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Seguindo em Frente | Capítulo 44 (Últimos Capítulos)


A seguir

Seguindo em Frente - Capítulo 44 - ( Últimos Capítulos )

+16 ( Contém Violência, Sexo e Linguagem Imprópria )


Cena 01 - Clínica Psiquiátrica - Pátio - Manhã - Ao som de instrumental 'Otto Dimas' - Eduardo Queiróz


Enfermeiro: Você tem visita.

Heitor: Não quero visita de ninguém.

Mirella aparece na frente dele, com um óculos escuro e um sorriso no rosto.

Mirella: Como vai ?

Heitor: Você ? O que quer ? Veio rir da minha desgraça ?

Mirella: Pelo contrário, vim lhe ajudar. Sou seu passaporte pra sair desse lugar!

Heitor: O que você quer ? Fale logo e dê o fora daqui.

Mirella: Já lhe disse, quero apenas lhe ajudar.

Heitor: Você não ajudaria nem sua mãe se tivesse caindo de um precipício e quer me ajudar ?

Mirella: É verdade. Mas digamos que nós dois temos interesses em comum.

Mirella o olha da cabeça aos pés.

Mirella: Nossa, mas você tá acabado mesmo, hein. Tá precisando de um bom trato no vizu, cortar esse cabelo horroroso. Há quanto tempo você não faz um limpeza de pele ? Uma massagem ? E essa barba horrível e pinicada ?

Heitor: Va á merda!

Mirella: Me xingar não irá melhorar sua situação. Mas afinal, o que aconteceu com você ? Como veio parar nesse lugar ?

Heitor: Ele veio atrás de mim.

Mirella: Ele quem ?

Heitor: O Bruno. Ele voltou pra se vingar.

Mirella: Que Bruno ? Seu primo Bruno ? - Pergunta, assustada e arregalando os olhos.

Heitor: Ele mesmo, ele voltou pra se vingar, pra acabar comigo.

Mirella: Mas seu primo está morto. Você tá completamente louco mesmo!

Heitor: Não, ele tá vivo. E se não está, voltou do inferno pra me infernizar.

Mirella: Meu Deus, o que você anda tomando ? Você está totalmente fora de si.

Heitor olha em volta.

Heitor: Fale baixo. Você não entende, ele está aqui, ele tá em todos os lugares. Ele pode nos ver!

Mirella fica o encarando sem reação. Totalmente chocada com o estado dele.

Heitor: Ele fica me mandando mensagem, me atormentando. Ele me prendeu no cemitério!

Mirella: Acorda, seu idiota. Será que você não vê que é alguém que está se passando pelo Bruno só para lhe infernizar ?

Heitor: Você não sabe de nada. Ele veio se vingar, eu sei...

Heitor conta tudo a Mirella, sobre os cadernos roubados no asilo onde o pai mora, sobre os e-mails que recebe, sobre o sangue no volante do seu carro e sobre a coroa de flores com as baratas.

Mirella começa a se preocupar.

Mirella: Então tem alguém que sabe o que fizemos. Você precisa me ajudar, Heitor!

Heitor: Te ajudar ?

Mirella: Eu estou apavorada. Aqueles dois bandidos, seus amigos, que tiraram aquela foto com o Samuca. Eles me procuraram e estão me ameaçando.

Heitor: Então tá explicado, sabia que sua visita não era de graça.

Mirella: Isso não tem a menor importância agora. Precisamos nos juntar.

Heitor: Eu quero é que você se dane.

Mirella: Escute aqui seu idiota, se eu me ferrar, eu te levo junto comigo. Tenho certeza que a cadeia é um lugar bem pior do que esse aqui.

Mesmo estando fora da realidade, pra algumas coisas Heitor ainda está perfeitamente lúcido. Ele a escuta falar.

Mirella: Eles disseram que a polícia está cercando eles e estão me pressionando. E isso é problema seu, você que teve a idéia de colocar esses bandidos na nossa história!

Heitor: Você não se tocou que está suja de lama até o pescoço ?

Mirella: Precisamos nos unir pra escapar dessa. Tenho certeza que o Henrique ainda continua fazendo a investigação dele. Ele sabe que estamos envolvidos e pra conseguir alguma prova contra nós não irá demorar.

Heitor: Você tem que me tirar daqui. O Bruno conseguiu me sujar com meu tio. Não posso contar mais com o apoio dele, ainda mais com a Ellen ao lado deles, outra traidora.

Mirella: Deixe comigo, você saíra daqui o mais cedo que pensa!


Cena 02 - Mansão de Mohamed - Cozinha - Noite


Rosinha está preparando a mesa para o jantar.

Mohamed chega na porta e fica olhando a moça trabalhar.

Assim que nota sua presença, ela vai até ele.

Rosinha: E aí, meu amor. Tava me espiando ? - Pergunta, passando a mão no rosto dele.

Mohamed a afasta.

Mohamed: Não me chame assim! - Pede, olhando para os lados.

Rosinha: O que foi ? O que aconteceu ? Ah, já sei. Não gostou de ter me me visto vestida de noiva hoje, né... Ficou com ciúmes do Miguel. Eu sei, mas ele é só um disfarce! É você quem eu amo. E se não podemos ficar juntos de papel passado, pelo menos vamos levando dessa forma. É mais gostoso!

Mohamed: Pare! Você não entende. Eu não posso mais fazer isso.

Rosinha: Isso o que ?

Mohamed: Isso que a gente tem. Não dá mais, eu mal consigo olhar na cara de minha esposa! Não é o correto, estamos juntos há mais de 20 anos!

Rosinha sorri: - Por isso mesmo. É repetitivo! Aposto que ela nem se depila mais, né ? Um asco. Eu sim sou mulher pra você, e sei muito bem como fazer um homem de verdade feliz!

Mohamed: Pare, você está sendo ridícula! Um casamento não é só sexo, é cumplicidade e amizade, mas pelo visto você não sabe o que é isso! Vive de enganar a todos ao seu redor com suas mentiras e fingindo ser alguém que não é!

Rosinha: Ah, pronto. Falou o presente de Deus, o blindado, o homem de família certinho e conservador! Você não é melhor do que eu, eu não fiz isso sozinha! Se eu menti, se eu enganei. Foi em conjunto com você! Tá tão envolvido quanto eu, querido... - Afirma, voltando a se aproximar dele e colocando a mão dentro de sua calça.

Rosinha: Eu faço tudo por você... A sua cabeça diz que não mas a outra diz que sim! - Afirma, sorrindo e beijando o pescoço do empresário.

Mohamed: Pare...

Rosinha: Tá com peninha porque traiu a mulher, foi ? Coitadinho. Vem cá que eu te consolo!

Mohamed a afasta novamente.

Mohamed: Pare! Eu te peço. Não podemos ter isso de novo nunca mais! Eu não quero isso pra minha vida. Não mais! Por favor... Esqueça tudo, viva o seu casamento como tem que ser que eu vivo o meu! - Pede, confuso, enquanto deixa o local.

Rosinha: Vamos ver quando tempo você vai resistir. Não importa o que aconteça, eu ainda tenho uma carta na manga...


Cena 03 - Delegacia - Noite - Ao som de instrumental 'Otto Dimas' - Eduardo Queiróz


Henrique trabalha sozinho até tarde, localizando de onde veio a ligação com o celular de Luan.

Concentrado, ele mexe em alguns programas no seu notebook, até que abre um arquivo.

O delegado franze a sua testa, sem entender ao certo o que acabara de ver.

Na tela, é exibido a hora e o local de onde a ligação veio: E veio do próprio endereço de Marina.

Henrique: Mas que merda é essa, cara... Se veio de lá, então... O celular está em algum lugar daquela casa! Mas quem fez a ligação ? - Pergunta-se, intrigado.


Cena 04 - Clínica Psiquiátrica - Manhã


Heitor já está se sentindo como um dos loucos daquela clínica, tendo que conviver com eles, mas Mirella é rápida e no dia seguinte já está com uma papelada e apresentando ao diretor da clínica, e colocando pressão, consegue tirar Heitor daquele lugar.

Heitor: Como conseguiu esses documentos ?

Mirella: Tenho alguns amigos que me devem favores.

Heitor: Você não vale nada, hein!

Mirella: Não muito diferente de você.

Heitor: Qual seu plano ?

Mirella: Preciso sair limpa dessa história. É questão de dias até a polícia desmontar essa quadrilha e chegar até você.

Heitor: Preciso tirar algum dinheiro do meu tio, mas não posso chegar até a empresa. Ele já está muito desconfiado de mim!

Os dois andam até o carro, partindo enfim daquele lugar.


Cena 05 - Loja de Antônio - Manhã - Ao som de instrumental 'Dimas Operando' - Eduardo Queiróz


Vicente chega com André até a loja de seu tio. Os dois entram em seu escritório.

Antônio está nervoso, aguardando a auditoria, mas se anima ao ver os seus sobrinhos.

Antônio: Meu filho, você aqui. Que surpresa.

Henrique e Vicente não fazem uma boa cara.

Sem cerimônias, Vicente começa a explicar o motivo da visita e dando a palavra ao irmão, fica apenas escutando, pronto para amparar o tio quando a bomba explodir.

Henrique: Tio, eu nem poderia estar fazendo isso que estou fazendo, mas estou aqui como um sobrinho, um amigo e não como delegado. Há alguns meses minha delegacia está investigando uma grande quadrilha de roubo de cargas.

Antônio: Certo, mas me desculpe, o que tenho com esse assunto ? Você precisa de algum tipo de ajuda ?

Vicente: Escute com atenção, tio!

Henrique: Conseguimos reunir provas, escutas telefônicas, depoimentos e o que descobrimos é que essa quadrilha negocia a carga roubada com grandes empresas e..

Antônio: Espere aí. O que essa quadrilha roubava ?

Henrique: Todo tipo de carga valiosa, inclusive produtos que sua loja comercializa.

Antônio: Henrique, você não está insinuando que minha loja...

Henrique: Temos provas mais que suficientes que mostram o envolvimento da sua empresa com essa quadrilha.

Antônio: Isso é um absurdo. Tudo que conquistei na vida foi com o suor do meu rosto. Nunca cometi um único ato de desonestidade como empresário!

Vicente: Acreditamos nisso tio, mas o que o Henrique está dizendo, é que suas empresas serviam para lavar o dinheiro dessa quadrilha, comprando a preço bem inferior as mercadorias desses roubos.

Antônio: Não, eu nunca fiz nada disso.

Henrique: Tio Antônio, quem era o responsável por esse departamento ? Pelas negociações de compras ?

Antônio: Quem era responsável por essa parte, era...

Antônio sente um estalo em sua cabeça e tudo vai ficando claro.

Henrique: Acho que não preciso dizer mais nada, não é ? O senhor já deve ter entendido tudo.

Antônio: O Heitor!!! Não, não pode ser. Ele é meu sobrinho, filho da minha falecida irmã. Sempre o tive como um filho, ele não pode ter feito uma coisa dessa, ter se associado a pessoas desse nível.

Vicente: O senhor sabe que eu e ele nos desentendemos e não quero parecer leviano o acusando, mas o senhor não é bobo.

Antônio: Eu já estou de olho nele a algum tempo, mas daí imaginar que ele se juntou com criminosos, isso é forte demais.

Henrique: Tio, acho bom o senhor se preparar, pois essa investigação está concluída e é questão de dias para estar tudo na imprensa.

Antônio se sente sem chão. Ele sabe que o sobrinho não é um exemplo de pessoa, mas não esperava que ele fosse capaz de descer a esse ponto.

Secretária: Com licença, o auditor chegou.

Antônio: Mande entrar, agora!

Antônio parece fora de si, mas mesmo desconfiado que algo estava estranho nas contas da sua empresa, nunca imaginou levar um golpe como o que está prestes a receber.

Antônio: São meus sobrinhos, pode falar na frente deles, são de total confiança.

Auditor: Seu Antônio, minha empresa finalizou a auditoria em todos os contratos e contas de suas lojas.

Vicente: E aí, tem algo de errado ?

Auditor: Infelizmente não trago boas notícias.


Cena 06 - Mansão de Mohamed - Piscina - Manhã - Ao som de Genius - Sia, Diplo & Labrinth


Ayla está sentada na beira da piscina, com os pés dentro da água.

Debaixo do guarda sol, Mohamed está de bermuda, óculos escuro e sem camisa, enquanto mexe em seu notebook.

Rosinha está limpando a mesa de bebidas próximo dali, enquanto olha para Mohamed de canto.

Ele percebe as olhadas e fica desconcertado.

Ayla: Quem tem um paraíso como esse dentro de casa não precisa nem de praia! - Comenta, distraída, enquanto passa protetor solar em seus braços.

Rosinha se aproxima de Mohamed para pegar uma vassoura próxima a ele e abaixa sua blusa rapidamente, mostrando o bico de um de seus seios.

Mohamed tosse, tenso.

Rosinha sorri.

Ayla: Engasgou, amor. Bebe uma água!

Mohamed: Estou bem...

Ayla pega um colar que estava ao seu lado no chão e se levanta, indo até Rosinha que está varrendo o chão.

Ayla: Quase no pé da igreja e aqui trabalhando. Você viu...

Rosinha: Quero juntar o máximo de dinheiro possível para ser uma mulher independente!

Ayla: Tá certa você! É assim que começa. Ah, tenho uma surpresa pra você!

Rosinha: Pra mim ?

Ayla estende o colar até ela e coloca no pescoço na moça.

Ayla: Mais que uma funcionária, você se tornou uma grande amiga pra mim. Me salvou de passar dias e dias sozinha nessa casa enorme sem ter ninguém com quem conversar! E se mostrou ser uma moça leal e sincera perante a mim e a todos que gosto.

Mohamed as observa, em silêncio.

Rosinha olha para aquele colar em seu pescoço, fascinada.

Ayla: Por isso hoje quis te dar isso. Pra você usar no dia do seu casamento! Era da minha mãe, é diamante puro! Eu sei que dinheiro não importa nessas horas, mas que moça que não sonha com um pouco de luxo no seu casamento, não é mesmo ?

Rosinha: Mas... Era da sua mãe. Eu não posso aceitar!

Ayla: Não só pode como deve! Eu tenho tantas joias dela aqui, e minhas também. Quando eu morrer não vou levar nenhuma, então tenho que presentear as pessoas que eu gosto mesmo!

Rosinha sorri, radiante.

Ayla: Só esse seu sorriso é a minha recompensa!

Mohamed fica incomodado com a cena.


Cena 07 - Casa de Marina - Manhã


A polícia chega novamente até a casa de Marina, liderados por Henrique, que parece nunca descansar e pelo policial chefe Alves.

Sol atende a porta, se assustando com a presença das autoridades.

Do outro lado da calçada, em sua casa, Viriato percebe a movimentação de longe e fica espiando por sua janela.

Marina: Alguma novidade sobre o meu noivo.

Alves: Sim. A ligação que você recebeu veio de dentro dessa casa!

Marina: O que ? Mas...

Henrique: Eu mesmo rastreei a ligação. No momento em que você a recebeu, o celular dele estava aqui mesmo, em sua residência!

Marina: Eu não entendo. Ele estava com o celular dele a última vez que o vi, em seu bolso!

Alves: Talvez tenha caído!

João: Mas os peritos olharam tudo, detalhe por detalhe!

Henrique olha em volta, intrigado.

Henrique: Podemos dar uma última olhada ?

Marina: Claro. Não há nada para esconder aqui!

Os policias revistam a casa novamente, atentos a tudo.

Marina sente uma pontada em sua barriga e um desconforto em suas costas e respira fundo, quase sem fôlego.

Sol: Tá tudo bem, minha filha ?

Marina: Tô. Foi só uma falta de ar!

Após a revista, os policiais se reúnem na porta da residência.

João: E então ?

Alves: Não encontramos nada. Mas seguiremos com a investigação!

Henrique: Eu mesmo estou cuidando disso, não se preocupem. Eu vou achar esse rapaz onde ele estiver! E descobrirei o que aconteceu.

Sol ampara Marina, que chora.

João olha em volta da casa, sentindo um arrepio na nuca.

Henrique mantém sua postura firme, enquanto segura seu distintivo.


Cena 08 - Apê de Mirella - Manhã - Ao som de instrumental 'Dangerous' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho


Esperta, Mirella observa Heitor. Seu interesse em ajudar vai além do que ela contou. Ela sempre soube que o rapaz roubava o tio há anos e na verdade está de olho numa parte desse dinheiro, para sumir do mapa antes que as coisas apertem para seu lado.

Heitor: Não posso voltar pra casa. Quando meu tio descobrir que saí da clínica, irá atrás de mim! A essas alturas aquele auditor já deve ter descoberto todos os desvios que fiz na empresa dele.

Mirella: Você pode ficar escondido aqui por enquanto. Estive pensando na história que me contou. Se essa pessoa está mesmo com esses cadernos do Bruno, ela não irá entregar para seu tio.

Heitor: Como assim ?

Mirella: Será que você ainda não percebeu que essa pessoa só quer lhe infernizar ? E pelo visto conseguiu, fez você se passar por louco diante de todos, te desmoralizando.

Heitor: O Bruno quer me matar, ele...

Mirella: Pare com isso, Heitor. Chega, acorda pra vida. Cadê aquele cara esperto, que conseguiu enganar todos durante esses anos ? Você tem algum tipo de rixa com alguém ?

Heitor: Como assim ?

Mirella: Existe alguém além do Samuca e do Vicente, que teria motivos pessoais pra se vingar de você ?

Heitor fica pensativo, fazendo uma cara de surpresa. Até faz menção em dizer algo, mais recua.

Heitor: Não, ninguém.

Mirella: Você tem certeza ?

Heitor: Sim, acho que sim.

Mirella: Estive pensando também. Essa Ellen é suspeita demais, mas algo que me chamou atenção foi o lance das baratas. Você lembra quando o Samuca nos flagrou e você humilhando ele, disse que o Bruno estava sendo comido pelas baratas ?

Heitor: Peraí, não pode ser. Será que esse viado está....

Mirella: Quem mais teria motivos de sobra pra querer acabar com sua vida ?

Heitor: Eu vou acabar com esse desgraçado de uma vez por todas.

Mirella: Só ele estava naquela sala. Não sei como você não tinha se tocado disso ainda.

Heitor: Só estava eu, ele e você.

Mirella: Como?

Heitor: Você também estava lá.

Heitor se levanta, indo em direção a Mirella, que começa a se assustar.

Mirella: O que está querendo dizer com isso ?

Heitor: E se for você ? E se você está fazendo um jogo duplo ?

Mirella: Para com isso.

Heitor segura nos braços de Mirella, a deixando apavorada.

Heitor: Porque está tão nervosa ?

Mirella: Me larga, você está me machucando.

Heitor: Me dê um motivo pra acreditar em você.

Mirella: Eu lhe tirei daquela clínica, eu estou sendo perseguida por bandidos. O que eu ganharia se fazendo passar pela bicha do seu primo morto ? Você não acha que já tenho problemas demais na vida ?

As palavras de Mirella parecem surtir efeito e se acalmando, Heitor vai soltando o braço dela.

Mirella: Se concentre no Samuca. Se ele não se revelou até agora é porque está tramando algo bem pior contra nós. Mas o que seria esse algo ? E será que o Vicente está ajudando ele ? Será que estão juntos nisso ?

Heitor: Podemos dar uma prensa nele.

Mirella: Não adiantaria, ao menos que você queira levar outra surra dele. - Debocha, rindo.

Mirella: Temos que atingir o ponto fraco dele.

Heitor: Qual o ponto fraco dele ?

Mirella: Aquela menina insuportável!

Heitor: O que você pretende fazer ?

Mirella: Eu ? Absolutamente nada. Mas as crianças de hoje em dia são tão levadas, atravessam a rua sem olhar, e numa dessas um caminhão pode passar por cima daquele corpinho frágil. Ou então cair numa piscina, num poço ou até mesmo levar um tiro, brincando com o revólver do tio. Conheço vários casos de acidentes assim.

Heitor: Você está louca.

Mirella: Não estou louca não, mas esse silêncio todo tá me matando, tô sentindo nossa batata assar!

Heitor fica pensativo.


Cena 09 - Mansão de Antônio - Tarde - Ao som de instrumental 'Be Best' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho


Helena toma café com Ellen e se surpreende ao ver seu marido chegar.

Helena: Chegou cedo, meu querido.

Ellen: Como vai, tio ?

Antônio passa por elas sem ao menos olhar em seus rostos, indo direto para o escritório. As duas estranham. Helena se levanta e vai atrás do marido, assustada ppr nunca tê-lo visto com aquele olhar.

Helena: O que aconteceu, Antônio ?

Antônio: Perdemos tudo.

Helena: Tudo o que ?

Antônio: Nossa empresa, nosso nome.

Helena: Como assim ?

Antônio: Nosso nome está na lama. Durante todos esses anos o Heitor nos roubou. Desviou milhões, fez negociatas usando o nome de nossa empresa.

Helena: Meu Deus. Mas não compactuamos com isso.

Antônio: É mais grave que você pensa. Ele fraudou documentos, não pagou impostos federais. Estamos devendo uma fortuna ao governo! Se prepare Helena, não sei se iremos conseguir nos levantar. Nossa boa vida pode estar perto do fim! Anos de trabalho jogados assim, na lama...

Helena: Que se dane a boa vida! Você construiu esse império sozinho, se for preciso arregaçamos as mangas e construímos outro ainda maior.

Antônio: O que me dói não é o dinheiro, mas sim a confiança que depositei nele por todos esses anos. Porque ele fez isso conosco ? Sempre o tratamos com um filho.

Helena: Ele é um ingrato. O Samuca sempre teve razão.

Antônio: Não misture as coisas.

Helena: Não vou discutir por isso.

Antônio: Construí essa empresa, acumulei fortuna, tudo para o nosso filho. Ele se foi e agora a única coisa que nos sobrou está se desfazendo como areia, descendo pelo ralo.

Helena: Não, Antônio. Perdemos nosso filho, mas ainda temos nossos amigos, temos saúde e o principal, nós temos um ao outro.

Antônio se sente triste, mas as palavras da esposa conseguem tocar seu coração. Nem ele imaginaria que Helena iria receber aquela notícia de maneira tão serena e que seria o alicerce que o manteria em pé.

Helena: Ainda temos um ao outro e se precisar, lavo o chão da rua, mas nada irá nos derrubar.

Antônio segura as mãos da esposa e muito emocionado as beija, em sinal de carinho.

Ellen escuta tudo com um copo, atrás da porta.

Ellen: Está na hora de acabar com essa história de uma vez por todas!


Cena 10 - Empresa de Mohamed - Sala Principal - Tarde


Miguel e Mohamed estão conversando a sós na sala principal, no último andar da empresa.

Mohamed olha o movimento dos prédios lá embaixo pela janela, enquanto bebe um copo de whisky.

Miguel: O meu casamento já é essa semana, ainda nem acertamos as minhas folgas!

Mohamed: Não só te darei folgas como vou adiantar suas férias. Você é um ótimo funcionário, merece esse descanso.

Miguel sorri, com os olhos brilhando.

Miguel: O senhor é o melhor chefe do mundo!

Mohamed se vira até ele, o olhando sério e em silêncio.

Sentindo uma angústia em sua garganta.

Mohamed: Então é essa semana mesmo. Não imaginava que fosse tão rápido!

Miguel: Eu a amo, e ela me ama também. Não temos porque esperar!

Mohamed: Você tem certeza ?

Miguel: Do que ?

Mohamed: Do amor que ela sente por você.

Miguel sorri. - É claro que ela me ama. Fomos feitos um para o outro! A Rosa é pura, sincera, e me fez juras de amor. Jamais mentiria pra mim!

Mohamed: E o que você faria se descobrisse que ela não te ama como imagina ?

Miguel: Isso jamais aconteceria. Fomos feitos um para o outro, e ficaremos juntos até a morte!

Mohamed coloca mais um pouco de whisky no copo, virando em uma golada só.

Miguel continua sorrindo sozinho, ansioso e se sentindo o homem mais sortudo do mundo.


Cena 11 - Condomínio - Fim de Tarde - Ao som de Where Is My Mind - Safari Riot


Ayla está pegando algumas correspondências em sua caixa de correio na calçada, quando Dona Graça chega agitada até ela, atravessando a rua.

Ayla se irrita ao vê-la.

Dona Graça: Boa tarde, Dona Ayla! E aí, pegou a ninfeta no pulo ontem ?

Ayla: Escuta aqui, Dona Graça. Eu sempre tive muito respeito pela senhora. Mas não quero mais que se meta em minha vida, eu nunca lhe dei liberdade pra isso! Não quero mais que fique insinuando coisas sobre o meu marido!

Dona Graça: Corna! Corna conformada, a senhora nasceu foi pra ser uma corna! O macho te trai na cara dura, na sua própria casa e você nem desconfia! Tem que ser burra e corna mesmo pra aprender!

Ayla a encara com ódio e se segura para não fazer uma besteira.

Ela vira as costas e sai, entrando dentro de sua casa.

Dona Graça: Eu tenho é dó. Mas uma hora a verdade aparece. Sempre aparece!

No jardim, Ayla começa a chorar, nervosa.

Ayla: Velha fofoqueira, mentirosa! Ele me ama, jamais faria isso comigo. Ela não vai conseguir estragar a minha vida, eu não vou permitir! - Afirma a si mesma, trêmula.


Cena 12 - Empresa de Mohamed - Noite - Ao som de instrumental 'Be Best' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho


Samuca já está encerrando o expediente e não vê a hora de encontrar Vicente e planejar algo para aquela noite.

Miguel: Num quer mesmo uma carona, bixinho ?

Samuca: Valeu mesmo. O Vicente vem me pegar.

Miguel: Aí que é bom, né boy ? Um carro quebra mas tem outro a disposição.

Samuca: É, né...

Samuca se despede do amigo e vai para a rua, esperando por Vicente. Está distraído, mexendo em seu celular, quando um carro para em cima da calçada, lhe dando um susto.

Heitor abre a porta do carro e sai como louco, indo pra cima de Samuca.

Heitor: A casa caiu pra você, seu desgraçado.

Samuca se assusta. - Mas o que você pensa que está fazendo ?

Heitor: Você não vai escapar de mim, seu viadinho!

Samuca não entende aquela reação, supreso.

Heitor: Você pensa que é esperto não é ? Mas você mexeu com a pessoa errada.

Samuca: Não sei do que você tá falando. Acho uma cara de pau a sua vir no meu trabalho, fazer escândalo. Esqueceu da surra que lhe dei ? Quer repetir a dose ?

Heitor: Você me infernizou por todas essas semanas, me desmoralizou diante de todos. Você vai pagar muito caro por isso.

Samuca: É o que ? Você não tá falando coisa com coisa.

Heitor: Me devolve aqueles cadernos.

Samuca: Que caderno ? Peraí, você tá falando do....

Heitor: Não se faça de desentendido, o que você ainda quer ?

Samuca: Então a Ellen tinha razão, você escondeu os cadernos do Bruno ?

Heitor: Chega desse papinho, ande, me entregue esses cadernos. Você e aquela piranha estão juntos nessa, não é ?

Heitor gruda na camisa de Samuca, já todo desesperado, exigindo que ele pare com aquela chantagem.

Samuca: Tire as mãos de mim, seu verme!

Heitor: Você não entendeu. Não vou sair daqui sem a porra desse caderno! Pode falar para o viado do Bruno que a brincadeira acabou.

Samuca fica espantado com o comportamento de Heitor, que realmente acredita que Bruno está por trás de toda aquela história.

Samuca: Tire as mãos de mim.

Heitor: Eu vou acabar com você e o Bruno, me diga onde ele está escondido, fale!!!

Samuca já está no limite de sua paciência e perdendo o controle, esbraveja, empurrando Heitor para longe.

Samuca: Me solta!!!

Heitor fica caído na calçada, olhando para Samuca, que vai pra cima dele como um touro.

Samuca: A última coisa que quero, é encostar o dedo em você. Você tá pior do que cachorro morto, não compensa nem chutar.

Heitor: Você tá muito enganado, eu ainda posso...

Samuca: Você não pode nada, Heitor. Será que ainda não percebeu que a casa caiu, mas foi pra você.

Revelando tudo que sabe sobre ele, Samuca solta toda sua raiva pra cima de Heitor, se vangloriando da terrível situação que ele está.

Samuca: Você tá acabado, é questão de dias, horas, pra polícia botar a mão em você. Vou adorar ver essa sua cara nos jornais. O seu Tio Antônio já descobriu quem você é de verdade, já sabe da sua ligação com aquela quadrilha, dos desvios que você cometeu. Vou ter o máximo prazer em lhe ver apodrecer na cadeia!

Samuca se aproxima ainda mais de Heitor, que permanece no chão.

Samuca: Você tá perdido. Porque você não acaba com todo esse sofrimento e não entra na frente do primeiro carro que aparecer ? Ninguém irá sentir sua falta mesmo. Você teve tanta inveja do Bruno, mas no pouco tempo que ele viveu, ele foi muito mais feliz do que você. Ele foi feliz de uma maneira que você jamais irá sentir.

Heitor: Cale a boca.

Samuca: Não está agüentando mais ouvir ? Eu ainda nem comecei. Você tanto fez, aprontou, criou intrigas, mas estamos todos aqui, felizes. Já você, está literalmente no chão. Nem mesmo seu Tio Antônio irá lhe ajudar, ninguém vai te ajudar. Nem mãe e nem pai você tem, ninguém!

Não suportando Samuca falar do seu pai, Heitor se levanta, empurrando seu inimigo. Samuca cai sobre o capô do carro, se esquivando de Heitor, que parece um louco.

Está prestes a acertar um murro na cabeça de Samuca, quando sente seu corpo sendo puxado e jogado contra o capô do carro.

Samuca vê Miguel imobilizá-lo.

Miguel: O que tá acontecendo aqui ?

Heitor: Me solta.

Samuca: Esse louco veio me atacar.

Miguel: Vou te dar uma surra rapaz, que você nunca mais irá esquecer.

Heitor: Me larga. Você é outro macho dele ?

Miguel aperta ainda mais o braço dele, o fazendo gritar.

Samuca: Solte ele, Miguel. Não vale a pena se sujar por tão pouca bosta.

Heitor começa a se debater, até conseguir se livrar de Miguel.

Vendo que está em desvantagem, começa a recuar, soltando um monte de ameaças.

Heitor: Avisa para o Bruno que ele não vai escapar de mim.

Antes mesmo deles fazerem algo, Heitor entra no carro e sai em disparada.

Miguel: Tá tudo bem ?

Samuca: Eu tô bem!

Miguel: Quem é esse abestalhado ? Ele é doido, pode fazer alguma coisa contra você.

Samuca: Faz não, ele tá é totalmente desequilibrado.

Miguel: Apôis então ligue para o Vicente. Eu mesmo te levo pra casa!

No telefone, Vicente fica furioso ao saber o que Heitor fez.



Cena 13 - Apartamento de Mirella - Sala - Manhã


Heitor mexe no computador.

Mirella: O que foi, que já tá acordado ?

Heitor: Ele não me mandou mais e-mails.

Mirella: Tive uma idéia. Vamos resolver essa história de uma vez por todas. Eu tenho um conhecido, que manja muito de informática, um hacker.

Heitor: O que ?

Mirella: Vamos descobrir de onde estão vindo essas mensagens.

Heitor: O Bruno é esperto demais, ele não iria deixar rastro.

Mirella: Tenho certeza que ele não está se preocupando tanto assim.


Cena 14 - Apartamento de Mirella - Sala - Tarde


Heitor recebe a primeira mensagem do dia. Ele larga tudo o que está fazendo e corre para o computador para ver o que é.


"Oi, priminho querido. Nossa brincadeira está acabando. Procure meu pai e confesse tudo o que você fez. Você tem a até a próxima sexta-feira para fazer isso, caso contrário, vou acabar com sua raça. Tô te dando a última chance de se redimir!"


Heitor sorri: Nunca, nunca. Jamais irei me humilhar pra vocês, seus bando de idiotas.

Mirella: Que gritaria é essa ?

Mirella chega ao apartamento acompanhada de outro homem.

Mirella: Ele mandou algum e-mail ?

Heitor: Desgraçado, não vou confessar nada.

Mirella: Se acalme, esse aqui é aquele amigo que lhe falei. Consegue rastrear esses e-mails ?

Hacker: É mais fácil que tirar doce da boca de criança.

Após várias e várias horas de trabalho, ele têm um relatório completo. Os e-mails haviam sido enviados sempre de bares, cibers, cafés ou lanchonetes e investigando os lugares, nenhum tem algum tipo de sistema de câmeras, o que impede de identificar o vingador misterioso, parecendo ser um plano meticulosamente planejado.

Hacker: Se ele mandar uma nova mensagem e se vocês conseguirem segurá-lo no computador, consigo descobrir o IP. Mas de uma coisa eu tenho certeza, ele usa um desses lugares que descobrimos.

Mirella: E se ele não se comunicar mais ? Ou se descobrir que está sendo investigado?

Hacker: Acho pouco provável. Pela experiência que tenho, essa pessoa já está se sentindo segura e com isso irá afrouxar a preocupação em se manter oculta.

Heitor: Isso tudo é uma bobagem.

Mirella: Bobagem ou não, alguém está fazendo isso.


Cena 15 - Loja de Antônio - Escritório - Tarde


Desde que Antônio descobriu os desfalques de Heitor e seus negócios sujos, Helena tomou as rédias do comando para si, não deixando se abater.

Vitória entra no escritório.

Vitória: Me chamou ?

Helena: Sim, precisamos ter uma conversa séria. Você está há quanto tempo aqui ?

Vitória: Já faz um bom tempo, mas estou de saída. Desde que teve aquela briga na casa da senhora, minha situação nessa empresa ficou insustentável. Mas pedi ao seu marido que esperasse eu arranjar outra coisa.

Helena: Isso tudo é passado e se você aceitar minha proposta, gostaria que ocupasse o cargo que era do Heitor.

Vitória: Mas e ele ?

Helena: Ele nunca mais colocará os pés aqui.

Vitória: Nem sei o que dizer.

Helena: Bom, te dou um tempo pra pensar, 10 minutos.

Vitória: Nem preciso de tempo, mas é claro que eu aceito! - Responde, animada.

A moça sai da sala, toda feliz.

Antônio observa sua esposa.

Antônio: Você é otimista, quero ver quando a bomba explodir e nossa credibilidade ir para o ralo. Nossos concorrentes irão cair matando em cima de nós!

Helena: Quando isso acontecer, estaremos aqui, com a garra de sempre, enfrentado tudo e todos. O Henrique conseguiu alguma pista sobre o Heitor ?

Antônio: Não, parece que ele atacou aquele cara, sabe-se lá o por que.

Helena: Aquele cara tem nome e se chama Samuca.

Antônio: Helena, o fato do Heitor ser um mau caráter, não irá fazer com que eu mude de opinião a respeito do Samuca.

Helena o encara, balançando a cabeça negativamente.

Helena: E como quer que ele aceite seu convite de festa de aniversário ?


Cena 16 - Mansão de Antônio - Quarto - Manhã - A sexta-feira chega


Ellen acorda bem cedo e já no celular, parece um pouco nervosa.

Ellen: Alô, sou eu. Não interessa o que eu quero. Você irá me encontrar ainda hoje ou caso contrário conto tudo o que sei. Você não sabe com quem está brincando. É a ultima chance que estou lhe dando! - Fala, desligando o celular e passando as mãos no rosto, pensa em voz alta.

Ellen: Você tem que ser forte.


Cena 17 - Apartamento de Vicente - Cozinha - Manhã


Samuca está fazendo o café e Vicente já chega o pegando por trás.

Samuca: Quem era no telefone ?

Vicente: A Tia Helena.

Samuca: Aconteceu alguma coisa ? Você tá com uma cara...

Vicente: Nada não. É que... Meu tio quer fazer um jantar pra mim, de aniversário na casa dele.

Samuca: E ?

Vicente: Eu disse que iria adorar, mas não vou poder aceitar.

Samuca: Porque não ? Se for por minha causa, pode ir numa boa meu amor. Podemos fazer algo juntos durante o dia e a noite você vai pra lá.

Vicente: Você ficou louco ? Você vai aonde eu vou.

Samuca: Mas é importante pra você meu amor, eu vou entender.

Vicente: Se você não tiver ao meu lado, tudo perde a importância.

Samuca: Só quero te ver feliz, Vicente. Sei que é importante pra você aquela família.

Vicente abraça Samuca e o enche de beijos.

Vicente: Quero passar o meu aniversário ao lado do grande amor da minha vida. Agora dá carinho pro seu marido.

Samuca o beija carinhosamente.

Vicente: Te pego hoje na saída do trabalho.

Samuca: Não precisa. Não sou nenhuma mocinha indefesa!

Vicente: Vai discutir comigo ? - Pergunta, fazendo cara de bravo.

Samuca: Não, seu mandão, insuportável. - Diz, dando risada.


Cena 18 - Restaurante - Tarde


Ellen chega em um restaurante muito elegante e se acomoda em um canto.

Garçom: Boa tarde. Deseja pedir algo ?

Ellen: Obrigada, estou aguardando uma pessoa.

Garçom: Fique a vontade!

Ellen fica o tempo todo olhando no relógio e passando da hora marcada vai ficando cada vez mais impaciente até que não agüentando mais esperar, se levanta, saindo irada.

Ellen: Eu lhe avisei, você não sabe com quem está brincando!


Cena 19 - Apartamento de Mirella - Sala - Tarde


Heitor anda de um lado para o outro, esperando por mais um e-mail.

Hacker: Chegou!!!

Imediatamente, Heitor se senta diante daquela tela, abrindo aquela mensagem, todo apavorado.


"- Eu lhe avisei, mas você não me levou a sério. Seu prazo acabou. Você sofrerá as conseqüências! Priminho..."


Heitor: Aparece, desgraçado!

Hacker: Se acalme.

Heitor: Cadê a Mirella ?

Hacker: Responda pra ele.

Heitor: Não adianta, o e-mail volta. Quer dizer, já sei! Você responde e eu vou atrás dele.

Hacker: Como ?

Heitor começa a digitar, esperando que seu plano dê certo.


"- Eu me entrego, vou procurar meu tio, eu confesso tudo que fiz a você e ao Samuca."


Escreve, esperando que Bruno leia sua história. Mas parece a sorte estava a seu favor, em segundos recebe outra mensagem.


"- Muito bem, você está agindo certo. Vá agora a casa do meu pai e conte tudo a ele. Confesse todos os seus crimes!"


Heitor: Eu vou ligar no seu celular e você vai escrever o que eu mandar. Ele vai pensar que sou eu, enquanto isso vou atrás dele.

Hacker: Mas ele pode sair de onde está e usar outra rede pra lhe despistar.

Heitor: Vou arriscar!

Sendo orientado por Heitor, o hacker começa a prolongar a conversa, enquanto ele ganhava tempo, guiando como um louco pela cidade.


"Heitor:

- Como quer que eu faça ? Como vou ter certeza que me deixará em paz ?


Bruno:

- Essa certeza você nunca terá. Hoje todos saberão das sujeiras que você fez contra mim."


Heitor já está quase chegando no local de onde as mensagens estão sendo enviadas e no trajeto lembra de uma frase de Mirella.


Flash Back

"Mirella: Existe alguém além do Samuca e do Vicente, que teria motivos pessoais pra se vingar de você ?

Heitor fica pensativo, fazendo uma cara de surpresa. Até faz menção em dizer algo, mais recua.

Heitor: Não, ninguém.

Mirella: Você tem certeza ?

Heitor: Sim, acho que sim."

FIM DO FLASH BACK


Ao som de instrumental 'Winds of Capadocia' - Alexandre de Faria


Heitor: Será ? Não pode ser isso.

Ele para o carro, desligando o celular, não sendo mais necessário o auxílio do hacker.

Entrando naquele bar, vê varias pessoas se divertindo e bebendo. Algumas estão usando notebook, mas ele não conhece nenhuma delas. Olhando mais atento vê uma pessoa ao fundo, meio de costas, com uma blusa com o capuz tampando seu rosto.

Heitor o encara por alguns segundos.

Heitor: Te peguei, desgraçado!

Heitor vai caminhando para o fundo do bar, mas no meio do caminho várias pessoas entram em sua frente, tirando sua visão da pessoa misteriosa. Tentando contornar a situação, se desvencilha e quando fica de frente a aquela mesa, não há mais ninguém sentado ali e a tela do computador já está toda preta.

Heitor: Merda!

Heitor vê que tem uma outra porta paralela e corre até lá, saindo na rua e vendo o vulto de uma pessoa correndo, já virando a esquina.

A rua está deserta e silenciosa, com pouca iluminação.

Heitor se esconde atrás de um poste e fica de tocaia, de olho em cada passo da pessoa e vendo até onde ele vai.

Sem saber qual caminho seguir, a pessoa volta a correr, mas seu inimigo já tinha preparado uma armadilha.

Heitor sai de uma viela e correndo com toda sua força, se joga em cima daquela pessoa, se embolando com ela pelo no chão.

Heitor: Te peguei. Te peguei, Bruno!!!

Revirando o corpo daquela pessoa, ele puxa o capuz que tampa seu rosto, tendo uma surpresa.

Heitor: Meu Deus!!! É você!!!

Heitor se afasta um pouco, olhando no fundo dos olhos do vingador misterioso, que agora faz questão de mostrar seu rosto.

- Finalmente estamos cara a cara, priminho. Saudades de mim ?

Heitor engole seco, pálido.


Imagem de Heitor congela em um efeito preto e branco.


Continua.


Se encerra no refrão de I Way Down We Go - Kaleo


2023 - DNA

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