eu não sei... A gente tinha brigado. Eu subi pra pegar a aliança pra devolver pra ele, pra acabar de vez com o nosso noivado. Mas quando eu cheguei aqui, ele já não tava mais!
Sol: Terminar o noivado porque ?
João: Será que ele não saiu pra fazer alguma coisa, não sei...
Marina: Pra onde ele iria sem me avisar. E outra, o carro dele tá aí, a carteira tava ali, caída no chão... Eu vou enlouquecer, eu não sei o que pensar. Eu não sei o que tá acontecendo aqui, primeiro a gravidez, depois isso...
Sol: Gravidez ?
Marina chora mais ainda.
João: Que gravidez, Marina ?
Marina: É isso mesmo. Eu estou grávida, mas eu não sei de quem é!
João: Como é que é a história ?
Marina se levanta.
Marina: Me deixem em paz. Tô me sentindo sufocada!
Sol: Como assim você tá grávida e a sua mãe não sabia de nada ? Volte aqui. E como assim não sabe de quem é o pai, Marina, minha filha!
Marina: Eu não sei, tá bom! Eu estava afastada do Luan quando isso aconteceu. E de repente eu apareci grávida, ele achou que eu o traí e terminou comigo. E depois eu descobri que ele também me traiu, e eu joguei isso na cara dele. Foi tudo muito rápido, ele tava aqui, depois não tava mais!
Sol e João se entreolham, cada vez mais preocupados.
Sol: Devemos informar a polícia ?
João: Nem sabemos o que aconteceu. De qualquer forma, precisamos esperar 24hs até formalizar, caso ele não apareça!
Sol corre para abraçar sua filha, que não para de chorar um só minuto.
Cena 09 - Apê de Henrique - Quarto - Manhã - Ao som de instrumental 'Dangerous' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho
O dia mal tinha amanhece e Henrique acorda vendo o irmão sentado numa poltrona, olhando pra ele.
Henrique: Nossa, que horas são ? O que faz aqui tão cedo ?
Vicente: Temos muito que conversar, não é seu moleque ?
Henrique: Qual é Vicente ? Ficou louco ?
Vicente: Estou sabendo de tudo. Que história é essa de você e a Vitória ?
Henrique: O Samuca já foi te contar né.
Vicente: Como você deixa um bebê com a mãe e as abandona ?
Henrique: Eu posso ser tudo menos isso. Nunca iria deixar um filho no mundo. Mas fica tranqüilo, não sou pai daquela garotinha não. A Vitória é uma sem vergonha, nem deve saber quem é o pai.
Vicente: Como você sai transando por aí sem camisinha cara ? Já não basta aquela sua ex que você engravidou e infelizmente perdeu o bebê. Muita irresponsabilidade!
Henrique: Sermão a essa hora ? Já passou, eu era inconseqüente, estava bêbado e me descuidei!
Vicente: Você acredita mesmo no que a Vitória disse ? Convivo com ela desde que conheci o Samuca, e garanto que ela não é essa safada que você pensa.
Henrique: Ela foi clara, o pai é um homem casado.
Vicente: Acorda Henrique, ela só está afastando você, nem o Samuca acredita nisso.
Henrique, que estava tranqüilo quanto aquela paternidade, volta a sentir aquele peso nos ombros com os argumentos do irmão.
Henrique: Mas porque ela está fazendo isso ? Me torturando assim ?
Vicente: Não sei, talvez medo. Eu vou procurá-la, você vai fazer um teste de DNA e tirar essa história a limpo!
Cena 10 - Loja de Antônio - Manhã - Ao som de instrumental 'Be Best' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho
Secretária: Bom dia. Aconteceu alguma coisa ?
Heitor: Não, por quê ?
Secretária: Nada.
Embora a secretária não tivesse dito, Heitor está com uma aparência horrível, cheio de olheiras e barba por fazer, com a roupa toda amassada. Ele vai para a sala e ao abrir seu e-mail se sente aliviado ao não ver nenhuma mensagem nova.
Antônio, que há semanas não dava as caras, aparece naquele dia e não fica nada satisfeito com o que vê.
Antônio: Como é que é ? O relatório do novo centro de distribuição não está pronto ?
Heitor: Estou terminado tio, eu...
Antônio: Isso era pra estar pronto pra ontem, a reunião é amanhã. O que está acontecendo, Heitor ? Você nunca foi relapso assim, ainda mais com um assunto tão importante.
Heitor: Me desculpe tio, isso não irá se repetir.
Heitor volta para sua sala espumando de tanta raiva.
Heitor: Era só o que faltava esse velho de novo aqui dentro, deve ser coisa daquela cadela da Helena!
Secretária: Com licença, chegou esse envelope pra você.
Heitor: Deixe aí em cima e hoje não quero ser interrompido por ninguém!
Secretária: Sim senhor. Com licença!
Heitor começa a fazer o relatório, mas não consegue se concentrar.
Curioso, ele fico atordoado quando abre o envelope, vendo cópias das páginas do caderno de Bruno, onde fala coisas escabrosas sobre ele.
Heitor: O que é isso!!!
Seu celular vibra.
De imediato abre seu e-mail e lá está mais uma mensagem.
"- Dormiu bem priminho ?
- Acho que já deve ter recebido minha encomenda não é ?
- Você gostava tanto dos meus cadernos...
- Essas folhas são só pra matar a saudade.
- Ah, antes que eu me esqueça, mandei um envelope igualzinho para o papai.
- Acho bom você correr e pegar, antes que ele abra e descubra quem você é de verdade!"
Efeito sonoro grave toca em cena.
Heitor larga tudo e corre para a sala de Antônio, que conversa com sua secretária e logo vê um envelope igual em cima da mesa do tio, ainda lacrado.
Antônio: Algum problema ?
Heitor: Não, só queria discutir umas coisas.
Antônio o encara, começando a achar as atitudes do sobrinho estranhas demais, mas mantém a discrição.
Inventando qualquer coisa, Heitor permaneceu o tempo que foi preciso naquela sala, sentindo como se uma faca estivesse em seu pescoço, pronta para atacá-lo.
Aquele envelope está debaixo do olhar de Antônio, que conversa com o sobrinho.
As desculpas de Heitor já estão se esgotando e não surge uma oportunidade de pegar aquele documento, até que em um pequeno descuido do tio, consegue pegar o envelope, sentindo que um container saia de cima de suas costas.
Correndo para sua sala, ele faz uma fogueira na lata de lixo e queima todas aquelas folhas.
Heitor: Que merda, que merda, que merda! Eu só quero acordar desse pesadelo!
Ele se dirige até o seu armário de bebidas e vira uma garrafa de whisky na boca, tomando alguns goles.
A câmera foca na garrafa em sua mão.
A bebida desce queimando em sua garganta.
Ele limpa a boca, olhando ao seu redor. Sua tormenta começa novamente, sem dar trégua, quando seu celular vibra novamente.
"- Como vai priminho?
- Bom, se ainda está por aqui, é porque conseguiu pegar o envelope.
- Isso deve ter sido fichinha pra você não é mesmo ? Só vim desejar um ótimo final de semana. Aproveite bastante, pois na segunda-feira nosso dia será muito movimentado.
- Abraços, Bruno!!!"
Heitor: Porque não aparece logo agora, seu desgraçado!!!
Cena 11 - Supermercado - Manhã
Dona Benedita arrasta um carrinho com pão, ovos, sardinha, macarrão, alguns temperos e uma bolacha até o caixa.
Ela coloca os itens na esteira a atendente vai passando um a um, enquanto a aposentada olha atentamente o valor que vai aparecendo na tela.
Atendente: 26 reais. Qual seria a forma de pagamento ?
Dona Benedita fica nervosa ao ver o valor, bem acima do que achou que daria, e abre sua carteira. Ela tira de dentro uma nota de 10, uma de 5 e algumas moedas que formam 7 reais.
Dona Benedita: Eu só tenho 22...
Atendente: Vai tirar o que ? - Pergunta, impaciente.
Dona Benedita fica constrangida, e com a cabeça baixa tira o pacote de bolacha para fora da esteira.
Na mesma hora, uma mão segura a sua e coloca a bolacha novamente junto as suas compras.
Dona Benedita se vira e se surpreende ao ver quem é.
Miguel: Passe todas as coisas da senhora aqui e não tire nada. Eu mesmo pago! - Afirma, enquanto se dirige até a máquina e realiza o pagamento.
Dona Benedita: Miguel... Você aqui. Que vergonha!
Miguel: Pois é. Tava vindo comprar uma besteirinha, quando te vi aqui na fila. Deixa eu te ajudar com essas sacolas!
Dona Benedita: Não precisa, o ponto é bem ali!
Miguel: Que ponto o que, eu te levo de carro!
Dona Benedita mantém a cabeça baixa o tempo todo, constrangida.
Miguel levanta a cabeça dela.
Miguel: Ei, não precisa ter vergonha. Acontece!
Dona Benedita: A gente trabalha a vida toda pra não ter nada. E quando envelhece vira igual cachorro de rua, não tem dignidade nenhuma!
Miguel: Imagina, Dona Benedita. A senhora é uma mulher sábia! A Rosinha não está te ajudando ?
Dona Benedita: Ela tá, mas eu sempre falo que não preciso de nada. Eu não quero incomodar, principalmente agora que ela está ocupada comprando as coisas para o casamento dela!
Miguel: Mas ela é sua neta, não é incômodo algum.
Miguel tira de dentro de sua carteira duas notas de 200 reais.
Miguel: Tome. Eu só tô com isso agora, mas depois lhe arrumo mais, não quero a avó da minha esposa passando necessidade não. A senhora faz parte da minha família agora!
Dona Benedita se emociona. - Você... Você tá me dando isso... Você tem certeza ? Não vai fazer falta ?
Miguel sorri com a simplicidade dela. - Não, claro que não. Pode pegar, é de coração. - Afirma, estendendo o dinheiro.
Meio sem jeito, Dona Benedita pega.
Miguel: Dona Benedita, entenda uma coisa. Eu amo a sua neta, e vou fazê-la feliz! E isso inclui a senhora também. Se depender de mim, vocês duas nunca mais irão sofrer de novo!
Dona Benedita: Menino de ouro! Que sorte a minha neta teve de encontrar um homem feito você. E que sorte você teve de encontrar uma santa feito ela! Vocês dois serão muito felizes juntos, são os meus orgulhos! - Diz, emocionada.
Cena 12 - Varanda da casa de Marta - Manhã
Vitória está saindo para o trabalho quando Henrique aparece.
Vitória: Você de novo ? Não cansa não ?
Henrique: Só vim lhe avisar que contratei um advogado, você receberá uma intimação, estou pedindo um teste de DNA. Eu quero saber se sou ou não pai da Flora!
Marta, que até então não sabe da história, inicia o maior barraco ao escutar aquilo.
Marta: Então é você seu cachorro. Você abandonou a minha filha grávida, seu safado!
Vitória: Viu o que você fez ? Me deixe em paz!
Marta: Eu tô reconhecendo você... O irmão do Vicente. Mas era só o que faltava, belo pai você arranjou pra sua filha hein, Vitória ? Assim fica tudo em família né ? Você pode me explicar o que significa isso?
Vitória: Por favor mãe, não quero falar disso.
Vitória pega sua bolsa e sai apressada, deixando sua mãe falando sozinha.
Marta: Seu canalha! Fora daqui você também!
Henrique: Eu nem sabia dessa história!
Marta: Ah, claro.
Henrique: Eu só vim dar o recado. Se ela for mesmo minha filha, as providências serão tomadas! - Ameaça.
Cena 13 - Ao som de Paradise - Coldplay Paisagens - O dia Amanhece
Cena 14 - Loja de Antônio - Manhã
Heitor: Ellen, você aqui a essa hora ?
Ellen: Oi, Heitor. Bom dia! Vim acompanhar a tia Helena. Vamos dar uma olhada pela loja, estamos terminando o acabamento do meu apê, falta só escolher as louças.
Heitor: Se precisarem de ajuda....
Ellen: Se precisar te procuro sim, bom trabalho.
Ao som de instrumental 'Escorpión' - Alex Sirvent
Heitor vai para sua sala e uma hora depois o primeiro e-mail do dia chega.
Heitor: O que você quer desgraçado ?
"- Descansou bastante priminho ?
- Como prometi, hoje nossa agenda será bem cheia. Já estou cansando dessa brincadeira de gato e rato. Acho que já está na hora de lhe entregar para a polícia e acabar de vez com essa história."
Heitor fica em pânico a cada linha que lê.
Heitor: O que!!! O que está falando ?
"- Se eu fosse você não iria sair pra almoçar hoje. Pega muito mal não estar presente na hora da própria prisão!"
Heitor: Como é que é ? Prisão ? Polícia ? Responde!
Heitor fica a manhã toda na frente do computador, esperando uma nova mensagem. Esperando que tudo aquilo fosse uma brincadeira de Bruno, mas não vem mais nenhum e-mail.
Algumas horas depois.... - Ao som de instrumental 'Winds of Capadocia' - Alexandre de Faria
Vitória: Algum problema ?
Secretária: Esses dois homens estão dizendo que são da polícia, querem falar com o responsável.
Vitória: Aconteceu alguma coisa ?
Policial: Queremos falar com o proprietário.
Secretária: O Seu Antônio está no depósito, vou localizá-lo!
Heitor está bebendo sem parar em sua sala, olhando fixamente para o computador, nem percebendo que Vitória o chama.
Heitor: O que foi, praga ? Não tá vendo que eu tô ocupado ?
Vitória: Preciso de sua ajuda. A polícia está aqui, querem falar com você.
Heitor dá um pulo da cadeira.
Efeito sonoro chocalho de cobra toca em cena.
Heitor: O que ? A polícia aqui ??? - Pergunta, em pânico. Sentindo o coração disparar e sem saber como agir.
Vitória: Seu tio sumiu, querem falar com o responsável.
Heitor: Eu... Eu não estou, não estou. Mande eles embora.
Vitória: Calma, não custa nada saber o que eles querem.
Heitor: Não, eu não quero. Mande eles embora, por favor! - Pede, com a voz embargada.
Secretária: Com licença, seu tio está lhe chamando.
Heitor começa a suar frio e sua respiração fica ofegante, a ponto de ter um infarto de tanta tensão. Sentindo a perna tremer, ele anda devagar até a sala do tio, sendo seguido por Vitória e pela secretária.
Ao entrar, os dois policiais estão sentados diante de Antônio e visivelmente nervoso, Heitor não os encara nos olhos.
Antônio: Esses dois policiais vieram nos visitar. Você sabe o porquê, Heitor ?
Heitor engole seco.
Heitor: Não tio, não sei. - Responde, quase sem voz.
Policial: Fique calmo, só estamos aqui pra resolver essa questão.
Heitor: O que está acontecendo aqui, tio ?
Policial: Recebemos uma denúncia, informando sobre um roubo que aconteceu aqui.
Heitor: Roubo ?
Antônio: Você chamou a polícia, Heitor ?
Heitor: Claro que não, tio. Eu não sei de nada!
Antônio: Conforme já havia dito aos senhores, deve ser um grande mal entendido. Não sei quem poderia ter feito uma brincadeira de mau gosto como essa, mas não houve roubo algum aqui.
Policial: Bom, é nossa obrigação averiguar e sendo assim, acho que não temos mais nada a fazer aqui.
Antônio: Eu que agradeço o empenho de vocês e mais uma vez desculpas.
Antônio
Heitor volta para sua sala em pânico, atirando na parede o primeiro vaso que encontra no caminho.
Heitor: O que você quer de mim!!! Pare de fazer isso, me deixe em paz, pelo amor de Deus. Me deixa em paz, eu imploro, por tudo que há de mais sagrado...
Heitor começa a chorar, se ajoelhando no tapete e falando sozinho, até o bip indicar uam nova mensagem.
"- Hahaha.
- Você não sabe como eu queria ser uma mosquinha pra vê-lo se borrando todo. Você sempre foi um covarde, deve ter se mijado todo na frente da polícia. Mas se você pensa que acabou, isso ainda é só o começo. Isso tudo ainda é pouco por tudo que você fez contra mim."
Heitor: O que quer ??? Responde! - Pergunta, desesperado. Ele passa a tarde toda olhando para a tela daquele notebook, esperando uma nova mensagem até cair no sono, com o rosto em cima do teclado.
Já é começo da noite, quando acorda com seu celular tocando. Esperando ser seu inimigo, atende todo desesperado.
Heitor: Alô, alô!!!
Mirella: Nossa, que recepção, querido. Sou eu, Mirella. Estou precisando de sua ajuda!
Heitor: Você!!!
Cena 15 - Apê de Vicente - Estacionamento - Começo de Noite - Ao som de instrumental Fantasmas - Eduardo Queiroz
Sabendo que Vicente vai ficar até mais tarde no hospital, Samuca sai do trabalho indo direto pra casa, planejando fazer uma janta especial a dois.
Está distraído, estacionando o carro, quando outro veículo para ao o seu lado e imediatamente um homem sai, tocando forte o teto do seu carro.
Ainda dentro do automóvel, Samuca não vê quem é, apenas nota a farda do policial.
Samuca: Que susto!!!
Policial: Senhor Samuel ?
Samuca abaixa o vidro.
Samuca: Eu.
Policial: O senhor está preso.
Samuca: Preso ???
Cena 16 - Loja de Antônio - Sala de Heitor - Começo de Noite - Ao som de instrumental Fantasmas - Eduardo Queiroz
Heitor: Se vire sozinha, estou cheio de problemas.
Mirella: Acho bom você me ouvir. Você não tá podendo escolher aliados!
Heitor se irrita ainda mais, e enquanto fala com ela pelo telefone, olha para a tela do seu note e vê que uma nova mensagem havia chego há duas horas atrás.
Deixando Mirella falando sozinha, ele começa a ler aquele novo e-mail.
"- Está chegando a hora do juízo final.
- Você não sabe o prazer que vou ter em lhe ver se esborrachando no chão. Implorando pelo meu perdão!"
Heitor: Mas quem é você ??? Porque tá fazendo isso comigo ? Eu não aguento mais!!!
"- Sua hora está chegando e você irá pagar por tudo que fez, Heitorzinho."
Heitor se levanta esfregando as mãos no rosto, desesperado.
Heitor: Morra desgraçado, me deixe em paz, eu... Espera aí...
Como se uma luz tivesse se abrindo em sua mente, ele volta a se sentar, lendo a última frase.
"- Sua hora está chegando e você irá pagar por tudo que fez, Heitorzinho."
Heitor: Heitorzinho... Só quem me chamava assim é... Te peguei, agora eu sei quem você é! Desgraçada, eu vou te mandar pro inferno!
Efeito sonoro de chocalho de cobra toca em cena.
Atormentado, Heitor se levanta, se tremendo de ódio.
Imagem de Heitor congela em um efeito preto e branco.
Continua.
Se encerra no refrão de Believer - Imagine Dragons
2023 - DNA
Emocionante, surpreendente, intenso.
As últimas semanas de "Seguindo em Frente" estarão imperdíveis.