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Seguindo em Frente - Capítulo 45 - ( Últimos Capítulos )
+16 ( Contém Violência, Sexo e Linguagem Imprópria )
Cena 01 - Rua - Noite - Ao som de Toxic - 2WEI
Heitor vê que tem uma outra porta paralela e corre até lá, saindo na rua e vendo o vulto de uma pessoa correndo, já virando a esquina.
A rua está deserta e silenciosa, com pouca iluminação. Heitor se esconde atrás de um poste e fica de tocaia, de olho em cada passo da pessoa e vendo até onde ele vai.
Sem saber qual caminho seguir, a pessoa volta a correr, mas seu inimigo já tinha preparado uma armadilha.
Heitor sai de uma viela e correndo com toda sua força, se joga em cima daquela pessoa, se embolando com ela pelo no chão.
Heitor: Te peguei. Te peguei, Bruno!!!
Revirando o corpo daquela pessoa, ele puxa o capuz que tampava seu rosto, tendo uma surpresa.
Heitor: Meu Deus!!! É você!!!
Heitor se afasta um pouco, olhando no fundo dos olhos do vingador misterioso, que agora faz questão de mostrar seu rosto.
- Finalmente estamos cara a cara, priminho. Saudades de mim ?
Heitor engole seco, pálido.
Heitor: Você!!! Então é você esse tempo todo.
Heitor vai se levantando do chão, atônito, parecendo não acreditar no que vê.
Heitor: Como nunca pensei...
O vingador misterioso também se levanta, tirando por completo o capuz que usa, ficando cara a cara com Heitor.
- E você achou que fosse quem ? Sou eu mesmo, seu primo Bruno. Ou você duvidou que eu realmente estivesse morto ?
Heitor: Pare com isso.
- Você não sabe o prazer que tenho em lhe ver assim, apavorado. Você achou mesmo que sairia impune ? Demorou 10 anos, mas finalmente fiz você pagar por tudo que fez contra mim.
Cena 02 - Apartamento de Vicente - Noite - Ao som de instrumental 'Ação da Vida' - Iuri Cunha
Vicente chega com Samuca em casa após buscá-lo no serviço. Os dois mal entram e o porteiro liga, informando que uma visita acaba de chegar.
Samuca: Quem é uma hora dessas ?
Vicente: É a Ellen! Eu mandei subir.
Vicente abre a porta e dá de cara com ela, que parece muito nervosa.
Ellen: Boa noite, desculpa vir assim sem avisar, mas preciso muito falar com você, Samuca.
Samuca: Aconteceu alguma coisa ?
Sem aguentar mais, Ellen resolve abrir todo o jogo.
Ellen: Ainda bem que vocês dois estão aqui, o que vou falar interessa a todos.
Vicente: Fale, Ellen. Já estou ficando preocupado.
Ellen: Samuca, você estava certo. Eu não contei tudo que sabia. Eu sempre soube que o Heitor tinha traído você e o Bruno, mas não tinha como provar. Quando você descobriu sozinho, eu pensei que tudo estaria esclarecido, mas não está.
Samuca: Como assim ?
Ellen: O Heitor tem um cúmplice, ou melhor, uma cúmplice.
Samuca: A Mirella.
Ellen: Não é a Mirella, a cúmplice do Heitor é a Vitória!!!
Samuca: O que ?
Vicente: A Vitória ? Você ficou louca ?
Ellen: A Vitória e o Heitor estão juntos, não sei qual o plano deles mas você...
Ellen não teve tempo de continuar, Marta entra no apartamento apavorada, querendo falar com o filho.
Samuca: Mãe ? O que está acontecendo aqui ?
Marta: Porque você não atendeu o telefone ?
Samuca: Eu estava no trabalho, eu nem vi tocar.
Marta: Eu vim correndo até aqui. Ainda bem que encontrei vocês! Vocês precisam me ajudar. A Vitória tá correndo perigo! Vocês precisam ajudá-la.
Samuca e Vicente se entreolham, cada vez entendendo menos.
Cena 03 - Rua sem Saída - Noite - Ao som de instrumental 'Escorpión' - Alex Sirvent
Heitor: Pare com esse teatro de uma vez por todas.
A pessoa, que está na sombra, se aproxima de Heitor, embaixo de uma poste, iluminando seu rosto pela primeira vez.
Vitória sorri para ele, o olhando nos olhos.
Efeito sonoro grave toca em cena.
Em câmera lenta, os dois se encaram.
Zoom nos olhos de ambos.
Vitória: Buu! Tá com medo ? Tem medo dos mortos ou é apenas culpa ?
Efeito sonoro de chocalho de cobra toca em cena.
Heitor: Pare com isso, Vitória!
Vitória começa a rir do desespero dele, nem se importando mais por ter sido desmascarada.
Vitória: Você não tem idéia do quando eu me diverti com você esses meses.
Heitor: Você acha que vai se safar dessa não é sua vadia ?
Vitória: É uma pena que você descobriu tudo, agora a brincadeira não tem mais graça.
Se aproximando ainda mais de Heitor, Vitória mudou seu tom, deixando seu ódio transparecer em seu rosto. Mostrando um lado obscuro que jamais demonstrou.
Vitória: Eu odeio você. Odeio você por tudo que fez contra mim.
Heitor: Pare com isso.
Vitória: Você merece tudo de ruim desse mundo.
Heitor: Então é uma vingancinha não é ? Por que isso ?
Vitória: Por quê ? Você ainda quer saber o por quê ? Você matou o meu filho!!!
Cena 04 - Apê de Vicente - Sala - Noite
Samuca e Vicente estão cada vez sem entender menos, enquanto Marta está apavorada, achando que sua filha pode estar em perigo.
Ellen: A Vitória e o Heitor são cúmplices sim. Eu os vi juntos e eu estou ameaçando ela a semanas para contar a verdade a vocês.
Marta: O que ? A minha filha ? Você não sabe de nada. Ela odeia o Heitor! É ela quem atormentou o Heitor todos esses meses e essa noite ele a desmascarou. Quando ela viu o Heitor naquele bar, a primeira coisa que fez foi me ligar, enquanto fugia e depois a ligação caiu e não consegui mais falar com ela.
Vicente: Isso é uma loucura.
Agora é a vez de Ellen ficar supresa.
Cena 05 - Rua sem saída - Noite - Ao som de instrumental 'Otto Dimas' - Eduardo Queiróz
Heitor: Você está louca. Eu nunca iria me casar com você. Nunca iria querer um filho.
Visivelmente emocionada e com os olhos cheios de lágrimas, Vitória deixa a emoção falar mais alto.
Vitória: Você é um canalha. Você disse que estava apaixonado por mim.
Heitor: Quando o Bruno nos apresentou, até te achei gostosinha, mas você entendeu tudo errado, quis se apaixonar. Sempre foi uma burra iludida! Falei pra ficarmos escondidos, sem que ninguém soubesse de nós, pois não queria me desgastar com meu primo, caso nosso “namoro” desse errado. Só que eu fui me cansando de você, acho que eu já estava até prevendo que teria problemas. Foi quando decidi te dar um pé na bunda e você veio com aquela história de gravidez!
Vitória: Você me tratou feito um monte de lixo. Eu era apenas uma menina e você me tratou com uma vagabunda.
Heitor: Não, eu fui muito legal com você. O Tio Antônio estava cada vez mais distante do Bruno e minhas chances de tocar a loja dele e seus negócios, eram cada vez maiores e uma criança chorona só iria atrapalhar meus planos. Eu fui até bonzinho demais com você. Te dei dinheiro, arranjei aquela clínica pra você fazer o aborto, mas você sempre criando problemas, dizendo que não tiraria, que queria essa criança e blá blá blá. Deve ser por isso que tá sozinha até hoje, nenhum macho te aguenta. Você é sonolenta, chata e desinteressante!
Vitória: Você é um monstro.
Heitor: Eu ? Um monstro ? Sou apenas um homem prático. Já você, foi só pra dar umazinha e sinceramente, levanto as mãos para o céu por você ter perdido essa criança. No mínimo agora você estaria me extorquindo, querendo uma pensão. É o que pobre adora fazer, né ? Só engravida pra garantir o bolsa família depois!
Vitória enche a mão e acerta um tapa na cara dele.
Vitória: Desgraçado.
Heitor leva a mão ao rosto, sentindo sua face queimar, enquanto Vitória o olha com ódio.
Vitória: Eu não perdi meu filho. Você matou ele.
Heitor: Você é louca.
Vitória: Na última briga que tivemos, você me empurrou e me deixou naquele chão, sentindo dor. Eu era inexperiente, fiquei 3 dias sentindo dor até que não agüentando mais fui ao hospital e o médico disse que o meu bebê tinha morrido!
Heitor: Eu não tenho nada a ver com isso, você caiu sozinha.
Vitória: Eu implorei pra você me ajudar, seu verme! E você me deu as costas, me deixando ali sozinha, no chão, perdendo o nosso filho, o meu filho. Sangrando em meio aquela poça de sangue...
Heitor se aproxima da moça e totalmente frio a deixa com mais nojo ainda.
Heitor: Quer saber ? Bem feito.
Apesar de aquele beco ser deserto, algumas pessoas passam por ali, e vendo os dois, começam a olhar.
Antes que Vitória faça um escândalo, Heitor a ameaça.
Heitor: Você vai vir comigo sem dar um pio.
Vitória: Não vou com você a lugar algum.
Heitor: Ah, vai sim. Se não te mato aqui mesmo no meio dessa rua!
Heitor gruda Vitória pelo braço, a levando até o carro.
Vitória: Aonde vai me levar ?
Heitor: Você vai me entregar os cadernos do Bruno.
Vitória: Mas não vou mesmo. Vou entregar para a pessoa certa, o Samuca e o Antônio!
Heitor joga Vitória no banco do carona e dando a volta rapidamente, liga o carro, saindo em disparada.
Esperta, Vitória disca para Marta discretamente, e começa a conversar com Heitor, fazendo com que todos ouçam sua conversa.
Vitória: Pra onde está me levando? Não vou lhe entregar caderno algum. A brincadeira acabou Heitor, já consegui o que eu queria de você.
Heitor: A brincadeira acaba quando eu decidir.
Heitor para o carro, olhando para os lados.
Vitória: Que lugar é esse ? Seu apartamento ?
Heitor: Aqui é o último lugar que irão nos procurar.
Dando a volta, Heitor abre a porta do carro e a segura pelo braço novamente, usando o elevador de serviço, sem ser visto por ninguém.
Heitor: Você se acha muito esperta não é ? Achou mesmo que iria me infernizar até a morte, se passando pelo Bruno ?
Vitória: Você se borrou de medo, seu cretino.
Heitor: O Bruno está morto e enterrado, apodrecendo naquele buraco.
Vitória: Será mesmo ? Eu não teria tanta certeza assim.
Os dois seguem pelo corredor e abrindo a porta, ele a empurra para dentro do apartamento, ainda escuro.
Heitor acende a luz e têm uma surpresa não muito boa.
Com o olhar de pânico, não acredita no que vê, soltando um grito de desespero.
Cena 06 - Estrada - Noite
Vicente dirige o mais rápido que pode, indo direto para a casa de Heitor. Marta fica o tempo todo com o celular no ouvido, até perder o sinal.
Marta: Se ele tocar num fio de cabelo da minha filha, eu acabo com esse cara.
Samuca: Estou tentando achar o Henrique, ele pode nos ajudar.
Ellen também está no carro com eles, mas fica em silêncio, tentando entender tudo que está acontecendo.
Cena 07 - Apartamento de Heitor - Sala - Noite - Ao som de instrumental 'Dimas Operando' - Eduardo Queiróz
Vitória: Gostou da surpresinha ?
Heitor entra em pânico e olhando para todos os lados, parece procurar um lugar pra se esconder.
Vitória: Esse era meu último presentinho pra você, mas você saiu da clínica de loucos e não voltou mais pra essa casa. Mas foi até bom, assim posso apreciar esse seu olhar de pânico.
Heitor fica andando em círculos, olhando para todas as paredes do apartamento.
Vitória: Sua decoração estava meio caidinha, então resolvi dar um repaginada aqui.
Todas as paredes estão com fotos de Bruno, do rodapé até o teto, não ficando um único pedaço em branco.
Heitor: Pare com isso.
Vitória: Está com medo ? Não foi você mesmo que disse que o Bruno estava morto e enterrado ? Realmente ele está morto e enterrado, mas dentro de você ele está mais vivo do que nunca, até o fim do seus dias. Eu despertei essa culpa dentro de você, esse medo é o castigo que lhe dou!
Heitor começa a se debater, deixando aquela loucura lhe dominar novamente, perdendo totalmente o equilíbrio que demonstrava antes de entrar naquele apartamento.
Heitor: Isso não está acontecendo, você não conseguiria fazer isso sozinha nunca!
Vitória: Claro que não fiz sozinha. Eu sempre quis me vingar de você, mas daí perdemos o contato de vez, após a morte do Bruno. Quando você apareceu em nossas vidas novamente, todo aquele ódio voltou e tudo que eu fiz não foi só por mim, mas também pelo Bruno, pelo Samuca e pelo Vicente. Você acha mesmo que eu comecei a trabalhar na loja do seu tio por acaso, querido ? Eu tava com tudo em mente. E agora, até o seu cargo eu tenho! Isso mesmo, eu sou a nova braço direito da Helena. Conquistei a velha de vez!
Heitor dá um passo pra trás, nervoso.
Vitória: Quando o Vicente lhe deu aquela surra na casa do Antônio, me senti vingada, mas seu tio resolveu ficar do seu lado. Não era justo com o Samuca e com o Vicente, tinha que ter um meio pra acabar com você. Eu vasculhei sua vida, até que consegui um extrato do seu banco e ali achei uma coisa muito suspeita. Uma transferência de um valor significativo para um asilo. Achei muito estranho. Você ajudando alguns velhinhos ? Não combinava né, Heitor ?
Heitor: Você que foi até lá ? Você pegou os cadernos do Bruno ?
Vitória: Foi tão fácil. Fui até lá e dei de cara justo com quem ? Com o seu papaizinho querido, que você fez questão de esconder lá. Coitado, estava ali o tempo todo dormindo naquela cama, enquanto eu vasculhava aquele quarto e encontrava o que eu queria.
Heitor: Você não tinha esse direito.
Vitória: Eu pensei em entregar tudo para o seu tio. O Bruno escreveu tanta coisa ruim sobre você. Mas daí fiquei pensando. E se ele conseguir se safar ? Inventar uma grande mentira e ainda dar a volta por cima ? E não era isso que eu queria. Eu queria lhe ver sofrendo. Foi quando resolvi me passar pelo Bruno e arquitetei esse plano para lhe aterrorizar. E pelo visto deu certo.
Vitória ri, invertendo o jogo, mostrando ser superior a ele.
Ela vai até a cozinha.
Heitor: O que está fazendo ? - Pergunta, assustado.
Ao som de instrumental 'Tom's Thiller' - Iuri Cunha
Ela volta com uma garrafa de champanhe e duas taças.
Vitória: Vamos comemorar sua derrota ? - Diz, se sentando no sofá e tomando aquele espumante, volta a contar sua história.
Vitória: Eu coloquei uma câmera no seu escritório. Trabalhar no mesmo ambiente que você só facilitou. Eu me divertia muito vendo sua reação quando lia cada mensagem daquela! Parecia um circo. Onde você é o palhaço!
Heitor se senta no chão, levando as mãos a cabeça, se sentindo um verdadeiro idiota. Mas o pior de tudo: Ainda com medo de Bruno, que o olha através daquelas dezenas de fotos na parede.
Vitória: Mas comecei achar que os e-mails eram poucos. Foi quando tive a idéia de incrementar um pouco mais. Você precisava ver a sua cara naquela vez que coloquei sangue no volante do seu carro. Fiquei só de longe, vendo você no carro, com as mãos toda suja com sangue de galinha.
Heitor: Você é um monstro, uma desequilibrada!
Vitória: Ah, eu sou o monstro agora ? Quando eu tava caída no chão sangrando que nem uma porca no abate, com o meu filho escorrendo pelas pernas, eu não era, né ?
Heitor fica em silêncio, aterrorizado.
Vitória: Quando o Samuca contou da briga que teve com você e da maneira como você zombou dele e do Bruno, resolvi fazer o mesmo com você. Daí que veio a idéia das baratas. Pena que dessa vez não pude ver essa sua carinha de medo... Mas pra fechar com chave de ouro, não podemos esquecer de sua aventura no cemitério. Olha, acho que nunca me diverti tanto na vida!
Heitor se sente cada vez mais humilhado.
Vitória: A intenção era apenas lhe assustar, colocando uma foto sua no túmulo. Mas você é tão frouxo, mas tão frouxo, que se borrou todo e fez o favor de desmaiar na frente do túmulo do Bruno. Aí tive outra ideia: Com meu charme, consegui convencer um vigilante de lá e jogamos você desmaiado dentro daquela cripta. Claro, antes tiramos as balas do revólver que estava em seu bolso ou você acha que eu lhe daria o prazer em se matar e acabar com aquele sofrimento ?
Heitor: Eu vou acabar com você.
Vitória: Vai mesmo ?
Vitória se levanta, indo até ele, que permanece sentado no chão, todo encolhido.
Vitória: Vai fazer o que ? Me dar um tiro ? Olhe que chamo um fantasma pra você. BUUU!
Vitória gargalha, sorrindo de tudo e se abaixando na altura em que ele está, mostrando seu ar de superioridade.
Vitória: Acho que nunca ri tanto como naquela noite. Você é frouxo demais. Ah, e pra completar, ainda mandei aquela equipe de reportagem de manhã até lá. Só pra te ver mais humilhado ainda com a sua fotinha em todos os jornais!
Heitor: O que você ganhou com isso ?
Vitória: Me vinguei de você, fiz você sentir na pele o medo, a culpa! E mesmo que eu não tivesse ganhado nada, só o fato de saber que você sofreu, isso já seria muito gratificante. Tudo estava dando certo demais, mas daí comecei a ter problemas. Aquela garota, a Ellen, me procurou e começou a me ameaçar, dizendo que sabia sei lá o que de mim. Não levei a sério, mas ela começou a insistir, me ligando, ameaçando falar com o Samuca, dizendo que eu e você éramos cúmplices. Eu e você cúmplices ? Não se onde aquela doida tirou isso. Pra tirá-la do meu caminho, enviei um e-mail te chamando de Heitorzinho. Assim você se concentrava nela e quem sabe ela me esquecia! E você meteu a mão na cara dela, hein ? Mas pelo menos te queimou com o Antônio e a Helena. Mas decidi encerrar essa brincadeira, quando você foi brigar com o Samuca na porta do serviço dele, achando que ele é que tinha roubado os cadernos e que estava lhe mandando os e-mails. Jamais iria deixar você fazer alguma coisa com ele e outra, eu já estava mais do que vingada. Mas você resolveu ter um surto de inteligência e acabou me descobrindo. Sabe que foi até bom ? Só assim posso ter o prazer de lhe contar tudo isso e olhar nessa sua cara de derrotado.
Vitória se levanta, dando as costas a Heitor, que segura em seu pé, a derrubando no chão.
Vitória: Ai!
Heitor: Eu já lhe disse, a brincadeira acaba quando eu decidir.
Vitória: O que você vai fazer ?
Heitor: O que você acha que merece ? Você não queria tanto aquele filho ? Então, vou fazer você encontrá-lo agora. Vou matar você.
Heitor sobe em cima de Vitória, agarrando seu pescoço. Ela se debate e unha a cara dele toda, que aperta cada vez mais forte seu pescoço.
Vitória: Me solta, seu verme! - Fala, com dificuldade.
Vitória enfia o dedo nos olhos dele, fazendo-a soltá-la.
Heitor sai de cima da moça, vendo o celular dela caído do lado, com a ligação para Marta ainda ativa.
Vitória: Acabou pra você, já estão vindo pra cá, ou você acha que não me precavi antes ?
Sem saber o que fazer e começando a chorar, Heitor fica andando em círculos, mostrando toda sua insanidade e prevendo que se daria mal, corre para os fundos, fugindo pelo elevador de serviço.
Vitória coloca a mão em seu pescoço, se recompondo.
Heitor está saindo da garagem quando vê o carro de Vicente parando na portaria e todos entrando como loucos dentro do prédio.
Marta entra correndo no apartamento, indo direto para sua filha que ainda está sentada no chão da sala, esgotada.
Marta: Como você está, minha filha ? O que ele fez com você ?
Vicente e Samuca entram no apartamento e ficam chocados ao verem todas aquelas fotos.
Efeito sonoro grave toca em cena.
Samuca: O que é isso ?
Vitória: É tudo que fiz para aterrorizá-lo.
Ellen: Meu Deus.
Vicente começa a examinar Vitória, que diz estar bem.
Samuca: Você tem idéia do que fez ?
Vitória: Ele mereceu.
Samuca: Mas você correu risco, ele está completamente louco. E eu que sempre achei que você fosse uma mosca morta!
Ellen: Então se vocês não são cúmplices, eu não entendo... Eu vi você e o Heitor naquele restaurante.
Vitória: Do que você está falando ?
Ellen: Logo que cheguei ao Brasil, me hospedei em um hotel e um dia vi vocês dois logo de manhã, tomando café juntos.
Vitória começa a se lembrar da situação que Ellen mencionou e se dá conta da sucessão de maus entendidos que estava acontecendo.
FLASH BACK
"Heitor: Vitória ?
Vitória olha para cima, vendo Heitor em pé a sua frente.
Heitor: Confesso que foi uma surpresa receber seu telefonema.
Vitória: Saiba que pra mim é um desprazer estar diante de você, depois de tudo que você fez.
Heitor: Então porque me chamou ?
Vitória: Só estou me submetendo a isso, pois preciso de um emprego pra sustentar a minha filha!
Heitor se senta de frente a ela, ouvindo ela falar.
Naquele mesmo lugar, do outro lado do salão, Ellen os observa.
Ellen: Olha só, esses dois juntos!!! Muito interessante."
FIM DO FLASH BACK
Ao som de instrumental 'Drama Silvério' - Eduardo Queiróz
Vitória: Claro me lembro desse dia. Eu estava desesperada atrás de um emprego. Já não tinha mais a quem recorrer, então quando minha mãe conseguiu uma vaga pra mim na loja do Antônio, eu fui pedir pra ele fingir que não me conhecia e que me deixasse em paz! Então você nos viu juntos e achou que fôssemos cúmplices...
Ellen: Desculpe, mas pelo tom meio íntimo... Eu me equivoquei.
Samuca: Mas que confusão. Vitória, você fiz tudo errado. Você poderia se dar mal se o Heitor te descobrisse!
Vitória: O que tá feito, tá feito. E sinceramente não me arrependo nem um pouco. Ele pagou e sofreu, por tudo que fez a todos nós.
Vicente: Ainda bem que não aconteceu nada, vamos embora daqui. Agora é com a polícia!
Vitória se levanta, sendo ajudada por Marta e Samuca.
Cena 08 - Mansão de Mohamed - Sala de Estar - Noite - Ao som de Where Is My Mind - Safari Riot
Ayla está sentada no sofá, sozinha e no completo escuro.
A pouca luz do ambiente é a que vem da janela, emitida pela lua.
Em silêncio, ela está inquieta e pensativa.
FLASH BACK
"Dona Graça: Corna! Corna conformada, a senhora nasceu foi pra ser uma corna! O macho te trai na cara dura, na sua própria casa e você nem desconfia! Tem que ser burra e corna mesmo pra aprender!"
FIM DO FLASH BACK
Ayla desperta de seus pensamentos com a chegada de Mohamed, que a beija por trás.
Mohamed: Meu amor... O que faz aí sozinha ?
Ayla se mantém em silêncio.
Mohamed: Tá tudo bem ?
Ayla se vira até ele.
Ayla: Você mentiria pra mim ?
Mohamed sorri e a abraça.
Mohamed: Claro que não. Você é minha vida! De onde tirou isso ? - Afirma, passando as mãos em suas costas.
Ayla fecha os olhos, sentindo em seus braços o corpo de seu marido.
Ayla: Não sei... Com o tempo, o casamento pode ir se desgastando. Acontece com alguns casais!
Mohamed: Eu não sinto o nosso casamento desgastado. Você sente ? - Pergunta, se afastando e a olhando nos olhos.
Ayla: Não...
Mohamed: Então. De onde está tirando essas ideias ?
Ayla: É que... Às vezes passa pela minha cabeça... Eu não posso te dar filhos!
Mohamed: Já conversamos sobre isso. Iremos adotar, isso não muda em nada! Pra mim não tem diferença alguma, meu amor. Só o que importa é estar ao teu lado!
Ayla sorri, se sentindo um pouco mais aliviada.
Mohamed: Agora promete que irá tirar essas ideias da cabeça ?
Ayla: Vou sim. Tô melhor, foi só uma besteira que ficou martelando aqui em mente! Mas eu já sei do que eu preciso. Preciso ocupar a cabeça, amanhã mesmo vou no salão dar uma repaginada!
Mohamed: Assim que se fala! Mas eu também sei de outra coisa que você precisa...
Ayla: Ah, é ? E do que mais eu preciso ?
Mohamed: Dos meus beijos! - Responde, a beijando.
Atrás da pilastra da escada, no meio da escuridão total, Rosinha os observa sem ser notada.
Efeito sonoro chocalho de cobra toca em cena.
Cena 09 - Apê de Vicente - Sala - Noite
Vicente e Samuca entram em casa, exaustos.
Vicente: Que noite, hein ?
Samuca: Nem fala. A Vitória me surpreendeu. Se meter com aquele marginal, aprontar em cemitério. Ela anda vendo filmes de terror demais! Mas no fundo eu adorei ver todo o sofrimento que aquele verme passou. Parece que as coisas agora estão entrando nos eixos né?
Vicente: Pois é. Com essa confusão toda, nem deu tempo de contar uma novidade pra você.
Samuca: O que é ?
Vicente: Vai tomar seu banho primeiro.
Samuca: Ah, para de graça, conta logo!
Vicente: Vai logo tomar banho, vou estar esperando aqui na cama.
Sabendo que não venceria o médico, Samuca corre para o chuveiro, voltando minuto depois, ainda molhado, se jogando na cama.
Vicente: Tomou banho direito né ?
Samuca: Claro que sim, estou cheirosão.
Ao som de Chão de Giz - Zé Ramalho
Vicente o puxa para seu peito, cheirando o cangote do seu namorado.
Samuca: Nem vem, pode me contar.
Vicente: Então, hoje fui ver uma casa. É até grande, dá pra fazer uma reforma e transformá-la em um consultório pra mim e em outra parte um escritório pra você. Você sempre disse que um dia queria abrir seu próprio escritório e já que você não quer ser sustentando por seu maridão, fiquei pensando que poderíamos trabalhar juntos.
Samuca abre um sorriso, não conseguindo controlar suas animação. De imediato começa a ter seus delírios fazendo mil planos.
Vicente só fica deitado, também se sentindo feliz em vê-lo com aquela animação toda.
Vicente: E aí. Vai aceitar trabalhar junto comigo ?
Samuca: Claro que sim, claro!
Os dois voltaram a se beijar, mas Samuca logo para, começando a falar novas idéias que estava tendo.
Vicente: Ai, Meu Deus! O que eu fui arranjar pra minha cabeça, agora ninguém te segura, hein.
Samuca: Só preciso de um tempo, pra acertar tudo lá no meu trabalho.
Vicente: A segunda coisa a fazer é vender seu carro. Se vamos trabalhar juntos, vou poder te levar e te buscar todos os dias e até porque você no volante é atentado à segurança pública né ?
Samuca: Olha quem fala, Doutor desastrado.
Samuca não dá trégua e parecendo uma gralha, não para um instante de falar. Vicente tira a camisa e de mansinho vai por trás, enconchando seu amor e beijando o pescoço de Samuca, que se rende a aqueles carinhos.
Cena 10 - Apê de Vicente - Quarto - Madrugada - Ao som de Living in the Shadows - Matthew Perryman Jones
Vicente dorme profundamente no canto da cama. Samuca o observa dormindo, com a expressão séria e o pensamento longe.
Ele se levanta sem fazer barulho e acende um abajur pequeno, iluminando de leve o ambiente, quase na penumbra. Em seguida, vai até a última gaveta e a abre, pegando algo de dentro.
Perdido em seus pensamentos, se questiona o porquê de não ter pensado nisso antes.
Samuca: Será que você vai gostar desse presente ?
Cena 11 - Ao som de Paradise - Coldplay
Paisagens - Uma forte ventania toma conta das cidades do país - Jornais alertam para mudanças bruscas climáticas jamais vistas antes - O dia amanhece nublado e chuvoso
Cena 12 - Mansão de Mohamed - Manhã
Ayla termina de se arrumar.
Rosinha: Vai sair ?
Ayla: Vou até o salão. Estou precisando me cuidar um pouco!
Rosinha: Claro. Todas nós precisamos!
As duas se olham, em silêncio.
Ayla: Bom, vou indo. Avise ao meu bem que volto apenas de noite, ainda irei ao shopping após!
Rosinha: Dona Ayla! Eu...
Ayla: Quer me dizer alguma coisa ?
Rosinha: Eu passei a noite arrumando as minhas malas. Deixarei essa casa amanhã logo cedo!
Ayla: Já ?
Rosinha: Pois é... O meu casamento já é depois de amanhã! Preciso me organizar, descansar um pouco...
Ayla: E para onde você vai ?
Rosinha: Ah, o Miguel me deu um apartamento. É coisa simples, do jeito que eu gosto... Vou ficar lá me organizando, e depois do casamento deixarei aquela casa pra minha vó. Pra ela não ficar desamparada. E irei morar com ele na fazenda!
Ayla sorri. - Que bom. De verdade, eu fico feliz por você! - Diz, dando um abraço na moça.
Ayla: Pelo menos teremos uma última noite juntas!
Rosinha: Sim, rs.
Ayla: Bom, de noite eu volto. Agora mesmo que eu quero ficar bonita, pra esse casamento. Mas não mais bonita do que a noiva!
Cena 13 - Apê de Vicente - Quarto - Manhã
Vicente acorda e é recebido logo com alguns beijinhos pelo rosto.
Samuca: Bom dia, meu amor.
Vicente: Bom dia.
Samuca: Acorda, aniversariante.
Vicente: É hoje, né ? Acho que tinha até esquecido.
Samuca: Mas eu não. Feliz aniversário meu amor!
Os dois dão um abraço apertado, porém romântico.
Samuca encosta seu rosto no dele, sentindo a barba arranhar sua face.
Samuca: Muita paz, muita saúde. E que continue me amando muito e para sempre!
Vicente: Eu sempre vou te amar.
Samuca: Levanta, vou fazer um super café da manhã pra você. Sua mãe vai nos esperar pra almoçarmos.
Vicente: E cadê o meu presente ?
Samuca: Calma apressado, ainda temos um dia inteiro pela frente. Meu marido que está ficando velhinho... Nosso primeiro aniversário juntos!
Vicente: O primeiro de muitos. Mas se eu te deixar viúvo cedo, prometo que sempre vou entrar em seus sonhos e se você arranjar outro namorado, vou assoprar no ouvido dele, ate espantá-lo.
Vicente dá risada de sua própria piada, mas Samuca fecha a cara, retraindo seu corpo.
Cena 14 - Mansão de Mohamed - Manhã - Ao som de Cold World - Macy Gray
Mohamed termina de se arrumar para ir para a empresa, quando Rosinha entra em seu quarto com uma gravata em mãos.
Rosinha: Licença... Vim lhe entregar a gravata que a Dona Ayla pediu para que eu passasse!
Mohamed franze a testa, estranhando.
Mohamed: Ela mesma deixou passada antes de sair... Não entendo!
Rosinha o olha nos olhos e anda devagar até ele.
Rosinha: Sério ? Estranho mesmo, né. Mas já que eu tô aqui, eu te ajudo a colocar... - Afirma, passando a mão no peitoral dele por cima do terno.
Mohamed: Por favor, Rosa. Nós já conversamos sobre isso...
Rosinha sorri e beija o pescoço dele, enquanto passa a mão por sua barriga e vau descendo.
Mohamed tenta se contêr e vira o rosto.
Rosinha: Eu vou embora amanhã... E depois disso dificilmente você irá me ver de novo. Que tal aproveitamos ?
Mohamed: Rosinha...
Rosinha: Nós já transamos tantas vezes, mesmo. Só mais uma não vai fazer diferença... Vai dizer que não quer, eu vejo nos seus olhos o quanto você me come só com o olhar!
Mohamed fecha seus olhos, se afastando para trás.
Rosinha o coloca contra a parede e o beija.
Um beijo quente e caloroso, com suas línguas indo de encontro verozmente uma com a outra.
Mohamed: Isso é loucura...
Rosinha: Então que sejamos loucos pela última vez! - Responde, sorrindo.
Mohamed hesita por alguns segundos, mas logo retribui os beijos e a joga na cama, subindo por cima dela.
Os dois se beijam e ele abre os botões da blusa de Rosinha, enquanto beija o pescoço dela.
Rosinha leva a cabeça ao alto, enquanto respira ofegante, no auge do tesão.
Cena 15 - Apê de Vicente - Manhã
Samuca vem chegando com pão e mantimentos, mas para do outro lado da calçada ao ver Antônio entrando no prédio. Para evitar um confronto prefere ficar na rua, até que aquela visita inesperada vá embora.
Vicente recebe Antônio.
Antônio: Parabéns, meu filho.
Vicente: Obrigado tio.
Antônio dá um abraço bem apertado em Vicente, beijando seu rosto em seguida.
Antônio: Vim reforçar o convite. Nós gostaríamos muito que você fosse jantar lá em casa essa noite, pra comemorar seu aniversário, igual fizemos naquele outro ano.
Vicente: Poxa tio, obrigado mesmo. O Senhor e a Tia Helena são demais, mas infelizmente não vou poder aceitar dessa vez.
Antônio: Porque, meu filho ? - Pergunta, visivelmente desapontado.
Vicente: É meu aniversário e quero estar ao lado das pessoas que eu amo, que inclui você e a tia. Mas em sua casa não vou poder reunir todas as pessoas que são importantes pra mim.
Antônio entende que aquela recusa é por causa de Samuca, pois até então o convite não se estendia a ele.
Antônio: Eu compreendo você. Vamos fazer assim... A festa é sua, você leva quem você quiser, seja quem for.
Vicente: Mas tio...
Antônio: Como eu lhe disse, você leva quem você quiser. - Diz, relutando em falar o nome de Samuca, mas Vicente também não quer forçar nenhuma situação embaraçosa e aceita o convite.
Antônio: Esperamos você essa noite!
Cena 16 - Rua - Manhã - Ao som de instrumental 'Fantasmas' - Eduardo Queiróz
Hanna está saindo de uma farmácia, distraída.
Ela mexe em sua bolsa enquanto guarda uma cartela de remédios para dor de cabeça que comprou, quando uma figura de preto anda discretamente atrás dela, sem se fazer notado.
Após guardar o medicamento, ela fecha sua bolsa e anda pela calçada, em direção ao seu carro que está há um quarteirão dali.
A pessoa atrás dela olha de um lado para o outro e abaixa mais ainda seu capuz, enquanto a segue.
Seus passos estão desordenados, como se estivesse nervoso.
Hanna dobra a esquina e avista seu carro há alguns passos.
Ela desliga o alarme enquanto se aproxima.
A pessoa aumenta os passos e também dobra a esquina.
Contra o vento, Hanna sente um perfume familiar.
Hanna: Esse perfume... Luan ?
Imediatamente a moça olha ao redor e para trás, tentando identificar de onde veio esse cheiro.
A pessoa que a segue volta e vira rapidamente a esquina novamente, recuando e ficando longe de sua visão.
Hanna estranha e fica parada por alguns instantes.
Hanna: Eu tive a certeza... - Fala, consiga mesma, intrigada.
Ela pega sua chave e entra no carro, saindo dali rapidamente.
A pessoa misteriosa sai de trás de um poste, e fica observando o carro se afastar.
Cena 17 - Apê de Vicente - Sala - Manhã
Vicente: Sabe quem acabou de sair daqui ? Meu tio.
Samuca: Eu sei, vi quando ele entrou, por isso fiquei enrolando na rua.
Vicente: Você, hein. Ele veio nos chamar pra jantar na casa dele essa noite e nós vamos.
Samuca se surpreende com o que escuta.
Cena 18 - Salão de Beleza - Tarde - Ao som de Where Is My Mind - Safari Riot
Ayla está sentada em uma poltrona enquanto a manicure faz as suas unhas do pé.
Ela lê uma revista, tentando se distrair, mas não consegue se concentrar um só minuto.
FLASH BACK
"Dona Graça: Corna! Corna conformada, a senhora nasceu foi pra ser uma corna! O macho te trai na cara dura, na sua própria casa e você nem desconfia! Tem que ser burra e corna mesmo pra aprender!
Ayla a encara com ódio e se segura para não fazer uma besteira."
"Ayla olha em volta, ao redor do quarto.
Mohamed fica tenso, enquanto veste a sua camisa.
Ayla: Estava no banho ?
Mohamed: Não. Estou me arrumando para uma reunião que terei agora!
Ayla vê a cama bagunçada.
Ela se aproxima, tocando no lençol com a ponta dos dedos.
Ayla: A Rosa não arrumou os quartos hoje ?
Mohamed: Arrumou, mas o nosso não... Afinal não é bom ela entrar aqui sem a sua presença, mesmo que haja o máximo respeito possível de ambas as partes."
FIM DO FLASH BACK
Seus pensamentos são interrompidos quando a manicure finaliza suas unhas.
Manicure: Prontinho, agora vamos para as das mãos. Que cor a senhora gostaria ?
Ayla: Nenhuma.
Manicure: Oi ?
Ayla: Mil desculpas, mas não vou poder ficar mais... Tenho um assunto pessoal pra resolver e terei que chegar mais cedo em casa. Mas já deixei tudo acertado, depois marcamos novamente!
Manicure: Tudo bem, Dona Ayla. A Senhora é de casa, quando puder venha!
Ayla se levanta e pega sua bolsa.
A câmera, em movimentos trêmulos, vai se aproximando lentamente do rosto dela, enquanto ela anda um pouco tonta até a porta.
Ayla: Eu tenho que acabar com essa dúvida!
Cena 19 - Shopping - Tarde - Ao som de Shape of You - Ed Sheeran
Miguel anda pelo shopping, todo animado e sorridente.
Ele compra um paletó novo e um perfume.
Ao passar em frente a uma vitrine de cuecas, ele olha para algumas samba-canção.
Miguel: Que cor será que ela vai gostar mais ? - Pergunta-se.
Miguel: Acho que ela não vai ter preferências. Ela é uma santa, nunca nem viu um rapaz de cueca... Já sei, vou levar essa preta! Cor básica... - Afirma, pegando três do mesmo modelo e indo para o caixa.
Ele coloca as cuecas na esteira, enquanto a atendente escaneia o código de barras.
Miguel: É pra minha lua de mel, rs. Vou levar logo três, cueca é o que não vai faltar! - Dispara para a moça do caixa, todo sorridente.
Cena 20 - Casa de Marta - Sala - Tarde - Ao som de instrumental 'Cruel' - Eduardo Queiróz
Vitória recebe seu irmão.
Samuca: Oi, Vitória.
Vitória: Tudo bem...
Samuca fica em silêncio, a observando.
Vitória: Que foi ?
Samuca: Sabe que pra mim você sempre foi uma songamomga. Eu estou surpreso até agora com tudo o que fez, mas enfim. Não vim falar disso. Cadê a Flora ?
Vitória: Tá na casa do pai. Só vive lá agora! Ah, hoje é aniversário do Vicente, né ?
Samuca: Sim.
Vitória: O que vão fazer de bom ?
Samuca: Vou aproveitar dele ao máximo, pois a noite ele vai jantar na casa do Antônio.
Vitória: E você ?
Samuca: Eu não vou lógico, mas o Vicente ainda não sabe. Falando dessas pessoas, quero te pedir uma coisa.
Vitória: Diga.
Samuca: Você disse que os cadernos do Bruno estão com você. Eu quero vê-los.
Vitória: Claro, eu até pensei em dar ao pai dele, mas acho que eles pertencem a você. Mas é o seguinte, eu fiquei com medo que o Heitor descobrisse que era eu a autora dos e-mails e que de alguma maneira tentasse recuperá-los. Então pedi para um amigo do meu emprego anterior guardar pra mim. Ele está viajando a trabalho, mas nessa semana ele chega e pego com ele.
Samuca: Tudo bem, não tem pressa. Outra coisa, você sabe que o Heitor ainda está impune. Não vou mentir que tenho medo desse silêncio dele, é melhor você tomar cuidado!
Vitória: Tomar cuidado ? Aquele coitado é um frouxo, ele já deve ter fugido há muito tempo!
Cena 21 - Apartamento de Mirella - Sala - Tarde - Ao som de instrumental 'Cruel' - Eduardo Queiróz
Mirella fica surpresa com a presença de Heitor.
Mirella: Você ainda por aqui ? Achei que você estaria longe.
Heitor: Tenho umas pendências pra resolver por aqui.
Mirella: Fiquei sabendo de tudo que aconteceu. Então você e aquela galinha depenada eram namoradinhos no passado ?
Heitor: Ela foi só um passatempo.
Mirella: Passatempo que te custou caro esse, hein. - Diz, dando risada.
Heitor: Do que está rindo ?
Mirella: Estou rindo de você, do quanto você foi idiota. Você é um otário mesmo hein, Heitor ?
Heitor: Olha como fala comigo.
Mirella: Acreditar que seu primo estava vivo e cair naquela vingancinha da biscate ? Tem que ser muito trouxa mesmo.
Heitor: Não me subestime, eu ainda...
Mirella: Você ainda o que ? Você tá na lona, meu querido. Humilhado, sujo com a polícia, sem a proteção do seu tio.
Heitor: Eu ainda posso enrolar meu tio, posso....
Mirella: Acorda!!! Sabe de onde acabei de vir ? Da casa da minha tia, ela praticamente me expulsou de lá, velha chata. Hoje é aniversario do Vicente e sabe o que fiquei sabendo ? Que seu tio convidou ele e toda aquela gentalha pra jantar lá essa noite na mansão, e tenho certeza que isso inclui o Samuca.
Heitor: Meu tio nunca faria isso.
Mirella: Isso já era o esperado. Você tanto fez, tanto armou, mas no fim, todos irão viver como uma grande família. Dá até ânsia em pensar, gentarada chata. Enfim, você perdeu meu anjo.
Heitor a encara com ódio.
Cena 22 - Casa de Marta - Sala - Tarde
Henrique havia levado Flora embora logo após o almoço mas horas depois estava novamente na casa de Marta.
Vitória: Henrique ? Achei que nos veríamos na casa do Seu Antônio!
Henrique: Pois é, mas a Flora me ligou, dizendo que você queria uma carona pra ir. Já estão prontas ?
Vitória olha para a cara da filha, que olha para o teto, se fazendo de desentendida.
Vitória: Sei, eu pedi pra ligar pra você ?
Henrique: Podem terminar de se arrumar, eu espero! - Diz, se sentando no sofá e pegando uma maçã que estava no centro, sem cerimônia.
Vitória volta para o quarto terminando de se arrumar, dando uma bronca em Flora, que pouco se importa.
Vitória: Você tá muito saidinha, vou esconder seu celular. Muito feio isso que está fazendo!
Flora: Só pedi pro papai levar a gente, mamãe.
Henrique: E aí, Tia Marta. Vai com a gente ?
Marta: Duas visitas sua no mesmo dia ?
Henrique: Não tenho culpa se minha filha mora aqui. - Provoca.
Vitória aparece na sala, já pronta.
Vitória: Vamos ? Não quer ir mesmo mãe ?
Flora: Vamos vó.
Marta: Agradeço, mas vou dormir cedo.
Cena 23 - Apê de Vicente - Quarto - Fim de Tarde
Vicente está terminando de se arrumar e quase têm um treco quando entra no quarto e vê Samuca deitado largado na cama, vendo tv.
Vicente: Ainda está assim, Samuca ? Tenho que chegar cedo, antes de todos.
Samuca: Não vou não.
Vicente: Como é que é ?
Samuca: Já curtimos bastante hoje, vai lá curtir com sua família, vou ficar aqui te esperando.
Vicente: Você tá achando mesmo que vou sozinho ? O meu tio deixou claro que eu poderia levar quem eu quisesse.
Samuca começa a falar e se justificar, mas Vicente começa a ficar nervoso, suspirando e passando as mãos no rosto.
Vicente: Samuca, levanta dessa cama.
Samuca: Mas Vicente...
Vicente cruza os braços, olhando sério pra ele.
Vicente: Não vou repetir, Samuca. Levanta dessa cama agora. Já estou começando a ficar nervoso. Vou lá pra sala e vou lhe dar 10 minutos! Se eu tiver que voltar aqui nesse quarto, teremos problemas.
Vicente vai para a sala e nem precisou esperar os 10 minutos, bem ates disso Samuca aparece já arrumado.
Com seu jeito mandão, Vicente sempre coloca Samuca nos eixos o impedindo de viajar demais nos delírios que cria em sua cabeça.
Vicente abre um sorrisão, indo até o seu amor.
Vicente: Tá um gatão.
Samuca já ia voltar a falar, mas Vicente já lança aquele olhar pra ele.
Cena 24 - Casa de Marina - Quarto - Fim de Tarde - Ao som de instrumental 'Dangerous' - Rodolpho Rebuzzi e Mú Carvalho
Marina está sentada em sua cadeira gamer no seu quarto, imprimindo alguns cartazes com a foto de Luan no computador.
Ela para subitamente, colocando a mão em sua barriga se sentindo um forte enjoou.
Marina: Mas que cheiro é esse... Ai que nojo! - Pergunta-se, enquanto se levanta e olha ao redor do quarto.
Marina: Parece que tem algo podre aqui, eu não aguento mais isso, eu não aguento mais essa perturbação! - Diz, nervosa.
Seus olhos ardem denunciando um choro que está por vir.
Ela corre até o banheiro para vomitar.
Enquanto isso, a câmera vai se aproximando lentamente do teto de seu quarto, com uma pequena mancha avermelhada que vai se formando no canto.
Cena 25 - Mansão de Antônio - Fim de Tarde - Ao som de Living in the Shadows - Matthew Perryman Jones
Teresa e Henrique chegam e ficam conversando com Sônia.
Vicente e Samuca chegam de carro.
Vicente: Vamos ?
Vendo que Samuca está tenso, Vicente dá um beijo nele, ainda dentro do carro.
Vicente: Ei, relaxa, tá tudo bem.
Samuca: Acho que não foi uma boa idéia, não quero estragar sua noite.
Vicente: Minha noite estaria estragada se você tivesse longe de mim. Fica tranqüilo, você está comigo e não vou deixar ninguém lhe magoar, nem mesmo meu tio.
Samuca se sente mais seguro e os dois descem do carro, se dirigindo até o salão de festas.
Os dois chegam até a porta principal e são recepcionados por Helena, que dá um forte abraço em Vicente.
Helena: Sejam bem vindos a minha casa.
Samuca: Obrigado, Dona Helena.
Samuca não teve como não pensar nisso, mas sempre sonhou em estar com Bruno naquela situação, sendo aceito por eles e se alguém dissesse que aquela situação ocorreria anos depois, ele nunca iria acreditar.
Flora os vê de longe e corre até lá.
Flora: Tio!!!
Flora pula no colo de Vicente beijando sua barba e bagunçando seu cabelo.
Vicente: Minha sobrinha mais linda.
Flora: Parabéns, tio. Eu quero dar meu presente.
Vicente: Adoro ganhar presente.
Flora desce do colo dele e vai até um canto, e volta puxando um enorme embrulho, levando até o tio e também abrindo por ele.
Vitória: Menina, mas o você que está abrindo ?
Vicente: Deixe, Vitória.
Vicente ajuda a terminar de desembrulhar, até ver um enorme urso de pelúcia.
Flora: Gostou tio ?
Vicente: Um ursão de pelúcia ?
Samuca: Tem certeza que esse presente não é pra você, Flora ?
Vicente: Adorei! - Diz, caindo na risada, mas no fundo tinha adorado o presente.
Todos ficam conversando e parabenizando Vicente.
Minutos depois aparece Ellen.
Helena: Achei que não viria.
Ellen: Fiquei presa com alguns assuntos de trabalho. Parabéns, Vicente!
Henrique e Vicente conversam com Antônio e dão risadas, contando histórias de quando eram mais novos.
Todos estão entrosados e sentindo-se um pouco deslocado, Samuca sai sem que ninguém perceba, indo para o jardim. Ele fica ali, olhando o céu, ao lado da piscina, sentindo aquela brisa gostosa em seu rosto.
Flora, como é a única criança da casa, fica andando de um lado para o outro até parar em frente a um porta-retrato com uma foto de Bruno, o observando.
Antônio: É meu filho.
Flora: Cadê ele ?
Antônio: Tá no céu.
Flora: Eu conheço ele.
Antônio: Conhece ?
Flora: Sim, é o moço bonito da foto que o Tio Samuca sempre olha.
Samuca ainda está em pé, olhando aquele lindo jardim, nem se dando conta que Vicente está ao seu lado.
Vicente: Estava distraído ? Te chamei e você nem ouviu.
Samuca: Tava só tomando uma fresca.
Vicente: Aconteceu alguma coisa lá dentro ?
Samuca: Nada, só me senti um pouco deslocado.
Vicente o abraça, beijando seu rosto e apertando seu corpo.
Vicente: Desculpa, vou lhe dar mais atenção.
Samuca: Relaxa.
Vicente: Relaxar ? Tô até agora esperando o presente que você ficou falando que ia me dar. Você encheu a boca, ficou falando do tal presente e até agora nada.
Samuca abre um sorriso, como que tivesse esquecido algo.
Samuca: Espera, vou lhe dar agora. Eu fiquei mesmo pensando em algo pra lhe dar, mas nada me veio a cabeça e...
Vicente: Estou brincando, de você só quero seu amor.
Samuca: Deixa eu falar. Pensei em dar algo de valor, comprar algo que você quisesse muito, mas mexendo em minhas coisas descobri o melhor presente que eu poderia lhe dar.
Vicente fica com cara de desentendido, sem saber onde ele quer chegar.
Samuca para por um instante e enfiando a mão por dentro do colarinho da camisa, puxa uma corrente de ouro com a metade de um coração, deixando bem exposto no seu peito, sobre a camisa branca que usa.
Em seguida coloca a mão no bolso e tira outra corrente, também com uma metade de um coração.
Samuca: Vicente, a muitos anos eu dei essa corrente para o grande amor da minha vida e não veja isso como uma substituição, mas... Acho que foi obra do destino, essa mesma corrente foi parar em seu pescoço e agora eu que lhe ofereço ela.
Vicente o escuta falar, surpreso.
Samuca: Dei uma vez essa corrente ao grande amor da minha vida, meu primeiro amor, e hoje quero repetir esse gesto.
Samuca estende as mãos, oferecendo aquela jóia dourada, com a metade de um coração bem no centro, enquanto Vicente se mantém sério, olhando para ele.
Samuca: Aceite, meu amor!!!
Cena 26 - Casa de Dona Graça - Varanda - Fim de Tarde
Dona Graça e Odarina estão na varanda, sentadas em uma cadeira de balanço quando vêem o carro de Ayla chegar.
Imediatamente Dona Graça se levanta, agitada.
Dona Graça: Pia pra isso, a corna mansa chegou mais cedo!!! É hoje que a cobra vai fumar!!!
Odarina fuma seu charuto. - Você não cansa de ver a desgraçada alheia, não é mesmo ? Cuidado, sabemos que seu teto é de vidro...
Dona Graça: Que conversa, rapaz! Eu lá quero saber de teto de vidro. Eu quero ver é o barraco, não é possível que essa corna não pegue a freira pornô no pulo! - Diz, abrindo o pequeno portão e saindo até a calçada.
Odarina dá uma tragada em seu charuto, sempre com suas pupilas dilatadas.
Cena 27 - Mansão de Mohamed - Suíte Principal - Fim de Tarde - Ao som de instrumental 'Winds of Capadocia' - Alexandre de Faria
Mohamed e Rosinha estão nus na cama, com ela sentada no colo dele.
Eles se beijam intensamente e Mohamed puxa o cabelo da moça pra trás, enquanto chupa o seu pescoço.
Rosinha fica toda arrepiada, e sorri mordendo os lábios.
A pouca luz que entra daquele fim de tarde frio entra pelas frestas da cortina na janela.
A casa está silenciosa, mas o som dos beijos dos dois ecoa pelos corredores vazios.
Ayla está parada com seu carro na rua, próximo a mansão.
Com os olhos fechados, ela encosta sua cabeça no volante, sentindo seu coração bater forte.
Em seguida, Ayla olha para sua casa, há poucos metros dali, notando que as cortinas do seu quarto no andar superior estão fechadas.
Ela toma coragem e sai do veículo, sem nem trancar a porta, e anda nervosa até a mansão.
Dona Graça se aproxima tentando não ser notada, se escondendo atrás do carro.
Dona Graça: É hoje. Eu falei que esse dia ia chegar... A verdade sempre aparece!
Ayla entra em sua casa em silêncio, e fecha a porta devagar para não fazer barulho.
Ela olha ao redor e caminha a passos lentos até a escada, onde vai subindo calmamente.
O caminho até o seu quarto parece infinito, e a cada vez que se aproxima mais do topo da escada, ela escuta risadas abafadas ficando cada vez mais próximas.
Ao chegar no topo, ela hesita, parando por alguns instantes.
Seu coração bate cada vez mais forte, já prevendo o pior.
Ela toma coragem e respira fundo, seguindo em direção ao seu quarto.
O som de risadas e beijos ficam cada vez mais altos.
Ao chegar na porta, ela fica parada, e passa a mão por toda aquela madeira, sentindo a textura, enquanto desce os dedos até a maçaneta.
Ayla vai abrindo a porta devagar.
Inevitavelmente as lágrimas já escorrem por todo o seu rosto.
A porta se abre por completo, e ela fica ali, parada, diante de uma cena que a deixa totalmente sem reação.
Imagem de Ayla congela em um efeito avermelhado.
Se encerra no refrão de Tem Cabaré essa Noite - Nivaldo Marques e Nattan
Continua...
2023 - DNA
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