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Seguindo em Frente | Capítulo 43 (Últimos Capítulos)


A seguir

Seguindo em Frente - Capítulo 43 - ( Últimos Capítulos )

+16 ( Contém Violência, Sexo e Linguagem Imprópria )


Cena 01 - Consultório de Vicente - Tarde - Ao som de instrumental 'Escravidão' - Eduardo Queiróz


Vicente: Tio Antônio, o que faz aqui ?

Antônio: Eu vim te ver.

Vicente: Me ver ? Porque ? O senhor tem vergonha de mim, se esqueceu ? Nojo. Sentia o mesmo pelo seu filho e sente o mesmo por mim.

Antônio: Isso não é verdade.

Antônio se aproxima dele, tocando em seu rosto.

Antônio: Eu não te odeio, por favor, nunca mais repita isso. Esqueça tudo o que lhe disse, todas as minhas ofensas!

Vicente se surpreende com a atitude dele. Antônio acaricia seu rosto e deixa a emoção falar mais alto.

Antônio: Você é o filho que eu sempre sonhei em ter. Me perdoa, meu filho. Eu te amo, Vicente!

Vicente fica olhando para o tio, sem saber o que dizer. Antônio o abraça forte, repetindo que o ama, mas a felicidade maior é quando sente os braços do médico apertando suas costas, aceitando o seu perdão.

Antônio sente uma felicidade muito grande. Vicente retribui seu carinho com um abraço forte. Nenhum dos dois diz nada, mas nem precisa, Antônio apenas passa a mão no cabelo do médico, acariciando como se fosse uma criança.

Antônio: Me perdoe meu filho, você não tem idéia do quanto sinto sua falta.

Antônio desfaz o abraço, olhando para aquele homem barbado a sua frente, o vendo como um verdadeiro filho.

Vicente dá um sorriso meio sem graça.

Antônio: Me perdoa ?

Vicente: Claro que te perdôo, tio. Sinto tanta falta do senhor.

Antônio: Vamos passar uma borracha em cima de tudo isso ?

Vicente: Claro. Eu nunca quis brigar. Eu pedi tanto a Deus pra que a gente se acertasse de novo!

Antônio: E cá estamos nós! - Diz, sorrindo emocionado.

Não demora e os dois começam a relembrar alguns causos, rindo muito, conversando e deixando de lado todas as cosias ruins. Com uma cumplicidade que se vê entre pai e filho.


Cena 02 - Cemitério - Tarde - Ao som de Adagio in G Minor - Tomaso Albinoni


Samuca: Me desculpe, não imaginei encontrar a senhora aqui, já estou de saída.

Helena: Você vem sempre aqui ?

Samuca: Sempre, em todas as datas que acho importante.

Helena: Cheguei aqui junto com você, fiquei esse tempo todo lhe observando.

Samuca fica surpreso, mas como não fez nada de mais, pouco se importa.

Helena: Você ainda sente falta dele ?

Samuca: Muita. Mas o tempo vai cicatrizando essa dor. Hoje sinto apenas uma profunda saudade e quando ela aperta muito eu converso com ele. Ele nunca me responde mas sei que ele me ouve e que está num lugar muito bonito, tomando conta de nós.

Helena está com um óculos escuro, impedindo Samuca de ver seus olhos já cheios de lágrimas.

Helena: Essa semana seria o aniversário dele...

Samuca: Sim. Ele faria 35 anos!

Helena: Já seria um homem. Não vou entrar no mérito de coisas do passado, mas obrigada por cuidar do meu filho, de visitá-lo aqui, mesmo depois de tantos anos.

Samuca: Já estava de saída, tenha uma boa tarde.

Samuca se afasta, olhando para trás, enquanto Helena se aproxima do túmulo de Bruno.

Mesmo depois de tantos anos e de ter ido diversas vezes até lá, naquele dia Helena está mais emocionada que o normal e foi só ver a foto do filho, que cai de joelhos, sentindo o corpo fraquejar.

Samuca, que já estava longe, mas ainda observando a mulher, corre o máximo que pode para ampará-la.

Samuca: A senhora está bem ?

Helena: Estou, deve ser esse sol. Tive apenas uma queda de pressão.

Samuca a ajuda a se levantar, pegando sua bolsa e colocando no ombro.

Samuca: Venha, eu te ajudo.

Samuca segura as mãos dela, até sair daquele lugar.

Helena: Obrigada, eu vou chamar um táxi.

Samuca: Eu levo a senhora embora.

Helena: Não há necessidade, só fiquei um pouco tonta.

Samuca: Eu faço questão, não vou deixar a senhora aqui, desse jeito. - Diz, enquanto a direciona até o seu carro.

Samuca a leva até em casa e com muita insistência aceita seu convite para entrar.

Helena: Obrigada por me trazer até aqui.

Samuca: Eu não deixaria a senhora sozinha lá.

Helena sorri, em agradecimento.

Samuca olha em volta.

Todas as vezes que esteve naquela mansão foram com brigas, mas só agora ele pode reparar melhor em tudo ao seu redor.

Um pouco tímido, ele caminha até a estante, onde há um porta retrato com uma foto de Bruno, e a pega em mãos.

Helana: Foi na formatura do colegial.

Samuca: Eu nunca tinha visto essa. Ele tá diferente!

Helena: Me acompanhe.

Samuca fica sem entender, mas corre atrás da mulher, que vai subindo as escadas.

Os dois vão em direção ao quarto de Bruno.

Samuca: Eu já conheço esse quarto e não foi um dia legal.

Helena: Essa casa é tão grande, eu quis deixar um quarto pra guardar as coisas dele. Sempre quando estou com saudades eu venho aqui, ou seja, todos os dias.

Samuca: Eu sempre tive curiosidade em conhecer a senhora, ele falava muito da mãe.

Helena: Sério ? - Pergunta, abrindo um sorriso, toda feliz.

Samuca: Sim, ele... Deixa pra lá.

Helena: Fale.

Samuca: Ele falava que eu precisava conhecer minha sogra, mas que ela era brava.

Helena: Que absurdo.

Samuca: Eu sei, ele mentia só pra me deixar cheio de medo, quando visse a senhora.

Samuca e Helena dão risadas, relembrando o passado, mas dessa vez uma lembrança tão leve e tão gostosa.

Samuca está sentado na cama e Helena vem com um álbum e começa a folhear, mostrando Bruno desde recém nascido até a idade adulta. Os dois fazem comentários, rindo e analisando cada foto.

Aquele momento cessa quando Antônio aparece no quarto, todo nervoso.

Antônio: Mas o que é isso ?

Samuca dá um pulo da cama.

Os dois se encaram.

Um efeito sonoro de chocalho de cobra toca em cena.

Antônio: O que está fazendo na minha casa...

Helena: Ele é meu convidado.

Antônio: Helena, você...

Helena: Eu passei no cemitério, o Samuca me encontrou e fez a gentileza de me trazer até aqui.

Antônio esquece o rapaz e vai amparar a esposa.

Antônio: Você está bem ? Eu disse pra você não ir sozinha. Quer que eu chame um médico ? Peço pro Vice...

Helena: A única coisa que eu quero é que você se desculpe com o Samuca pela grosseria de agora.

Antônio engole a seco.

Mesmo contrariado, percebe o papel que fez, mas ao virar-se Samuca já não está mais lá. Aliás, já havia até saído da mansão.


Cena 03 - Mansão de Hanna - Tarde


Hanna se surpreende com a visita de Henrique.

Hanna: O que deseja ?

Henrique: Sou o delegado chefe da polícia do município. O rapaz que desapareceu, Luan, estou cuidado pessoalmente do caso dele, já que tenho amigos em comum com a vítima.

Hanna: Vítima ?

Henrique: Acreditamos que algo pode ter acontecido.

Hanna: Eu não estou entendendo, Senhor Delegado. Onde eu entro nessa história ?

Henrique: A noiva do Luan disse em depoimento que você e ele haviam tudo um envolvimento. E que ele não queria mais, mas você continuava insistindo em um possível romance entre vocês dois!

Hanna: Continuo sem entender onde quer chegar. Está dizendo que eu sou suspeita por algo ?

Henrique: Onde estava na tarde em que o Luan desapareceu ?

Hanna fica trêmula.

Hanna: Eu... Eu estava aqui em casa mesmo. E depois saí ao mercado!

Henrique observa as expressões faciais da moça, notando seu nervosismo, e em seguida olha para o teto e para as paredes, como se buscasse algo.

Hanna o acompanha com o olhar, tensa.

Henrique: Onde estão as câmeras ?

Hanna: Que câmeras ?

Henrique: Uma casa desse tamanho e não tem sistema de segurança ?

Hanna: Não gosto muito da ideia de me sentir vigiada...

Henrique: Onde fica o tal mercado ?

Hanna: O que ?

Henrique: O mercado que você mencionou. Gostaria de dar uma passada até lá e verificar as imagens da câmera de segurança. Sabe como é, né. Só para ter a certeza!

Hanna: Ah. O mercado...

Henrique: Você me parece nervosa, Hanna. Algum problema ?

Hanna: Não, nenhum. É que eu não estou acostuma com isso...

Henrique: Com isso o que ?

Hanna: A ser interrogada assim... Como se eu fosse uma criminosa!

Henrique: Ah, mas fique tranquila. Eu não estou te interrogando não... Ainda! Mas se você realmente estava no mercado como mencionou, não há porque se preocupar, certo ? Apenas me diga e acabamos logo com isso!


Cena 04 - Mansão de Mohamed - Tarde


Ayla entra em sua casa e fica parada em frente a porta, olhando tudo ao seu redor.

Tudo está calmo e silencioso.


FLASH BACK

"Como uma sombra, Dona Graça aparece atrás dela.

Dona Graça: Chegou cedo, Dona Ayla!

Ayla: Que susto, Dona Graça! Pois é, não confio deixar meu marido sozinho muito tempo... Ele é que nem criança, se deixar põe fogo na casa!

Dona Graça: Ah, não tenho dúvidas que põe!

Ayla não entende a ironia, mas prefere ignorar.

Ayla: Sabe se ele está aí ? Não tô conseguindo abrir a garagem!

Dona Graça: Porque não dá uma olhada lá dentro ? A freira pornô deve saber melhor do que eu. Ah, mas só uma dica: Chegue na pontinha do pé!

Ayla: Hã ?"

FIM DO FLASH BACK


Ayla: Isso é ridículo. Quem essa velha fofoqueira pensa que é! - Diz a si mesma, irritada.


No quarto, Mohamed e Rosinha estão deitados na cama, sem roupas.

Mohamed: Eu tenho mesmo que ir. Vou me atrasar!

Rosinha o prende em seus braços.

Rosinha: Não. Fique aqui comigo mais um pouco!


Ayla anda até a escadaria, enquanto olha para o topo.

Lentamente ela vai subindo as escadas, sem nada dizer.


Rosinha e Mohamed se beijam calorosamente.


Ayla chega no topo da escada e entra no longo corredor que dá acesso aos quartos.


Do lado de fora da mansão, Dona Graça sorri satisfeita.

Dona Graça: É hoje que essa ninfeta vai pra sarjeta. Vou ficar bem aqui que é pra poder assistir o barraco de camarote!


Ayla para em frente a porta de seu quarto.

Ela hesita por alguns segundos, mas toma coragem e coloca a mão na maçaneta.

Dentro do quarto, Mohamed está em pé. Ele olha para trás ao ouvir um ruído, e se assusta.

Ayla entra com tudo.

Mohamed: Ayla, meu amor!


Cena 05 - Casa de Marina - Quarto - Tarde


Marina fala ao celular, agitada, enquanto se levanta da sua casa.

Marina: Luan ? É você, meu amor ? Onde você tá ? Fala comigo! - Pergunta, nervosa.

Um som como se fosse uma voz baixa e abafada seguido de um ruído se ouve.

Marina: LUAN! Fala comigo, é você ?

Algo parecido com um choro se escuta do outro lado da linha e em seguida a chamada se encerra.

Marina: LUAN! LUAN, FALA COMIGO! Não desliga... - Pede, sem conseguir segurar mais as lágrimas.

Marina: Eu sei que é você, eu não aguento mais isso... Onde você tá! - Pergunta-se, enquanto se joga no chão, ajoelhada.

A moça começa a chorar compulsivamente, quando é amparada por sua mãe que entra no quarto.

Sol: Minha filha, o que foi ? É o bebê ?

Marina: Não, mãe... É o Luan! Ele me ligou, foi ele, eu tenho certeza. Ele tá precisando de ajuda!

Sol abraça sua filha, igualmente nervosa com aquela situação.


Cena 06 - Mansão de Mohamed - Tarde


Ayla olha em volta, ao redor do quarto.

Mohamed fica tenso, enquanto veste a sua camisa.

Ayla: Estava no banho ?

Mohamed: Não. Estou me arrumando para uma reunião que terei agora!

Ayla vê a cama bagunçada.

Ela se aproxima, tocando no lençol com a ponta dos dedos.

Ayla: A Rosa não arrumou os quartos hoje ?

Mohamed: Arrumou, mas o nosso não... Afinal não é bom ela entrar aqui sem a sua presença, mesmo que haja o máximo respeito possível de ambas as partes.

Ayla sorri, aliviada.

Ayla: É claro, meu amor. Você está certo!

Mohamed: Você quando entrou aqui parecia meio aborrecida. Aconteceu algo ?

Ayla: É, aconteceu. Só fofocas e coisas ditas sem fundamento algum! Mas deixa isso pra lá, o que importa é que eu estou de volta para ficar na companhia do meu maridinho!

Mohamed sorri.

No corredor, Rosinha sai de dentro de um dos quartos, ainda com a roupa aberta.

Rosinha: Bem que eu escutei um carro chegando, mas achei que fosse coisa da minha cabeça... Tenho que tomar mais cuidado ou essa velha vai acabar desconfiando!


Cena 07 - Delegacia - Tarde


Viriato está de frente a Henrique, em uma sala fechada e com luzes artificiais branca em cima deles.

Apesar do ambiente iluminado, a luz acima deles pouco os ilumina.

Henrique o encara nos olhos, com um sorriso debochado no rosto, sorriso esse que sempre usa durante depoimentos como forma de desestabilizar possíveis culpados.

Henrique: Então, Senhor Viriato. Me conte novamente, mas dessa vez com mais detalhes. Onde estava na tarde em que a vítima desapareceu ?

Viriato: Eu sou o jardineiro daquelas bandas lá... Todos me conhecem. Eu ganho a vida com isso, desde que eu era mais novo.

Henrique: Entendi...

Viriato: Naquela tarde, eu...


FLASH BACK

"Após aparar a grama do jardim, Viriato está recolhendo suas ferramentas para ir embora quando Luan chega de carro.

Com a aparência desesperada, o rapaz vai até o jardineiro.

Luan: Boa tarde, Seu Viriato. A Marina está ?

Viriato: Não saiu de casa o dia inteiro!

Luan: Obrigado! - Responde, se dirigindo até a entrada da casa.

Viriato fica olhando o rapaz entrar, em silêncio.

Após terminar de recolher o seu material, ele escuta vozes alteradas vindo de dentro da casa."

FIM DO FLASH BACK


Henrique: E o que diziam ?

Viriato: Apesar da discussão estar acalorada, o som estava vindo abafado, afinal a casa toda estava fechada. O meu emprego é a minha única fonte de renda, trabalho autônomo. Não é da minha conta me meter na vida dos patrões! Apenas recolhi minhas coisas e fui embora.

Henrique o escuta, atento e pensativo, tentando encontrar uma brecha ou ponta solta que o permita resolver aquele mistério.


Cena 08 - Casa de Marta - Sala - Tarde


Vitória: Boa tarde.

Henrique: Eu disse que daria um tempo, mas queria dar esse presente a ela.

Vitória hesita, pensando um pouco, mas abre a porta, indicando que ele pode entrar.

Henrique sorri, ansioso.

Vitória: Pode subir.

Flora está brincando no tapete com um monte de bonecas, vendo desenho na tv.

Henrique entra e a vê, mal conseguindo conter sua emoção.

Henrique: Oi, filha.

Flora: Oi, Tio Rique.

Henrique se abaixa e abraça a filha, beijando o rosto.

Henrique: Eu estava com saudade de você. Você também ficou com saudade de mim?

Flora: Um pouquinho tio.

Henrique a observa brincar.

Henrique: O que está fazendo ?

Flora: Brincando. Quer brincar comigo ?

Henrique: Claro, o que eu tenho que fazer ?

Flora: Dar mama pra Juju, trocar a roupa da Lili e fazer comidinha pra Bruna.

Henrique: Quem são essas meninas ?

Flora: Minhas bonecas tio. Você tem que saber o nome delas.

Henrique: De todas? Mas são um monte.

Flora: O Tio Samuca sabe o nome de todas.

Henrique: Ah, é ? Se ele sabe, então o papai também vai saber.

Henrique perde a noção do tempo e virou um escravo da menina, fazendo tudo que ela mandava, nem lembrando um policial casca grossa que é.

Flora: Papai, vamos brincar de massinha ?

Flora começa a mexer em seus brinquedos enquanto Henrique fica paralisado.

Mesmo sem perceber e de forma totalmente natural a menina o chamou de pai pela primeira vez.

Flora: Anda, você não quer brincar ?

Henrique passa a mão nos olhos e sorrindo para ela, volta a fazer suas vontades.


Cena 09 - Loja de Antônio - Sala de Heitor - Tarde - Ao som de instrumental Fantasmas - Eduardo Queiroz


Heitor mal consegue trabalhar. Fica sozinho, trancado em sua sala, bebendo e falando sozinho, andando de um lado para o outro, se sentindo observando.

Ele olha do lado de fora pela cortina, paranóico.

Desde que chegou ao trabalho, recebeu diversos e-mails, todos com um tom sério que o apavora.

Todo ofegante, ficou lendo o último e-mail que recebe de Bruno, analisando aquelas palavras.


"- Hoje é o nosso dia meu primo. Finalmente vamos ficar cara a cara. Estou aguardando você nessa tarde, na minha casa. Estarei lhe esperando no lugar onde passei esses últimos 10 anos.

- Você ainda se lembra onde é meu túmulo ?"


Heitor: Desgraçado, vou te mandar de volta para o inferno. De volta para o lugar de onde você nunca deveria ter saído!

Mesmo demonstrando toda essa raiva, por dentro ele está em pânico. Só de imaginar em ficar cara a cara com Bruno, um calafrio sobe por sua espinha, ainda mais pelo encontro ser num lugar tão sinistro como em um cemitério.

Totalmente fora de si, Heitor abre seu cofre e retira de dentro um revólver preto, já carregado.

Ele fica manuseando aquela arma no ar, olhando como um maníaco, apreciando o brilho do metal, com o dedo no gatilho.

Um pouco antes do horário combinado, junta suas coisas e com o revólver preso na cintura, guia seu carro até o cemitério onde Bruno está supostamente enterrado.

Já está quase escurecendo e o local está totalmente deserto. Andando por aqueles túmulos e embrenhando-se cada vez mais para dentro daquele lugar, vai sentindo seu coração se apertar a cada passo.

A sensação de estar sendo vigiado e ser surpreendido a qualquer momento, era algo infernal.

Depois de alguns minutos, estava de frente para aquele túmulo de mármore, olhando para todos os lados, quase em pânico.

Heitor: Cadê você desgraçado. Apareça, seu viado nojento!

Heitor coloca a mão no bolso, já com o dedo no gatilho, pronto para o bote. Mas ao virar-se de frente para o túmulo novamente, têm um choque.

Ele vê as fotos dos seus avós, de sua mãe e também a do primo, mas o que lhe deixa em desespero é ver uma placa com sua própria foto, indicando o ano de seu nascimento e a data de sua morte, que é exatamente aquele dia.

Heitor: Não!!! Não!!!

Levando as mãos até a cabeça, ele começa a sentir seu coração disparar, se virando para todos os lados.

Totalmente desequilibrado, grita como um louco e com aquela forte emoção, sente as pernas amolecerem, até sentir os olhos se fechando e o coração batendo cada vez mais forte, caindo desmaiado diante do túmulo de Bruno.

A câmera se aproxima lentamente do corpo de Heitor caído no chão em meio aquele monte de túmulos.

Atrás de um deles, uma figura de preto observa a tudo, bem próximo ao rapaz.


Cena 10 - Casa de Marta - Noite


Samuca chega na casa de sua mãe com Vicente para ver Flora e fica surpreso ao encontrar sua sobrinha brincando com Henrique.

Vicente também se junta no meio da brincadeira e os três ficam entrosados, brincando no tapete.

Samuca fica observando de canto, enciumado.

Vicente: Nunca pensei que fosse te ver dando mamadeira pra uma boneca!

Henrique: Não é uma boneca, essa aqui é a Juju!

Flora: Isso mesmo, tio!

Enquanto observa sua filha de longe, Vitória recebe uma mensagem de Antônio, perguntando por Vicente.


Cena 11 - Cemitério - Noite - Ao som de instrumental 'Fantasmas' - Eduardo Queiroz


Aos poucos Heitor vai recobrando a consciência e ainda deitado, lentamente seus olhos vão se abrindo.

Heitor: Onde estou ? Que frio!!! Que cheiro horrível.

Seus braços estão dobrados sobre o peito e limpando os olhos, vai se recordando de sua visita ao cemitério.

Aquele cheiro de flores e vela vão invadindo suas narinas, enquanto sente uma friagem nas costas.

Ele vai revirando a cabeça para a direita e a esquerda, olhando para os lados, mas ao se dar conta de onde está, uma onda de pavor toma conta de si e a única coisa que consegue fazer é dar um grito de desespero, com toda força de seu pulmão.


Cena 12 - Casa de Marta - Quarto - Noite


Enquanto a família está toda reunida e mesmo sabendo que é um pouco de egoísmo de sua parte, Samuca não se importa em se sentir mal. Para ele, em primeiro lugar, é sempre a felicidade de Flora. Mas a aproximação com Henrique o chateia.


Ao som de Another Love - Tom Odell


Sentado em um banco na varanda, olhando para a lua, ele sente a presença daquele pingo de gente ao seu lado.

Flora: Oi, tio.

Samuca: Oi, minha princesa.

Flora: Porque está quietinho tio ?

Samuca: Só estou vendo as estrelas.

Flora: Fica lá com a gente tio ?

Samuca: Daqui a pouco eu vou.

Flora: Tio, o papai é muito legal.

Samuca: Ah é? Fico feliz que vocês se deram bem. Você merece o melhor papai do mundo.

Flora: Eu adoro o papai Henrique. Eu adoro ele, mas você é o meu preferido.

Samuca olha no mesmo instante para a garotinha, sentindo os seus olhos se encherem de lágrimas, mas querendo dar um grande sorriso.

Samuca: Eu ?

Flora sobe no banco, ficando com o rosto na altura do tio e enrolando seus braços no pescoço dele, faz a maior declaração de amor que Samuca poderia ouvir.

Flora: Tio, você sempre será o meu preferido. Eu te amo!

Flora segura o rosto de Samuca, dando um beijo em sua bochecha e o transformando no cara mais feliz do mundo.

Samuca: Eu sou o seu preferido ?

Flora: Sim, tio. Eu te amo.

Samuca abre um largo sorriso, colocando a garota em seu colo.

Samuca: O tio também te ama. Te amo muito, muito, muito, bastante de montão!

Samuca a enche de beijos, abraçando forte seu corpinho, fazendo a garota rir.

Flora: Tio, estou muito feliz.

Samuca: Se você está feliz, eu também tô! Vamos fazer um acordo? Isso fica sendo um segredo só nosso, está bem ?

Flora: Tá bem, tio.

Samuca: Então toca aqui.

Flora bate na mão de Samuca, selando o acordo, que mesmo morrendo de ciúmes de Henrique, prefere que aquela declaração fique só entre eles. Sabia que Henrique é o pai dela, mas nunca iria querer magoá-lo.


Na sala, Vicente recebe Antônio e Helena.

Vicente: Tio ? Tia ?

Vitória: Eu avisei a eles que você estava aqui. Eles querem conhecer a Flora!

Vicente sorri: - Que bom que vieram!

Helena: Cadê a menina ? Estou louca para conhecê-la.

Antônio fica um pouco desconfortável, sabia que poderia encontrar Samuca ali, mas agora com esse novo parentesco, com certeza seria inevitável um encontro.


Helena: Olá! Então você é a filhinha do Henrique ?

Flora: Sim, e sobrinha do Tio Vicente e do Tio Samuca!

Antônio: Você se parece mesmo com seu pai. Parabéns, Henrique.

Helena: Trouxemos um presente pra você.

Flora: Adoro presente. - Responde, toda empolgada, rasgando o embrulho.

Flora: É um fogão.

Helena: Sim, pra brincar de fazer comidinha. Gostou?

Henrique: Como é que fala ?

Flora: Eu sei pai, tem que falar obrigada. Obrigada, moça!

Helena dá risada.

Helena: Moça, eu ? Uma velha dessas!

Flora: Como que monta ? - Pergunta, mexendo em seu novo brinquedo.

Helena: Ajude ela a montar, querido.

Antônio: Eu ?

Helena: Sim!

Meio sem jeito, Antônio espalha o brinquedo em cima da mesinha e fica explicando para a garota como deve fazer.

Antônio: Esse aqui, encaixamos aqui.

Flora: O senhor tem cara de bravo.

Antônio: Eu ? Você acha ?

Flora: Acho sim.

Antônio: Não sou bravo não.

Flora: Então dá uma risada.

Antônio: Ah, mas pra dar risada tem que acontecer alguma coisa engraçada.

Flora: Então eu faço cosquinha no senhor!

Flora se levanta, cutucando aquele empresário todo poderoso, achando que estava brincando com uma criança da idade dela.

Não conseguindo êxito, Flora desiste e fica sentada, olhando para o rosto de Antônio, que mesmo tendo todo aquele jeitão, sentiu-se uma poeirinha, diante dos olhos curiosos da menina.

Antônio segura o brinquedo, encaixando as peças, mas com uma mão só não conseguia, fazendo tudo cair.

Flora ri a cada tentativa e já nervoso, Antônio começa a ficar irritado e quando resolve desistir, a garota já gargalha o fazendo rir também, se rendendo a inocência dela.

Antônio: Em vez de ficar rindo aí, porque não me ajuda ?

Antônio volta a montar o brinquedo, mas perde a concentração logo em seguida. Samuca está vindo do outro lado da casa e dá de cara com o ex sogro.

Flora: Tiooooooo!!! Ajude o moço a montar meu presente.

Antônio faz menção em sair dali, mas logo vê a esposa o encarando num canto e também Vicente que o observa em outro canto. Samuca está parado, mas com a insistência da sobrinha, senta na cadeira e sem pronunciar uma única palavra com Antônio, o ajuda a montar o fogãozinho.

Enquanto isso, todos permanecem em seus lugares, mas observando de longe aquela cena que até então parecia impensável.

Antônio: Está pronto.

Flora: Que bonito, moço.

Flora fica encantada com seu presente, abrindo todas as portinhas, começando a brincar ali mesmo. Antônio que já estava levantando, é impedido pela garota.

Flora: Você não vai brincar com a gente ?

Antônio: Eu brincar ?

Flora dá um pratinho para ele e simula que cozinhava. Samuca e Antônio ficam por alguns minutos brincando com ela, mas mantendo o silêncio entre eles.

Helena coloca a mão no ombro de seu marido.

Helena: Estou muito orgulhosa de você, meu bem.

A hora passa rapidamente. Helena e Antônio se despedem de todos e vão embora.

Flora brincou a tarde toda, correu, se divertiu e riu e naquela hora da noite já está sem energia, capotando no sono. Samuca leva a sobrinha até seu antigo quarto e fica por um tempo velando seu sono. Já está saindo quando Henrique entra.

Henrique: Ela dormiu ?

Samuca: Sim, só troquei a roupinha dela que estava um pouco suja.

Henrique: Entendi.

Samuca já está saindo quando Henrique o chama.

Henrique: Podemos conversar ?

Samuca: Fala aí!

Henrique: Você gosta muito dela, né ?

Samuca: Mais que minha própria vida. A Flora me ajudou a sobreviver quando eu apenas levava a vida, como uma pessoa que apenas vegetava. Quando ela nasceu, tudo ficou em segundo plano e minha vida tomou outro sentido.

Henrique: Fico me perguntando o que eu fiz para merecer um presente tão gostoso como esse. O que eu fiz pra merecer tanta felicidade assim!

Henrique se aproxima e olhando nos olhos do cunhado, estende suas mãos, esperando um aperto de Samuca.

Henrique: Obrigado por criar minha filha.

Os dois apertam a mão um do outro e sem desgrudar juntam seus corpos, formando um abraço.

Henrique: Obrigado por cuidar da minha baixinha.

Samuca: Seja apenas o melhor pai do mundo pra ela.

Henrique: Não tenha dúvidas disso!

Samuca olha em volta. - Você viu a Vitória ?

Henrique: Sabe que eu nem reparei ? Ela sumiu a noite toda!


Cena 13 - Casa de Marina - Noite - Ao som de instrumental 'Partidas e Reencontros' - Alexandre Guerra Piano Solo


Sol, João e Marina estão a mesa, jantando em silêncio.

Um clima mórbido paira sob o ar, que é quebrado com o som da campanhia tocando.

João se levanta para atender, enquanto Marina apenas remexe na sua comida, sem vontade alguma.

Sol pega na mão da sua filha.

Sol: Vamos resolver isso! Fique tranquila, minha filha. A polícia vai rastrear a ligação! Agora coma. Coma que você tem uma criança para alimentar também!

João volta acompanhado de Viriato.

Viriato: Boa noite!

Sol: Boa noite, Seu Viriato. Senta aí, janta conosco!

Viriato: Não, obrigado. Só vim aqui pra dizer que qualquer coisa que vocês precisarem, qualquer coisa mesmo, podem me chamar ali no meu barraquinho. Eu conheço vocês da vida toda, não precisa ter cerimônias comigo!

Sol: Muito obrigada, Seu Viriato. É muito bom poder contar com os amigos nessas horas!

João: Amigo irmão, o Viriato está na nossa família há mais de 10 anos!

Viriato: Que isso, imagina. Bom, vou indo, só vim prestar o meu apoio mesmo. Qualquer coisa estamos aí!

João acompanha o jardineiro até a porta.

Sol: Viu, minha filha. Temos pessoas ao nosso lado, eu tenho fé que tudo vai dar certo!


Cena 14 - Mansão de Mohamed - Suíte - Noite


Mohamed está deitado na cama, perdido em seus pensamentos.

Ayla entra no quarto, somente de camisola e com um livro em suas mãos.

Ayla: Oi, meu bem...

Mohamed: Oi, meu amor. Como está ?

Ayla: Estava morrendo de saudade esses dias que passei fora. Você nem mexeu nos doces que eu trouxe!

Mohamed: Depois eu vou lá e pego um pouco.

Ayla: Você me parece meio triste. É o trabalho, né ? Você trabalha demais, meu amor, precisa é de longas férias!

Mohamed olha para sua esposa, e inevitavelmente a imagem de Rosinha vêm em sua mente.

Ele sente a sua consciência pesar.

Mohamed: Não. Eu não posso tirar férias, tenho que manter a minha mente ocupada!

Ayla: Teimoso! Mas tenho uma coisa aqui que vai te animar... - Afirma, abrindo aquele livro.

Mohamed: O que é isso ?

Ayla entrega nas mãos dele.

Ayla: Abra você mesmo!


Ao som de instrumental 'Luz Vermelha' - Eduardo Queiróz


Mohamed pega aquele livro e vai folheando, se deparando com a imagem em alta qualidade dos seus pais mortos anos atrás. Fotos que ele nem sabia que existia mais.

Mohamed: Mas... Mas isso aqui...

Ayla: Sim. Eu pedi pra trazerem da Turquia. Algumas nem você mesmo tinha, e as poucas que tinha estavam destruídas e mal dava pra ver... Mandei restaurar todas em altíssima qualidade. Foi caro e demorado, mas valeu a pena! Eu sei do grande apreço que você tem por seus pais, então quis te fazer essa surpresa, meu amor... Gostou ?

Mohamed deixa escorrer uma lágrima.

Mohamed: Eu nem lembrava mais do rosto deles... E isso machucava a minha alma!

Ayla: Pois é. Agora você vai poder relembrar a hora que quiser!

Mohamed sente seu coração chorar e sua consciência pesar cada vez mais.

Ele começa a chorar, deixando sua esposa sem entender.

Ayla: O que foi, meu amor ? Eu trouxe essas fotos pra você ficar feliz, não para trazer tristeza!

Mohamed a abraça com força.

Mohamed: Eu só quero que você saiba que apesar das besteiras que a gente faz no dia a dia... Apesar dos meus erros, eu nunca, em nenhum momento deixei de te amar!

Ayla sorri, também abraçando o marido.

Ayla: Eu sei, meu amor. Eu não tenho dúvidas! Nossa história já tem 20 anos, e irão durar mais 20, mais 30... A vida toda!

Mohamed a beija apaixonado, deixando um gosto de choro nos lábios de sua esposa.


Cena 15 - Cemitério - Noite - Ao som de instrumental 'Dimas Operando' - Eduardo Queiróz


Heitor aos poucos vai recobrando a consciência, lembrando-se do seu encontro com Bruno naquele cemitério e de sua foto no túmulo da família. Ainda deitado, vira a cabeça e ao se dar conta da situação em que estava, sente uma onda de pânico invadindo seu corpo.

Heitor: Meu Deus!!! Socorro!!!

Heitor dá um pulo do chão, ficando em pé, olhando para todos os lados.

Nem em seus maiores pesadelos imaginou estar numa situação daquelas, dentro de uma cripta, em um cemitério a noite, sozinho.

Heitor corre para a grade, prestes a sair o mais rápido dali mas viu que não seria tão fácil assim sair daquele lugar.

Um enorme cadeado trancava aquela pequena porta de ferro.

O lugar onde está é um pequeno mausoléu, formado por várias gavetas de uma de uma família que ele nem conhecia.

Olhando para todos os lados, fica encarando a foto daquelas pessoas que estão enterradas ali, mortas a várias décadas atrás.

Heitor: Meu Deus!!! Alguém me ajude, por favor!!! SOCORRROOOOO!!! - Grita, já quase rouco.

Heitor gruda na porta de ferro, vendo os túmulos no cemitério e uma pequena cerração, escondendo alguns jazigos.

A escuridão é total e a única fonte de luz dá-se graças a lua que ilumina todo aquele local.

Em pânico, Heitor começa a chutar a porta, balançando a grade, gritando desesperado.

Heitor: SOCORROOOOOOO!!! ALGUÉM, PELO AMOR DE DEUS! ME

TIRA DAQUI, EU IMPLORO!

Gritando como um louco, se desespera ainda mais quando vê de longe um vulto entre alguns túmulos, como se alguém circulasse no meio daquela cerração.

Em estado de choque, corre com medo para o fundo do mausoléu, tentando se esconder, mas se sente ainda pior, olhando aquelas fotos sinistras das pessoas que estão enterradas naquelas gavetas.

Fazendo um silêncio absoluto, se abaixa num canto mas nem assim tem paz. Do lado de fora é possível ouvir uivos, corujas, e também o barulho de folhas secas, como se alguém caminhasse pelo lado de fora.

Heitor: Por favor meu Deus, me salva. Por favor.

Com os olhos fechados, Heitor junta suas pernas e começa a rezar, sentindo o coração disparar. Seu coração bate tão forte que é possível ouvir as batidas de longe.

Ao abrir os olhos, olha em direção a um pequeno vitral no alto de uma parede e a luz que atravessa aquele vidro vermelho e laranja some, como se alguém tivesse do lado de fora, impedindo sua entrada.

Heitor se levanta do chão, gritando desesperado, correndo para todos os lados daquele cubículo, escutando um forte barulho vindo do lado de fora, de algo caindo no chão.

Heitor: Eu não aguento mais, Meu Deus. Por favor, alguém me ajuda, alguém... Pare com isso, Bruno, me deixe em paz.

Não bastando aquele horror todo, o cheiro de flores e de vela serve para embrulhar seu estômago.

Se tremendo todo, Heitor não consegue segurar e urina na própria calça.

Ele se ajoelha no chão, em meio a sua própria urina, sem nem mais forças para gritar.

Depois de horas naquela situação, foi que se dá conta que o revólver que havia levado ainda está em seu bolso.

Ainda ouvindo aqueles sons e barulhos vindo de fora, chega a seu limite, disposto a acabar com toda aquela tortura.

Totalmente fora de si, posiciona seu dedo no gatilho e leva o revólver até sua cabeça. Chorando e tremendo muito, ele dá um grito de pavor antes de dar o primeiro tiro.






Cena 16 - Mansão de Antônio - Piscina - Manhã


Helena está na beira da piscina curtindo aquela manhã fria, enquanto Antônio lê um jornal. De repente, seu celular toca.

Antônio: Alô ? O próprio.

Antônio escuta o que dizem, enquanto sua expressão vai mudando. Ele fica em pé.

Antônio: Como é que é ? Você tem certeza disso ?

Helena: O que foi meu bem ?

Antônio:Tá, estou indo pra aí agora!

Helena: O que está acontecendo ? Quem era ?

Antônio: A polícia, estão no cemitério.

Helena: Cemitério ?

Antônio: Parece que atacaram o túmulo do Bruno e encontraram o Heitor...

Helena: Meu Deus!!!

Antônio: Não entendi nada, eu vou pra lá.


Vicente e Samuca estão chegando até a mansão. Samuca pretende apenas ficar no carro, mas Vicente nem chega a entrar: Vendo o tio saindo todo nervoso, o segue até o cemitério, também sendo acompanhado por Henrique na viatura.


Heitor estava tão desesperado que decidiu tirar sua própria vida, mas ao apertar o gatilho a arma apenas deu um estalo. Em choque acabou desmaiando novamente, acordando apenas de manhã, quando um coveiro o sacudiu.


Ao som de instrumental 'Otto Dimas' - Eduardo Queiróz


Antônio, Helena e Ellen descem do carro. Vicente e Samuca descem no outro, enquanto Henrique também chega ao local.

Vicente: Fique calmo, tio.

Antônio vai direto para o escritório, invadindo a primeira sala que encontra.

Heitor está sentado, falando coisas sem nexo para dois policiais.

Antônio: O que aconteceu aqui ?

Heitor: Tio, me salve. Ele quer me pegar. Ele voltou do inferno pra me pegar.

Helena: O que está acontecendo ?

Heitor: O que vocês estão fazendo aqui ? Vão embora seus urubus.

Policial: Acho melhor você se acalmar.

Zelador: Ele foi encontrado dentro de um mausoléu, nesse estado e na mão dele estava esse revólver.

Heitor: Ele me trancou lá dentro, ele quis me matar tio!

Zelador: Um coveiro o encontrou caído, dormindo, mas não havia nada trancado, o portão daquela cripta estava aberto!

Antônio: O que está acontecendo aqui, Heitor ? Você enlouqueceu de vez ?

Heitor: Foi ele, o senhor precisa me ajudar, ele quer me matar.

Antônio: Ele quem ?

Heitor: O Bruno!!!

Helena: Você enlouqueceu de vez!

Ellen: Coitado.

Henrique: Ele está drogado, só pode.

Heitor: Vocês tem que acreditar em mim.

Helena: Respeite a memória do meu filho, poupe-nos desse circo ridículo!

Heitor: Cale a boca, sua piranha velha!

Antônio: Cale a boca você, seu doente!

Heitor: Ele está atrás de mim.

Samuca que até então se manteve afastado, não consegue segurar a raiva.

Samuca: Isso é sua consciência pesando, seu desgraçado.

Heitor: Cale a boca, seu viado!

Vicente vai para cima dele mas Henrique o segura e o que já está um circo, agora vira um grande barraco.

Policial: Silêncio.

Heitor: Ele está atrás de mim tio, aquele viadinho veio do inferno para me perturbar, pra acabar comigo.

Antônio: Chega Heitor, você extrapolou todos os limites do tolerável. Você está completamente perturbado.

Heitor: Ele que está me perturbando, ele colocou minha foto no túmulo, ele quer me matar. O senhor tem que ir ver.

Antônio: Não quero ver nada, pra mim chega, vou mandar lhe internar.

Heitor parece um louco, olhando todos seus inimigos ali, o condenando com os olhos.

Num ato insano, ele pega seu revólver em cima da mesa e sai como um foguete daquela sala, sendo perseguido pelos policiais e por Henrique.

Todos saem correndo atrás dele, que vai direto para o túmulo de Bruno.

Policial: Largue essa arma!

Helena: Por favor, parem!

Antônio: Largue essa arma, Heitor!

Vicente entra na frente de Samuca o impedindo de se aproximar.

Samuca: Me larga Vicente, vou acabar com esse cretino.

Com medo que algo acontecesse com seu amor, Vicente se transforma, segurando Samuca forte pelo braço, o impedindo de se aproximar de Heitor.

Heitor olha para todos os lados, e apontando a arma para a foto de Bruno, descarrega a arma em seu túmulo, fechando os olhos. Mas como aconteceu anteriormente, só se ouve estalos, não sai um único tiro.

Os policias o seguram, enquanto todos se aproximam.

Samuca: Me solte, Vicente!

Vicente: Me obedeça Samuca. Não vou deixar você se aproximar desse demente.

Antônio: Você está completamente louco.

Ellen: Louco de pedra.

Heitor: Ele colocou minha foto, ele....

Antônio: Não há foto nenhuma.

Heitor olha para o túmulo e a foto com a data de sua morte já não está mais ali, tinha sumido como um passe de mágica.

Heitor: Mas....

Helena: O que você vai fazer ?

Antônio: Estou ligando para um amigo, vou mandar interná-lo.

Helena: O lugar dele é na cadeia!

Henrique: Tia, dificilmente ele passaria uma noite preso. Ele vai ser preso sim, mas por outro motivo.

Ellen: Como ?

Henrique soltou esse comentário, mas no meio de toda confusão, acaba passando em branco.

Não demora e uma ambulância entra no cemitério e logo várias pessoas aglomeram vendo aquela cena. Para contemplar aquele espetáculo deprimente, uma equipe de reportagem também aparece, tirando fotos dele, que tentava esconder o rosto, sendo arrastado para dentro da ambulância.

Samuca: Verme nojento, ainda assim é pouco pra você!

Ellen: Te garanto que isso ainda é apenas o começo, Samuca!

Heitor é levado para uma clínica psiquiatra e visivelmente alterado recebe várias doses de calmantes que o faz apagar.

Vicente coloca a mão no ombro do tio, em sinal de força.


Cena 17 - Ao som de Shape of You - Ed Sheeran

Paisagens - Um dia se passa - Os sites e jornais só se falam no 'escândalo do cemitério'


Cena 18 - Delegacia - Manhã


Marina vê Henrique de longe, no meio de alguns policias.

Ele sorri e joga conversa fora, contando sobre sua filha, quando nota a presença da moça.

Os dois se olham por alguns instantes.


Marina e Henrique caminham pelo jardim ao redor da delegacia.

Henrique: Como posso te ajudar ?

Marina entrega seu celular para ele, que fica sem entender.

Marina: Rastreie essa ligação. Ele me ligou, ele precisa de ajuda! Eu o segurei em linha o máximo que pude...

Henrique fica surpreso com o que escuta.

Marina: Rastreie e descubra de uma vez por todas onde está o Luan! - Pede, aflita.


Cena 19 - Mansão de Mohamed - Sala de Estar - Manhã - Ao som de instrumental 'Carolina' - Eduardo Queiróz


Rosinha está com um longo vestido branco, enquanto se olha no grande espelho da sala.

Dona Benedita, Ayla e a modista ficam olhando, admiradas com a beleza da moça.

Dona Benedita: Minha neta... É você mesma ?

Ayla: Linda! Eu nunca vi uma noiva tão linda assim.

Modista: Ficou melhor do que eu imaginava. Também, com esse corpinho e essa beleza, até vestida com trapos se torna uma princesa!

Rosinha não para de sorrir um só minuto, radiante e ansiosa.

Rosinha: Eu sonhei tanto com esse momento! O momento eu que eu me casaria na igreja, toda de branco... É como um sonho! - Afirma, quando roda de um lado para o outro segurando seu vestido.

Mohamed chega mais cedo com Miguel de uma reunião de negócios.

Os dois entram na sala e surpreendem com o que vêem.

Miguel a olha da cabeça aos pés, fascinado.

Rosinha para de girar, notando a presença dos dois.

Mohamed não consegue deixar de notar a beleza da moça.

Ayla e Dona Benedita se atravessam na frente da moça.

Modista: Vocês não podem estar aqui! É mal agouro ver a noiva vestida antes do casamento!

Rosinha encara os dois, que a observam apaixonados.


Cena 20 - Clínica Psiquiátrica - Pátio - Manhã


Heitor está em um canto no jardim, sentado. Ele olha com nojo para as pessoas ao seu redor, homens e mulheres, todos doentes e muito pior do que ele.

Heitor: Eu tenho que dar um jeito de sair daqui. Eu não sou louco! Eu não sou louco...

O enfermeiro se aproxima dele.

Enfermeiro: Você tem visita.

Heitor: Não quero visita de ninguém.

Mirella aparece na frente dele, com um óculos escuro e um sorriso no rosto.

Mirella: Como vai ?

Heitor: Você ? O que quer ? Veio rir da minha desgraça ?

Mirella: Pelo contrário, vim lhe ajudar. Sou seu passaporte pra sair desse lugar!

Heitor a encara, em silêncio.


Imagem de Heitor congela em um efeito amarelado.


Continua.


Se encerra no refrão de Comunicação Falhou - Mari Fernandez feat. Nattan


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2023 - DNA

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1 Comment


Odair Rodrigues
Odair Rodrigues
Aug 15, 2023

Pobre Heitor😢

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