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Seguindo em Frente - Capítulo 42 - ( Últimas Semanas )
+16 ( Contém Violência, Sexo e Linguagem Imprópria )
Cena 01 - Casa de Marta - Quarto - Tarde - Ao som de Amores Distantes - Rodolpho Rebuzzi e André Sperling
Henrique aperta o corpinho de Flora contra seu peito e fechando os olhos deixa as lágrimas caírem, sentindo aquele cheirinho de bebê.
Flora: Tava com saudade de mim, tio ?
Flora desfaz o abraço, olhando para aquele homem ajoelhado a sua frente. Henrique está com os olhos vermelhos e visivelmente emocionado acaricia o rosto da garota.
Flora: Não chore, tio!
Flora passa as mãos no rosto do pai, limpando suas lágrimas.
Henrique segura seus braços e beija as mãos da filha, num gesto de carinho.
Henrique: Minha filha. Você é minha filha!
Vicente, que vinha atrás do irmão se junta a Samuca, Vitória e Marta assistindo toda aquela cena.
Flora: Você é meu papai ?
Henrique: Sim, eu sou seu papai.
Vitória: Não, Henrique!
Vicente: Não faz assim, meu irmão!
Henrique volta a abraçar Flora, beijando seu rosto, mas a garota agora parece fria, séria.
Flora: Você não é meu papai. Meu papai foi embora!
Flora corre para Vitória, agarrando sua perna, olhando assustada. Samuca a puxa para seu colo, a tranqüilizando.
Marta: Qual o resultado do teste ?
Henrique: Não preciso de resultado algum.
Vicente: Não é o melhor momento pra discutirmos isso.
Marta leva sua neta para outro quarto, pois ela está assustada e muito confusa.
Vicente: Acho que vocês dois precisam conversar!
Samuca e Vicente deixa os dois a sós.
Henrique: Porque você me escondeu isso ?
Vitória: Você não tem o direito de me cobrar nada!
Enquanto isso Samuca e Vicente conversam na sala.
Samuca: O que está acontecendo aqui ? O teste está com você ?
Vicente: Está sim, mas o Henrique se quer abriu, veio correndo pra cá.
Samuca: E qual o resultado ?
Com o sorriso aberto e os olhos brilhando, Vicente responde ao seu amor.
Vicente: Positivo! O meu irmão é o pai da Flora.
Samuca: O pai dela ?
Samuca fica pensativo, um pouco chocado, embora no seu íntimo já tivesse certeza do resultado.
Vicente: Ela também é minha sobrinha, minha sobrinha duas vezes!
Vitória: Foi só uma noite, Henrique! Eu vi você de longe, me senti muito atraída e você também correspondeu. Eu nem sabia de quem era aquela festa, estava com uma amiga e fui me empolgando, bebi demais, quando vi, estávamos conversando.
Henrique: Claro que me lembro disso.
Vitória: Eu já tava fora de mim e quando vi já estávamos nos beijando e indo para aquele quarto com você. Nunca fui promíscua, mas naquele dia tinha bebido demais, estava fora de mim e você também estava assim.
Henrique: Não nos protegemos.
Vitória: Passamos aquela noite juntos e quando acordei no meio da madrugada que me dei conta que tinha transado com um desconhecido e sem camisinha.
Henrique: Mas porque não me disse que estava grávida ?
Vitória: Nunca me comportei assim, até pensei em te procurar, te conhecer melhor, mas daí fui passando mal, tendo enjôos e quando fui ao médico descobri que estava grávida. Fiquei em choque, não sou nenhuma vagabunda e na única vez que me descuidei engravido. Eu fiquei desesperada, minha mãe sempre foi rígida, tentei esconder o quanto pude, mas antes de contar em casa fui te procurar, eu sempre soube que você era o pai.
Henrique: Você nunca me procurou, Vitória. Eu também quis te achar, aquela noite foi bem louca.
Vitória: Uma amiga me ajudou e consegui saber onde você morava, onde trabalhava e quando resolvi te procurar descobri que você estava prestes a casar e sua noiva estava grávida.
Henrique: Mas e daí ?
Vitória: Ah, Henrique! Você engravidou e é o garanhão, eu seria o que ? Seria vista como a vagabunda, como a destruídora de lares. O que eu poderia esperar de um cara com quem passei uma única noite e que estava se casando com outra, grávida ?
Henrique: Você tem idéia do que fez ? Você me privou de conviver com minha filha.
Vitória: Não pense que pra mim foi fácil. Agüentei minha gravidez inteira minha mãe me jogando na cara a falta de um pai pra Flora. E me responda com sinceridade. Você iria gostar de ter seu casamento desfeito, com a descoberta de uma filha que você nunca esperou?
Henrique: Meu casamento não durou nada. Ela perdeu o bebê e meses depois rompemos.
Vitória: Eu nunca mais soube de você e pra evitar escândalos, inventei que o pai da Flora nunca quis assumí-la e que sumiu no mundo. Com o tempo minha mãe parou de me perturbar e o Samuca tomou o papel de pai pra ele. Aos poucos as coisas foram se ajeitando e fui tocando minha vida. Poucas vezes a Flora perguntou pelo pai, acho que pela presença constante do meu irmão, ela não sentiu essa falta.
Henrique: Você errou.
Vitória: Minha filha está sempre em primeiro lugar!
Henrique: Eu quero assumir a Flora, dar meu nome a ela, dar todo amparo que ela precisa.
Vitória: Eu agradeço, mas ela não precisa de nada. Ela está assustada, por favor, cuidado pra não deixar a cabecinha dela confusa!
Henrique: Ela é minha filha, eu quero recuperar esse tempo perdido, quero dar a ela o amor de pai.
Vicente e Samuca entram no quarto de Flora e para evitar atritos, Marta deixa o filho e o genro a sós.
Vicente: Posso conversar contigo princesa ?
Flora: Cadê o Tio Rique ?
Samuca: Está conversando com a mamãe.
Flora: Eu não quero ver ele. Ele não é meu papai!
Vicente: Fique calma, nós vamos explicar tudo pra você.
Samuca: O Tio Vicente tem razão. Você não confia em mim ?
Samuca explica tudo a sobrinha, que apesar de esperta, não iria entender de maneira tão rápida um assunto tão complexo como aquele, mas sua intenção era apenas tranqüiliza-la.
Cena 02 - Casa de Marina - Tarde - Ao som de instrumental 'Winds of Capadocia' - Alexandre de Faria
Marina abre a porta e se depara com Hanna.
Hanna: Marina ? Eu sei que você pode não tá querendo mais me vez após saber sobre eu e o Luan... Mas é que eu estou preocupada. Após aquela conversa nossa, eu não soube mais nada sobre vocês.
Marina a escuta falar, em silêncio.
Hanna: Ele não responde as minhas mensagens, nem apareceu mais na faculdade. Aconteceu alguma coisa ?
Marina: É sobre ele que você quer saber, né sua piranha!
Com um ódio mortal, Marina a pega pelo pescoço a empurra contra a parede.
Hanna: Me solta!
Marina: Mas é muita cara de pau a sua de vir até aqui depois de tudo o que aconteceu.
Hanna: E o que aconteceu ?
As duas se encaram.
Marina: Eu é que te pergunto. O que aconteceu ? Algo me diz que tem dedo seu nessa história!
Hanna se assusta. - Que história ?
Marina: O Luan está desaparecido há dois dias. Ele veio aqui em casa, falou comigo. E em um instante, ele não tava mais! Ficou tudo pra trás, até o carro!
Hanna: Como, como assim ? Como sumiu, se ele estava aqui ?
Marina pega no braço dela e aperta.
Marina: Eu não sei que merda é essa que pode ter acontecido. Mas ninguém some assim do nada! E você tinha motivo o suficiente pra fazer algo de ruim com ele.
Hanna: Me solta! - Diz, tentando se afastar de Marina.
Hanna: Eu jamais faria algo contra ele. Com você, talvez!
Marina: Mas é claro que faria. Ele não te quis! Você só serviu pra uma noite, quem ele ama de verdade é a mim! Doeu, não foi ? Doeu ser descartada. Mas isso é pra você aprender a não se aproveitar da situação para roubar o noivo dos outros!
Hanna a olha com ódio e a empurra.
Hanna: Você! Você é quem tinha motivos pra acabar com ele. Eu sempre te achei uma sonsa, mas dessa vez você me superou. Você é uma hipócrita, falsa, mentirosa!
Marina: Falsa, eu, olha quem fala!
Hanna: Falsa sim! O cara te trai, e no momento que você descobre vocês brigam e ele desaparece assim, misteriosamente na sua casa ? Como se não bastasse isso, ainda engravida e diz que não sabe de quem é. Parabéns pela fanfic, você não sabe nem mentir! Cadê ele, hein Marina ? Ou melhor, cadê o corpo ? Porque com certeza você deve ter matado ele!
Marina lasca um tapa na cara de Hanna, que tomba pra trás contra uma mesa com o impacto.
As duas se encaram.
Com ódio, Hanna vai pra cima dela e dá um murro em sua cara.
Marina agarra no cabelo dela, que também faz o mesmo, puxando com força. As duas se socam e caem no chão, se batendo e se chutando.
Marina: Eu vou te matar!
Hanna: Mata, você já tem experiência nisso mesmo!
As duas rolam pelo chão e Marina sobe em cima dela, dando tapas em seu rosto.
O jardineiro Viriato, que cuida das plantas lá fora, escuta barulhos.
Ele para imediatamente o que está fazendo, intrigado.
Com Marina por cima a batendo, Hanna tenta se defender e aperta os olhos dela com força.
Marina solta um grito e a larga.
As duas caem uma pra cada lado, cansadas.
Marina: Saia daqui agora! Saia da minha casa, antes que eu faça uma besteira com você com as minhas próprias mãos!
Hanna limpa uma gota de sangue de sua sobrancelha e se levanta, tonta, se segurando em uma cadeira.
Hanna: Nossa história ainda não acabou aqui. A verdade ainda vai aparecer!
Marina: Você fala com tanta convicção que até eu mesma acredito que você é inocente!
Hanna amarra o seu cabelo e cospe no chão, saindo em seguida.
Marina se levanta, se escorando nas paredes.
Seu coração bate acelerado, e ela olha em volta, em um misto de angústia e raiva.
Viriato entra.
Viriato: Dona Marina, o que houve ?
Marina: Nada, seu Viriato. Eu estou bem!
Viriato olha pra ela, preocupado.
Cena 03 - Apartamento de Heitor - Sala - Tarde - Ao som de instrumental 'Escorpión' - Alex Sirvent
Colocando bem no meio de sua sala, Heitor pega uma faca e rasga aquele papelão, revelando um embrulho todo cheio de plástico. Já sem paciência, passa a faca de cima até embaixo, abrindo com tudo.
Com o olhar de pânico e sentindo náuseas, dá um pulo para trás, gritando apavorado.
Heitor: Meu Deus!!! O que é isso!!!
Imediatamente centenas de baratas pulam daquela caixa, subindo em suas mãos e braços, se espalhando por todo chão da sala.
Heitor: Para! Para com isso!
Heitor se debate todo, tirando aqueles insetos do seu corpo e pisando nas baratas que começam a subir em todos os móveis.
Heitor: Saia daqui, morram!!!
Gritando como um louco, começa a pisar pelo chão, tentando esmagar todos aqueles insetos, sentindo muito nojo.
É praticamente impossível vencer aquela situação e se dando por vencido, sobe no sofá, olhando desesperado para todos os lados, com muito medo que um inseto daquele voltasse a se aproximar de si.
Heitor: Porque tá fazendo isso comigo ? Por favor, pare!!!
Aos poucos aquelas baratas vão sumindo, se escondendo por debaixo dos móveis e deixando um cheiro forte por todo apartamento, mas ainda falta o golpe final.
Heitor desce do sofá e puxando o resto daquele plástico com o cabo de uma vassoura, fica em pânico ao ver o seu presente.
Dentro do plástico há uma coroa de flores e uma faixa com os dizeres: “Você nunca terá paz”.
Heitor: Me deixe em paz, desgraçado!
Heitor pega as chaves do carro e sai correndo do apartamento, indo para o estacionamento do prédio. Ele entra no carro e tranca todas as portas e janelas, olhando o tempo todo para o chão do carro e para os lados, se certificando que está seguro.
Cena 04 - Casa de Marina - Sala - Tarde - Ao som de instrumental 'Dangerous' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho
Alguns peritos analisam a casa de Marina, cômodo por cômodo, colhendo amostras e fazendo uma simulação com Marina do que ocorreu no dia do desaparecimento.
Sol assiste a tudo, abraçada com João.
Viriato: É como eu falei, ele chegou perguntando pela Dona Marina, mas ela estava sozinha em casa. Logo depois que ele entrou, eu fui embora. O meu serviço aquele dia havia terminado...
Perito: Certo. E não ouviu nada de anormal ? Algum barulho, vozes alteradas, ou algo do tipo ?
Viriato: Não, senhor!
A equipe do IML colhe algumas amostras e fragmentos de sangue e objetos quebrados, enquanto Marina fica em um canto, observando.
Lágrimas de angústias escorrem por seu rosto.
Ela coloca a mão em sua barriga, sentindo um incômodo, e começa a suar frio.
Cena 05 - Casa de Marta - Quarto - Tarde - Ao som de Movimento de Inverno - Alexandre Guerra
Henrique acerta suas pendências com Vitória e apesar de ficar chateado por não ter acompanhado o crescimento da filha, consegue entender o ponto de vista dela e aceitar suas atitudes.
Henrique: Oi. Posso dar tchau pra você ? - Pergunta, se aproximando de Flora e se ajoelhando de frente a ela.
Flora: Porque me abandonou ? Porque você não quis ser meu papai ?
Henrique: Eu não te abandonei não, minha filha. Eu nunca iria fazer isso, ainda mais com você. Posso te dar um abraço?
Ainda tímida, Flora consente com a cabeça e recebe um abraço bem apertado do seu pai.
Henrique: Eu te amo muito viu ? Minha filha!
Cena 06 - Mansão de Mohamed - Tarde
Mohamed e Rosinha estão deitados na banheira de hidromassagem, com ela em seu colo. A água quente borbulha pelas bordas suavemente, enquanto a espuma flutua e beija os corpos dos dois.
Ele beija a nuca dela, sentindo o seu cheiro doce, deixando-a arrepiada.
Rosinha: Queria que esse momento durasse pra sempre!
Mohamed: Então vamos fazer com que seja eterno! - Responde, a beijando.
Rosinha fica séria, enquanto parece pensar em algo.
Mohamed: O que foi ?
Rosinha: Eu não sei se devo perguntar, mas... Porque naquela noite. No jantar... Você disse que adotaria filhos ? E porque não gerar um próprio, seu sangue ?
Agora é a vez de Mohamed ficar sério.
Rosinha: Desculpa, fui intrometida.
Mohamed: Não. Tudo bem. Acho que agora não precisamos mais esconder segredos um do outro, né...
Rosinha sorri: - Claro que não...
Mohamed: A Ayla não pode me dar filhos. É o sonho dela poder gerar uma vida, mas... No começo eu achei que fosse eu, mas depois fizemos todos os exames possíveis. E constatou o que nunca imaginávamos que fosse possível!
Rosinha: Mas você... Pode, né ?
Mohamed: Eu sim, sou sadio. O problema é com ela, mas nunca deixamos que isso interferisse no nosso amor. Nem quando o diagnóstico saiu, nos deixamos abalar! Por isso então decidimos que vamos na África adotar um casal. Um menino e uma menina!
Rosinha: Que interessante... Digo, não isso, mas o fato de vocês não desistirem!
Mohamed: Não vou mentir que isso as vezes me entristece um pouco. Eu queria sim ter um filho com as minhas características, ver ele crescer e se parecer cada vez mais comigo. Qual o cara da minha idade que não sonha com isso ? Mas enfim. Isso nunca vai acontecer, e eu não a culpo... Qualquer casal pode passar por isso, eu amo a minha mulher da mesma forma.
Rosinha sorri, enquanto se mantém pensativa e com o olhar longe.
Cena 07 - Casa de Teresa - Sala - Tarde
Henrique entra em casa gritando pela mãe, desesperado e rindo, como se tivesse ganhado o maior dos prêmios.
Henrique: Mãe!!!
Teresa: Você, moleque!
Teresa tira o chinelo que usa e parte pra cima do filho, acertando várias chineladas.
Henrique tenta se proteger com as mãos. - Que isso, mãe ?
Teresa: Você é um safado, sem vergonha. Lá na sua delegacia você é que manda, mas aqui você vai entrar no couro.
Vicente aparece na sala ao ouvir os gritos.
Vicente: O que está acontecendo ?
Teresa: Como você faz uma coisa dessas ? Deixar uma filha perdida por aí!
Henrique: Eu não sabia, mãe!
Vicente: Não é bem assim mãe.
Henrique: Eu não sabia que ela existia!
Teresa: Primeiro foi aquela sua namorada, agora a irmã do Samuca... Quantos filhos mais você tem por aí ? Será que não tenho mais netos nesse mundo? Passando por alguma dificuldade, fome, frio, doente ?
Henrique: Não mãe, eu lhe garanto. - Responde, abrindo um sorriso.
Henrique: Mãe, minha filha é linda.
Apesar de brava, Teresa tenta disfarçar a emoção ao saber que tem uma neta. Henrique a abraça, emocionado.
Cena 08 - Ao som de Movimento de Inverno - Alexandre Guerra
Paisagens - O dia amanhece
Cena 09 - Apartamento de Heitor - Estacionamento - Manhã
Heitor passou a noite dentro do carro, no estacionamento. Logo de manhã, ele manda o porteiro chamar uma empresa detetizadora e fazer uma limpa em seu apartamento.
Após isso, ele vai para o trabalho, todo amassado, bagunçado e cheio de olheiras profundas.
Secretária: Bom dia, Seu Heitor. Nossa... Aconteceu alguma coisa ?
Heitor: Porque aconteceria alguma coisa ?
Vitória: Pela sua cara... Longe de mim saber o que você anda fazendo, mas ultimamente você anda num estado deplorável.
Heitor: Eu fico me perguntando o que você ainda faz aqui ? Já não está na hora de você começar a cumprir seu aviso?
Vitória: Eu pedi um tempo a mais para seu tio, até arranjar outro emprego.
Heitor: Que por sinal está demorando demais né ?
Vitória: Bom, mas acho que você também deveria começar a procurar outra coisa, nunca se sabe o dia de amanhã.
Heitor: Como ousa falar assim...
Antônio chega de repente.
Antônio: Algum problema ?
Heitor: Nenhum, com licença.
Antônio não deixa de notar a aparência do sobrinho, e fica o olhando sair, intrigado.
Cena 10 - Lanchonete - Manhã
Samuca está passando pelo centro distraído quando vê Ellen de longe, do outro lado da calçada tomando um café em uma lanchonete. Ele atravessa a rua e vai até lá.
Samuca: Posso lhe fazer companhia ?
Ellen: Samuca! Que surpresa, claro que sim.
Aproveitando o encontro inesperado, Samuca não deixa por menos.
Samuca: Eu vou direto ao ponto. Você não me contou tudo não é, Ellen ?
Ellen: Como assim ? Não sei do que está falando.
Samuca: Ah, sabe sim. A Vitória me contou que o Heitor te bateu! Mas o porquê que ele fez isso ? Porque você ainda está fazendo esse jogo ? Você está com os cadernos do Bruno ?
Ellen: Não, Samuca. Se estivesse comigo teria entregado a você ou ao Seu Antônio.
Samuca: Então porque ele agrediu você ?
Ellen: Esses cadernos sempre estiveram com ele, mas alguém descobriu onde estava e pegou. Acredito que ele esteja sendo chantageado ou algo do tipo.
Samuca: Peraí, da outra vez você que alguém próximo a mim e ao Bruno tinha nos traído e você sempre soube que era o Heitor.
Ellen: Aonde você quer chegar ?
Samuca: Existe mais alguma coisa nessa história que eu não saiba ? Existe mais alguma pessoa que você está tentando esconder ?
Ellen fica pálida.
Ellen: Eu já te falei tudo o que eu sabia. Desculpa, mas não posso ajudar mais, isso já está saindo do controle. Com licença, tenho que voltar ao trabalho!
Samuca: Espera!
Ellen se retira rapidamente, nervosa. Samuca a observa indo embora, cada vez mais desconfiado com essa história toda.
Cena 11 - Mansão de Antônio - Escritório - Manhã - Ao som de instrumental Escravidão - Eduardo Queiroz
Antônio está em casa, no seu escritório particular com o pensamento bem distante.
Ele está em pé, em frente a lareira, passando a mão em um retrato de Bruno.
Helena: Antônio! - Chama, entrando.
Helena: O que está fazendo ?
Antônio: Nada. Só tô olhando a foto do nosso filho... Ultimamente tenho sentido tanta falta dele. Eu sinto uma sensação estranha, como se ele nunca tivesse partido de verdade, sabe ? Acho que meu coração até hoje não aceitou.
Helena: Você sempre fica assim quando se aproxima da data do aniversário dele.
Antônio: É inevitável. Sinto tanta saudade dele, do sorriso, do cheiro, da voz... Que mundo injusto, perdi meu filho, perdi o Vicente.
Helena segura nas mãos do marido.
Helena: Temos que ser fortes.
Antônio: Ele se foi me odiando!
Helena: Pare com isso, Antônio!
Antônio: Eu sou mesmo um homem detestável assim ?
Helena: Você tem a chance de consertar seus erros do presente.
Antônio olha no fundo dos olhos da esposa e entende muito bem o recado.
Cena 12 - Mansão de Mohamed - Tarde
Mohamed termina de se secar e começa a colocar a sua roupa.
Rosinha o puxa para mais um beijo.
Mohamed: Eu tenho que ir para o meu escritório, tenho uma reunião online já já...
Rosinha: Só mais um pouquinho! Você é o dono de tudo mesmo, quem liga se você se atrasar! - Diz, enquanto leva as mãos dele até os seus seios.
Mohamed sorri e a joga na cama, subindo em cima dela e a beijando.
Rosinha sorri, se arrepiando com a barba dele roçando em seu pescoço.
Enquanto isso, na escrivaninha ao lado da cama, chega algumas ligações de Miguel, mas o celular da moça está no silencioso.
Cena 13 - Mansão de Hanna - Tarde
Hanna está se olhando no espelho de sua suíte.
Sua maquiagem está borrada, com o lápis escorrendo por seu rosto, e as olheiras dominando seus olhos.
Ela deixa algumas lágrimas caírem, quando escuta uma movimentação lá fora.
Assustada, ela limpa o seu rosto e vai imediatamente olhar o que é.
Lá fora, alguns policiais, liderados por Henrique e por Alves, batem na porta enquanto olham em volta da mansão.
Hanna abre a porta e leva outro susto ao ver que é a polícia.
Henrique: Senhora Hanna di Sarno.
Hanna: O que desejam ?
Henrique: Poderíamos entrar para termos uma conversa ?
Cena 14 - Mansão de Mohamed - Tarde
Ayla chega com seu carro e o estaciona na calçada.
Dona Graça a observa chegar, com seu binóculo.
Dona Graça: Hi! Ó lá a corna! Ela voltou!
Ayla: Droga, a chave da garagem não está funcionando! - Diz, pressionando o botão.
Ela desce do carro e olha para sua casa, que parece tranquila e silenciosa.
Ayla: Será que o meu amor sobreviveu bem esses dias sem mim ? Não quero nem imaginar a bagunça que deve tá nessa casa!
Como uma sombra, Dona Graça aparece atrás dela.
Dona Graça: Chegou cedo, Dona Ayla!
Ayla: Que susto, Dona Graça! Pois é, não confio deixar meu marido sozinho muito tempo... Ele é que nem criança, se deixar põe fogo na casa!
Dona Graça: Ah, não tenho dúvidas que põe!
Ayla não entende a ironia, mas prefere ignorar.
Ayla: Sabe se ele está aí ? Não tô conseguindo abrir a garagem!
Dona Graça: Porque não dá uma olhada lá dentro ? A freira pornô deve saber melhor do que eu. Ah, mas só uma dica: Chegue na pontinha do pé!
Ayla: Hã ?
Cena 15 - Casa de Marina - Tarde
Marina toma um remédio para dor de cabeça e se deita em sua cama, se sentindo cansada.
Sua barriga está começando a crescer, assim como seus seios, fazendo-a sentir peso e dores no corpo.
Deitada ela coloca o braço atrás da cabeça, tentando relaxar.
De repente, seu celular toca.
Ela revira os olhos e estende a mão para pegá-lo, mas leva o maior susto ao ver o nome de Luan escrito no visor.
Marina: Lu-Luan ?!
Imediatamente ela atende, agitada.
Marina: Luan ? Meu amor, onde você tá ? - Pergunta, aflita.
Cena 16 - Cemitério - Tarde - Ao som de instrumental Lágrimas e Emoções
Samuca está perdido em seus pensamentos, parado em frente ao túmulo de Bruno. Conforme a data de seu aniversário vai se aproximando, assim como Antônio, ele também vai ficando deprimido.
Samuca perde a noção do tempo, com pensamentos em sua mente que só ele sabe. Ele ajeita as flores que levou e antes de ir embora, tira uma rosa do vaso, beijando, colocando bem perto da foto de Bruno.
Já está saindo quando se vira e dá de cara com Helena, que está séria, olhando para ele.
Samuca: Dona Helena!
Cena 17 - Consultório de Vicente - Tarde - Ao som de The Departure - Max Richter
Antônio vai até o consultório de Vicente. Como não há ninguém na recepção, ele vai entrando sem cerimônia.
Vicente está sentado em sua poltrona, olhando uma foto de Samuca no notebook, com o pensamento distante. Ele se surpreende com a chegada do tio.
Vicente: Tio Antônio, o que faz aqui ?
Antônio: Eu vim te ver.
Vicente: Me ver ? Porque ? O senhor tem vergonha de mim, se esqueceu ? Nojo. Sentia o mesmo pelo seu filho e sente o mesmo por mim.
Antônio: Isso não é verdade.
Antônio se aproxima dele, tocando em seu rosto.
Antônio: Eu não te odeio, por favor, nunca mais repita isso. Esqueça tudo o que lhe disse, todas as minhas ofensas!
Vicente se surpreende com a atitude dele. Antônio acaricia seu rosto e deixa a emoção falar mais alto.
Antônio: Você é o filho que eu sempre sonhei em ter. Me perdoa, meu filho. Eu te amo, Vicente!
Vicente fica olhando para o tio, sem saber o que dizer. Antônio o abraça forte, repetindo que o ama, mas a felicidade maior é quando sente os braços do médico apertando suas costas, aceitando o seu perdão.
Imagem de Vicente e Antônio congela em um efeito preto e branco.
Continua.
Se encerra no refrão de I Way Down We Go - Kaleo
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2023 - DNA
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